segunda-feira, 11 de abril de 2005

Em Aveiro: Projectos de Solidariedade Universitária

Se há quem pense que os estudantes universitários de Aveiro se dedicam apenas ao estudo e a diversões nem sempre com algum sentido utilitário, engana-se. Há muitos que se envolvem em acções de solidariedade, ocupando os seus tempos livres a fazer o bem. As iniciativas nessa linha começaram há anos, no âmbito de uma parceria que envolveu o Centro Universitário Fé e Cultura, a Associação Académica da Universidade de Aveiro e os Serviços de Acção Social da Universidade de Aveiro, com o apoio da Reitoria. Presentemente, os alunos da UA dão explicações no Bairro de Santiago. Apoiam crianças com dificuldades de aprendizagem, colaborando desta forma com as Florinhas do Vouga. Outros, depois de um curso de formação, integram a equipa de Voluntariado no Hospital Infante D. Pedro, ajudando, sob várias formas, os doentes mais carentes de afecto. O Voluntariado em Lares de Idosos funciona integrado no Projecto Vida Mais – Voluntariado Diocesano. Os universitários recebem formação específica, para melhor prestarem apoio aos utentes de Lares, que aceitam esta forma de ajuda a quem precisa de uma palavra amiga, enquanto outros necessitam mais de ser ouvidos do que de falar. Depois, há os jovens que colaboram com a capelania da Cadeia, através de visitas pontuais e de tarefas na realização de actividades e ateliês destinados aos reclusos. Na CERCIAV – Cooperativa para a Educação e Reabilitação do Cidadão Inadaptado de Aveiro, também os universitários marcam presença periódica, integrando-se em equipas de apoio a pessoas que tanto dele precisam. Ainda colaboram com a Cáritas Diocesana, nomeadamente no Projecto Senda Gitana e na animação sociocultural. E com Perdidos e Achados – Associação de Protecção aos Animais Abandonados de Aveiro, desenvolvem iniciativas que visam o respeito pelos animais. Como facilmente se compreende, afinal, entre os alunos da UA ainda há quem se envolva, com regularidade, no Voluntariado direccionado para quem mais precisa. Quem estiver interessado em colaborar, pode dirigir-se ao CUFC – Centro Universitário Fé e Cultura, onde há sempre alguém para bem receber. O CUFC fica mesmo em frente à UA, em edifício que facilmente se identifica.
F.M.

No sábado, no Seminário de Aveiro

No próximo sábado, pelas 21.30 horas, no Seminário de Santa Joana Princesa, vai ter lugar um Sarau Missionário, organizado pelo Secretariado Diocesano de Acção Missionária. O tema, “Muitos mundos... um só Mundo: A MISSÃO”, pretende alertar os cristãos para a urgência de se empenharem, directa ou indirectamente, na acção missionária da Igreja Católica. Do programa faz parte uma peça de teatro, “Gota de Mel”, e um Conto de Mato Africano. Há ainda uma intervenção do responsável por aquele secretariado, padre Georgino Rocha, e um intervalo com chá e biscoitos. Vale a pena participar, quanto mais não seja para se ficar mais esclarecido sobre um tema tão importante.

domingo, 10 de abril de 2005

Poema de Daniel Faria

 
Daniel Faria (1971 - 1999) 

Homens que são como lugares mal situados 
Homens que são como casas saqueadas 
Que são como sítios fora dos mapas 
Como pedras fora do chão 
Como crianças órfãs 
Homens sem fuso horário 
Homens agitados sem bússola onde repousem 
Homens que são como fronteiras invadidas 
Que são como caminhos barricados 
Homens que querem passar pelos atalhos sufocados 
Homens sulfatados por todos os destinos 
Desempregados das suas vidas 
Homens que são como a negação das estratégias 
Que são como os esconderijos dos contrabandistas 
Homens encarcerados abrindo-se com facas 
Homens que são como danos irreparáveis 
Homens que são sobreviventes vivos 
Homens que são como sítios desviados 
Do lugar 

In "Homens que são como lugares mal situados", 
Fundação Manuel Leão, 2ª edição, 2002 

Daniel Faria nasceu a 10 de Abril de 1971, em Baltar, Paredes, tendo-se licenciado em Teologia na Universidade Católica Portuguesa. Depois, obteve a licenciatura em Estudos Portugueses, na Faculdade de Letras do Porto. 
Recebeu vários prémios literários relativos a inéditos de poesia e conto. 
De entre os seus escritos dispersos incluem-se "Oxálida", "A Casa dos Ceifeiros", "Explicação das árvores e de outros animais", "Homens que são como lugares mal situados" e "Dos Líquidos", publicado depois da sua morte. 
Colaborou nas revistas "Atrium", "Humanística e Teologia", "Via Spiritus" e "Limiar". 
Quando faleceu, a 9 de Junho de 1999, era noviço no Mosteiro de Singeverga.

Haverá uma beleza que nos salve?

Não, não há uma beleza que nos salve. Só a bondade nos salva. E a bondade manifesta-se, por vezes, no meio da maior fealdade. Explico-me. Uma pessoa capaz de actos de bondade, uma pessoa com bom coração, pode ter uma cara que é considerada feia, pode vestir-se de uma maneira que é considerada pirosa, pode ter tido notas medíocres, pode ser um artista medíocre. Quando visitamos um museu com obras belíssimas, como o Louvre ou o Prado, podemo-nos esquecer de que as pessoas, os visitantes e os funcionários que estão lá connosco, são obras mais belas do que as mais belas obras expostas que andamos a ver. Um artista torturado pela beleza que consegue, ou que não consegue, dar ao que pinta e que se autodestrói está equivocado. Seria preferível deixar de pintar ou pintar obras medíocres. Como dizia o meu avô materno, que era médico, “mais vale burro vivo do que sábio morto”. Se a busca da beleza nos impede de viver, então há é uma beleza que nos perde. E há. Penso que não nos devemos enganar sobre a beleza. Se a nossa obra artística, ou outra, não implica a renúncia às coisas inúteis e a partilha, então é bastante inútil. E as coisas inúteis, para uma poetisa, são o desejo de escrever obras perfeitas e de ser reconhecida pelos seus pares. Roubei à Irmã Emmanuelle a expressão “renúncia às coisas inúteis e partilha” (“renonce aux choses inutiles et partage”, in “Famille chrétienne”, Numéro hors série, été 2004, p. 6). Se não há partilha, o artista é quase tão aberrante como um padre que celebrasse a missa só para si. Os artistas são, às vezes, muito egoístas. É verdade que as suas obras, apesar disso, podem comunicar – mas será involuntariamente? – bons sentimentos. A arte está cheia de ódio, de maus sentimentos. Parece que estou a dizer mal da arte e não queria fazer isso. No Natal, uma amiga mandou-me um cartão de boas festas da Unicef com um Anjo da Anunciação de Fra Angelico. Tenho-o em exposição no meu quarto e, quando quero rezar, olho para ele. Mas não sou contemporânea de Fra Angelico. Não posso tomar café e tagarelar com ele nos cafés como posso fazer com a amiga que me enviou o anjo dele pelo Correio. Por isso o Anjo da Anunciação de Fra Angelico, que é tão bonito, pode também ser doloroso. Fra Angelico já morreu. E não é a beleza do anjo de Fra Angelico que me garante que Fra Angelico ressuscitará. Um poema de Rimbaud está cheio de violência. Há muita beleza na expressão dessa violência. E isto é terrível. Preferia que Rimbaud não estivesse ferido a ponto de escrever daquela maneira? Preferia. Mas não posso dizer isto assim. A arte é feita para construir a paz. Não é um esgrimir no vazio. Não pode ser. Olho para o Anjo da Anunciação de Fra Angelico. Parece-me belíssimo. É vermelho e dourado. É verde e azul. Mas, ao escrever assim, parece-me que estou a evocar o poema de Rimbaud intitulado “Vogais”. A arte é um modo de lidar com a ausência. E por isso é tão preciosa e tão perigosa. Nunca é a alegria da presença. Adília Lopes, poetisa in Observatório da Cultura on line (www.ecclesia.pt/cec)


Adília Lopes
Poetisa


(In "Observatório", do "site" da Comissão Episcopal da Cultura)

Semana das vocações de consagração

Nós somos co-responsáveis pela acção da Igreja
Começa hoje a semana de oração pelas vocações de consagração. Será uma semana que nos convida a reflectir sobre a nossa vocação de serviço aos outros, quer como clérigos, quer como leigos. Uns deixando tudo, aceitando o chamamento de Deus para se dedicaram totalmente ao serviço do Reino, outros assumindo em pleno, na vida, as suas condições de baptizados. Os consagrados, aqueles que se dão sem limites - os bispos, os padres, os diáconos e os membros das Ordens e Institutos Religiosos e alguns leigos -, têm esta semana, de forma especial, para se debruçarem sobre até que ponto estão a cumprir o mandato que receberam de Cristo para servir a Igreja e as mulheres e homens seus irmãos, numa doação de entrega total. Os não consagrados, que são a maioria dos leigos, não podem deixar de examinar a sua consciência para descobrirem se o seu empenhamento no apoio aos que estão na linha da frente do serviço é, de facto, positivo. Todos, afinal, têm ainda de meditar sobre o seu envolvimento na descoberta de vocações de consagração, indispensáveis na Igreja, que anseia por chegar aos quatro cantos da Terra, em resposta ao mandato de Cristo. A Igreja precisa de gente consagrada, mas a maioria das vezes pensamos que isso é tarefa para outros, como se não fôssemos membros de pleno direito e com obrigações nas comunidades cristãs. Fingimos ignorar, quantas vezes, as responsabilidades que temos na descoberta de jovens e menos jovens que possam servir a Igreja, olvidando a obrigação que os crentes têm de apoiar os que estão em caminhada vocacional. Penso que esta semana deveria servir para os cristãos pensarem nestas coisas, não delegando em ninguém a tarefa de o fazer. Nós somos, de facto, co-responsáveis pela acção da Igreja. Fernando Martins

Ouvindo Evard Grieg

Evard Grieg
Neste fim-de-semana, foi um prazer muito grande ouvir Evard Grieg, compositor norueguês que viveu entre 1840 e 1907. As Suites nº 1 e nº 2 e o Concerto para piano e orquestra envolveram-me com melodias que mostram uma sensibilidade muito própria. As primeiras obras foram compostas para ilustrar um drama do seu compatriota Ibsen. O herói do drama, Peer Gynt, é uma personagem bastante irreal, cujas aventuras mostram um orgulho egoísta. As Suites são compostas por quatro cenas cada uma, correspondentes a outras tantas melodias, que se interligam com uma simplicidade que encanta, enquanto nos transportam a ambiência facilmente compreensíveis: A Manhã, A Morte de Ase, Dança de Anitra, Na Gruta do Rei das Montanhas, Regresso de Peer Gynt, Canção de Solveig, Lamento de Ingrid e Dança Árabe. O Concerto para piano e orquestra, que esteve muito em voga em França, é uma obra magnífica. O primeiro andamento acorda-nos, se não estivermos concentrados, com uma introdução de piano que todos os melómanos bem conhecem, tal é a sua beleza. Depois vem o segundo andamento em que o piano oferece ornamentos cheios de arabescos inesquecíveis. E o último, uma evocação das danças norueguesas, é uma conclusão majestosa. Ouçam e apreciem, com calma, se puderem, para ficarem a gostar, se é que não conhecem já Evard Grieg. Fernando Martins

POSTAL ILUSTRADO

Posted by Hello "Bonito Dia": Foto de Crixtina, pseudónimo artístico da ilhavense Dora Bio

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