terça-feira, 2 de junho de 2009

Faz sentido votar nas Europeias?

António Rego
Pertencer à Comunidade Europeia é um privilégio e um risco. E quando a Comunidade não se define primariamente como económica, aproxima os países mais ricos e mais pobres na procura da identidade histórica, política e cultural. E estimula uma aproximação social ainda que a velocidades diferentes. Os chamados fundos estruturais continuam voltados para os que chegam mais tarde e têm de andar mais depressa. Não faria qualquer sentido que em termos de saúde, habitação, cultura - desenvolvimento - algum dos países membros vivesse em situações de carência sem quaisquer condições de parceria ou negociação com os restantes membros. Neste conjunto e apesar dos muitos queixumes, Portugal quase se tornou irreconhecível a partir da sua pertença à União Europeia. Mesmo que a muitos pareça, ou dê jeito dizer, que se vive pior hoje que há trinta ou quarenta anos. Todos os dias somos confrontados com números europeus. Vindos de diferentes instâncias e abrangendo múltiplas áreas, fazem de nós um objecto de percentagens em radiografia permanente, não deixando por vezes que respiremos em ligeira passagem do positivo para o negativo. Se por vezes tem aspectos próximos do ridículo, apresenta outros interessantes: coloca-nos em contínuo exame de consciência ou numa autoavaliação que não nos deixa sossegados no adquirido. Corremos também riscos: dissolver a nossa identidade em tantos segmentos para alcançarmos um padrão europeu; vender a alma ao diabo para nos apresentarmos modernos e progressistas; renunciarmos a um património que é muito nosso em troca dum incerto prato de lentilhas. Aqui entra o papel dos nossos deputados ao Parlamento Europeu. Na assiduidade das suas presenças, nas questões que levantarem, nas propostas que fizerem, nos votos que emitirem, nas prioridades de ideologia, progresso, cultura, desenvolvimento que escolherem. E nos valores que defenderem. Não é indiferente um ou outro candidato. Eles têm de ser o reflexo de todos nós seja qual for o partido que lá os coloque. Sabe-se que são representantes de grupos políticos. Mas antes disso, dum país que é o nosso. O nosso passado e o nosso futuro são mais que um jogo partidário ou palavras que o vento leva. A isso não é alheio o conjunto de valores cristãos que tecem a nossa comunidade nacional.
.
António Rego

“Língua e Costumes da Nossa Gente”, um livro que faltava

Obra que merece ocupar um lugar 
especial nos nossos interesses culturais



“Língua e Costumes da Nossa Gente” é um livro de Maria Donzília Almeida e de Oliveiros Louro, ambos docentes do Ensino Secundário. Vai ser lançado no próximo sábado, 6 de Junho, pelas 15.30 horas, no Auditório da Biblioteca Municipal de Ílhavo. A organização do evento é da Confraria Camoniana de Ílhavo. A identidade do povo da Gafanha vai decerto sair reforçada com a publicação deste livro de dois gafanhões, que se orgulham das suas raízes. Conheço-os o suficiente para fazer esta afirmação. Digo isto mesmo sem ter lido o livro que agora vai ver a luz do dia. Contudo, se não li esta obra, li já bastante dos seus autores, em trabalhos dispersos e escritos ao longo de anos. Escrevem muito bem e das suas almas sai expressiva poesia. O livro é uma “manta de retalhos”, no bom sentido. Fala de trabalhos na água e na terra, actividades que se complementavam. Basta pensar que era da ria que se tirava o moliço, fertilizante para as areias áridas que haveriam de dar o sustento a quem aqui se fixou. Contém, por isso, palavras e expressões relacionadas com o trabalho agrícola e com as fainas piscatórias. Contém, também, expressões de uso local e outras de uso mais alargado. Relata usos como a matança do porco, a festa da Páscoa e os Reis, fala de orações, responsos, canções infantis do tempo da escola, lengalengas, provérbios e ditos da sabedoria popular. São inúmeras as referências a alfaias e utensílios usados na pesca, na agricultura e na vida doméstica, ilustrados com dezenas de fotografias. Nele se inserem actas e documentos históricos e no fim tem uma surpresa para muita gente que eu não desvendo. Trata-se, portanto, de um livro muito belo, que merece ocupar um lugar especial nos nossos interesses culturais, em tempo de uma globalização que tudo dilui, com avidez mortífera, se não estivermos atentos.
FM

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Crónica de um Professor: Dia Mundial da Criança

“Deixai vir a mim as criancinhas!”
Não pretende usurpar Direitos de Autor a Quem proferiu, há milénios, estas palavras, mas tão-só evocar quão partilhadas o têm sido, na sua tão penosa quanto longa carreira docente. Neste dia, em que está no centro das atenções, das preocupações e comemorações, a criança merece algum debate e reflexão, por parte da teacher. Desde muito cedo, foi alvo de estudos de comportamento, não fosse ela a matéria-prima duma profissão tão nobre, como é a lapidação de diamantes brutos. Das mãos dos professores, após muitas operações de profundo labor, saem as pedras preciosas que vão embelezar a vida e gerir os destinos do amanhã. Quando forem adultos! Quando tiverem ultrapassado, com sucesso, as várias etapas da sua formação, na qual os mestres são agentes activos e modeladores. Pretende-se que saia o melhor produto, que ganhe a excelência! Para isso se esfalfam e hoje, por todo o país, se desdobram em esforços para lhes proporcionarem alguns momentos agradáveis e em que elas são os únicos protagonistas. Sim, as criancinhas merecem-nos o melhor e o maior empenho. Vêm à memória, episódios de violência contra as crianças em que a mais abominável, execrável a todos os níveis, é sem dúvida a pedofilia. Não há palavras de repúdio que possam expressar a intensidade da revolta e indignação que qualquer cidadão de bem possa sentir. Ultrapassa os limites da capacidade humana. É uma ignomínia! Por outro lado, há que usar de bom senso e não cair no extremo oposto de tanta protecção, tanto facilitismo, tanta permissividade, que estão a conduzir as crianças de hoje a verdadeiros e pequeninos déspotas! Vejamos como as políticas educativas têm conduzido o ensino em Portugal e como os seus agentes têm sido maltratados e vilipendiados com a pseudo-liberdade dada aos alunos em geral. Foi moeda corrente em determinada época, que o ensino deveria ser ministrado com carácter lúdico, para que as crianças aprendessem a brincar! De tal modo isso ficou arreigado, que hoje, nas nossas salas de aula, deparamos com bandos de indigentes que nada mais fazem que boicotar sistematicamente o trabalho do professor. Sempre teve alguma dificuldade em aceitar que a pura brincadeira, sem carácter de responsabilização, possa conduzir a uma interiorização de valores, como por exemplo o trabalho. Se é dada, ao aluno, a possibilidade de recompor energias de descontrair, de brincar, em suma, nos intervalos das aulas que até são generosos, por que cargas de água não se deverá encarar o estudo, a aprendizagem como algo de sério, de consequente e não apenas um prolongamento do recreio? Vamos formar uma multidão de ociosos, de irresponsáveis, de parasitas? Quem está no ensino há décadas vê com tristeza como as coisas têm acontecido neste país de brandos costumes, onde a transgressão e a violência estão a ganhar foros de práticas rotineiras. Preconiza a teacher que... é de pequenino que se torce o pepino... e também com as abençoadas criancinhas deveria acontecer a mesma coisa!
M.ª Donzília Almeida 01.06.09

Generosidade dos portugueses respondeu, pela positiva, aos apelos do Banco Alimentar Contra a Fome

A Justiça Social virá quando não forem precisos os Bancos Alimentares
Quem há por aí capaz de duvidar da generosidade dos portugueses? Só os pessimistas, os que olham apenas e só para o seu umbigo. Afinal, pese embora as dificuldades por que todos passamos, o nosso povo soube responder ao apelo do Banco Alimentar Contra a Fome, durante o último fim-de-semana. Segundo números já apurados, e que apontam para 1935 toneladas de alimentos recolhidos, houve um aumento, em relação a Maio do ano passado, da ordem dos 18 por cento. Ainda bem. Contudo, é bom que nos habituemos à ideia de que esta é a solução imediata para responder à fome de muitos milhares de portugueses. A solução definitiva virá quando os Bancos Alimentares não forem precisos. Nessa altura, não haverá injustiças sociais. FM

Debater a Europa?

1. A campanha já vai alta, mas os níveis de reflexão efectiva sobre a Europa continuam muito baixos. A preferência pela intriga também já é elemento característico, como companhia dos vários processos eleitorais. Não se pense que é só em Portugal que ocorre este desvio; a Itália debate-se com a crítica a Berlusconi, a França debruça-se sobre Sarkosy. E parece que quanto mais os cidadãos estão “longe” da Europa ou a entendem só como dadora de subsídios, tanto mais o debate vai arrefecendo uma desejada reflexão ampla e aberta sobre a Europa para o século XXI. É natural que as grandes questões nacionais acabem por ser essa Europa mais perto em que a maturidade cívica tem dificuldades em reconhecer as virtudes e está logo pronta no apontar os defeitos.
2. Mas as lideranças teriam outra obrigação despertadora para os máximos possíveis de ligações entre os cidadãos e os lugares e poderes de decisão. Ao fosso que existe (e que acaba por ser lógico) entre Bruxelas e as comunidades locais e regionais, a elite política parece rendida à insignificância do debate sobre a Europa. Os problemas nacionais, também na conjuntura de crise, acabam por afogar as tentativas de uma reflexão de cidadania europeia. Talvez na actualidade terá sentido perguntar se «é mesmo possível debater a Europa?» Mesmo os que criticam o défice democrático da não realização de referendos sobre questões deste velho continente, a verdade é que o tempo e o modo de suas actuações parecem fazer desta época mais uma oportunidade eleitoral perdida.
3. Já bastava a distância geográfica dos centros de decisão europeia, já seria difícil ao nosso país de limitada intervenção cívica, quanto mais com a generalidade de um género crispado de campanha… Os apelos à não abstenção são esse último apelo a vencer as indiferenças que vão reinando, para mais em acto eleitoral de que não se vê o benefício imediato… Campanha terá de significar mais pedagogia... Cidadania? A faca e o queijo vão ficar na mesma?
-
Alexandre Cruz

domingo, 31 de maio de 2009

Dom de Deus por excelência

O SOPRO DE JESUS
Jesus escolhe o gesto do sopro para comunicar o Espírito Santo, o dom de Deus por excelência. Comunica-o aos discípulos, fazendo deles apóstolos, comunica-o à Igreja a fim de ultrapassar as fronteiras da sinagoga e se abrir sem medos à universalidade da missão; comunica-o a cada um de nós para que – como São Paulo – vivamos para o Senhor e para os outros e não apenas para nós mesmos.
Antes de fazer o gesto, Jesus identifica-se. Mostra as mãos onde se mantêm as cicatrizes da crucifixão e apresenta o lado com as marcas da flagelação. Sou eu mesmo e não um fantasma – afirma. Vivo uma vida nova que não se parece em nada com a vida material ou virtual. Compreendei o gesto que vos faço. Acolhei e apreciai o Espírito que vos confio em nome do Pai. Deixai-vos guiar por Ele, pois fica constituído em memória permanente e viva de quanto vos transmiti e em garante fiel de quanto vos vai ser pedido para realizardes a missão que vos entrego.
O sopro de Jesus é para os discípulos o que o alento de Deus foi no alvor da criação, dando vida a todas as coisas e gerando a harmonia do universo; é para os profetas o que a brisa suave foi para Elias, atestando a presença qualificada de Deus junto de quem permanece fiel, mesmo no meio da perseguição; é para a Igreja ao longo da história o que foi para os membros da primeira comunidade cristã: agente de transformação, força de comunhão que vai integrando diferenças legítimas, linguagem de comunicação que a todos quer fazer chegar a novidade de Jesus, em favor da humanidade inteira.
Mas quantas vezes, os ruídos se infiltraram e surgiram os monólogos e as deturpações, a comunhão cedeu lugar à desunião e ao mútuo desconhecimento, a renovação foi suplantada pela manutenção e conservação das tradições, a brisa suave foi varrida pela tempestade violenta das guerras, sem conta, o alento criador foi usurpado pelas forças da morte, de todos os naipes.
O sopro de Jesus tem sempre uma importância vital para os discípulos, a Igreja enquanto comunidade instituída, a humanidade com família de irmãos. Ele é Espírito e não os espíritos, as forças ocultas e malfazejas, as correntes dinâmicas de esoterismo, os estados sentimentais e fundamentalistas. O sopro de Jesus constitui o gesto da nossa marca e do nosso estilo. Faz-nos apelos à intervenção coerente, lúcida e realista, numa sociedade cheia de luzes e sombras. Georgino Rocha

Os portugueses gostam de telenovelas

Quando toca a crianças, é uma alegria
Os portugueses gostam de telenovelas. Gostam mesmo. Penso que esse gosto vem de há muitos anos, quando os brasileiros nos mostraram algumas que apaixonaram muita gente. Não condeno esse simpático gesto. Cada um dá o que tem e o que pode. Conheço gente que já não consegue viver sem elas. Venham elas à hora que vierem, é certo e sabido que não faltam telespectadores. Cada um come do que gosta. Eu também vi algumas, mas depois achei que estava a perder tempo. Senti-me preso, manipulado, dependente. Era como uma droga leve. Depois libertei-me, tornei-me independente e mandei à fava essa perda de tempo. Os portugueses aprenderam a lição que veio dos brasileiros, como aprendem tudo o que é novo. E se vier do estrangeiro tanto melhor. Cheira a coisa fina. Depois começaram a imitá-los. Pelo que tenho ouvido, imitam bem e em alguns casos até os ultrapassam. Dizem… Os temas foram recriados, ampliados e divulgados por literatura da especialidade. As telenovelas têm consumidores. Mas de vez em quando os nossos órgãos de comunicação social acham que é preciso inovar, inventando ou aproveitando assuntos que dão para uma infinidade de capítulos. Pedofilia da Casa Pia, negócios do Freeport vida privada de políticos, escândalos sociais, corrupção. E quando toca a crianças, então é uma alegria. Se ela for estrangeira, tanto melhor. Até fazem filmes. Joana, Maddie, Esmeralda e Alexandra. Esta, que é russa, até dá pano para mangas. Claro que ainda não descobriram umas meninas e meninos cujos pais não têm pão para lhes dar, nem dinheiro para as vestir e educar, ou sem pais e sem família. Uma coisa vos garanto: quando essas telenovelas acabarem, estou cá a pensar que algum guionista vai inventar uma história capaz de as substituir. Os portugueses gostam…
FM

PESQUISAR

DESTAQUE

Animais das nossas vidas

O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

https://galafanha.blogspot.com/

Pesquisar neste blogue

Arquivo do blogue