De acordo com o mais recente relatório do Eurostat, referente a 2004, Portugal é o país mais desigual da Europa, tendo em conta a relação entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres. Não é novidade para ninguém, mas confrange ver que não conseguimos sair da cepa torta, apesar de tantos sacrifícios se pedirem, e exigirem, aos portugueses.
Somos, afinal, um país tremendamente injusto, deixando que alguns enriqueçam cada vez mais, enquanto muitos outros ficam cada vez mais pobres. A desigualdade está aqui e ninguém a pode escamotear.
Esta situação, que nos atira, sistematicamente, para a cauda da Europa, apesar de todas as ajudas que dela recebemos, só mostra que ainda não descobrimos os políticos, economistas, empresários, sociólogos e outros mais capazes de dar a volta à política portuguesa. Mas também à auto-estima dos portugueses, para que, duma vez por todas, assumam dinâmicas de mudança e de optimismo, que nos apontem caminhos de futuro. Quem dá uma ajuda?
sexta-feira, 23 de maio de 2008
PONTES DE ENCONTRO

Petróleo: e você, já sabe porque é que aumenta?
A 27 de Março de 2008, escrevi um texto com o título “Ética nos Negócios”, no qual abordava alguns aspectos relacionadas com o preço do “ouro negro” e as constantes subidas nos mercados mundiais. Na altura, o seu preço andava à volta dos 103,0 dólares o barril. Passado perto de dois meses, o seu preço não parou de subir. Ontem, dia 22 de Maio, o preço do chamado petróleo Brent atingiu os 133,10 dólares e em Nova Iorque os 135,04 dólares o barril. A nível nacional e internacional, já ninguém se entende sobre as causas reais destas subidas. Esta ignorância é gravíssima e não augura nada de bom.
Basta ver algumas das televisões de referência internacional e é um nunca mais acabar de ouvir especialistas em produtos petrolíferos a dizerem que estes preços não se justificam, mas também a não saberem dizer nada do porquê deles estarem tão altos. Existem visões diferentes para os valores a que deveria estar, neste momento, o petróleo, que oscilam entre os 90,0 e os 75,0 dólares o barril, mas não se sai disto.
Sabe-se que, para um preço do petróleo de 120,0 dólares o barril, o seu custo é assim distribuído: 30,0 dólares para custos de produção, à saída do poço; 20,0 dólares para custos de exploração; 10,0 dólares para custos de transporte e 60,0 dólares para o efeito da desvalorização do dólar, seguros, por riscos políticos ou outras instabilidades, em alguns países do globo, e, finalmente, a especulação. É nesta última fatia, dos restantes cinquenta por cento do preço, que ninguém sabe o que se passa.
Fica-nos, porém, a certeza que vivemos numa ordem mundial, em que as autoridades, muitas delas democrática e legitimamente eleitas, no essencial, pouco ou nada controlam, pelo que são os especuladores e a economia subterrânea que vão ditando as leis da economia mundial, condicionando, deste modo, o desenvolvimento dos países e dos seus cidadãos. Isto é preocupante e não adianta ter ilusões sobre as suas consequências no futuro, se tudo isto continuar assim.
Não se pode deixar que, em nome da livre concorrência dos mercados, esta comece a ser cada vez mais uma ficção e um castigo, sem transparência. Já não estão em causa as teorias económicas que cada um possa defender para a sociedade, mas o modo de viver desta. Nos EUA, ontem, dia 22, o Senado americano pediu explicações às principais companhias petrolíferas americanas, para que estas justificassem como é que um produto que, na sua origem, está cada vez mais caro, permite, mesmo assim, que estas tenham lucros cada vez maiores, dado que esta combinação não bate certo e vai contra as regras básicas da economia. Conclusões não existiram, sinal de que anda muita coisa escondida. Sabemos que existem questões geopolíticas profundas no meio de tudo isto e não é de admirar que alguns países produtores de petróleo, que de democracia nada têm ou deixam muito a desejar, (excepção para a Noruega), estejam a fazer um garrote económico à Europa e aos EUA, para que o mundo fique com um Ocidente fragilizado.
Em Portugal as coisas são ainda piores: temos uma economia fraca. Entre o ano de 2000 e de 2008, em média, em Portugal, a gasolina aumentou 100% e na Europa 52% e no gasóleo, o aumento foi de 61%, em Portugal, e na Europa 31%. Ninguém sabe dizer do porquê destes aumentos, ou seja, o regulador, no país, pouco pode fazer, só por si.
Em Portugal, convém dizê-lo, a concorrência é frágil. Existem só duas refinarias (Sines e Matosinhos), ambas da Galp, que refinam o petróleo de todas as marcas à venda no país, o que já condiciona, em muito, o mercado livre. A juntar a isto, temos uma carga fiscal elevada e ineficiência na distribuição. Em Espanha existem nove refinarias e um ISP e IVA mais baixos. Nem as regras da oferta e procura justificam tudo, bem assim como o aumento do consumo na China (mais 14% só nos primeiros três meses, deste ano) e na India. Só na irracionalidade humana se pode encontrar uma resposta capaz.
A 27 de Março de 2008, escrevi um texto com o título “Ética nos Negócios”, no qual abordava alguns aspectos relacionadas com o preço do “ouro negro” e as constantes subidas nos mercados mundiais. Na altura, o seu preço andava à volta dos 103,0 dólares o barril. Passado perto de dois meses, o seu preço não parou de subir. Ontem, dia 22 de Maio, o preço do chamado petróleo Brent atingiu os 133,10 dólares e em Nova Iorque os 135,04 dólares o barril. A nível nacional e internacional, já ninguém se entende sobre as causas reais destas subidas. Esta ignorância é gravíssima e não augura nada de bom.
Basta ver algumas das televisões de referência internacional e é um nunca mais acabar de ouvir especialistas em produtos petrolíferos a dizerem que estes preços não se justificam, mas também a não saberem dizer nada do porquê deles estarem tão altos. Existem visões diferentes para os valores a que deveria estar, neste momento, o petróleo, que oscilam entre os 90,0 e os 75,0 dólares o barril, mas não se sai disto.
Sabe-se que, para um preço do petróleo de 120,0 dólares o barril, o seu custo é assim distribuído: 30,0 dólares para custos de produção, à saída do poço; 20,0 dólares para custos de exploração; 10,0 dólares para custos de transporte e 60,0 dólares para o efeito da desvalorização do dólar, seguros, por riscos políticos ou outras instabilidades, em alguns países do globo, e, finalmente, a especulação. É nesta última fatia, dos restantes cinquenta por cento do preço, que ninguém sabe o que se passa.
Fica-nos, porém, a certeza que vivemos numa ordem mundial, em que as autoridades, muitas delas democrática e legitimamente eleitas, no essencial, pouco ou nada controlam, pelo que são os especuladores e a economia subterrânea que vão ditando as leis da economia mundial, condicionando, deste modo, o desenvolvimento dos países e dos seus cidadãos. Isto é preocupante e não adianta ter ilusões sobre as suas consequências no futuro, se tudo isto continuar assim.
Não se pode deixar que, em nome da livre concorrência dos mercados, esta comece a ser cada vez mais uma ficção e um castigo, sem transparência. Já não estão em causa as teorias económicas que cada um possa defender para a sociedade, mas o modo de viver desta. Nos EUA, ontem, dia 22, o Senado americano pediu explicações às principais companhias petrolíferas americanas, para que estas justificassem como é que um produto que, na sua origem, está cada vez mais caro, permite, mesmo assim, que estas tenham lucros cada vez maiores, dado que esta combinação não bate certo e vai contra as regras básicas da economia. Conclusões não existiram, sinal de que anda muita coisa escondida. Sabemos que existem questões geopolíticas profundas no meio de tudo isto e não é de admirar que alguns países produtores de petróleo, que de democracia nada têm ou deixam muito a desejar, (excepção para a Noruega), estejam a fazer um garrote económico à Europa e aos EUA, para que o mundo fique com um Ocidente fragilizado.
Em Portugal as coisas são ainda piores: temos uma economia fraca. Entre o ano de 2000 e de 2008, em média, em Portugal, a gasolina aumentou 100% e na Europa 52% e no gasóleo, o aumento foi de 61%, em Portugal, e na Europa 31%. Ninguém sabe dizer do porquê destes aumentos, ou seja, o regulador, no país, pouco pode fazer, só por si.
Em Portugal, convém dizê-lo, a concorrência é frágil. Existem só duas refinarias (Sines e Matosinhos), ambas da Galp, que refinam o petróleo de todas as marcas à venda no país, o que já condiciona, em muito, o mercado livre. A juntar a isto, temos uma carga fiscal elevada e ineficiência na distribuição. Em Espanha existem nove refinarias e um ISP e IVA mais baixos. Nem as regras da oferta e procura justificam tudo, bem assim como o aumento do consumo na China (mais 14% só nos primeiros três meses, deste ano) e na India. Só na irracionalidade humana se pode encontrar uma resposta capaz.
Vítor Amorim
quinta-feira, 22 de maio de 2008
Na Linha Da Utopia

Expo’98, Memória e futuro
1. Já foi há 10 anos que se realizou a Expo’98. De 22 de Maio a 30 de Setembro de 1998 a capital do país acolheu cerca de 11 milhões de visitantes de todo o mundo.
Vindo reabilitar uma zona esquecida da cidade de Lisboa, a Expo constituiu uma experiência de universalismo, horizonte que está inscrito na nossa matriz cultural, também na altura em que se celebravam os 500 anos da chegada de Vasco da Gama na mítica viagem à Índia. Quem não se lembra das vésperas atarefadas dos últimos retoques trabalhosos, das críticas sempre presentes em qualquer grande acontecimento, mas também da euforia de um país que, embora crescentemente centralizado em Lisboa, via-se a si próprio a acolher a última exposição do século XX. Verdade seja dita que, dez anos depois, comparativamente com a Espanha na Exposição de Sevilha’92, a zona da Expo está viva; porventura não tão acessível quanto se desejava, mas viva e integrada na cidade como uma zona privilegiada.
2. Um tema aliciante e crescentemente urgente norteou a Expo’98: «Os Oceanos, um património para o futuro». Lema feliz, tipicamente lusitano, no reconhecer das pontes criadas pelos mares como “redes” de encontro de povos e culturas. No esforço da unidade na diversidade. Mais que celebrar a história, esta temática visava também a preservação do presente e sensibilização para o futuro. Esta mesma urgência preservadora dos oceanos e de todo o património e recursos naturais, dez anos depois, ganhou ainda mais premência. Torna-se essencial uma continuada acrescida responsabilidade individual e colectiva para com o património oceânico que ocupa 70% da superfície da terra. Desde a primeira exposição de Londres’1851 que as temáticas têm vindo a orientar-se no sentido do zelo da própria humanidade.
3. A desejada regeneração da parte Oriental da cidade de Lisboa, junto ao Tejo, foi remodelada. Foram muitos os portugueses que visitaram com gosto a realização do, considerado, desígnio nacional, nesse tempo de “vacas gordas”. Mas muita gente nessa altura registou a sensação da Expo parecer de outro país; até à Expo e após a saída da Expo reinava um certo desconforto de que tudo teria muito pouco a ver com uma desejada homogénea realidade nacional. É certo que as apostas estratégicas são assim mesmo, nunca absolutamente pacíficas. Mas dez anos depois dessa lufada de ar fresco confirma-se. O desequilíbrio litoral versus interior acentuou-se; a desigualdade cresceu.
Nós, país de frente para o mar, talvez o vejamos mais como praia onde cada região faz o que pode do que como investimento efectivo (por exemplo nas pescas). É bom voltar à memória de um acontecimento inédito; dos 132 dias de visitas mas, especialmente, do esforço anterior e do eco posterior.
4. O futuro da Expo’98 acontece “hoje”, e mesmo com todas as objecções que sempre existem, o certo é que tanto a Expo ajudou Portugal a abrir-se ao mundo no reencontro universalista e cosmopolita como recredibilizou a capacidade empreendedora e eficaz dos portugueses em início do séc. XXI. Claro, essa realização não substitui a esforçada realidade do compromisso de todos os dias.
Alexandre Cruz
Mito da criação da mulher pelo deus Twasti

Twasti – o deus – tomou a forma redonda da lua
e as curvas das trepadeiras
e o enroscar-se entre si dos vimes do bosque
e o tremor da erva
e a esbeltez da cana de bambu
e as flores
e a delicadeza das folhas
e o olhar do veadinho
e o rodopiar das abelhas
e a alegria risonha dos raios do sol
e o sonho inconsolado das nuvens
e o oscilar suave do vento
e a timidez da lebre
e a frivolidade do pavão real
e a suavidade da asa do papagaio
e a dureza do diamante
e a doçura do mel
e a crueldade do tigre
e a luminosidade confortável do fogo
e o frio da neve
e o palrar da gralha
e o arrulhar da pomba
e a adulação dos cisnes.
E juntando tudo isto criou a mulher e apresentou-a ao homem.
e as curvas das trepadeiras
e o enroscar-se entre si dos vimes do bosque
e o tremor da erva
e a esbeltez da cana de bambu
e as flores
e a delicadeza das folhas
e o olhar do veadinho
e o rodopiar das abelhas
e a alegria risonha dos raios do sol
e o sonho inconsolado das nuvens
e o oscilar suave do vento
e a timidez da lebre
e a frivolidade do pavão real
e a suavidade da asa do papagaio
e a dureza do diamante
e a doçura do mel
e a crueldade do tigre
e a luminosidade confortável do fogo
e o frio da neve
e o palrar da gralha
e o arrulhar da pomba
e a adulação dos cisnes.
E juntando tudo isto criou a mulher e apresentou-a ao homem.
Poema hindu, in Eschembach U., La mujer – un ser desconcertante?, Sígueme, Salamanca.Transcrito por Laurinda Faria, em texto publicado em Estudos Teológicos, de Coimbra.
PORTO DE AVEIRO - 4
Há muito se sabe que o Forte da Barra, também conhecido por Forte Novo e Castelo da Gafanha, se encontra em estado bastante degradado. Houve então alguns alertas, no sentido de lhe dar a dignidade que merece, ou não seja ele um Imóvel de Interesse Público, por Decreto-Lei n.º 735, de 21 de Dezembro de 1974.
Em conversa com o presidente da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, Manuel Serra, soube que, afinal, o Forte da Barra já está a ser limpo, decerto para ficar como um brinco, para se integrar no ambiente requalificado do Jardim Oudinot. Lá para Agosto, se tudo correr como se espera, já haverá um jardim condigno, num espaço que inclui o Forte e a Guarita, esta deslocada do seu local de origem, onde se encontrava há muitos anos em ruínas.
Se o limparem e pintarem, já não ficará a parecer como coisa inútil. Mas, para bem, devia ser restaurado, também, todo o espaço interior, atribuindo-lhe uma funcionalidade condigna. E o velho e degradado casario que o circunda podia dar lugar a um edifício dedicado a qualquer sector ligado ao mar ou à ria.
Em conversa com o presidente da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, Manuel Serra, soube que, afinal, o Forte da Barra já está a ser limpo, decerto para ficar como um brinco, para se integrar no ambiente requalificado do Jardim Oudinot. Lá para Agosto, se tudo correr como se espera, já haverá um jardim condigno, num espaço que inclui o Forte e a Guarita, esta deslocada do seu local de origem, onde se encontrava há muitos anos em ruínas.
Se o limparem e pintarem, já não ficará a parecer como coisa inútil. Mas, para bem, devia ser restaurado, também, todo o espaço interior, atribuindo-lhe uma funcionalidade condigna. E o velho e degradado casario que o circunda podia dar lugar a um edifício dedicado a qualquer sector ligado ao mar ou à ria.
FM
COOPERAÇÃO ALIMENTAR
Os problemas da fome e da subalimentação voltaram a ser notícia de primeira página. As pessoas responsáveis sabem que estes problemas nunca deixaram de existir, com gravidade extrema, e que o seu agravamento actual era previsível. Sabem igualmente que se têm desenvolvido esforços meritórios para os resolver, e sabem, tragicamente, que não se conhecem estratégias válidas para que eles sejam erradicados.
Em relação à fome em Portugal, ainda não assumimos, responsavelmente, o problema; nem nós, cidadãos, nem o Estado nem a maioria das instituições. Em contrapartida, a acção social da Igreja e alguns contributos não confessionais oferecem uma proposta parcial, bastante simples, que poderia generalizar-se facilmente a todo o país. Ela foi apresentada, há cerca de vinte e cinco anos, nas primeiras semanas nacionais de pastoral em Fátima, e visava todos os problemas sociais.
Segundo esta proposta, a acção social deveria visar quatro objectivos fundamentais: - a assistência, a promoção, o desenvolvimento e a transformação social. Aplicando os quatro objectivos às situações de carência alimentar no país, parecem recomendáveis três linhas de acção: - a resposta imediata (de natureza assistencial); a cooperação para a autonomia pessoal alimentar; e a intervenção no desenvolvimento local. - A resposta imediata consiste em «dar de comer a quem tem fome»; a cooperação para a autonomia respeita ao contributo para que as pessoas carenciadas encontrem soluções, não dependentes de outrem, para a superação de suas carências, não caindo na habituação nem no oportunismo; e a intervenção no desenvolvimento local deveria traduzir-se na criação de condições para se evitarem tais carências. Naturalmente, estas linhas de trabalho social não se podem limitar ao âmbito local; mas dificilmente produzirão resultados consistentes se não começarem por aí.
Limitando-nos, por ora, só às respostas imediatas - «dar de comer» - justifica-se formular as seguintes questões: - Existem razões válidas para que não se crie, em cada freguesia ou paróquia, um grupo de voluntariado social de proximidade (com representantes das diferentes zonas), que tome conhecimento de cada situação de carência alimentar, e desencadeie as iniciativas imediatas para a superar? Existem razões válidas para que esse grupo, a junta de freguesia, a paróquia, as instituições sociais públicas e particulares, os cafés e restaurantes, outras empresas e tantas outras entidades não dêem as mãos para que ninguém passe fome e para que sejam bem aproveitados os excedentes alimentares? Existem razões válidas para que não se intervenha junto das autarquias locais, de organismos da administração pública central e do próprio Governo, a fim de que também eles se comprometam seriamente na erradicação de tão grave flagelo? Felizmente, já é significativo o número de entidades que, a par dos bancos alimentares contra a fome, actuam deste modo; importa que congreguem seus esforços, e que o movimento contra a fome se difunda por todo o país.
Acácio Catarino
Fonte: Correio do Vouga
PONTES DE ENCONTRO

O amor, o sofrimento e a liberdade
No Domingo passado, estive na casa de um casal amigo, desde há longa data, a passar um bocado da tarde.
Durante a conversa, falei-lhes, no “Pela Positiva” e da partilha que tenho procurado fazer neste blogue, através, naturalmente, da expressão das minhas experiências, do meu sentir o mundo e o outro, das minhas afinidades, passando pelas alegrias e desilusões e acabando na esperança e na certeza de que vale a pena ser fiel ao amor pelos outros, mesmo quando tal parece não transparecer.
Bem sei que nem sempre consegui fazer ou dizer o que queria. Já aconteceram momentos em que, depois de enviar um texto, tive vontade de o ter volta, para fazer correcções ou modificações e tenho a certeza de que, enquanto tiver o privilégio desta partilha, novas situações idênticas surgirão, o que não é nenhum drama.
Voltemos, de novo, ao casal amigo. Logo que a novidade foi dada, de imediato, ligaram o computador e começámos, em conjunto, a pesquisar alguns textos que têm sido publicados, ao longo destes tempos, no blogue, e não necessariamente, como deve ser, os que tenho enviado. A notícia foi dada e o registo foi feito.
Deixámos o computador e a conversa continuou a desenrolar-se, sem tema algum em particular, até que, a dado passo da mesma, a Elsa diz-me a mim e à minha esposa que perdeu a fé em Deus. A Elsa tem 48 anos, é casada pela Igreja, tem dois filhos crescidos, baptizados e crismados, pelo que a minha tentação em querer perceber tudo, num repente, era enorme, como tal, aliás, fosse possível.
Ainda não há dois anos, a mãe da Elsa faleceu de cancro e os últimos meses foram de um sofrimento enorme, onde os próprios tratamentos paliativos já de pouco valiam. Sei o que foi a dor e o desgaste para toda aquela família.
Naquela tarde, a Elsa, num misto de interrogação a si mesma, de pergunta aos presentes e de conclusão, dizia: “Se Deus é omnipotente, pode tudo. Se pode tudo, porque não evita o sofrimento? Se não o evita, é sinal de que ou não é omnipotente ou não é bom!”
Perante um drama, ainda recente, destes, o que fazer? O que dizer?
Sermões? Contra argumentar? Creio que não. O amor e a compreensão expressam-se de muitas maneiras e o silêncio, sentido e vivido, por vezes, é a melhor mensagem e ajuda que podemos partilhar com quem sofreu e ainda está a sofrer.
É muito provável que a Elsa vá ler este texto, texto que ela sabia que ía ser escrito, após pedido meu para tal, a fim de que o seu sofrimento e as suas dúvidas fossem um pouquinho mais longe, neste caso via blogosfera, e, sem o saber, até pudesse ajudar pessoas em situações semelhantes. Mas como é que uma pessoa que precisa de ajuda pode ajudar outros? Sinceramente, não sei. Sei, isso sim, que o ser humano, enquanto mistério que é, vai sempre para além daquilo que julga ir. “Ressalta, aqui, – como diz D. José Policarpo – a beleza da liberdade, a importância da cultura envolvente em que nascemos e crescemos, as pessoas que encontrámos e com quem convivemos.”
Sofre-se quando se ama e a Elsa tem, e teve, tudo isto nela: o sofrimento, o amor gratuito e o ideal da generosidade, que se reforçaram, ainda mais, num momento particularmente difícil da sua vida e da sua família.
Recorrendo, de novo, a D. José Policarpo: “Também na perspectiva cristã, o sofrimento não vale por ser dor, mas porque exprime o amor generoso e gratuito” e “Toda a vida vivida com ideal traz, mais tarde ou mais cedo, a experiência da exigência e do sofrimento”. Fazer deste sofrimento partida para o renovar da esperança é o que falta, à Elsa, já que não pode, de modo algum, deixar que aquilo que foi, e é, uma expressão de amor e generosidade se transforme num tirano ou opressor da sua própria liberdade, para continuar a amar, sempre. Os desafios da vida, afinal, nunca acabarão.
No Domingo passado, estive na casa de um casal amigo, desde há longa data, a passar um bocado da tarde.
Durante a conversa, falei-lhes, no “Pela Positiva” e da partilha que tenho procurado fazer neste blogue, através, naturalmente, da expressão das minhas experiências, do meu sentir o mundo e o outro, das minhas afinidades, passando pelas alegrias e desilusões e acabando na esperança e na certeza de que vale a pena ser fiel ao amor pelos outros, mesmo quando tal parece não transparecer.
Bem sei que nem sempre consegui fazer ou dizer o que queria. Já aconteceram momentos em que, depois de enviar um texto, tive vontade de o ter volta, para fazer correcções ou modificações e tenho a certeza de que, enquanto tiver o privilégio desta partilha, novas situações idênticas surgirão, o que não é nenhum drama.
Voltemos, de novo, ao casal amigo. Logo que a novidade foi dada, de imediato, ligaram o computador e começámos, em conjunto, a pesquisar alguns textos que têm sido publicados, ao longo destes tempos, no blogue, e não necessariamente, como deve ser, os que tenho enviado. A notícia foi dada e o registo foi feito.
Deixámos o computador e a conversa continuou a desenrolar-se, sem tema algum em particular, até que, a dado passo da mesma, a Elsa diz-me a mim e à minha esposa que perdeu a fé em Deus. A Elsa tem 48 anos, é casada pela Igreja, tem dois filhos crescidos, baptizados e crismados, pelo que a minha tentação em querer perceber tudo, num repente, era enorme, como tal, aliás, fosse possível.
Ainda não há dois anos, a mãe da Elsa faleceu de cancro e os últimos meses foram de um sofrimento enorme, onde os próprios tratamentos paliativos já de pouco valiam. Sei o que foi a dor e o desgaste para toda aquela família.
Naquela tarde, a Elsa, num misto de interrogação a si mesma, de pergunta aos presentes e de conclusão, dizia: “Se Deus é omnipotente, pode tudo. Se pode tudo, porque não evita o sofrimento? Se não o evita, é sinal de que ou não é omnipotente ou não é bom!”
Perante um drama, ainda recente, destes, o que fazer? O que dizer?
Sermões? Contra argumentar? Creio que não. O amor e a compreensão expressam-se de muitas maneiras e o silêncio, sentido e vivido, por vezes, é a melhor mensagem e ajuda que podemos partilhar com quem sofreu e ainda está a sofrer.
É muito provável que a Elsa vá ler este texto, texto que ela sabia que ía ser escrito, após pedido meu para tal, a fim de que o seu sofrimento e as suas dúvidas fossem um pouquinho mais longe, neste caso via blogosfera, e, sem o saber, até pudesse ajudar pessoas em situações semelhantes. Mas como é que uma pessoa que precisa de ajuda pode ajudar outros? Sinceramente, não sei. Sei, isso sim, que o ser humano, enquanto mistério que é, vai sempre para além daquilo que julga ir. “Ressalta, aqui, – como diz D. José Policarpo – a beleza da liberdade, a importância da cultura envolvente em que nascemos e crescemos, as pessoas que encontrámos e com quem convivemos.”
Sofre-se quando se ama e a Elsa tem, e teve, tudo isto nela: o sofrimento, o amor gratuito e o ideal da generosidade, que se reforçaram, ainda mais, num momento particularmente difícil da sua vida e da sua família.
Recorrendo, de novo, a D. José Policarpo: “Também na perspectiva cristã, o sofrimento não vale por ser dor, mas porque exprime o amor generoso e gratuito” e “Toda a vida vivida com ideal traz, mais tarde ou mais cedo, a experiência da exigência e do sofrimento”. Fazer deste sofrimento partida para o renovar da esperança é o que falta, à Elsa, já que não pode, de modo algum, deixar que aquilo que foi, e é, uma expressão de amor e generosidade se transforme num tirano ou opressor da sua própria liberdade, para continuar a amar, sempre. Os desafios da vida, afinal, nunca acabarão.
Vítor Amorim
quarta-feira, 21 de maio de 2008
GALAFANHA
Em GALAFANHA fala-se da Gafanha da Nazaré. Mas também das outras Gafanhas, porque são da mesma família ou aparentadas. Aceitam-se opiniões credíveis. Referentes ao passado, mas também ao presente. Sempre a pensar no futuro.
O que de importante se disser sobre a nossa terra, das orígens aos tempos actuais, ali ficará alojado para quem quiser saber. Mas seria muito interessante que todos os gafanhões dessem as suas achegas. Vamos a isto?
De qualquer forma, não deixarei de lembrar neste meu espaço o que lá for editado.
Fernando Martins
PARTIDOS, SINDICATOS, MOVIMENTOS, ASSOCIAÇÕES

O Presidente da República levantou, no dia 15 de Abril, um problema que não deixou mais de ser falado nos jornais, na rádio, na televisão, nos encontros partidários e outros. Sinal de que o tema é actual e sobre ele há muitas opiniões. Disse, então, o Presidente do pouco interesse dos jovens pela vida política. Multiplicaram-se as explicações, que não têm terminado, sobretudo por parte dos partidos políticos que vieram agora dizer números e afirmar que, nos grandes partidos, cinquenta por cento dos aderentes inscritos são jovens.
Talvez fosse mais honesto e sério, em vez de se tentarem justificações em contrário, pensar na gente jovem que conhecemos e interrogarmo-nos sobre o que julgamos que comanda as suas vidas, o seu mundo e os valores que o norteiam, os seus interesses e o modo como se concretiza. Ver se é só a política que os deixa mais ou menos insensíveis, como muitos deles afirmam de si e dos seus amigos e colegas, ou se o mesmo se passa em relação à vida associativa em geral, sindicatos, movimentos vários e associações de todo o género.
Todos os adultos falam dos jovens, normalmente sem os ouvir, e multiplicam opiniões sem confronto com o seu pensar e o seu agir. Por mim, penso que os jovens estão mais desinteressados dos adultos e do seu mundo de interesses, que das realidades sociais fundamentais. Frequentemente, são críticos em relação a esse mundo que lhes diz pouco, pelas teias que o tecem e os enredos em que se desenvolve.
Há tempos, ouvindo um dirigente sindical que lamentava, num encontro de cristãos militantes operários, o pouco interesse dos jovens pela vida e pelas lutas sindicais, não foi difícil chegar-se a acordo sobre algumas razões: o seu problema era então e continua a ser o primeiro emprego e a preocupação dos sindicatos andava mais na defesa dos direitos dos que já trabalhavam e, também, as experiências de contactos havidos, sem que se lhes desse tempo para questionar e opinar, não fora de molde a criar laços.
Todos sabemos que os jovens, em geral, reagem às instituições. A afirmação de independência que lhes é própria, a reacção a formalidades e a mundos fechados e o seu sentir próprio, não se coadunam muito com eles. Mas não é assim a cem por cem por cento. Quando vivem ou frequentam, com regularidade, ambientes que lhes ajudam a ter um sentido na vida, quando podem ser protagonistas e não meros súbditos de normas vindas de fora, quando têm com eles, lado a lado, adultos que os respeitam e os tomam a sério, os jovens aderem a movimentos dinâmicos e vivos, são criativos, descobrem em si , com a alegria, capacidades que nem imaginavam, vêem os outros com olhos novos.
Mesmo assim, muitos deles não são constantes, nem persistentes nos seus projectos e nos deveres assumidos. Cultivam os seus humores, gostam de navegar no vento, são propensos a ir, de vez enquanto, dar uma volta, movidos por afectos imediatos. É a normal inconstância e a fragilidade da idade, que também atinge adultos de quem é legitimo esperar mais maturidade.
Os movimentos e associações de jovens, normalmente têm menos a estabilidade e estão aí bem alguns adultos, pacientes e sábios, para garantir a sequência dos projectos e a reflexão, mais serena e menos emotiva, quando se torna necessário. Mais para ajudar a pensar, que para substituir o pensamento.
Na política partidária as coisas são diferentes. O contacto com jovens políticos mostrou-me, em casos concretos, que o poder é mais uma ambição, que um serviço. Se isto é projecto para uns, é enjoo para outros.
É errado dizer que os jovens são o futuro. Se não forem já valores no presente, o futuro da sociedade pouco poderá esperar deles.
Talvez fosse mais honesto e sério, em vez de se tentarem justificações em contrário, pensar na gente jovem que conhecemos e interrogarmo-nos sobre o que julgamos que comanda as suas vidas, o seu mundo e os valores que o norteiam, os seus interesses e o modo como se concretiza. Ver se é só a política que os deixa mais ou menos insensíveis, como muitos deles afirmam de si e dos seus amigos e colegas, ou se o mesmo se passa em relação à vida associativa em geral, sindicatos, movimentos vários e associações de todo o género.
Todos os adultos falam dos jovens, normalmente sem os ouvir, e multiplicam opiniões sem confronto com o seu pensar e o seu agir. Por mim, penso que os jovens estão mais desinteressados dos adultos e do seu mundo de interesses, que das realidades sociais fundamentais. Frequentemente, são críticos em relação a esse mundo que lhes diz pouco, pelas teias que o tecem e os enredos em que se desenvolve.
Há tempos, ouvindo um dirigente sindical que lamentava, num encontro de cristãos militantes operários, o pouco interesse dos jovens pela vida e pelas lutas sindicais, não foi difícil chegar-se a acordo sobre algumas razões: o seu problema era então e continua a ser o primeiro emprego e a preocupação dos sindicatos andava mais na defesa dos direitos dos que já trabalhavam e, também, as experiências de contactos havidos, sem que se lhes desse tempo para questionar e opinar, não fora de molde a criar laços.
Todos sabemos que os jovens, em geral, reagem às instituições. A afirmação de independência que lhes é própria, a reacção a formalidades e a mundos fechados e o seu sentir próprio, não se coadunam muito com eles. Mas não é assim a cem por cem por cento. Quando vivem ou frequentam, com regularidade, ambientes que lhes ajudam a ter um sentido na vida, quando podem ser protagonistas e não meros súbditos de normas vindas de fora, quando têm com eles, lado a lado, adultos que os respeitam e os tomam a sério, os jovens aderem a movimentos dinâmicos e vivos, são criativos, descobrem em si , com a alegria, capacidades que nem imaginavam, vêem os outros com olhos novos.
Mesmo assim, muitos deles não são constantes, nem persistentes nos seus projectos e nos deveres assumidos. Cultivam os seus humores, gostam de navegar no vento, são propensos a ir, de vez enquanto, dar uma volta, movidos por afectos imediatos. É a normal inconstância e a fragilidade da idade, que também atinge adultos de quem é legitimo esperar mais maturidade.
Os movimentos e associações de jovens, normalmente têm menos a estabilidade e estão aí bem alguns adultos, pacientes e sábios, para garantir a sequência dos projectos e a reflexão, mais serena e menos emotiva, quando se torna necessário. Mais para ajudar a pensar, que para substituir o pensamento.
Na política partidária as coisas são diferentes. O contacto com jovens políticos mostrou-me, em casos concretos, que o poder é mais uma ambição, que um serviço. Se isto é projecto para uns, é enjoo para outros.
É errado dizer que os jovens são o futuro. Se não forem já valores no presente, o futuro da sociedade pouco poderá esperar deles.
PASSE SOCIAL

A Quercus propôs hoje às empresas que atribuam aos seus quadros o Passe Social, em vez dos carros de alta cilindrada. Poupar-se-ia muito dinheiro na aquisição desses veículos e diminuía, drasticamente, o consumo de gasolina. O ambiente também saía grandemente beneficiado. A ideia não é má, mas os meus amigos acreditam que os quadros das empresas têm assim tantas preocupações com o ambiente? Os ambientalistas às vezes são uns "poetas"…
Há anos entrevistei na Rádio Terra Nova dois ambientalistas. Durante o programa, mostraram que tinham muitas ideias, dando sugestões e mais sugestões. Uma delas incidia sobre a utilização da bicicleta em vez do automóvel... Lembraram até que a nossa região, de traçado de planície, favorecia a circulação de bicicletas, como era notório na Gafanha da Nazaré. Concordei.
Quando saímos do estúdio e os acompanhei à rua, verifiquei que ambos se tinham deslocado em bons automóveis. Não resisti e perguntei-lhes:
- Então não vieram de bicicleta?
- Sabe, de carro é mais prático e mais rápido!
Pois é… Bem prega Frei Tomás: “Olha para o que eu digo e não para o que eu faço!”
Há anos entrevistei na Rádio Terra Nova dois ambientalistas. Durante o programa, mostraram que tinham muitas ideias, dando sugestões e mais sugestões. Uma delas incidia sobre a utilização da bicicleta em vez do automóvel... Lembraram até que a nossa região, de traçado de planície, favorecia a circulação de bicicletas, como era notório na Gafanha da Nazaré. Concordei.
Quando saímos do estúdio e os acompanhei à rua, verifiquei que ambos se tinham deslocado em bons automóveis. Não resisti e perguntei-lhes:
- Então não vieram de bicicleta?
- Sabe, de carro é mais prático e mais rápido!
Pois é… Bem prega Frei Tomás: “Olha para o que eu digo e não para o que eu faço!”
FM
Abdicar do futuro

Abdicar da família é abdicar do futuro. Esta é uma das convicções mais fortes que norteiam a presença católica na sociedade e, por certo, uma das mais incompreendidas, com reacções muito díspares em relação a esta defesa tão determinada de um modelo que a Igreja acredita ser o melhor para o casamento e, sobretudo, para o desenvolvimento das crianças que surjam nesse projecto de vida.
Admito que seria mais confortável para quem legislar em função de programas supostamente modernos e progressistas que as convicções religiosas fossem relegadas para esferas mais íntimas, com menos impacto na coisa pública, como se as crenças pessoais não servissem para determinar a vida, mas para serem conservadas numa espécie de museu interior, com exposição limitada às quatro paredes dos locais de culto.
O conformismo típico de muitos espíritos portugueses poderia levar muitos a dizer que o ideal é evitar o confronto, reduzir o alcance da mensagem aos que, à partida, partilham os mesmos valores, e deixar que as diversas opiniões sejam lançadas à praça mediática para que cada um “compre” a que melhor lhe parecer.
Não se trata, em última instância, de impor uma visão da vida ou da sociedade, mas de uma preocupação de fundo, que passa pela constatação das consequências de modelos e políticas que têm afectado, sobremaneira, tudo o que se relaciona com a instituição familiar e com as crianças. É ao presente e ao futuro dos mais pequenos da sociedade que esta edição semanal lança um olhar mais atento, questionando alguns dos caminhos trilhados até agora pela sociedade do nosso país, que deixa tantas crianças desprotegidas, muitas vezes à beira da catástrofe, hipotecando assim o que de melhor estaria reservado para um novo Portugal.
Resta saber que grau de compromisso estarão dispostos a assumir todos os que partilham uma visão da vida inspirada pelas convicções católicas sobre a vida e a família. Não é tempo de campanhas nem de grandes discursos, mas o futuro pede uma acção decidida, em especial junto dos mais desprotegidos nas novas gerações. Porque o amanhã não espera. E não podemos abdicar do futuro.
Admito que seria mais confortável para quem legislar em função de programas supostamente modernos e progressistas que as convicções religiosas fossem relegadas para esferas mais íntimas, com menos impacto na coisa pública, como se as crenças pessoais não servissem para determinar a vida, mas para serem conservadas numa espécie de museu interior, com exposição limitada às quatro paredes dos locais de culto.
O conformismo típico de muitos espíritos portugueses poderia levar muitos a dizer que o ideal é evitar o confronto, reduzir o alcance da mensagem aos que, à partida, partilham os mesmos valores, e deixar que as diversas opiniões sejam lançadas à praça mediática para que cada um “compre” a que melhor lhe parecer.
Não se trata, em última instância, de impor uma visão da vida ou da sociedade, mas de uma preocupação de fundo, que passa pela constatação das consequências de modelos e políticas que têm afectado, sobremaneira, tudo o que se relaciona com a instituição familiar e com as crianças. É ao presente e ao futuro dos mais pequenos da sociedade que esta edição semanal lança um olhar mais atento, questionando alguns dos caminhos trilhados até agora pela sociedade do nosso país, que deixa tantas crianças desprotegidas, muitas vezes à beira da catástrofe, hipotecando assim o que de melhor estaria reservado para um novo Portugal.
Resta saber que grau de compromisso estarão dispostos a assumir todos os que partilham uma visão da vida inspirada pelas convicções católicas sobre a vida e a família. Não é tempo de campanhas nem de grandes discursos, mas o futuro pede uma acção decidida, em especial junto dos mais desprotegidos nas novas gerações. Porque o amanhã não espera. E não podemos abdicar do futuro.
Octávio Carmo
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