quarta-feira, 1 de junho de 2022

Dia Mundial da Criança - Vamos celebrá-lo todos os dias?

O dia 1 de junho começa bem com o Dia Mundial da Criança. Vão cantar-se loas ao futuro do mundo de que serão protagonistas os meninos e meninas dos nossos dias, e até, talvez por momentos, se esqueça a guerra que tantos órfãos vai deixar para o futuro. Guerra ou guerras, que o mundo está cheio de lutas fratricidas.
Os meninos e meninas da minha geração ajudaram a construir o presente. Olhando para trás, jamais esquecerei amigos e colegas que saltaram dos bancos da escola para o mundo do trabalho, onde aprenderam profissões, sem tempo para brincar. No fundo, fizemos as caminhadas possíveis, de sucessos e fracassos, de que nos orgulhamos, nuns casos, e arrependemos, noutros.
Neste Dia Mundial da Criança, celebrado em Portugal desde 1950, não faltarão eventos para os mais novos e para todos os gostos: Festas, visitas a museus, jogos, brinquedos, espetáculos, prendas, leituras, desportos e muito carinho.
As crianças sentir-se-ão muito felizes porque estarão a ser os reis e rainhas do dia, centro de todas as atenções, aplaudidas e acarinhada, enaltecidas entre risos abertos e promessas generosas. Contudo, no dia seguinte, já amanhã, cairão na realidade dos dias iguais, na monotonia da luta para vencer obstáculos, nem sempre ultrapassados. E não seria muito bom que soubéssemos criar, dia a dia, hora a hora, condições para que o Dia Mundial da Criança passe a ser celebrado todos os dias do ano?

RIA DE AVEIRO vista por Raul Brandão

Ria na Murtosa


"A ria é um enorme pólipo com braços estendidos pelo interior desde Ovar até Mira. Todas as águas do Vouga, do Águeda e dos veios que nestes sítios correm para o mar encharcam nas terras baixas, retidas pelas dunas de quarenta e tantos quilómetros de comprido, formando uma série de poças, de canais, de lagos e uma vasta bacia salgada. De um lado o mar bate e levanta constantemente a duna, impedindo a água de escoar; do outro é o homem que junta a terra movediça e a regulariza. Vem depois a raiz e ajuda-o a fixar o movimento incessante das areias, transformando o charco numa magnífica estrada que lhe dá o estrume e o pão, o peixe e a água de rega. Abre canais e valas. Semeia o milho na ria. Povoa a terra alagadiça, e à custa de esforços persistentes, obriga a areia inútil a renovar constantemente a vida. Edifica sobre a água, conquistando-a, como na Gafanha, onde alastra pela ria, aduba-a com o fundo que lhe dá o junco, a alga e o escasso, detritos de pequenos peixes…"

Raul Brandão
“Os Pescadores”

Vitorino Nemésio - Pomba Te vejo...


Pomba Te vejo...

Pomba Te vejo...
E vão, de Ti coroadas,
Espírito impassível,
Promover as aradas
Sobre a terra possível.

Paráclito no terno,
Nem terceiro nem primo,
Nem segundo no eterno,
Mas triádico ao cimo.

Vem, Espírito Santo,
Por nome amor e asa,
Como a áscua de espanto
Acende a mente e a casa.

Os corações repletos
Serão de Ti, que amplias,
Como os grãos são completos
Já nas vagens esguias.

Das quais Uma, à luz núncia,
Para mais que anjos feita,
Abre a cruz da renúnica

Sobre a Terra imperfeita.
Vem na consolação,
Indene a gáudio e a pranto,
Tu, Padre, e à dextra mão
O Filho, Espírito Santo.

Vitorino Nemésio

NOTA: Li hoje no Correio do Vouga

terça-feira, 31 de maio de 2022

Dia dos Irmãos - O meu irmão Armando Grilo

Celebra-se hoje, 31 de Maio, o Dia dos Irmãos. Dia adequado para os irmãos conviverem, recordarem vivência partilhadas em comum e sentirem-se mais próximos, já que a vida apressada muitas vezes os afastam. Eu só tive um irmão, o Armando, que já partiu para o seio maternal de Deus, apesar de ser mais novo do que eu. A vida tem destas coisas.
Apesar disso, não esqueço o meu irmão, que me tratava por mano. Não me recordo de alguma vez me chamar Fernando. E ele, para mim, era o Menino e nunca o Armando. A sua partida para Deus, não o afastou dos meus quotidianos. A sua imagem, o som da sua voz, o seu sorriso franco e o espírito alegre que com todos partilhava continuam a ocupar um espaço indelével na minha alma.
Há tempos,  estive no cemitério da Gafanha da Nazaré, onde fui para conversar com ele e com outros familiares e amigos. Não vim de lá deprimido, mas feliz. As conversas fazem-nos sempre muito bem, quando bem intencionadas. A minha intenção de os visitar foi alimento para as saudades. E com o meu irmão, naquele dia, saquei do saco das memórias as brincadeiras à volta do meu pai, quando ele, regressado de uma viagem à Terra Nova, se sentou numa cadeira para nos ver brincar no terraço.
Até um dia, Menino!

Fernando Martins

GDG — Primeiros corpos gerentes

A Gafanha da Nazaré foi sempre uma terra de desportistas de diversas modalidades. Nunca faltaram razões nem pessoas para levarem à prática o desporto, de forma amadora, mas com paixão. E tivemos atletas que chegaram longe, mas disso falaremos numa primeira oportunidade.
Para abrir o apetite, lembramos apenas que no dia 31 de Maio de 1968 foram eleitos os primeiros corpos gerentes do Grupo Desportivo da Gafanha, cujos cargos ficaram assim distribuídos:
Assembleia Geral: Presidente, Pe. Domingos José Rebelo dos Santos; Vogal, Manuel Vergas Caspão. Direção: Presidente, José Henrique dos Santos Sardo; Secretário, José Alberto Ramos Loureiro; Tesoureiro, João Gandarinho Fidalgo; Vice-presidente, Carlos António da Silva Loureiro; Vogal, Hortênsio Marques Ramos. Conselho Fiscal: Presidente, Carlos Sarabando Bola, Vogais, Nelson Mónica Modesto e José Casqueira da Rocha Fernandes

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Há desigualdades que matam

Crónica de Bento Domingues
no PÚBLICO

Há muito que o Papa Francisco alertou as igrejas, as religiões e a sociedade para uma realidade em que não se queria pensar: estamos a viver a III Guerra Mundial aos bocados. A guerra, pela invasão da Ucrânia, veio ter com um Ocidente distraído

1. Vivemos, como humanos, na e através das experiências da linguagem ou, melhor, das linguagens. A significação das nossas concepções, afirmações e negações depende do seu uso. O uso profano e religioso não são da mesma ordem, embora se possam servir das mesmas palavras. A diferença da linguagem do sagrado nota-se, sobretudo, no culto [1]. Quando, no Credo, dizemos que Jesus Cristo desceu dos céus, foi por nós crucificado sob Pôncio Pilatos, ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras, e subiu aos céus onde está sentado à direita do Pai, só tem sentido no âmbito das confissões de fé. Fora desse contexto, presta-se ao ridículo. Por outro lado, essas expressões nasceram num contexto cultural que já está muito longe das nossas experiências actuais de relação entre o sagrado e o profano.

Nogueira Gonçalves e a nossa Igreja Matriz

 

Li no Inventário Artístico de Portugal, livro VI, 1959, AVEIRO — Zona - Sul, de Nogueira Gonçalves, que «a igreja paroquial [da Gafanha da Nazaré],  inaugurada em 1912, junto da estrada de Aveiro à Barra» ficou «vasta; mas, produto de construtores locais, obriga os actuais dirigentes a pensar em lhe dar carácter arquitectónico». Realmente, desde as investigações de Nogueira Gonçalves, a nossa igreja passou por diversas alterações, as últimas das quais foram levadas a cabo durante a paroquialidade do Pe. José Fidalgo.
Na eucaristia de ontem, ao olhar a parte fronteira do altar-mor, pensei que Nogueira Gonçalves teria ficado satisfeito com a decoração que a nossa igreja, dedicada a Nossa Senhora da Nazaré, presentemente ostenta.

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