Com este dia lindo de sol, que já confirmei pela janela, estou em crer que hoje vai ser uma correria para as nossas praias. A Costa Nova, com uma marginal para a ria rara de encontrar por outras paragens, com espaços verdes para descansar ou brincar, oferece a quem a visita esta paisagem de uma laguna límpida e atraente. Não para nela nos vermos ao espelho (embora também sirva para isso), mas para dela inspirarmos a maresia que tempera o nosso dia-a-dia carregado de stresse. O convite vai, pois, no sentido de os meus amigos usufruirem estas coisas boas que a natureza nos oferece e que os homens, quando têm imaginação, conseguem ainda melhorar. Aqui é o caso.
domingo, 26 de outubro de 2008
Diáconos Permanentes celebram 20 anos de ordenação - 3
3 – Restauração do Diaconado Permanente
O Vaticano II diz que os diáconos, “aos quais foram impostas as mãos «não em ordem ao sacerdócio mas ao ministério», estão em grau inferior da hierarquia, para, “fortalecidos com a graça sacramental”, servirem o Povo de Deus, “em união com o Bispo e o seu presbitério, no ministério da liturgia, da palavra e da caridade.”
Atribuindo às diversas Conferências Episcopais a competência de decidir, “com a aprovação do Sumo Pontífice, se e onde é oportuno instituir tais diáconos para a cura das almas”, o Vaticano II lembra que, “Com o consentimento do Romano Pontífice, poderá este diaconado [permanente] ser conferido a homens de idade madura, mesmo casados, e a jovens idóneos; em relação a estes últimos, porém, permanece em vigor a lei do celibato”. Estas como todas as decisões do Concílio Vaticano II foram sancionadas por Carta Apostólica de Paulo VI, em 8 de Dezembro de 1965, onde se proclama que “tudo quanto foi estabelecido conciliarmente seja observado santa e religiosamente por todos os fiéis, para glória de Deus, honra da santa mãe Igreja, tranquilidade e paz de todos os homens”.
A ideia de introduzir o Diaconado Permanente em Portugal surgiu em 1969, de forma mais concreta, quando a Assembleia Plenária do episcopado emitiu um comunicado, em Novembro, no qual refere: “Respondendo à solicitude da Santa Sé, a Assembleia reflectiu sobre a oportunidade de introduzir entre nós o Diaconado Permanente, e para fomentar ulterior deliberação em matéria com tantas implicações e sobre a qual se não conta com a lição da experiência, resolveu confiar o estudo prévio do assunto à Comissão Episcopal do Clero e Religiosos”. Em 1977, também em Assembleia Plenária do episcopado, foi então aprovado um documento sobre os motivos que justificam a instauração do Diaconado Permanente nas dioceses portuguesas que o julgarem oportuno, como se lê no livro “Diaconado Permanente – Actas e Documentos”, da Comissão Episcopal do Clero, Seminários e Vocações.
Estava aberto o caminho para que as dioceses solicitassem à Santa Sé autorização para avançar com o ministério do Diaconado Permanente.
Fernando Martins
TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 100

OS SÁBADOS
Caríssima/o:
Chegados aqui, dizei lá se não vem mesmo a calhar uma pausa; fruto das coincidências, é o Tecendo número 100 e o tema é «os sábados»; logo, nas escolas quando o sumário atinge aquele número faz-se uma pequena festa, nem que seja meramente simbólica, e antigamente o Sábado era a véspera de Domingo.
Dirão alguns: ”que grande novidade nos estás a dar!...” Esquecem-se ou desconhecem que nesses bons e velhos tempos havia aulas aos sábados, só de manhã, o que era sinal de que no dia seguinte não havia escola!
E que se fazia nessa manhã? Era o dia da «mocidade», entenda-se da “Mocidade Portuguesa”; assim sendo, havia umas formaturas seguidas de marchas, falava-se da Bandeira e do Hino e cantava-se...Aproveitavam também os professores para falar de higiene e de regras de boa educação...(Já nessa altura se dizia aos alunos que ficava bem cumprimentarem os professores e as pessoas mais velhas!...)
Bem, isto no início do ano, porque com a aproximação dos exames todo o tempo era pouco para a “preparação”.
Mas como se está vendo era um dia diferente porque, estando mais tempo fora da sala de aula, quando havia espaço para tal, sempre se proporcionavam uns jogos e umas brincadeiras. Não havia futebol (isso é pano para outro falar!), mas saltar o eixo e o 'bom barqueiro' eram obrigatórios...
Por vezes, e quando já havia desdobramentos, também as Professoras aproveitavam para juntar os alunos para o canto...
E que bem sabiam estas pausas e estes bocadinhos de entretenimento quando toda a semana era uma lufa-lufa de redacções, ditados, contas e problemas! Que bom!
Como o tempo era de pausa, já falei demais; fico-me por aqui.
Manuel
NOTA: Eu não sei se os meus amigos leitores já se deram conta de que o Manuel, meu colaborador de há anos, completou hoje, com a sua rubrica "Tecendo a vida uma coisitas", o número cem. Não é muito frequente sentirmos, no dia-a-dia, uma tão grande regularidade nos blogues. É que o Manuel, quando assume um compromisso, não se fica pelas meias-tintas, cumprindo, escrupulosamente, os objectivos que se propôs. E não vades supor que o número o assusta, antes o aceitará, como creio, para continuar a brindar-nos, semana a semana, com a sua sempre saborosa arte de recordar.
FM
sábado, 25 de outubro de 2008
Pessoas que nos marcaram
Irmã Iracema esteve entre nós, 18 anos depois
Quer queiramos quer não, há sempre pessoas que nos marcam na vida. Para o bem e para o mal. Eu sinto isso. As que tentaram insinuar-me o mal ou indicar-me caminhos menos correctos foram postas de lado. Não ocupam qualquer lugar na minha vida. Outras, as que me sugeriram princípios do bem e me deram testemunhos, concretos, de que é possível seguir pistas de verdade, de justiça, de fraternidade e de paz, essas têm um lugar especial no meu coração.
Às vezes dou comigo a pensar em todos esses homens e mulheres que deixaram sinais indeléveis na minha formação. Foram muitos, é verdade, tantos que nem consigo elencá-los. Só tenho pena de não ter tido a capacidade de colher dessas árvores de bons frutos toda a sabedoria e humildade para os reflectir na minha vida, chegando a quantos me rodeiam.
Ontem, contudo, encontrei-me com uma dessas pessoas, que não via há 18 anos. Trata-se da Irmã Iracema, do Instituto das Irmãs de Maria de Schoenstatt, que viveu entre nós 15 anos. Destacada pelo seu Instituto para trabalhar em Portugal, radicou-se na Gafanha da Nazaré, tendo colaborado, activamente, no lançamento das bases do Movimento Apostólico de Schoenstatt na Diocese de Aveiro. A construção do Santuário dedicado à Mãe e Rainha, na Colónia Agrícola da Gafanha, deve-lhe imenso. E por aqui se manteve, em plena actividade apostólica e humana, até 1990, insuflando em muita gente o fervor da fé e a paixão pelos valores cristãos. Missão cumprida, regressa ao Brasil, continuando, no país irmão, outras tarefas ligadas aos ideais que desde jovem abraçou.
No encontro organizado para a ouvir de novo, com a mesma voz e com o mesmo entusiasmo, jovens e menos jovens partilharam saudades. A Irmã Iracema repetiu o que sempre foi na vida: coerência na fidelidade aos princípios que sempre a nortearam, princípios de verdade, de frontalidade e de testemunho em todas as circunstâncias. Mas sempre crente num mundo melhor, alicerçado na Boa Nova.
Foi muito bom conversar com ela, ouvi-la e sentir o calor da fraternidade e o amor a Jesus Cristo e a Sua Mãe, que tão bem sabe transmitir com simplicidade e serenidade. E com os seus 70 anos de vida, prometeu voltar à Gafanha da Nazaré para comemorar, connosco, o seu centenário. Eu prometi acompanhá-la nesse dia.
Fernando Martins
O País que (não) somos

Brancura do Outono
QUEM TESTEMUNHA O QUÊ?

As Conferências do Lumiar, organizadas pelas monjas dominicanas, têm como tema neste ano lectivo "testemunhar". A mim, na abertura, coube-me o título em epígrafe: Quem Testemunha o Quê?
No plano cristão, o testemunho ocupa lugar nuclear e determinante. Jesus, diante de Pilatos, o representante do Império Romano, respondeu: "Para isto nasci, para isto vim ao mundo: para dar testemunho da Verdade. Todo aquele que vive da Verdade escuta a minha voz." E antes da ascensão ao Céu, disse aos discípulos: "Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo." Na Bíblia, é infindável o número de referências ao testemunho, ser testemunha, dar testemunho.
Testemunha e testemunho provêm do latim testis (*tristis, "que está ou assiste como terceiro", com raiz em tri, redução de tres, treyas + sto). Percebe-se assim a ligação com tribunal. Essa conexão é dada do mesmo modo em alemão, por exemplo: Zeuge (testemunha), a partir de ziehen, especialmente das Ziehen vor Gericht (levar a tribunal) e, também, Zeugnis ablegen (dar testemunho), überzeugen (convencer, levar alguém com provas a reconhecer algo como verdadeiro); Zeugnis é o comprovativo das notas dos alunos, que provam o seu esforço e saber.
Num tribunal, há testemunhas de defesa e de acusação, o que está em julgamento e um juiz. No cristianismo, Jesus, por palavras e obras, deu testemunho do que viu e ouviu de Deus, seu Pai: que é amor, e espera-se e exige-se que os cristãos dêem, por palavras e obras, testemunho do que viram e ouviram de e sobre Jesus: ele é o Messias de Deus, que revela quem é Deus para os homens e o que são os homens para Deus, com todas as consequências.
Há testemunhas que dão testemunhos verdadeiros e outras, falsos. O tribunal procurará averiguar a verdade ou a falsidade do testemunho, buscando contradições. No nosso caso, pode haver, de facto, contradição entre o testemunho dito e o testemunho pela acção. Pense-se, por exemplo, no Vaticano, no luxo do clero, na pedofilia, na avareza e na injustiça cínica dos cristãos - não contradiz a prática o que se confessa por palavras?
Por outro lado, é preciso testemunhar até ao fim. Não se pode negar o que se viu e ouviu. Foi assim que fizeram Jesus e os discípulos: testemunharam, atestaram, certificaram até ao sangue e à morte - mártys e martyrion, em grego, significam, respectivamente, mártir e testemunho ou prova. O testemunho implica coragem de ser: significativamente, outra acepção de testis (testemunha e testículo) é força varonil.
Então, dá-se testemunho de quê? Da verdade? Da beleza? Da dignidade? Da solidariedade? Da malvadez? Da vulgaridade? Da fealdade? Da injustiça?
Porque todos damos testemunho. O próprio mundo dá testemunho. Mas de quê ou de quem? Esse testemunho é ambíguo. Porque há a beleza e a ordem do mundo e também a sua desordem e fealdade. O mundo exalta, o mundo horroriza. A natureza tudo dá à luz e tudo destrói e sepulta.
O Homem recebe o testemunho e tenta decidir. O que são as filosofias e teologias e a grande música e poesia e artes senão testemunhos? Mas o mundo é racional ou irracional? Na sua raiz, está a Vontade cega? É sempre o eterno jogo do mesmo? E a História dos homens? Tem sentido? A História do mundo é o juízo do mundo, como queria Hegel - Weltgeschichte Weltgericht? A História é moral? Mas então quem dá razão às vítimas inocentes? Há uma dívida para com elas. Quem a paga? E testemunha-se perante o quê ou perante quem? Perante a consciência, perante os outros, perante a História. Mas, para quê, se tudo for devorado pelo nada? Quem é o juiz?
O mundo está em processo, e o processo ainda não transitou em julgado. Ninguém sabe o que está em questão na História do mundo e na História dos homens. A História lê-se do fim para o princípio e precisamente o fim ainda não chegou. Mas os crentes esperam que, no fim - no chamado Juízo Final -, Deus se revele como testemunha favorável a todos e juiz misericordioso.
Anselmo Borges
Diáconos Permanentes celebram 20 anos de ordenação - 2
2 – Fundamentos do Diaconado
O Diaconado nasceu com a Igreja. Logo nos primeiros tempos, o número de discípulos ia aumentando. Então surgiram queixas dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram esquecidas no serviço diário. Daí surgiu a necessidade de escolherem “sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria”, para desempenharem o serviço dos mais pobres. Os apóstolos poderiam, assim, dedicar-se mais à Palavra de Deus, como convinha.
É certo que os diáconos da primeira hora foram discípulos, na verdadeira acepção da palavra, embora destacados, a nível ministerial, para o serviço dos pobres de então, fundamentalmente para o apoio às viúvas, mulheres que, nessa situação, estariam sem recursos para sobreviver com dignidade.
Por razões diversas, o diaconado permanente, enquanto ministério ordenado, caiu em desuso, tendo sido restaurado no Concílio Vaticano II. Aliás, o concílio de Trento já havia avançado com a proposta da ordenação de diáconos permanentes, embora tal projecto nunca tenha sido concretizado na Igreja Latina. O diaconado, porém, manteve-se em vigor, apenas para os candidatos ao presbiterado.
Fernando Martins
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
CRIANÇAS E JOVENS LÊEM MAIS

O PÚBLICO de ontem deu-nos uma excelente notícia: As crianças e jovens gostam cada vez mais de livros. Afinal, nem tudo é mau.
Não se sabe bem se este fenómeno se deve ou não ao Plano Nacional de Leitura, mas é de supor que sim. É que, à sombra dele ou por meio dele, falou-se muito da necessidade da leitura, começando pelos mais novos. Com as famílias superocupadas e superpreocupadas, cabe às escolas e demais instituições a tarefa de estimular hábitos de leitura entre as crianças e jovens. E pelos vistos estão a cumprir, com resultados à vista, a função de os sensibilizar para o interesse pelos livros.
Com o advento dos meios audiovisuais e em especial da Internet, houve quem garantisse que a tendência seria para a marginalização dos suportes culturais de papel, livros e jornais, em especial. Mas tal não está a acontecer.
Penso que ultrapassada a fase inicial provocada pela novidade e pela possibilidade de andarmos pelo mundo, ao ritmo de um clique, as pessoas acabarão por regressar aos livros e jornais. Não pelo cheiro do papel e da tinta, mas pelo prazer que o seu manuseamento oferece e pela facilidade de os ter ali à mão, em cima dos joelhos, no bolso do casaco ou na mesa mais próxima.
Eu, que sempre estive familiarizado com livros e jornais, também conquistei o gosto pelas novas tecnologias e pela Internet. Mas os velhos meios de formação e de estudo, os livros e os jornais, nunca perderam o seu lugar na minha vida.
FM
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
O Fio do Tempo

A «situação espiritual»
1. Recentemente chegou-nos às mãos a colectânea das conferências da Conferência Gulbenkian que de 25 a 27 de Outubro de 2006 assinalou os 50 anos da Fundação. O pertinente e corajoso título, «que Valores para este Tempo?» trouxe a Portugal nomes grande da reflexão actual. Por trás da idealização da iniciativa, vale a pena apercebermo-nos da reflexão do grande e reconhecido pensador que foi Fernando Gil (1937-2006), entretanto falecido, não chegando a participar no congresso que fora convidado a preparar. Começava deste modo a reflexão de abertura de Fernando Gil: «Perante a angustiante “situação espiritual do nosso tempo”, diagnosticada há muitos anos por Max Scheler (1774-1928) […] parece oportuno interrogarmo-nos sobre o que se pode chamar, sem exagero, uma crise geral do sentido.»
2. Ideias estas tão importantes que, numa busca de coerência, nos farão reflectir, nos vários níveis de pertença social, sobre as necessárias interrogações. Não como quem paralisa na dúvida, mas como quem a sente viagem de descoberta. Se formos pela rua fora sobre o que se pensa da “situação espiritual” do nosso tempo arriscamo-nos a ser surpreendidos com posições que podem tocar, de um lado ou de outro, um certo extremismo de posições; como reacção crítica ou como aceitação acrítica. No fim de contas, e para que a vida tenha sentido, a busca de sentido é a tarefa mais importante da vida. A asfixia espiritual, por determinados conceitos ou preconceitos (?), continua a ser o reflexo dos fechamentos que são sementes de exclusão e intolerâncias. É urgente refocalizar o centro dos debates…
3. Uma dinâmica, como que sem contraditório, faz com que quanto menos se reflecte menos apetece pensar e reflectir. As faces técnicas e “fazedoras” da vida não darão as respostas essenciais ao nosso tempo, somente as respostas instrumentais. Não deixemos que o ser humano se instrumentalize ou ‘subjectivize’. Há tempo e lugar?
DOENÇA QUE A TODOS PODE AFECTAR COM GRAVIDADE

Um mestre espiritual de tempos recentes, Anthony de Mello, um jesuíta indiano dotado de profunda sabedoria da vida, culto, aberto e sensível à realidade das pessoas e do seu viver, escreveu, num dos seus livros, que doença grave que por aí grassa e pode atingir a todos, é a que ele chama, com a sua conhecida e habitual perspicácia e ironia, “camadas de gordura”.
Não se refere, como é óbvio, à tão falada e grave obesidade de crianças, jovens e adultos, que vem merecendo grande atenção e cuidados pelos muitos perigos que encerra e males que provoca.
Diz o mestre que, tal como acontece com o corpo, também a mente humana, pelas muitas aderências inúteis e graves, se pode tornar pesada e lenta, incapaz de pensar, observar, procurar e descobrir… E convida a olhar à nossa volta para que vejamos que a maioria das mentes estão entorpecidas e adormecidas, envolvidas por camadas de gorduras morais e psíquicas, desejando não ser molestadas nem sacudidas na sua modorra. E, como mestre sábio, ensina a ver quais são essas camadas, bem como os meios a utilizar para as dissipar e vencer, e adquirir, assim, a normalidade de uma mente que pensa, sente, vê e quer.
Aí estão as camadas perigosas: são maneiras de viver, por força de determinadas condições religiosas, politicas, culturais, que foram criando barreiras interiores, emparedando a mente e impedindo novos horizontes de vida; são ideias, acerca de pessoas e de coisas, que se foram sedimentando e tornando fixas, e se traduzem em rótulos que não mais se tiram e condicionam, por fim, conceitos e relações, empobrecendo-os e estratificando-os; são hábitos, não meramente mecânicos, que estes até nos ajudam na vida, mas hábitos que invadiram o campo do amor e da visão, impedem a interioridade e a contemplação, nos tornam insensíveis ao maravilhoso, ao que chega de novo carregado de bem e de beleza, nos fazem perder a criatividade e a capacidade de inovar e de apreciar o diferente das pessoas e das coisas; são apegos e medos que não nos deixam em paz, geram aversões e tensões, fixações e repulsas, e empurram a mente para um processo doentio.
Vendo bem, a doença é real e vai sendo epidémica, enchendo a sociedade de gente emparedada e aprisionada.
Como sair disto? Primeiro, que a pessoa acomodada se reconheça presa e emparedada; contemple, serenamente, os muros que lhe tiram a liberdade, consciente de que eles, muito observados, cairão por fim; leve tempo a observar as pessoas e as coisas que a rodeiam e veja-as libertas; sinta, tranquilamente, como funciona a sua mente, pois dela brotam pensamentos, sensações e reacções, e contemple, depois, sem pressas, o que se passa consigo, concluindo se afinal está viva ou se nem sequer dá pelos seus pensamento e reacções…Então, está em condições de começar a desprender-se das “camadas de gorduras” e de perceber que tem de procurar rumo. Uma vida inconsciente, diz o mestre, não merece ser vivida. É mecânica, robótica, mais sonho e morte que vida humana.
Uma nova visão do mundo e das pessoas aparece, como a daquele que se sujeitou a uma cirurgia às cataratas.
Não escondo que se torna difícil a muita gente tanto o reconhecer a doença como o querer libertar-se dela. Mas também aí se verifica até que ponto a vida tem ainda sentido ou a resignação cómoda já a destruiu.
António Marcelino
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