sábado, 4 de abril de 2009

Negacionismo, excomunhão e preservativo

Há quem pergunte porque é que, nestes casos - levantamento da excomunhão ao bispo negacionista Williamson, excomunhão dos médicos e da mãe da menina brasileira, grávida aos nove anos do padrasto, que dela abusava desde os seis, declarações de Bento XVI sobre o preservativo -, criticam tanto a Igreja, se se trata de questões que só aos católicos dizem respeito. Respondo, dizendo que se trata de questões de humanidade e da Humanidade. Ora, em questões de humanidade e da Humanidade, todos podem e devem pronunciar-se criticamente. 1. Perante os protestos não só de bispos mas também de leigos e políticos, por causa do levantamento da excomunhão de Williamson, o Papa escreveu uma carta aos bispos do mundo inteiro, manifestando a sua profunda mágoa. Aliás desconhecia as declarações do bispo negacionista. Pergunta também se devia deixar ao abandono 491 sacerdotes, seis seminários, 88 escolas, dois institutos universitários, milhares de fiéis. Face à abertura de Bento XVI em relação à Fraternidade de São Pio X, há quem pergunte, com razão, por que é que não usa da mesma compreensão para com teólogos, bispos, leigos, comunidades de base, que procuram um diálogo vivo com o mundo actual e as diferentes culturas. E, se a Cúria lhe causa dificuldades, porque não a reforma? 2. Felizmente, o arcebispo R. Fisichella, Presidente da Pontifícia Academia para a Vida, veio em defesa da menina brasileira. Escreveu no L'Osservatore Romano, diário do Vaticano: a menina "deveria ser em primeiro lugar defendida, abraçada, acarinhada com ternura para lhe fazer sentir que todos estávamos com ela; todos, sem distinção alguma. Antes de pensar na excomunhão, era necessário e urgente salvaguardar a sua vida inocente e reconduzi-la a um nível de humanidade da qual nós, homens de Igreja, deveríamos ser peritos anunciadores e mestres. Infelizmente, não foi isto que aconteceu, foi danificada a credibilidade do nosso ensinamento, que aos olhos de muitos parece insensível, incompreensível e privado de misericórdia". Também o bispo de Nanterre, G. Daucourt, escreveu uma Carta Aberta ao bispo de Olinda-Recife: "nesta tragédia, você juntou dor à dor e provocou o sofrimento e o escândalo de muitos pelo mundo fora. Numa situação tão dramática, creio firmemente que nós, bispos, pastores na Igreja, temos, primeiro que tudo, de manifestar a bondade de Cristo Jesus, o único autêntico Bom Pastor. Não lhe oculto que me pergunto também como se pode dizer que a violação é menos grave do que o aborto. A vida não é apenas física, sabe-o bem". 3. As declarações de Bento XVI sobre o preservativo causaram uma tempestade. Nem sempre os média transcreveram na íntegra a sua declaração, pois disse que "este problema da sida não se pode superar só com dinheiro..., com a distribuição de preservativos": omitiu-se aquele "só", e quem põe em causa a necessidade de "uma humanização da sexualidade"? De qualquer modo, o L'Osservatore Romano veio depois admitir os preservativos e a sua eficácia, desde que associados a outros dois factores: a abstinência e a fidelidade. Jesus, o excluído, é aquele que não exclui, pelo contrário, inclui a todos no amor sem condições. A cruz de Cristo é a expressão máxima do amor incondicional do amor de Deus para com todos. Agora, ao entrar na chamada Semana Santa, na qual celebram o núcleo da mensagem cristã - paixão, morte e ressurreição de Jesus -, os cristãos e sobretudo a Igreja oficial deveriam meditar numa nota do filósofo agnóstico Max Horkheimer, um dos fundadores da Escola Crítica de Frankfurt, que dá que pensar: "Jesus morreu pelos homens, não podia guardar-se para si próprio avaramente e pertencia a tudo o que sofre. Os Padres da Igreja fizeram disso uma religião, isto é, fizeram uma religião que também para o mal era uma consolação. Desde então isso teve um êxito tal no mundo que pensar em Jesus nada tem a ver com a acção e ainda menos com os que sofrem. Quem lê o Evangelho e não vê que Jesus morreu contra os seus actuais representantes não sabe ler". Anselmo Borges

Um poema de M.ª Donzília Almeida

DIA DE VENTO
Dia de vento A rua varrida, A alma banida De qualquer alento. No jardim, um rebento, Uma rosa a abrir, Os espinhos ao ferir Um novo tormento. O trigo abanando As papoilas ondulando... As ruas desertas. Os caminhos de pedras Calvas, informes, incertas. As pombas arrulhando No pombal em frente. No coração, esta dor Pesar amargo, permanente Tão faminto de calor! Solitário viver Deste inquieto ser! A esperança? Me alimenta O sonho Me acalenta! Mª Donzília Almeida 1970.20 anos

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Semear a Não-violência

1. O mundo dos cinemas e dos noticiários são muitas vezes uma escola violenta. Vão proliferando algumas instâncias que procuram ser reguladoras dos níveis de violências mas que, efectivamente, poucos frutos parecem conseguir implementar. Há dias um pai de família com crianças de tenras idades manifestava uma profunda apreensão no facto de que a geração dos 10 anos, da geração de seu filho, comunicava entre si exuberantemente sobre os novos jogos informáticos cujos conteúdos são autêntica escola de crime, assalto, desregramento de vida. À insegurança social que se verifica cada dia junta-se uma lei do mais forte que parece imperar em tudo aquilo que são as formas mais fortes de comunicação actual.

Arquivo Histórico-Documental do Porto de Aveiro vai ser hoje apresentado

O Arquivo Histórico-Documental do Porto de Aveiro vai ser hoje apresentado. Hoje, 3 de Abril, Dia do Porto de Aveiro, data que assinala a abertura da Barra, no ano 1808. Dia de festa, portanto, bem digno das nossas homenagens, ou não fosse a Gafanha, e não só, fruto do Porto de Aveiro e de outras condições privilegiadas que podemos desfrutar.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Exposição Aveiro – Terra Milenária

Mastro do Milénio, na Ponte da Dobadoura, em Aveiro
No dia 11 de Abril, e inserida no contexto das comemorações dos 250 anos de elevação de Aveiro a cidade, o Arquivo Histórico Municipal inaugurará a Exposição Aveiro – Terra Milenária. Esta mostra, que se encontrará patente ao público na galeria do Edifício dos Paços do Concelho de Aveiro até 10 de Maio, reunirá documentação de arquivo alusiva à comemoração das festas do Milenário, realizadas em Aveiro, no ano 1959.
Nota: Eu assisti, naquela data, aos trabalhos da colocação do mastro de um navio na referida ponte. Dirigiu as operações o mestre Manuel Maria Bolais Mónica, célebre construtor naval.
FM

Voos rasteiros, pragmatismo com baias

O Papa não precisa de quem o defenda. Quem o conhece e está atento, sem preconceitos, ao seu modo de agir e de intervir, antes e depois de ser Papa, sabe que nunca deixou, nem deixará, de afirmar, na fidelidade ao seu magistério, o que considera essencial e, evangelicamente, mais certo. Não fala para plateia com intenção de agradar, nem foge às críticas, mesmo que injustas. É um homem de princípios, coerente com a sua fé, corajoso no enfrentar dos problemas, detentor de uma consciência que lhe mantém bem vivo o sentido do dever e da missão, frente à Igreja, a que preside, e à sociedade, para a qual ela deve ser uma consciência crítica, que denuncie, abra caminhos e colabore. Não tem a força mediática do seu antecessor, diz-se, mas faz da sua coragem e testemunho a mais válida mediação.
António Marcelino
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Risco de tensões sociais

O ministro das Finanças afirmou que o problema mais sério que temos pela frente pode ser o “risco de tensões sociais que podem ser geradas pela crise”. Mário Soares, há tempos, em crónica publicada no DN, disse o mesmo ou semelhante. As revoluções são sempre produzidas ou alimentadas pelas crises, pelas injustiças sociais, pela fome. Os políticos têm de estar atentos a isto, se é que aspiram a um ambiente de paz e de progresso. Se não aspiram, esperem, que a revolta das pessoas pode estar a caminho.

Será possível conciliar a a fé cristã e a Teoria da Evolução?

Em entrevista à «Folha de Domingo», o padre António Martins, docente da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, explica porque participou no congresso que, de 3 a 7 de Março, reuniu em Roma cientistas, filósofos e teólogos para reflectir sobre a relação entre evolução e criação, no âmbito dos 200 anos depois do nascimento de Darwin e dos 150 anos após a sua mais famosa obra, a “Origem das espécies”. O teólogo algarvio clarifica o seu entendimento sobre o que significou o evento e as suas consequências futuras.

"Uma conclusão a salientar, e talvez a mais significativa, foi o consenso geral sobre a evolução. Podem-se discutir interpretações e teorias diversas e até contraditórias, mas o facto da evolução apresenta-se hoje como uma realidade aceite por todos (ao menos por aqueles que intervieram no Congresso). Ninguém pôs em causa o evento da evolução e, em concreto, da hominização. O que não significa que tudo esteja explicado do ponto de vista científico. De facto, há hiatos obscuros, sem provas científicas seguras, na construção da teoria da evolução, onde a verificação dá lugar à probabilidade. O processo da evolução não é uma absoluta evidência científica. Por exemplo, a especiação (ou seja, o aparecimento biológico e morfológico de uma espécie) permanece mistério por explicar para as ciências."

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quarta-feira, 1 de abril de 2009

Genéricos: expliquem-me, por favor

Há problemas simples que algumas pessoas gostam de complicar. Quando os genéricos surgiram no mercado, foi dito e redito que os referidos medicamentos eram absolutamente iguais aos de marca. Eram fabricados, foi sublinhado, com a mesma substância activa, não diferindo, em nada, dos outros medicamentos, sendo, no entanto, mais baratos. Dizia-se, então, que a diferença de preços era resultante das publicidades feitas pelos fabricantes e dos processos de produção levados a cabo pelas grandes indústrias. Outras razões estariam na base da produção e na ausência de concorrência. Ora, tanto quanto sei, os genéricos continuam a ser ignorados por muitos médicos, que também manifestam uma certa relutância em autorizar a substituição. Um dia destes aventou-se a hipótese de os farmacêuticos poderem trocar os medicamentos receitados pelos genéricos. Logo vieram alguns clínicos com os habituais alertas de que não se responsabilizam por eventuais danos para os doentes daí resultantes. Pergunto: - Os genéricos são ou não são fabricados com os mesmos elementos activos? - Os processos de fabrico são ou não são fiscalizados pelas entidades competentes? - Os farmacêuticos têm ou não têm competência técnico-científica para procederem à substituição do medicamento pelo respectivo genérico? - Os genéricos são ou não são mais baratos, tanto para o Estado como para o doente? - Por que razão não receitam os médicos, com toda a normalidade, os tais genéricos?
Fernando Martins

A cimeira da «Mudança»?

1. Uma carta aberta aos líderes europeus de um grupo de intelectuais e políticos do velho continente é mais uma forte achega para os compromissos e as responsabilidades indispensáveis a serem assumidos pelos primeiros responsáveis do G20, os vinte países mais industrializados e ricos do mundo, estes que se encontram reunidos em Londres. Decorrendo a cimeira na Europa, o conceituado analista «Timothy Garton Ash escreve na sua mais recente coluna do The Guardian que “a Europa será o grande ausente” da cimeira do G20.» (citado de Teresa de Sousa, Público 01-04-2009). A inquietude num mundo de crise em tempo mudança desafia todos a darem o melhor de si, os estados e os continentes regionais, como os trabalhadores, empresas, cidadãos.

Papa envia mensagem ao G20

Bento XVI enviou uma mensagem ao primeiro-ministro britânico Gordon Brown, em vésperas da Cimeira do G20, que decorre Quinta-feira, em Londres. O Papa defende a necessidade de “coordenar os esforços entre governos e organizações internacionais para sair da crise global, sem recorrer a nacionalismos ou proteccionismos”.
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O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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