A LARANJEIRA
A
Manuel de Mira e Maria Merendeira
Samuel e Silvandira
António da Rita
Caríssima/o:
a. É sempre com sensação repousante que me passeio por baixo das laranjeiras. O meu amigo Weber dizia que era preciso meter o nariz entre as folhas das plantas e respirar assim o oxigénio... Mas não é só, também o aroma das flores... e o zumbido das abelhas. E as memórias que saem destes troncos...
e. Não se plantavam laranjeiras nos nossos quintais. Escrevia o Padre Rezende, em 1940, que se ensaiavam os primeiros pomares...
Ali na nossa zona, foi o ti Samuel quem mais porfiou e conseguiu melhor êxito. Até me lembro que num Cortejo dos Reis levou uma laranjeira que arrancou e envasou! Bons tempos!
(Ficam para altura mais apropriada as aventuras dos gaios e dos melros que lhe rondavam o quintal e o espiavam para o golpe certeiro...)
Nesta altura de frio, surgia no ar o pregão:
- Laranjas de Miiiira! Laranjas de Miiiira!
Não me perguntem pelas laranjas, se eram doces ou azedas...
Eram palavras e imagens de encantamento: laranjas nunca vistas; Mira terra lá muito longe; e burro e carroça como nos apresentavam os livros!
Hoje podemos ver algumas laranjeiras pelos quintais e ouvir os queixumes de quem esperava pelos frutos; porém os químicos sorrateiros e a atrevida mosca mediterrânica adiantaram-se e apoderaram-se das promessas do ano...
i. Da laranjeira aproveitam-se as laranjas, o tronco e ramos, as folhas e as flores.
Era como fada boa quando oferecia um pau, guardado como tesouro e apresentado ao ti Manuel da Rita, o mago que do torno extraía o Pião!
As nossas monas a seu lado, triste figura! E a rijeza? As nossas, de pinho; aquilo era como se de azeite, moles que até as picadas alargavam; era cada lasca!...
E das flores? Deixem que nos falem as noivas!...