quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Os nossos emigrantes

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Adelino Caixote garante:
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As saudades de quem emigra são sempre muitas

Adelino Marques das Neves, mais conhecido por Adelino Caixote, 80 anos, está de férias na Gafanha da Nazaré, terra onde nasceu e que não lhe sai do coração, enchendo-lhe o pensamento com recordações e vivências. Casado com Zaida das Flores Sousa, natural da freguesia das Mercês, Lisboa, mas criada, desde menina, na Costa Nova. Radicados nos EUA, em New Jersey, procuram vir a Portugal, agora com mais frequência, porque estão livres de compromissos profissionais. Não tencionam, para já, regressar de vez, porque toda a família tem os pés bem assentes na terra do Tio Sam.
Conheço o Adelino desde que me conheço. Na sua oficina de bicicletas, em frente da igreja matriz, era ele quem remendava algum furo da minha bicicleta ou a afinava, para mais velocidade atingir. Vi crescer os seus filhos, sobretudo os dois mais velhos, e fui apreciando o seu esforço, de braço dada com a esposa, para governar a casa. Depois soube que emigrou para a América, em 1971, “legalmente”, com todos os seus, na esperança de encontrar dias melhores. Em conversa com o casal, senti a satisfação de ambos pelas conquistas alcançadas.
O Adelino e a Zaida estão casados desde 1954 e é um casal feliz, depois de muito trabalho e sacrifícios sem conta. Recordam o dia, 19 de Dezembro, em que o nosso prior de então, padre Saraiva, abençoou o seu matrimónio. Pais de quatro filhos, têm três vivos, “graças a Deus”. O Adelino, o mais velho, engenheiro químico, tem 55 anos. A seguir vem o Pedro, arquitecto, de 50, e por fim a Dora, de 44, bancária. Ainda têm seis netos.
Antes de emigrar para os EUA, o nosso entrevistado trabalhou como mecânico na EPA (Empresa de Pesca de Aveiro), nos Estaleiros de São Jacinto e nas oficinas de Dinis Teixeira, Bóias e Piçarra. Passou pelas Minas de Queriga, perto de Santa Comba Dão. Veio a seguir a oficina na sua residência, frente à nossa igreja, onde consertou bicicletas e motorizadas durante sete anos.
“A oficina já não dava para sustentar a família, na altura com dois filhos, e fui para o bacalhau como ajudante de motorista; com a carta de motorista, fiz algumas viagens no Coimbra, no Adélia Maria e no Navegante”, explicou-nos o Adelino.
A experiência da Alemanha surgiu a seguir. Ainda como motorista marítimo, com carta tirada naquele país também. Sozinho, porque não via hipóteses de ter a família consigo, como era seu desejo. Fez duas viagens como 3.º e lá ganhou “bom dinheiro”, tendo a vantagem de não ser “trabalho forçado”, porque “tinha horário para trabalhar e para descansar, não era como nos navios portugueses”.
“Recebi a carta de chamada dos meus irmãos e fui para os EUA com toda a família, como era o meu sonho; era um país onde mais me podia realizar... e nunca me arrependi de ter dado este passo” disse. E acrescentou: “Na América trabalhei na construção de estradas, onde sofreu muito; era muito duro; não conhecia a língua...” (Aqui o Adelino emocionou-se…)
Mais sereno, referiu que tudo já tinha passado e continuou a acreditar que era na América que tinha mais garantias para um futuro melhor.
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Entretanto, apareceu um anúncio num jornal a pedir um mecânico montador. Com a ajuda de um espanhol, respondeu e foi admitido, depois de provar que estava legal e de apresentar as cartas de motorista marítimo e outros documentos profissionais. A sua função consistiu em montar uma nova fábrica de produtos químicos, no local onde uma outra tinha explodido. Ali ficou encarregado de todas as operações, com a orientação e ajuda de um engenheiro espanhol, que tinha elaborado os planos. Seleccionou, para isso, o pessoal necessário e lá ficou, até se reformar, na manutenção.
Quando deixou a Gafanha da Nazaré, só veio de férias dez anos depois. “Achei tudo muito estranho, porque estava tudo muito modificado; muitas casas, uma coisa fora do normal; os caminhos de areia foram substituídos por estradas alcatroadas com muito movimento.” E acrescentou: “As saudades de quem emigra são sempre muitas. Agora, apesar de reformado, tenho de continuar a ir para a América, porque tenho lá os meus haveres, os filhos e os netos; mas sempre que posso passo por cá uns tempos. Praticamente venho à Gafanha da Nazaré todos os anos.”
A Zaida acompanhou a entrevista, concordando com o que dizia o marido, o Adelino Caixote. E reconhece que foi difícil a adaptação. “Sempre trabalhei na confecção em série e quanto mais fizesse mais ganhava”, esclareceu.
Sem saber a língua, “no supermercado pedia o que precisasse apontando para as coisas” e com os filhos falava em Português. Nas escolas “eles começaram a falar Inglês com os colegas. E foram os filhos que ajudaram o casal a entrar na língua inglesa”.
Quando regressei à Costa Nova, fiquei admirada com o que vi, “tudo tão diferente: no vestir, no conviver, no ambiente, nas casas novas dos pescadores...”
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Fernando Martins

Selecção Nacional de Futebol com prémios mais altos?

Gilberto Madail

"Gilberto Madail admitiu ontem, quarta-feira, ao JN, estar a equacionar elevar o montante do prémio de jogo, na hipótese de Portugal vencer a Dinamarca, adiantando, também, que poderá falar com Ronaldo sobre a polémica recente."

Esta é uma notícia interessante. Face, certamente, às más prestações da nossa Selecção de Futebol, repleta de bons jogadores muito bem pagos, a Federação resolveu dar volta à situação, aliciando os craques com uns prémios mais chorudos.... Talvez com mais dinheiro eles passem a jogar melhor. Se tal for verdade, é um escândalo. Não haverá, racionalmente falando, outras razões para o mau desempenho dos nossos jogadores? Só jogam bem, mesmo a sério, se lhe pagaram melhor?

FM

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Cardeal-patriarca repreende bispos e padres


"Enquanto houver alguns bispos e padres que se consideram com o direito de decidir pela sua cabeça os caminhos de pastoral (...) estamos a fragilizar a proposta cristã", afirmou D. José
 
  "O cardeal-patriarca de Lisboa repreendeu hoje bispos e padres que "se consideram com o direito de decidir pela sua cabeça" em vários domínios da Igreja Católica, considerando que isso fragiliza "a proposta cristã" e cria "divisões".
"Enquanto houver alguns bispos e padres que se consideram com o direito de decidir pela sua cabeça os caminhos de pastoral, o sentido da existência moral, a maneira de celebrar, estamos a fragilizar a proposta cristã, num mundo que saberá aproveitar, com os seus critérios, as nossas divisões", afirmou D. José Policarpo, no VI Simpósio do Clero, que junta em Fátima cerca de mil sacerdotes.
Para o cardeal-patriarca, que não concretizou a que situações se referia, o futuro da Igreja "ultrapassa as capacidades de visão e de decisão de cada um de nós", acrescentando que "a Igreja tem na sua unidade a sua força" e que a comunhão "é muito mais que uma questão de disciplina".
"A comunhão hierárquica exige a humildade da obediência, atitude básica de uma total disponibilidade para o serviço", disse."
 
Ler mais no Expresso ... Ler também em Ecclesia



Interpelar, opinar, julgar

É tempo de cada
um se assumir
com os seus direitos...
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"É tempo de cada um se assumir com os seus direitos, deveres e responsabilidades de cidadão e de cristão, se for o caso. Tempo é sempre. Porém, há acontecimentos que nos fazem acordar e nos empurram para caminhos novos, abertos e estimulantes, porventura incómodos, mas necessários. O tempo de eleições para escolher servidores do bem público, como devem ser sempre os deputados da Assembleia da República e os responsáveis autárquicos, não pode deixar-nos indiferentes e passivos. Quando impera o medo de falar ou a apatia generalizada, há sempre o perigo de serem incómodas as opiniões mais livres e realistas. É esse medo e essa apatia que agradam tanto aos ditadores como aos políticos fracos. Mas a uns e outros não se lhes pode proporcionar tal favor. Pelo contrário, há que mostrar que democracia é espaço de participação de todos e respeito pela liberdade de opinião de cada um."
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António Marcelino
Ler toda a crónica aqui

Peregrinação a Fátima, de bicicleta, por iniciativa do Stella Maris



15 amigos do Stella Maris – Obra do Apostolado do Mar vão de bicicleta em peregrinação a Fátima, nos dias 5 e 6 de Setembro. O responsável pela iniciativa é o diácono permanente Joaquim Simões, director do Stella Maris. O grupo sai da Gafanha da Nazaré às 6 da manhã do próximo sábado e espera chegar ao santuário de Fátima a meio da tarde.
É a segunda vez que esta peregrinação, de bicicleta, se realiza, à sombra do Stella Maris.

Festejos em honra da Senhora dos Navegantes: 19 e 20 de Setembro

Procissão pela Ria (foto de Carlos Duarte)
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Tradição vai manter-se
para alegria das gentes do mar e da ria


Os festejos em honra da Senhora dos Navegantes vão realizar-se nos dias 19 e 20 de Setembro. Cumpre-se, deste modo, a tradição, para alegria das gentes do mar e da ria, que nutrem por Ela uma terna devoção. A organização é do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, que conta com a indispensável colaboração da paróquia e da Obra do Apostolado do Mar, bem como da Junta de Freguesia, Instituto Português da Juventude, Câmara Municipal de Ílhavo, Porto de Aveiro e outras instituições particulares e oficiais.

No sábado, no Stella Maris, pelas 21 horas, vai ser celebrada uma eucaristia de acção de graças por todos os que labutam sobre as ondas do mar e na laguna aveirense, que dão pão para muitas famílias da nossa diocese, sem deixarem de estimular a coragem de todos, quando as águas revoltas ameaçam a integridade física dos marítimos.

No domingo, as festas começam com a procissão pela ria. O cortejo litúrgico sai do Stella Maris por volta das 14 horas, com irmandades e andores, em que pontifica o da Nossa Senhora dos Navegantes. Autoridades diversas, banda de música, grupos folclóricos e muito povo integram-se na procissão, que deve chegar ao Forte da Barra pelas 16.30 horas.

Deve assinalar-se a passagem por São Jacinto, onde o povo marca sempre presença simpática e amiga, mostrando a sua devoção a Nossa Senhora, graças à iniciativa louvável de Dona Fernanda.

No Forte da Barra, logo depois da chegada da procissão, haverá missa solenizada, com cânticos oferecidos pelos grupos folclóricos que participam nos festejos, sob o patrocínio do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré. Depois, no festival de folclore, actuam os Ranchos de Gouveia e de Taveiro, tal como o grupo anfitrião.

FM

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O dramático regresso

Com o fim do Verão reabre o ciclo dos regressos. Da terra visitada, do longe espreitado, da casa ao trabalho, do diferente ao mesmo, da solidão à solidão. São muitos os regressos. E as memórias do vivido como que se desvanecem rapidamente pelas urgências a cumprir com as desarrumações da partida e da chegada. Afinal os locais, as pessoas, os hábitos, as rotinas como que teimam em dizer que nada se passou e que não cairia mal um início de férias que pusesse fim a todo este cansaço.
Mas quem mais sente esta mudança de registo é o mundo da diáspora. Mais uma vez vimos os nossos emigrantes e percebemos que tiveram que regressar por um imperativo doloroso não apenas de trabalho, mas de país readquirido, família ampliada, incapacidade de voltar atrás nas opções de vida há muito tomadas. A errância não é apenas a mudança de pátria e cultura. É uma procura incessante de equilíbrio entre o nomadismo e a vida sedentária.
Neste todo há alguém que está no fim da lista. Silêncio de elegância social, bloqueio político, incapacidade de alterar uma lei de despejo. São os repatriados. Um dia, na infância ou adolescência, partiram para a terra dos sonhos, a grande América.Com ou sem culpa envolveram-se em problemas criminais de maior ou menor gravidade. Manchado o cadastro, sentem alguém bater à porta, informar-se da identificação e, depois de lhes atar as mãos enviam-nos para a sua terra. Pura e simplesmente. O crime pode ter muitos anos, mas os retroactivos na lei não têm remissão nem apelo. E ei-los que voltam dolorosamente para a pátria, sem “saber” a língua, a cultura nem se enquadrar minimamente no novo-velho ambiente. A família está partida. A esperança afundada. Regressam compulsivamente à sua terra de que tantas vezes tiveram saudades míticas e quase são obrigados a odiar. O horizonte é negro. Serão recebidos, se não têm familiares, numa espécie de orfanato para adultos, apoiados por técnicos. Não poucas vezes vem o desespero e até o suicídio.
E o silêncio quase completo da sociedade perante um drama duplo. De quem regressa para a terra como exílio, e da comunidade que tem desconfiança e medo dos novos visitantes, velhos conterrâneos.
A Igreja foi quem mais atenção deu, de início, a este drama. Mas ele repete-se e aumenta. A pergunta continua a mesma: quem poderá travar esta avalanche de dramas? Que força política consegue humanizar uma lei com efeitos tão cruéis?
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António Rego

As três Repúblicas Portuguesas

Nem sempre há rigor na História de Portugal que nos é contada. No caso da República, há várias versões, nem sempre coincidentes. Vai daí, criou-se a ideia, há muito, que em Portugal houve a I República, estando nós, presentemente, na II República. No meio delas, houve o chamado Estado Novo. Tanto quanto sei, o Estado Novo não foi Monarquia. Foi ditadura? Foi. Violenta e desrespeitadora dos direitos humanos? Foi. Mas a I República não foi menos violenta e menos desrespeitadora dos direitos humanos. Terá sido, até, muito pior, porque se perseguiam e assassinavam os monárquicos e o clero, perseguindo a Igreja, mas também assassinavam os republicanos, desde que fossem de outra facção.

Posto isto, há que repor a verdade. Houve, então, três Repúblicas, sendo as duas primeiras ditaduras desumanas. Salva-se a terceira, se conseguir ser mais justa, mais livre, mais democrática, mais respeitadora dos direitos humanos, mais fraterna.

FM

Nota: Já agora leiam aqui

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

União de Facto é totalmente inútil

"A lei da união de facto serve para quê? Se for para ser igual ao casamento, já há o contrato de casamento, se for para outra finalidade é bom que se explicite. Não há nada em política como ser muito claro.
O problema é seguramente meu, sobretudo quando tantos amigos se entusiasmam com o tema. Mas continuo sem ver qualquer utilidade na lei da união de facto. E, a bem dizer, não a vejo na que Cavaco vetou, e já pouco via na já existente.
Para mim, o casamento civil - pelo qual tanta gente lutou, de forma a que o casamento religioso não fosse a única forma legal de ter família - é um contrato entre duas pessoas. A lei da união de facto vem estabelecer, basicamente, o seguinte: quem não quer assinar o contrato tem os mesmos direitos e deveres daqueles que o assinaram. Isto é o que parece: uma aberração."

Henrique Monteiro
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Ler mais no EXPRESSO

Paróquia de Nossa Senhora da Nazaré da Gafanha completa 99 anos




Nós, os gafanhões, somos assim...

A paróquia de Nossa Senhora da Nazaré da Gafanha completa hoje 99 anos de vida. Daqui a um ano, se Deus quiser e o povo estiver unido, celebraremos o primeiro centenário. É curioso como um século de existência parece tão curto. Digo isto, porque tive o privilégio de conviver com gafanhões que, antes de 1910, lutaram para que a então povoação da Gafanha se tornasse independente e seguisse a sua vida, deixando, por isso, a casa materna.
Antes dessa data, que foi a consagração desse esforço, já o nosso povo andava a construir a nova igreja matriz, que foi inaugurada, ainda inacabada, em 1912. Contudo, segundo Nogueira Gonçalves, a inauguração aconteceu em 1918, tendo o templo sido "produto de construtores locais". Como paróquia e freguesia nasceram juntas, como rezava a lei da monarquia, na altura própria as águas foram separadas, e ainda bem. A paróquia seguiu, como lhe competia, a valorização espiritual, cultural e social, e a freguesia voltou-se para o lado que lhe competia, procurando dar outras e variadas respostas, de vertente política, para bem da comunidade humana, na qual se insere a religiosa.
Hoje, porém, penso que se torna importante olhar o futuro com certezas de uma terra mais próspera, sob todos os ângulos de vista. Mais próspera, tendo sempre presente que o progresso deve ser sustentado, isto é, com os pés bem assentes na matriz das nossas raízes e sem ofensas ao ambiente e às pessoas.
Os gafanhões actuais vieram um pouco de toda a parte. Há anos, a análise a um recenseamento dizia que por aqui habitavam pessoas de mais de mil origens. Mas pode dizer-se, sem iludir ninguém, que toda a gente foi integrada, naturalmente, sem conselhos fossem de quem fossem, e sem decretos que nos recomendassem atitudes a seguir, no sentido da aceitação dos outros. Nós, os gafanhões, somos assim: abertos, acolhedores, dinâmicos, amigos dos seus amigos, empreendedores, capazes transformar areias esbranquiçadas e estéreis, das dunas, em terra fértil.
Neste dia de aniversário permitam-me que recorde a importância de nos prepararmos para o centenário, quer apoiando as autoridades religiosas ou políticas, quer avançando com projectos próprios, com a convicção de que a festa tem de ser de todos e para todos.


Fernando Martins

Ted Kennedy escreveu ao Papa pouco antes de morrer

"Na carta, Ted Kennedy afirma que 'a fé católica está no centro da família' Kennedy e diz que foi a fé que o ajudou a lutar nas horas de maior sofrimento. Também diz que pediu que a carta fosse entregue pessoalmente, pelas mãos de Barack Obama, porque este também é um homem de fé."

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Animais das nossas vidas

O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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