quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Jubileu do Carmelo de Aveiro

O Bispo de Aveiro, D. António Francisco dos Santos, escreveu uma Nota Pastoral sobre o Jubileu do Carmelo de Cristo Redentor. Nela sublinha: “A paz, o silêncio e a contemplação são fontes de alegria e de esperança, espelhadas no olhar puro e simples de quem, habitado por Deus, reparte o amor e a esperança pelo mundo e retira com suavidade e mansidão deste mesmo mundo a vaidade, a ganância, o orgulho, a inveja e a maldade. Os caminhos humanos do nosso tempo estão frequentemente marcados pela rotina, pela corrida e pela pressa e obrigam-nos a passos distraídos e a viagens desencontradas que nos distanciam da verdade, do bem e do belo e nos afastam de Deus e das pessoas.”

Nostálgicos do religioso abundam por aí

Falar de religião, brincar com temas religiosos, pôr a ridículo os sentimentos das pessoas crentes, proclamar o agnosticismo pessoal, cultivar dúvidas e propalar convicções de quem as transformou em certezas próprias, parece hoje ser moda e oportunidade aproveitada por gente que tem tribuna livre e antena aberta, e, ainda por cima, recebe por utilizá-las a seu belo prazer, que muitas vezes é a seu mau gosto. Uma nostalgia do religioso que talvez os psicanalistas possam explicar e que o povo já explicou quando disse: “Quem desdenha quer comprar”. Este campo vai sendo ocupado por políticos, legisladores, jornalistas, humoristas, gente de certa cultura, muitos deles incapazes de reconhecerem as suas limitações culturais e incapazes de calar os gritos interiores que os povoam. Fazem lembrar crianças que nasceram e brincaram no adro da Igreja e voltam lá, mais tarde, para apedrejarem telhado, quando não mesmo o interior do templo. Deste modo, mostram, também, a aprendizagem necessária para viver numa sociedade democrática plural, para aceitar os direitos humanos fundamentais, para respeitar opiniões e vivências diferentes, relacionadas com aspectos importantes da vida, como a liberdade de consciência, que tem na liberdade religiosa uma expressão essencial. Por vezes, o produto publicitado de diversos modos passa quase despercebido, como semente que se lança à terra, sempre na esperança de que caia em terra onde, mais tarde ou mais cedo, se gere dúvida ou repulsa. Acontece assim com gente que tanto fala e escreve sobre desporto como política internacional, com políticos que tanto bajulam como desprezam, com humoristas gastos que, com a sua pitada que suja os sentimentos religiosos de outros, mendigam sorrisos e aplausos, que já mal conseguem de outro modo. Não ando, nem nunca andei na vida, à caça de bruxas e aprendi cedo a respeitar os outros, conhecidos ou desconhecidos, que pensam como eu ou que divergem livremente de mim. Mas, como compro os jornais e os leio, procuro estar atento ao que neles se diz e a quem o diz. Comunicar também é semear e a parábola do trigo e do joio é, para este tempo concreto, uma advertência que não me pode deixar indiferente, mesmo respeitando o comunicador. Leio no Público (4.11.08) o artigo que aí escreve semanalmente, e mais de uma vez, um dos seus jornalistas de opinião que eu leio habitualmente. Desta vez escreveu: “Em certo sentido, a eleição do próximo Presidente dos Estados Unidos da América é a notícia mais esperada desde a ressurreição de Jesus Cristo - embora esta última ainda não tenha sido confirmada, dois mil anos depois”. Outra qualquer opinião sobre religião far-me-ia passar ao lado. A ressurreição de Jesus Cristo, pese embora a racionalistas, agnósticos ou ateus, será sempre a verdade central do cristianismo, aquela sobre a qual o silêncio é traição. Por isso mesmo, a piada não me deixou insensível. Está equivocado o jornalista em causa. Nenhuma verdade cristã está mais confirmada do que esta, pois que nem sempre a razão é o melhor caminho para a verdade. A vida dos crentes é, desde há dois mil anos, a melhor prova da ressurreição de Cristo e continuará sê-lo até ao fim dos tempos. Quem ama a sua vida, até ao ponto mais alto de a entregar por aquilo em que acredita, avaliza a verdade da sua fé. Milhares de cristãos convictos que se entregam, por completo, à causa de Jesus Cristo, e dão, se necessário, ontem como hoje, a própria vida ao martírio, que provam senão isso? Em plena consciência e de modo livre não se dá a vida por uma simples opinião ou crença, qualquer que ela seja. Nunca a ressurreição de Jesus Cristo foi provada por argumentos da razão. A adesão à fé é um acto de amor. A razão mostra, por factos consequentes, que acreditar não é um absurdo, mas a forma mais pura da liberdade. A compreensão das coisas mais profundas requer sempre meios adequados. Quem endeusa a razão empobrece a liberdade humana. O crente é um homem livre, por isso mais homem e mais senhor da sua vida.
António Marcelino

Manuela Ferreira Leite: afirmações de mau gosto

“Eu não acredito em reformas,
quando se está em democracia…”
Mal vai o País quando um político brinca com coisas muito sérias. E se esse político é um chefe partidário, então começamos a ficar confusos. Manuela Ferreira Leite, líder do maior partido político da oposição, cometeu uma gaffe do tamanho do caos em que vive o PSD. A nossa democracia precisa de muito mais do que afirmações de mau gosto. “Até não sei se não é bom haver seis meses sem democracia” não pode ser tida como tirada irónica, como veio o PSD esclarecer. A ironia não estava no rosto nem no tom de voz de Ferreira Leite. Ela estava mesmo a falar a sério, compenetrada do que estava a dizer. Não houve ali nenhum esgar que denunciasse a intenção de brincar. E mesmo que houvesse, seria sempre uma brincadeira, como quem conta uma anedota numa festa íntima. Não era o caso. Tenho pena que o PSD não acerte com um líder carismático para fazer valer os seus ideais. Assim, meus caros amigos do PSD, o PS não pode deixar de dar graças a Deus para que Ferreira Leite continue de saúde, pelo menos, até às próximas eleições. A derrota do PSD começa, assim, a definir-se. O que é pena. É que um partido do Governo sem oposição que seja alternativa corre a tentação de esquecer o diálogo com a sociedade.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Se quereis conhecer Deus

“E, se quereis conhecer Deus, não vos preocupeis em querer decifrar enigmas. Olhai antes ao vosso redor e vê-l’O-eis a brincar com os vossos filhos. E olhai para o espaço e vê-l’O-eis a caminhar nas nuvens e a estender na luz os Seus braços, descendo com a chuva. Vê-l’O-eis sorrindo nas flores, erguendo-se em seguida para agitar as árvores com as Suas mãos.” 

 In “O Profeta”, de Khalil Gibran

Aveiro: Canal Central antigo

As gavetas e velhos arquivos são sempre um manancial de recordações. Desta feita, encontrei este postal sobre o Canal Central, que partilho com os meus amigos mais velhos. Os que, afinal, talvez mais gostem de recordar imagens que nos não saem da memória. Quem quer colaborar, enviando-me as suas velhas fotos?

Fotografia de Carlos Duarte

“O meu olhar” é uma exposição de fotografia de Carlos Duarte, patente ao público na Biblioteca Municipal de Ílhavo, com o apoio do Rotary Clube da mesma cidade, a partir do próximo dia 29 de Novembro. A receita reverte para a Obra da Criança de Ílhavo. Canais de Aveiro, Ria, Costa Nova e procissões, entre outros motivos, segundo a objectiva e a sensibilidade de Carlos Duarte, merecem ser apreciados até 13 de Dezembro.

Fotografia na Casa da Cultura

PORTO DE ENCONTRO
No passado sábado, foi inaugurada, na Casa da Cultura de Aveiro, a exposição “Porto de Encontro”. Inclui seis dezenas de trabalhos participantes no concurso de fotografia “Porto de Encontro”, organizado pela Comissão das Comemorações do Bicentenário da Abertura da Barra de Aveiro. Resulta de compromisso assumido pela organização aquando do lançamento do concurso. A exposição pode ser visitada de terça a domingo, entre as 14h e as 19h, até ao próximo dia 30 de Novembro.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Mais um livro de Ana Maria Lopes

“REGRESSO AO LITORAL - Embarcações Tradicionais Portuguesas”


O mais recente livro de Ana Maria Lopes, “REGRESSO AO LITORAL - Embarcações Tradicionais Portuguesas”, editado pela Comissão Cultural da Marinha, vai ser lançado no Museu de Marinha, em Lisboa, no Pavilhão das Galeotas, no próximo dia 24, pelas 17.30 horas. A apresentação da obra vai estar a cargo de Álvaro Garrido, director do Museu Marítimo de Ílhavo.
Entretanto, posso já adiantar que a referida obra será lançada em Ílhavo, no Museu Marítimo, no dia 29 de Novembro, pelas 17 horas, ficando a apresentação ao cuidado de Rodrigues Pereira, director do Museu da Marinha. “REGRESSO AO LITORAL - Embarcações Tradicionais Portuguesas” é um livro que reflecte, tanto quanto sei, o trabalho profícuo a que a autora já nos habituou, merecendo ocupar um lugar de destaque nas estantes de quem gosta de temas ligados ao nosso mar, e não só.

domingo, 16 de novembro de 2008

Semana dos Seminários

Termina hoje a Semana dos Seminários. Tanto quanto é possível imaginar, todas as dioceses do nosso país se empenharam nela, procurando chamar a atenção dos fiéis para a importância dos seminários na vida da Igreja, concretamente nas paróquias, base da vida eclesial. Dos Seminários saem, por norma, os padres que são, nas comunidades e nos demais sectores da Igreja Católica, os braços direitos dos Bispos. Nos Seminários, para além dos candidatos ao sacerdócio ministerial, há outros serviços de apoio à vida diocesana. Em Aveiro, por exemplo, no edifício do Seminário de Santa Joana Princesa, funciona o ISCRA (Instituto Superior de Ciências Religiosos). Quando se fala destas casas de formação, logo nos lembramos dos alunos, professores e responsáveis pela espiritualidade dos seminaristas. Mas nem sempre recordamos outros servidores, encarregados de diversas tarefas. Hoje, enquanto esperava pela missa das 18.30 horas, que na igreja do Seminário se celebra para os universitários e outros fiéis, conversei um pouco com a Irmã Emília, que todos os domingos abre a porta do templo e tudo prepara para a eucaristia. A Irmã Emília pertence às Religiosas do Amor de Deus e veio para o Seminário de Aveiro em 1974. De sorriso franco, foi-me falando um pouco da sua vida. Esteve em África, onde serviu desde muito nova. Natural de Guimarães, um dia desejou professar e a partir dos votos de consagração aceita estar onde é preciso. É uma daquelas pessoas que estão na base da vida do Seminário de Aveiro. Trabalha na cozinha, dando o melhor de si, mas sabe que tem outras tarefas no dia-a-dia. Por exemplo, os vasos com plantas, que decoram os claustros e salas do Seminário, estão ao seu cuidado. Quando a questionei sobre o dia de folga semanal, adiantou que nem pensa nisso. Está ali para trabalhar, seguindo o princípio da obediência. Férias? Só quando vai para as termas, no Gerês, porque sofre da vesícula. "Às vezes abusamos um bocadinho!" - disse-me ela. Para além disso, participa em encontros de formação do instituto a que pertence. Mas aqui, refere que também tem de trabalhar um pouco, embora com a cabeça. Na Irmã Emília, com todo o seu sorriso e testemunho, apetece-me homenagear vários servidores do Seminário de Aveiro, com o meu carinho e reconhecimento pelo muito que fazem, na sombra de tudo o que é tido como de fundamental importância para a Igreja Diocesana.
FM

“Correio do Vouga” faz anos

O “Correio do Vouga”, órgão oficial da Diocese de Aveiro, celebra hoje o seu aniversário. Nasceu em 16 de Novembro de 1930, tendo como director o Dr. António Almeida e Silva Cristo, como editor o Padre Alírio Gomes de Melo e como administrador o Padre António Fernandes Duarte Silva. Em 1938, quando a diocese foi restaurada, passou para a responsabilidade da Igreja de Aveiro, mantendo-se, presentemente, como arauto dos valores cristãos. É, pelo que sei, o mais antigo jornal com publicação permanente na cidade dos canais, apostando, como desde a primeira hora, na defesa do bem e do justo, bases de uma sociedade mais fraterna. Tive o privilégio de dirigir o “Correio do Vouga” durante 12 anos, pelo que mais me ficou no coração. Vivi o dia-a-dia da redacção com o entusiasmo de quem acredita na possibilidade e na vantagem de apostar num jornal aberto ao que a vida tem de positivo. Ainda experimentei – com que entusiasmo! – os novos desafios sugeridos pelas novas tecnologias da comunicação, sem esmorecimentos nem cedências. Agora, que o jornal diocesano prossegue na caminhada de renovação permanente, não posso deixar de agradecer a quantos, durante 12 anos, me acompanharam, me ajudaram e me incentivaram a alimentar a esperança de contribuir para um semanário atento ao mundo, que sonhasse para além dos adros das igrejas. Aos seus actuais responsáveis e meus bons amigos, formulo votos sinceros de que continuem, como, aliás, o têm feito, a oferecer a toda a gente uma leitura cristã dos acontecimentos, na perspectiva de uma sociedade mais solidária.
Fernando Martins

Bicentenário da Abertura da Barra de Aveiro

Vasco Lagarto entrega prémio à professora Madalena Anastácio, da Escola da Chave, com aluno a assistir
Prémios para contos e blogues
O Bicentenário da Abertura da Barra de Aveiro teve ontem mais uma iniciativa. Não foi uma iniciativa capaz de atrair muita gente, mas teve o mérito de distinguir contos e blogues que responderam aos desafios da APA e da Rádio Terra Nova. Apreciei a satisfação dos que saíram vencedores e alguma tristeza de quem esperava ver mais reconhecido o seu trabalho. A vida, no entanto, tem destas incongruências. De qualquer forma, haverá outras oportunidades noutros contextos.
Há, porém, um registo que não posso deixar de lado. Não existiu, por parte de alguns Agrupamentos e Escolas, o devido esforço para motivar alunos e turmas para este concurso de contos. Vasco Lagarto, presidente da Rádio Terra Nova e grande entusiasta por acções do género, lamentou o facto e disse que tal atitude não é de agora.
Sempre gostaria de saber por que razão os Agrupamentos e as Escolas se divorciam destas acções, quando é sabido que as crianças e jovens precisam de ser incentivados, no sentido de se abrirem ao envolvimento nas propostas culturais, sociais e outras, que são postas à disposição de todos. Escolas e alunos alheios ao mundo que os envolve não contribuem para uma sociedade mais participativa, mais culta e mais fraterna.

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