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Metamorfoses pascais do desejo (1)

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«Um Deus que não é a alegria da vida não é Deus. É um ídolo criado para justificar a dominação económica, política e religiosa.» 1. Os textos do Novo Testamento (NT) não foram encomendados ou ditados, corrigidos por Jesus Cristo. Surgiram em comunidades cristãs, depois da sua morte, para mostrar que o processo que O vitimou não podia ser arquivado. A coligação das autoridades romanas e judaicas, ao contrário das aparências, sob a capa de um julgamento, de facto, tinha decretado o assassinato de um inocente em nome de Deus e do Império [1]. Os autores do NT, ao reabrirem o processo, não pretendiam rever uma questão jurídica do passado, mas testemunhar que estavam completamente enganados os que julgavam que o Nazareno e as suas propostas tinham uma pedra em cima, para sempre. Estava em curso, até ao fim dos tempos, a passagem agitada para uma nova era. Era difícil o caminho da realização da esperança. Mesmo depois da ressurreição, até os discípulos mais chegados, continuava...

ALELUIA DE HANDEL

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FELIZES OS PACÍFICOS

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felizes felizes os pacíficos, que suspendem a violência e reparam as redes de logradas fainas (ai a guerra, mãe da pobreza e irmã da morte) felizes os que aos olhos do mundo passam por inútil carga social ou rendimento zero e que escondidamente participam da alegria que aligeira a vida (ai aqueles que a sede de poder afoga) felizes os pobres de alguma pobreza boa felizes os que lavam as feridas e vivem com os cegos honrando neles o fundo de humanidade que lhes é comum felizes os que nas situações-limite decidem da singularidade do fazer, da urgência felizes os que, excluídos, despojados de qualquer imagem no documento mortal pregado na cruz inscrevem os seus corpos felizes os que, intacta, guardam a sensibilidade à injustiça, apegados só à força da Palavra que cura felizes os que não pactuam com os anjos escuros da morte total nem desculpam os «erros humanos» das nossas sociedades sem olhos (ai os que no inferno climatizado sobrevivem ai o terror mole do dia a dia sobre os ombro...

O Calvário do mundo

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1- Perante o horror todo do mundo, guerras e cidades a desmoronar-se, crianças a jorrar sangue e a gritar de dor ao colo de pais perdidos e a fugir não sabem para onde, violações, crucifixões, fome e mortes, terror e impotência, a palavra que sobe à mente: "Um calvário!" Às vezes, vêm ter comigo pessoas destroçadas e contam e contam e contam... destroçadas: "Sabe? A minha vida tem sido um calvário." E parte-se-me a alma. 2- Hoje, Sexta-Feira Santa, o que se lembra é o calvário de Cristo e, nele, os calvários todos da história. Perante o horror da morte a aproximar-se, diz o Evangelho que Jesus "começou a sentir-se apavorado e a angustiar-se" e rezava: "Meu Pai, tudo te é possível, afasta este cálice de mim. Mas faça-se não o que eu quero, mas sim o que Tu queres." E morreu, gritando esta oração: "Meu Deus, meu Deus, porque é que me abandonaste?" 3- Segundo a fé cristã, não faz sentido lembrar a Sexta-Feira Santa sem a esp...

Mastro do Milenário — Eu estive lá

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Efeméride 13 de abril de 1958 O presidente da Câmara Municipal, Dr. Alberto Souto, inaugurou, na ponte da Dobadoura, o «Mastro do Milenário», cujo simbolismo esclareceu na mensagem, dirigida aos aveirenses, que então proferiu (Litoral, 19-4-1958) – A. "Calendário Histórico de Aveiro", de António Christo e João Gonçalves Gaspar Eu assisti aos trabalhos de erguer o mastro do Milénio da povoação de Aveiro e Bicentenário da cidade, datas que se celebraram em 1959. Comandou as operações delicadas o Mestre Manuel Maria Bolais Mónica, com muita gente a assistir, porventura receosa, alguma, de o mastro não entrar no buraco para ficar com as bandeiras a assinalar as efemérides, que se esperavam festivas. Como manobrador do camião do estaleiro do Mestre Mónica estava o então meu amigo Henrique Correia, que veio a ser o primeiro presidente do Grupo Desportivo da Gafanha, sendo eu o secretário. O camião estava carregado, julgo que com toros, para garantir a estabilidade do veíc...

Mais um livro de Teresa Reigota

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Teresa Reigota acaba de lançar mais um livro — Gafanha... Crianças de antanho e suas vivências — que decerto nos levará a recordar tempos idos. Temos vivências espontâneas ainda muito longe das brincadeiras e saberes comandados ou telecomandados pelas revolucionárias tecnologias da comunicação. Será um livro, imagino eu, que as antigas e novas gerações hão de saber apreciar. Depois direi...

Faleceu António Augusto Afonso

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Recebi hoje a dolorosa notícia do falecimento do meu bom amigo António Augusto Afonso. Tinha 92 anos e vivia há muito nos Estados Unidos da América. A doença que o vitimou ceifou-lhe a vida terrena em três semanas. Homem profundamente crente, ligado às Igrejas Evangélicas, morreu serenamente como, aliás, sempre viveu.  O senhor António Afonso, como era mais conhecido, foi um cidadão exemplar e um crente evangélico convicto, amigo dos seus amigos, melhor dizendo, amigo de todos os que com ele se cruzaram na vida, independentemente das convicções religiosas, políticas, sociais ou outras de cada um. Por isso mesmo, era respeitado e venerado por toda a gente. Foi durante muitos anos alfaiate, acumulando, durante certo tempo, a atividade de barbeiro. Mas foi como mestre alfaiate que mais se distinguiu, pelo rigor do corte e perfeição dos acabamentos, não lhe faltando clientes. Porém, um dia emigrou para os Estados Unidos, carregando as saudades da sua Gafanha de que falava contin...

Semana Santa

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Estamos na Semana Santa, também chamada Semana Maior, por nela vivermos mais intensamente as verdades essenciais da nossa fé. Semana de silêncio, meditação, oração e de certeza de que a Ressurreição de Jesus, ano a ano renovada no coração dos crentes, está próxima, para júbilo de quantos acreditam que a vida de cada um de nós é sempre um recomeço. Jesus Cristo, um marco histórico indiscutível, é luz do mundo que anuncia Boas Novas a todos os homens e mulheres de boa vontade, para glória de Deus e redenção de toda a humanidade, derrotando as nossas fragilidades que tornam agreste a nossa sociedade. A Semana Santa, vivida e sentida na humildade, leva-nos mais até aos que sofrem no corpo e na alma as incompreensões dos egoísmos e as injustiças a diversos níveis. A Semana Santa é também uma semana de purificação e de compromissos permanentemente renovados. E no culminar dela, teremos a alegria da Ressurreição de Cristo, que nos garante a plenitude da vida. Santa Páscoa pa...

Gafanha da Nazaré: cidade há 16 anos

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Morreu Fernando Campos, romancista histórico

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O autor do romance histórico A Casa do Pó, best-seller no final dos anos 1980, morreu no sábado em Lisboa, mas só nesta segunda-feira é que a notícia foi divulgada pela família. “A Casa do Pó é um romance sem padrinhos. Fernando Campos, o seu autor, é um homem que durante dez anos persistiu na demanda do enigma de Frei Pantaleão, franciscano no Itinerário da Terra Santa. O enigma resistiu à investigação, mas a ficção portuguesa ganhou um romance extraordinário, melhor entre os melhores.”,  escreveu Clara Ferreira Alves no Expresso sobre o autor que escreveu o seu primeiro romance aos 61 anos.  Texto de ISABEL COUTINHO, no Público NOTA: Li este e outros livros de Fernando Campos, todos com entusiasmo, tanto pela escrita fluente e sem mácula que o autor cultivava, mas também pela abordagem de temas de matriz história.  Neste eu primeiro livro debruçou-se sobre o aveirense Frei Pantaleão.

S. Jorge: Fajã da Caldeira de Santo Cristo

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A Fajã da Caldeira de Santo Cristo merece sem dúvida o percurso de uma hora a pé por um caminho de terra batida que bordeja as encostas íngremes e verdejantes do Norte da Ilha de São Jorge. Vivem ali poucas famílias e a lagoa de água salobra produz as melhores e maiores amêijoas que jamais comi em toda a minha vida.  Se há paraíso e se há sítio na terra onde se esteja próximo do céu, este é seguramente um desses locais. Não pelas amêijoas mas pela paz e desprendimento que o lugar oferece, protegido por uma imagem de Cristo que, segundo a lenda, se recusou a sair dali, provocando intempéries de cada vez que os homens tentavam tirá-la, por mar, do lugar que Ele escolheu! Pedro Martins