segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Um poema de David Mourão-Ferreira

presépios - Pesquisa Google:


Ladainha dos Póstumos Natais

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito

David Mourão-Ferreira,

em 'Cancioneiro de Natal'

Escritores e a Ria de Aveiro — 9



«A Ria entende-se em canais, em esteiros, em valas, em fiozinhos de água, dividindo-se e subdividindo-se até ao capilar, entrando pela terra dentro, recortando-a e irrigando-a de água salgada, ou, pelo menos, salobra, e que se vai adocicando à medida que foge do mar e se estende, por aí fora, a servir de espelho a uma lavoura anfíbia que lança a semente ao chão e penteia o fundo lodoso das cales, que surriba terra até sentir os pés encharcados e pesca pimpões nas valas intercalares nos fugidios momentos de lazer.
Os longes de água são emoldurados por um debrum delgadinho – topo de planície raso povoada de casas alapadas – e tem-se a sugestão de que a terra se envergonha e se humilha perante a imensidade da laguna, esfumando-se e diluindo-se no horizonte de encontro ao perfil violeta dos montes das distância...
(…)

Frederico de Moura
"Aveiro e o seu Distrito", n.º 5, junho de 1968

domingo, 20 de dezembro de 2015

Celebrar o Natal para quê?

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO


presépios - Pesquisa Google:

«Fazer família com quem não é da família 
é continuar a revolução de Jesus de Nazaré, 
do mundo todo.»

1. Se Jesus existiu como realidade histórica – e raros são os que se atrevem a negar - é normal que tenha nascido. Quem reconhecer nele a condição humana no seu ponto mais belo, luminoso e humilhado, é justo que celebre este acontecimento.
As datas e os lugares elaborados para as festas, os cenários, as lendas e os mitos compostos pelas narrativas de S. Mateus e de S. Lucas (sem contar com os apócrifos) reflectem perspectivas teológicas e messiânicas diferentes. Nesses exercícios de antecipação para a infância da missão que apenas se manifestou na vida adulta de Jesus, os seus autores serviram-se dos materiais da cultura ambiente para reconfigurarem uma convicção: com Jesus, o evangelho da paz e da alegria de Deus incarnou na fragilidade humana. A salvação não está na fuga do mundo, mas na sua transformação, a partir das periferias mais condenadas. Como sempre, nas narrativas do Novo Testamento parece que tudo já estava previsto no Antigo, mas é sempre para introduzir o imprevisível.

sábado, 19 de dezembro de 2015

Natal: a revolução

Crónica de Anselmo Borges no DN

pela positiva: NATAL - 14:
Repouso na fuga para o Egipto - Gerard David.
Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa


"Tive fome, sede, estava nu, 
na cadeia, no hospital, 
e destes-me de comer, 
de beber, vestistes-me, 
fostes ver-me..."


1- Jesus Cristo é figura "decisiva, determinante" da História da Humanidade. Quem o disse foi um dos grandes filósofos do século XX, Karl Jaspers. A pergunta é: porquê?
Crentes ou não, cristãos ou não, têm de reconhecer a Wirkungsgeschichte de Jesus, isto é, a história dos efeitos ou das repercussões, assombrosamente humana e positiva, de Jesus na História. Por exemplo, o próprio conceito de "pessoa" veio ao mundo por influência do cristianismo, por causa dos debates à volta da tentativa de compreender a pessoa de Jesus. Foi em solo de base cristã que, embora tenham tido de impor-se contra a Igreja oficial, se deram as grandes Declarações dos Direitos Humanos.
Isso é reconhecido por grandes pensadores, inclusive não crentes. Hegel afirmou que foi pelo cristianismo que se tomou consciência de que todos são livres. Ernst Bloch, marxista heterodoxo e ateu, escreveu que é ao cristianismo que se deve a exigência de que nenhum ser humano pode ser tratado como "gado". Jürgen Habermas, agnóstico, afirma que a democracia, com "um homem um voto", é a transposição para a política da afirmação cristã de que Deus se relaciona pessoalmente com cada homem e mulher. Frederico Lourenço - para citar um português -, que se confessa ex-católico, agnóstico, escreve: "Não tenho nenhum problema em afirmar que, pessoalmente, considero Jesus de Nazaré a figura mais admirável de toda a história da Humanidade", Jesus foi "o homem mais extraordinário que alguma vez viveu".

Feliz és tu porque acreditaste

Reflexão de Georgino Rocha

Georgino Rocha
«Faz mais barulho uma árvore a cair 
do que uma floresta a crescer»


Isabel surge como a porta voz que interpreta o que Deus havia feito em Maria. E proclama a felicidade de quem crê que o Senhor cumpre as promessas, é fiel à palavra, tem um tempo para intervir, escolhendo a pequenez humana para desvendar o seu jeito de ser e de agir com solicitude amorosa. Mostra o valor do insignificante e a grandeza da pequenez aos “olhos” do mundo, dos que julgam e apreciam as pessoas e as coisas pelas aparências e categorias sociais e religiosas.

“Feliz és tu porque acreditaste”, tu que vens a mim, deixando o conforto da tua casa de Nazaré, pobre terra da Galileia, percorreste montanhas, enfrentaste as surpresas da viagem distante e chegaste cheia de alegria e confiança. Tu, jovem donzela, a iniciar uma gravidez promissora, a acariciar a realização dos sonhos alimentados por uma promessa divina, a dar provas da novidade que Deus suscita por intermédio daquele que está no teu seio. Tu, a mulher disponível e pronta para a entrega incondicional, para o serviço mais arriscado, para a missão humilde com a maior projecção na história.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Arquimedes sacrificaria a vida

«O mais vulgar dos alunos sabe agora verdades 
pelas quais Arquimedes sacrificaria a vida»

Ernest Renan (1823-1892), escritor e filósofo francês

Mensagem de Natal do Bispo de Aveiro

Vitral de Manuel Correia


Quando Jesus renascer 
no coração humano,
a luz surgirá como a aurora


Eis o Emanuel, Deus connosco,
o Deus que vem ao nosso encontro.
Nova vida se inaugura, pois vem à terra o Deus do amor.
O filho de Deus vivo, e Senhor da vida,
que está presente, que é próximo, providente, santo e misericordioso,
veio para nos salvar com palavras de amor e esperança;
é presença viva de caridade e paz entre os povos da terra.

Deus fez-se um de nós.
O presépio, imagem de humildade, pobreza, simplicidade, docilidade e fé,
seja fonte de inspiração pessoal, familiar e comunitária.
Que todos os desejos, todas as lágrimas e esperanças
contidos nos nossos corações
ressoem e encontrem eco num ombro e numa mão amiga.
Deixemo-nos abrasar pela proximidade e ternura de Deus.

Fica connosco, Senhor!
Natal é renascer, sentir Cristo dentro de nós.
É compaixão, conversão, aceitação…
porque o Deus incarnado é bom,
é fiel, é misericordioso para com todos.

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