terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

DOMINGO - Fernando Echevarría



Ficou-lhe a paz. Do tempo
em que, movido o olhar à santidade,
parávamos no campo vendo
correr a água e adubar-se o caule
que abrirá sua roda de sustento
à fadiga do homem, que uma coroa de aves
reconhece no ar, de estar aberto
à cálida saúde da passagem.
Depois da missa, pelo domingo adentro,
crescia essa saudade
fresquíssima de estarmos tão atentos
à tarefa que, sem nós, a tarde
cumpre na terra. E mesmo ao pensamento
que amadurece nas árvores,
tocadas de longe, no estremecimento
que se enreda por nós e em nós se abre.
Ficou-lhe a paz. O doce movimento
que nos inclina para a primeira idade.

Fernando Echevarría
a rosa do mundo 2001 poemas para o futuro
assírio & alvim
2001

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

Ainda as caricaturas de Maomé

Mais uma achega
do
Cardeal-Patriarca de Lisboa
Para o Cardeal Patriarca de Lisboa, também os católicos já foram alvo de referências jocosas de mais ou menos gosto e não tiveram a mesma atitude de procura de vingança. "O facto de estarmos num ambiente de liberdade de expressão significa que eu não me indigno com isso, mas quando acontece magoa-me. A liberdade de expressão tem desses riscos: eu sei que, às vezes, magoo os outros. A grande diferença entre o horizonte ocidental e o horizonte que estamos a assistir nos muçulmanos é que eu manifesto a minha indignação de outra maneira, não vou pôr bombas nas embaixadas, nem bater nas pessoas na rua". O Cardeal-Patriarca vai ainda mais longe, ao afirmar que este é um problema muito mais político que religioso: "tenho visto comentadores a tentar pôr isto no âmbito do diálogo e do respeito inter-religioso, mas penso que, por trás disto, há mais estratégias políticas que questões religiosas".
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Fonte: RR

Um artigo de João César das Neves, no DN

O tempo em que o mundo ficou muito perigoso
O mundo está a ficar muito perigoso. Quando daqui a uns séculos escreverem a História da nossa era, estes anos serão certamente vistos como o momento decisivo, em que a guerra deixa de ser abominável para se tornar discutível. É este o tempo em que "Hitler" passa de nome recordado para acusação dirigida a outros. É agora que o mundo volta a ser muito perigoso. O pano de fundo é ainda, naturalmente, a maior catástrofe de sempre, a Segunda Guerra Mundial. Essa carnificina bárbara, tão bárbara como só uma civilização avançada pode ser, parecia ter mudado para sempre a nossa atitude. Pela primeira vez na História, a Humanidade tinha poder para destruir a Humanidade. Só havia uma resposta possível "Guerra nunca mais!" Esta era a certeza que todos professavam. O mundo mudara.
Mas essa mudança começou a mudar, naturalmente, no fim da Guerra Fria, o mais estúpido de todos os conflitos uma guerra que não chegava a ser guerra, porque não podia ser guerra. Quando acabou, o frio foi aquecendo: afinal, a guerra podia ser. Os primeiros embates após a queda do Muro ainda eram escaramuças à antiga: guerras coloniais, como o Iraque em 1991 e a Somália em 1993, ou guerras civis, como a arrastada destruição da Jugoslávia e a recorrente "intifada" na Terra Santa. Não eram menos sangrentas e horrorosas, mas não traziam perigo global. "Guerra mundial nunca mais!"
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(Para ler todo o artigo, clique aqui)

Um artigo de Alexandre Cruz

Um louvável caso de estudo

O gesto fundacional
do 11 de Fevereiro –
Dia Mundial do Doente 1. É de um alcance absolutamente novíssimo o horizonte da mensagem deste VI Domingo do Tempo Comum. Para nós, hoje, viventes de tempos em que a “memória” e valoração dos achados de sentido da Humanidade se vão perdendo, poderemos considerar a “lição” de hoje um autêntico caso de estudo. A partir da doença (a “lepra”), apercebemo-nos de todo um ambiente de contextos e atitudes a salientar. Assim, a mensagem curativa do Evangelho só é bem captada na medida em que sentirmos o ambiente social do Antigo Testamento, espelhada na primeira Leitura do Livro do Levítico. São muitos os (maus) hábitos, expressão menos feliz da ideia de Deus e de Comunidade. 2. Em termos do que chamamos hoje os cuidados de saúde (simbolicamente inaugurados pelo aproximar, tocar e renovar de Cristo), o panorama da antiguidade era de absoluta exclusão social para a Pessoa do Doente leproso. É muita a literatura que testemunha a legislação hoje presente no livro do Levítico, em que se decide que aos leprosos (impuros) cabe a sorte da expulsão da comunidade, tendo de morrer fora das cidades; têm de trazer roupa que permita serem identificados à distância, sendo todo o contacto impensável, até que quando um leproso tocava numa pessoa sã era réu de morte; num ter de gritar “impuro, impuro”, ou andar de campainha ao pescoço…ainda que procurando gerir o “caso” de saúde pública, estava bem enraizada uma mentalidade de absoluta exclusão, abandono humano e, a acrescentar, uma turba imagem de Deus que atribuía como causa da doença o pecado humano. É diante deste ambiente que vem Jesus!... 3. Ao leproso que tinha a morte à vista (“a lepra era a filha primogénita da morte” Job 18, 13), e que de modo suplicante se aproxima na distância possível, e ousa dirigir a palavra a Jesus… eis que novidade completa encontramos: “Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e disse: ‘Quero: fica limpo!’ ”. Que purificação surpreendente esta que escreveu para sempre uma aproximação exemplar de Deus à Pessoa do Doente. Que gratidão Te damos, Senhor, por não teres medo do contágio e teres arriscado tudo para tirar a “lepra” (espiritual e física) da menoridade humana! Que pura imagem de Deus-Amor que promove a total inclusão comunitária de cada Pessoa! Faz-nos entender, estudar, apreciar e viver este gesto eterno do Teu amor!

Estatuto do Santuário de Fátima

Cardeal-Patriarca de Lisboa explica mudança de estatuto
O Cardeal-Patriarca de Lisboa confir-mou este Domingo uma mudança de estatuto do Santuário de Fátima, mas garante que este é um passo que se limita a recuperar uma prática em vigor no tempo de Pio XII. D. José Policarpo afirma que esta mudança permite conciliar as dimensões diocesana, nacional e internacional do Santuário.
“São evidentes duas coisas: que o Santuário está na diocese de Leiria-Fátima, pelo que a jurisdição imediata é da diocese; por outro lado, é igualmente evidente a dimensão nacional e internacional do Santuário”, referiu aos jornalistas que o interrogaram sobre o tema.
"Aquilo que estão a ver com grande surpresa não é, porque já no tempo de Pio XII, nos anos 50, foi constituído um Conselho Superior, representando a Igreja de Portugal toda para acompanhar o Santuário de Fátima”, acrescentou.
D. José Policarpo explicou que "o que a Santa Sé fez foi, apenas e só, pedir para que esse Conselho se reactivasse". A primeira responsabilidade será, portanto, estudar um dossiê que virá a culminar, depois, “num outro estatuto para o Santuário de Fátima".
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Fonte Ecclesia

Centenário do nascimento de Agostinho da Silva

Comemorações
começam hoje As comemorações do centenário do nascimento de Agostinho da Silva, pensador que continua controverso e enigmático, arrancam hoje no Centro Cultural de Belém (CCB) com o patrocínio da Ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima. As celebrações incluem colóquios, exposições, publicação de livros a edição de um selo comemorativo, a abertura da cátedra "Agostinho da Silva" na Universidade de Brasília e o baptismo de um avião da TAP com o seu nome.
As iniciativas resultam de uma parceria dos governos de Portugal e do B rasil (onde o escritor esteve exilado) e a Associação Agostinho da Silva e incluem a projecção do documentário "Agostinho da Silva: um Pensamento Vivo" e a inauguração da mostra "Agostinho da Silva: Pensamento e Acção" em cidades portuguesas e estrangeiras.
A efeméride revela que o pensador e pedagogo continua uma figura controversa e enigmática, mesmo para os que com ele privaram.
Reconhecendo que a sua personalidade sempre o intrigou, o ensaísta Eduardo Lourenço afirmou que "não era parecido com ninguém, excepto com ele próprio" e lamentou que a sua obra ainda esteja "pouco estudada".
Por seu lado, o escritor Fernando Dacosta afirmou à Lusa que se vive "um tempo anti-Agostinho da Silva", pois "a sua filosofia e utopia" não têm eco junto dos governantes, apesar de Agostinho ter sido uma figura de "grande lucidez" .
Quanto a Nuno Nabais, professor de Filosofia em Lisboa, assegurou que "não existe um 'pensamento Agostinho da Silva'" e disse acreditar que o pensador "estaria a rir-se, ao ver-se objecto de comemorações oficiais".
O escritor Baptista-Bastos, por seu lado, declarou à Lusa que Agostinho da Silva - "um grande museu clássico com um perfume de modernidade" - representa "uma grande dose de utopia, de quimera e de esperança nas infinitas possibilidades do Homem".
O filósofo e pedagogo Agostinho da Silva nasceu no Porto a 13 de Fevereiro de 1906, esteve preso no Aljube devido a polémicas com o Estado Novo e a Igreja e optou por se exilar no Brasil, onde co-fundou as universidades federais de Paraíba e Santa Catarina e a Universidade de Brasília.
Quando morreu, em Lisboa, a 3 de Abril de 1994, Agostinho da Silva deixou uma obra vastíssima que inclui textos pedagógicos, ensaios filosóficos, novelas, artigos, poemas, estudos sobre História e cultura e as suas reflexões sobre a religião.
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Fonte: PÚBLICO on-line
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Nota: Para um conhecimento mínimo do pensador Agostinho da Silva, recomendo "A última conversa - AGOSTINHO DA SILVA", entrevista de Luís Machado, com prefácio de Eduardo Lourenço; e "Diálogos com AGOSTINHO DA SILVA - O Império Acabou. E agora?", um trabalho de Antónia Sousa. Obras publicadas por Editorial Notícias.

domingo, 12 de fevereiro de 2006

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

Religião e 'cartoons' - caricaturar caricaturas
No momento em que escrevo ainda não é possível saber todas as consequências das caricaturas de Maomé nas relações com o mundo islâmico. Por outro lado, é evidente a dificuldade que há em pronunciar-se sobre um assunto tão amplo e polémico em espaço tão limitado.
Para salvaguardar a transcendência divina, a Bíblia impõe o mandamento de Deus "Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fiz sair da terra do Egipto, da casa da servidão. Não haverá para ti outros deuses na minha presença. Não farás para ti imagem esculpida nem representação alguma do que está em cima, nos céus, do que está em baixo, na terra, e do que está debaixo da terra, nas águas. Não te prostrarás diante dessas coisas e não as servirás.
"A controvérsia sobre as imagens no cristianismo durou séculos e a chamada crise iconoclasta desembocou por vezes em perseguições violentas. Foi com o concílio de Niceia II (787) que, com base na encarnação do Verbo, foi reconhecida a possibilidade da representação de Cristo e a veneração das imagens. Mesmo assim, há, neste domínio, diferença entre os católicos, pródigos em imagens, os protestantes, reservados, que se limitam à cruz, e os ortodoxos, que são mestres na arte dos ícones.
Régis Debray fez notar com humor que o ano de 787 marca a data de nascimento de Hollywood, observando de modo fino que "uma cultura que honra as imagens honra também as mulheres. Velha constante das civilizações, que atravessa os tempos e as latitudes! Os que bombardeiam estátuas são os mesmos que lapidam as adúlteras. Quem fecha os museus mantém as mulheres fechadas. A inversa também é verdadeira em toda a parte onde a imagem tem direito de cidadania, a mulher tem o direito de participar".
Entre os muçulmanos, nem sempre foi interdita a imagem do Profeta. Depois, enquanto os teólogos sunitas proibiram qualquer representação humana do Divino, os xiitas reservaram a interdição a Maomé.
Pela sua própria natureza, o Sagrado é inviolável, não pode ser profanado, deve-se-lhe respeito incondicional.
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(Para ler todo o texto, clique aqui)

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