A Gafanha da Nazaré não é uma terra muito rica em monumentos, por mais simples que eles sejam. Talvez por ser uma terra com apenas 100 anos de vida, mais dados aos trabalhos no campo, ria e mar, com indústria e comércio que lhe estão associados. Contudo, há alguns que nos tempos mais recentes têm surgido pela vontade de autarcas e de grupos de gafanhões. Neste postal, que publicamos no Timoneiro deste mês, o monumento aos homens da nossa terra, de iniciativa da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, liderada por Manuel Lima Sardo, em 1996, é pertinente, sobretudo por homenagear os nossos conterrâneos «que fizeram do mar a sua vida».
Foram muitos os que, desde os primórdios da freguesia e paróquia, e mesmo antes, protagonizaram ações profissionais ligadas direta ou indiretamente ao mar. E permitam-nos que acrescentemos que também a laguna sentiu o esforço dos abnegados gafanhões que nela mourejaram e mourejam para sustento próprio e dos seus.
No monumento aos homens da nossa terra, defronte da Junta de Freguesia, foi colocada, em jeito de legenda, uma transcrição deveras feliz, retirada do poema “Mar Português”, do livro “Mensagem” de Fernando Pessoa, que casa perfeitamente com Portugal e com os portugueses, neles incluídos, obviamente, os gafanhões:
«Ó mar salgado,
quanto do teu sal
são lágrimas de Portugal»
Quando nos cruzarmos com este singelo monumento, sem palco de rotunda nem de praça pomposa ou jardins florido, seria bom que evocássemos os nossos marítimos que labutaram e labutam sobre as águas do mar e da ria, com honra e glória, mas também com sofrimento e morte.
Fernando Martins