sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Georgino Rocha — Valorizar os dons que Deus te confia



Jesus quer deixar claro quem é Deus. Está na parte final dos seus ensinamentos. Tem consigo os discípulos e, neles, todos os que virão a acreditar na sua palavra. Como nós, hoje. E recorre a três parábolas muito concretas: A da festa nupcial, narrada no domingo passado, a da avaliação final ou do juízo da humanidade e do universo, no próximo domingo que a Igreja celebra como a Festa de Cristo Rei, a de hoje dedicada aos talentos confiados aos servos por um homem rico que vai fazer uma viagem. Por indicação do Papa Francisco este domingo é consagrado especialmente aos Pobres, o que indica uma chave de leitura para o texto evangélico
Mateus elabora uma excelente catequese para os judeus convertidos, destinatários preferenciais do seu evangelho. E faz uma narração em que praticamente todos os elementos têm um especial significado. Vale a pena acompanhar o seu precioso relato.
Um homem parte de viagem. (Mt 25, 14-30). Certamente teria razões sérias: Gosto pela aventura, cansaço das rotinas da vida, tentativas de alcançar novos benefícios, ou o desejo de mostrar uma faceta do seu coração: a confiança nos empregados e no seu agir responsável? Tudo aponta para esta última hipótese. Os dons entregues gratuitamente têm apenas em conta as capacidades dos servos, nem sequer as necessidades ou outras circunstâncias. São à medida de cada um. Sem exigir nada que a ultrapasse. Não pretende sobrecarregar ninguém, nem provocar cansaços estéreis. Nada de “burnout”. Mas uma excelente oportunidade para que as capacidades possam desenvolver-se, afirmar-se, atingir a maturidade. Que propósito sublime e beleza confiante!
A viagem demora o tempo suficiente para que os servos possam realizar o trabalho encomendado. Certamente que, entretanto, vários sentimentos o assaltam, antes de vir encontrar-se com eles. Mas a confiança na sua atitude responsável prevalecia. E que grande alegria se apoderou do seu coração quando ouvia o relato do que havia acontecido aos dois primeiros. Tinham conseguido o pleno: Os cinco multiplicaram-se por outros cinco; o mesmo acontecendo aos dois que alcançaram outros dois. O dono tem uma reacção curiosa, cheia de mensagem: Não reclama nada, mas tudo entrega de novo: as mais-valias e os talentos confiados. Com provas tão positivas, os servos podem desempenhar serviços maiores e saborear a alegria exuberante do seu senhor. Que momento tão consolador! Que desfecho tão surpreendente! Que apreço pela confiança serena e activa!
O mesmo não acontece com o que havia recebido o talento proporcional às suas capacidades e actua de acordo com as regras que conhece: Sabia que és severo; tive medo e salvaguardei o teu talento; aqui o tens. Mateus ao destacar as razões invocadas deixa a claro a força paralisante do medo, a asfixia das capacidades que provoca, a esterilidade da vida respaldada na segurança e na acomodação. Razões que podem iluminar muitas atitudes e comportamentos actuais, e, à maneira de “chicotada psicológica”, abanar consciências adormecidas. E o dono complacente aceita a medida indicada pelo servo medroso. As razões que acompanham a sua declaração visualizam as trevas do seu coração, a solidão em que se colocou, o choro da lamentação consentida. “Tudo isto revela o que impediu o servo de entrar numa relação de confiança”, que é um dos objectivos da parábola. (Vers Dimanche, nº 469).
Deus oferece-nos a possibilidade de viver já a sua alegria. Espera que correspondamos à confiança que tem em nós e cuidemos dos seus dons que enriquecem a nossa humanidade: Os da criação e das criaturas, os da saúde integral e da educação libertadora, os da solidariedade operativa e da caridade a toda a prova, os da celebração dos sacramentos e da participação na missa dominical, os da graça divina como presença revigorante das nossas forças peregrinas.
O Papa Francisco envia-nos uma mensagem especial para o “Dia Mundial dos Pobres” que celebramos, hoje. Dela retiramos este parágrafo persuasivo: “Benditas as mãos que se abrem para acolher os pobres e socorrê-los: são mãos que levam esperança. Benditas as mãos que superam toda a barreira de cultura, religião e nacionalidade, derramando óleo de consolação nas chagas da humanidade. Benditas as mãos que se abrem sem pedir nada em troca, sem «se» nem «mas», nem «talvez»: são mãos que fazem descer sobre os irmãos a bênção de Deus. (da mensagem do Papa Francisco para o dia Mundial dos Pobres, nº 5). Os dons de Deus estão nas nossas mãos!
Georgino Rocha
 

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

S. Jacinto: Cais dos pescadores



"O Executivo Municipal de Aveiro deliberou aprovar a abertura do concurso público para a empreitada do novo Cais dos Pescadores de São Jacinto, pelo preço base de 345.000€ (acrescidos de IVA) e um prazo de execução de 180 dias."

Li aqui
Foto da Comunidade Portuária do Porto de Aveiro


Nota: Permitam-me que realce a importância desta obra para benefício de quantos há muito tempo por ela esperavam. Todos sabemos da mais-valia que representa um cais bem localizado e equipado, proporcionando melhores condições para os que exercem uma profissão dura e de risco. 

Georgino Rocha - Discernir o que é melhor



Opção de divorciados recasados 

A experiência menos feliz do primeiro casamento exige certamente a quem opta por um segundo uma séria ponderação e uma grande maleabilidade para suavizar surpresas e ter garantias de acertar. Exigência prévia no início, mas também em toda a caminhada conjugal. Exigência mobilizadora de energias e capacidades que serão compensadas pela felicidade alcançada no futuro. Exigência que pode levar o novo casal a procurar ajuda junto de quem vive a mesma experiência ou de quem mantém com alegria serena e confiante a primeira opção matrimonial.
Tenho vindo a ler relatos vários e a acompanhar iniciativas diversas, a ler artigos de revista e livros que procuram abrir horizontes a este vasto campo onde o sonho se confronta com os limites da realidade e o desejo de acertar com as hipóteses de insucesso. E o casal em segundas núpcias sente-se inseguro, pressionado pela força da nova opção, “assaltado” pela memória do fracasso ocorrido, vigiado por um olhar estranho e acusatório, sobretudo de certos cristãos.
Partilho esta urgência pastoral numa reunião de preparação do encontro de casais do movimento das Equipas de Nossa Senhora. E surgem opiniões que alargam o horizonte da conversa. O amor conjugal está exposto a provocações frequentes e graves – diz um. E concretiza: A facilidade de contactos na rede virtual, a onda erotizada da opinião publicitada, o assédio em ambientes de trabalho, a fragilidade de convicções em relação ao amor e de certezas sobre a sua durabilidade. Adianta outro: A família tende a desestruturar-se, casais são impelidos a viver separados por longos períodos por afazeres profissionais, filhos são estimulados por surpreendentes solicitações e entregues à voracidade das paixões sem esteios de referência ética. E em jeito de quem prevê caminho a seguir, afirma: Temos de assumir começar por casa e procurar que o nosso testemunho seja irradiante e a nossa palavra respeitosa e convincente.
Faço minhas as observações apresentadas e sublinho a importância do testemunho e da palavra. Oxalá irradiem de tal modo que despertem nos jovens e nos divorciados recasados a estima pelo matrimónio sacramental e a vontade positiva de dar passos na escolha do que é melhor como exortava S. Paulo os cristãos de Filipos, exortação surgida num contexto determinado, mas agora muito actual e prática para iluminar as fases da ajuda pastoral a divorciados recasados. (Fl 1, 3-11).
“A Alegria do Amor”, do Papa Francisco, está ainda “em fase de assimilação” em Portugal, mas motiva já uma nova dinâmica pastoral perante os desafios das famílias, afirma D. Joaquim Mendes, presidente da Comissão Episcopal para o Laicado e a Família, no encontro dedicado à “Família e transformação social”; encontro realizado em Fátima a 21 de Setembro de 2017. Faz assim uma avaliação da atenção que os cristãos e seus responsáveis, tanto em dioceses como em paróquias e movimentos, têm dado a tão importante exortação apostólica.
Escolher o que é melhor é propósito de quem assume com honradez e valentia a vida e seus desafios; aspira sempre ao ideal e valoriza o passo possível; confiado nas razões fundadas na natureza e no esforço pessoal e, neste caso, conjugal, na possível ajuda dos familiares e amigos, na graça de Deus que não falha. Valorizar o passo possível desinstala, faz apreciar o bem alcançado, desejar prosseguir (as margens do possível frequentemente podem alargar-se) e fazer a experiência de que Deus está na caminhada em busca do melhor para a situação concreta, celebrar esta presença que abençoa e impulsiona a avançar. Escolher o melhor é sabedoria que o discernimento quer proporcionar. Como é urgente treinar esta arte quer a nível pessoal e familiar, quer a nível institucional e comunitário.
D. Manuel Clemente, no final da Assembleia do Episcopado a 16 de Novembro, propôs uma atitude fundamental a desenvolver: a de “acolhimento”, de “acompanhamento” e “discernimento” dos divorciados recasados, assinalando que “em grandíssimo número de casos” o matrimónio foi nulo. E sublinha que a possibilidade de readmissão destes católicos aos sacramentos, implica um itinerário "muito longo" e não é uma decisão “rápida, imediata, simples”. Trata-se de uma coisa séria”.
Os desafios da família constituem uma excelente oportunidade para relançar uma nova dinâmica pastoral. Demos as mãos. Há tanta iniciativa solta. Sejamos realistas. Há tanta reflexão genérica, fria e distante. Ousemos mais e melhor. Há capacidades adormecidas que esperam ser despertas.

terça-feira, 14 de novembro de 2017

É urgente mudar a nossa relação com outros seres do Universo





TIMOTHY MORTON em entrevista ao PÚBLICO


Continuamos a destruir a Terra



«Ricardo Trigo, climatólogo da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, também é signatário do artigo e refere como alarmantes a diminuição da abundância espécies de vertebrados, o crescimento da população mundial, assim como o aumento dos gases com efeito de estufa e da temperatura global. “Agora não temos qualquer dúvida de que o aumento da temperatura nos últimos 30 ou 40 anos é em grande medida impulsionado pelos gases de efeito de estufa”, assinala. “Há cinco anos, nenhum climatólogo lhe dizia que as ondas de calor tinham uma componente das alterações climáticas. Agora posso dizer-lhe que as últimas grandes secas como a que temos agora e as de 2012 e a 2005 tiveram uma componente significativa das alterações climáticas. A probabilidade de ocorrerem já foi ampliada pelos gases com efeito de estufa e isso tem evoluído muito nos últimos anos.”»

Efeméride de 1908 – Dez quilómetros à hora!


14 de novembro 

«A folha oficial publicou uma portaria governamental que fixava em dez quilómetros à hora, dentro das povoações, e em trinta, fora das povoações, o máximo da velocidade para os automóveis. Por uma interessante estatística, vê-se que em Portugal existiam 840 automóveis, cabendo 21 ao Distrito de Aveiro (Litoral, 15-11-1938) – J.»

In "Calendário Histórico de Aveiro" 
de António Christo e João Gonçalves Gaspar

Nota: Eu sei que os tempos eram outros, que os automóveis não estavam tecnologicamente preparados para maiores velocidades, que as nossas estradas seriam muito más, com buracos e com curvas e contracurvas, etc., etc. Mesmo assim, só dez quilómetros à hora! Fica a curiosidade.

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