quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Desafios à nossa imaginação

A IM Magazine é uma revista que vive o propósito de mostrar "O melhor que se faz no mundo para um mundo melhor". Não sei se os meus leitores têm o hábito de aceitar as minhas propostas, que vou apresentando aqui ao lado. Umas mais felizes do que outras. Porém, todas válidas, pelos projectos que comportam e pelos conteúdos que nos oferecem. Há muitas outras, mas ainda não tive tempo de as pôr no meu blogue. Contudo, prometo que continuarei a pesquisar, para poupar tempo aos meus leitores. Hoje sublinho, pois, IM Magazine, na esperança de que a visitem...

Filarmónica Gafanhense

172 ANOS AO SERVIÇO DA CULTURA MUSICAL
Eu não sei se muitos gafanhões sabem que a Filarmónica Gafanhense vai completar 172 anos de existência. Mas é verdade. No dia 11, sábado, essa efeméride vai ser condignamente celebrada. Penso que nem sempre damos o devido valor às nossas instituições, sejam elas de carácter cultural, social, desportivo ou religioso. Mas devíamos fazê-lo, porque elas são o exemplo mais expressivo do entusiasmo dos nossos antepassados. Se eu pudesse consultar o historial de cada uma, para registar datas importantes das suas vidas, não deixaria de as divulgar, para que servissem de estímulo a quantos esperam que sejam só os outros a trabalhar para a sociedade. No sábado, pelas 16 horas, vai haver uma romagem ao cemitério da Gafanha da Nazaré, para homenagear os antigos músicos da banda. Às 18 horas, na igreja matriz, vai ter lugar uma eucaristia solene, acompanhada pelo coral da banda e pela Orquestra da Filarmónica Gafanhense. Pelas 21.30 horas, será a vez de um concerto musical no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, com apresentação da Banda Juvenil, Orquestra Jovem, Banda Filarmónica e Grupo Coral.
FM

O Fio do Tempo

Escutar e agir a «Palavra»
1. Está em realização, em Roma, o Sínodo dos Bispos dedicado à «Palavra de Deus». O encontro mundial dos líderes das comunidades cristãs das Igrejas locais, também com participantes da comunidade judaica, é um acontecimento eclesial preparado e abrangente. Bem interpretar, aprofundar o sentido, sentir a «Palavra» como elo gerador de laços de verticalidade e horizontalidade, é dinamismo essencial que, pela sua riqueza, se manifesta em ecos sociais como pluralismo, tolerância, construção de paz. Nesta linha, cumpre apreciar o sentido da escuta sempre mais apurada em diálogo com os «sinais dos tempos», uma procurada rica vivência teológica. 2. É um facto culturalmente incontornável que a experiência de Abraão (há sensivelmente 3850 anos), como atitude itinerante de procura de sentido para a vida, marcou também a essência das raízes do Ocidente, com valores que se foram aprofundando e abrindo no sentido da liberdade histórica com códigos comuns em Moisés (cerca de 3250 anos a.C.) e na unidade comunitária ideal conquistada pelo Rei David (há 3000 anos). Se hoje falamos de dignidade humana em democracia, e das noções a elas pertencentes como a paz, fraternidade, justiça, amor, toda este conjunto de valores referenciais das sociedades actuais têm na viagem bíblica também a sua alavanca significativa. 3. As Mensagens e os Valores não são um dado instantâneo, como se fosse um processo «dois em um». Precisam de ser aprofundados, meditados, reflectidos. Apagar a memória histórica que nos precedeu e garantiu a preservação de um conjunto de valores e princípios será a mesma coisa que deitar a perder o tesouro dos pilares de um edifício. Acreditar que «tudo o que sobe converge» (Teilhard de Chardin) ajudar-nos-á a compreender que neste caminho não há dicotomias, barreiras, mas complementaridades. Refrescar-se na «Palavra» superior (de Deus), quer significar subir em existência!

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Diocese de Aveiro inicia Ano Pastoral

Igreja Diocesana Renovada na Caridade é Esperança no Mundo
"A Igreja de Aveiro dedicou o anterior ano pastoral ao serviço dos mais pobres. Não se esgotou a nossa missão nem se extinguiu em cada um de nós e na Igreja de Aveiro a generosidade e a caridade. Esta não acaba nunca. O serviço aos mais pobres exige atenção demorada e criativa. Implica proximidade e escuta. Necessita de persistência e de aprendizagem. Procura respostas novas e concretas para problemas novos e para pessoas concretas, únicas e irrepetíveis. É necessário ir ao coração dos problemas sociais para proteger os mais frágeis e promover a sua dignidade, fonte essencial de um novo olhar e de um novo agir. Um olhar e um agir guiados e iluminados pela esperança que nos move e que não engana. Contribuir para o bem comum e para a justiça social é responsabilidade de todos: pessoas individuais, Igreja e Estado. A acção da Igreja de Aveiro neste campo, as várias iniciativas programadas, as propostas de formação apresentadas, a Semana Social Nacional a realizar em Aveiro no próximo ano vão certamente intensificar e optimizar tanto bem já realizado e mobilizar toda a Comunidade nesta vanguarda de serviço afectivo e efectivo aos mais pobres. A pobreza não é uma fatalidade nem pode ser uma tirania a subjugar os mais frágeis ou desprotegidos. O bom combate da fé de que Paulo nos fala também é este: contra o mal, contra o pecado e contra a pobreza."
Da Comunicação de D. António Francisco na apresentação do Plano Pastoral, que decorreu no Seminário de Aveiro, na tarde de 5 de Outubro de 2008

O Fio do Tempo

A identidade da “regulação”
1. Sem dúvida que um novo cenário de mundo vai emergindo. Com mais intensidade que a dialéctica natural da história, em que mesmo com os arrepios das contrariedades vai crescendo na dinâmica da ascese, a certeza é que os tempos actuais são de recapitulação. Esta, por si, costuma ser redefinidora das ideias e das práticas. Já não há dúvidas que nada será como dantes. Os factores em jogo nesta crise internacional, quase um 11 de Setembro da economia em que todo o mundo está em rede, farão dela o centro de muita reflexão sobre como nos relacionamos com os factores socioeconómicos neste início do séc. XXI, na contagem ocidental. 2. O ajustamento em curso terá na palavra «regulação» o novo «eixo da roda» em torno do qual o futuro próximo se vai desenhar. A releitura do séc. XX, no diálogo (agora mais serviçal que bélico) dos dois sistemas de mundo, terá a oportunidade de procurar a síntese. Se salta à ribalta real o falhanço da completa liberdade na «lógica de mercado», esta, na justa análise adulta e honesta, não pode fazer esquecer que as lógicas estatizantes aprisionam a fluência saudável, necessária e natural das trocas de bens. É oportuno fazer lembrar a palavra dos sábios. João Paulo II quando lançava o olhar crítico sobre o comunismo destacava também as falácias do capitalismo, quando desregrado. 3. O desafio da ética económica é o novo imperativo que se ergue. Até agora também o foi na teoria; mas agora na prática. A confiança a recuperar não assentará mais na especulação mas na credibilidade, e esta conquista-se na ética da intocabilidade dos deveres comuns. Também pode brotar o perigo da «regulação» insubstituível dos Estados (que falhou porque as economias assim ditaram…) vir a significar controlo ou mesmo domínio. É uma fronteira difícil mas essencial a ressituar. O pior de tudo que poderia provir era o retorno dos paradigmas estanques. A verdade está no «meio» mas não abdica da ética universal. De todos!

O MAL SÓ ACONTECE AOS OUTROS

Na história recente têm-se multiplicado os problemas sociais. De repente, quando todos imaginamos que o mundo rola sobre rodas afinadas, caem sobre nós os dramas de muitos povos, com catástrofes, crises económicas e sociais que ninguém soube prever nem evitar. Há tempos, sem que alguém o esperasse, a subida do petróleo disparou para valores inimagináveis. Com essa subida, toda a economia ficou baralhada, deixando os investidores confusos e os trabalhadores preocupados. Presumo que poucos possam imaginar os reflexos dessa subida de preços na vida das pessoas, sobretudo nas que vivem exclusivamente do seu trabalho ou das suas pensões de reforma. Agora, aí temos a falência de bancos e de outras estruturas paralelas a afectarem o quotidiano de imensa gente, ao ponto de todos começarmos a olhar uns para ou outros, como quem espera respostas para as dúvidas em relação ao futuro. Infelizmente, não vejo quem possa apontar soluções para se ultrapassar a crise. O desespero invade o homem comum. A dúvida está em saber onde se encontra a porta certa para tranquilizar as pessoas. As políticas e os políticos começam a ficar confundidos. As reuniões e as decisões multiplicam-se, mas a crise está para ficar. E nós, com o velho hábito de acreditar que o mal só acontece aos outros, temos de começar a pensar que também nos pode chegar um dia destes. Com a economia, como é conhecido, a dominar tudo e todos. FM

Escola da Ti Zefa

Escola da Ti Zefa, hoje oficina de bicicletas e motorizadas
Antigos alunos querem encontrar-se
Nos últimos dias, têm-se repetido as consultas, no sentido da viabilidade de um encontro de antigos alunos da escola da Ti Zefa. Alguns amigos, que por lá passaram, muitos deles há mais de sessenta anos, perguntam-me se será possível organizar uns momentos de convívio, para recordar e sobretudo para matar saudades. A ideia, tanto quanto sei, partiu do José Maio, que não vejo há anos. Sei que emigrou e que já regressou, mas a verdade é que não o tenho visto. O mesmo acontece com outros, que o tempo tem abastado do nosso convívio. De quando em vez lá me vou cruzando com um ou outro, e então há sempre uma troca de impressões sobre a vida, com o passado a marcar presença nas nossas conversas. E não faltam perguntas sobre este ou aquele colega que anda longe dos nossos olhares e dos nossos caminhos. Também vamos sabendo de um ou outro que já não está entre nós, embora se mantenha no nosso espírito. Aos que me abordam sobre a possibilidade do encontro, digo sempre que estou disponível e que só aguardo ordens para aparecer onde for preciso, para a cavaqueira que se impõe. Recordar é viver. Todos sabemos disso. Mas não podemos ficar simplesmente pelas ideias; é preciso mesmo deixar os nossos comodismos e avançar. As nossas recordações estão à espera de soltar as amarras para verem a luz do dia, em conversa franca e amiga uns com os outros.
Fernando Martins

O INVESTIMENTO

Alunas na aula de informática (Foto do meu arquivo)
Anunciou, logo no início da aula, mal a professora entrou, que fazia anos. Era um aluno irrequieto, com a força do mar espelhada nuns olhos verdes, transparentes, quase perturbadores de tanta limpidez! Cativava, o malandro! Pela sua irrequietude, pela sua beleza de porte selvagem, nos olhares, nos gestos, nas atitudes largas! A professora tinha alguma dificuldade em o manter quieto, atento, nas aprendizagens que era preciso fazer. A Escola tinha regras... o programa estava ali para ser cumprido. Às vezes, afigurava-se bem comprido... Hoje o B. estava excessivamente irrequieto... a efeméride do dia estava a perturbá-lo. Observando esta postura e na tentativa de o acalmar, aproxima-se dele a professora e fixa-o intensamente no olhar... aqueles olhos verde-água, que não cansam a vista de ninguém! Permanecendo em silêncio, por largos momentos, desperta no B. a curiosidade e a excitação de adivinhar aquilo em que a mestra cogitava. Esta, para ganhar tempo, diz-lhe: – Não te posso dizer agora, só no fim da aula... Ficou-se por aí. Cumprido o ritual da saída, a professora pede ao aluno que a acompanhe à sala dos professores. É hábito este gesto ser indiciador de algum merecido castigo, pois, ali ao lado, costumam alguns alunos tomar um curto “banho de assento”. O sorriso da professora não deixara margem a medos, fora cúmplice e o B. percebera-o! Depois de combinar com o Director de Turma, surgem os dois professores à beira do aluno, junto à porta, com ar austero. A professora dá-lhe os parabéns, afirmando que, dali para a frente, conta com a prestimosa colaboração deste novo Assessor de Disciplina, nomeado, ad hoc, na presença e com a conivência do seu Director de Turma! Juntamente com os dois beijinhos da praxe, a professora entrega ao aniversariante, como prenda improvisada, uma barrita de cereais, que levara consigo, para acalmar as necessidades do estômago. Professor sofre! Mas… professor não cessa no esforço de encontrar, na pedagogia, a solução, a ajuda, o milagre para levar a sua missão a bom porto! Madona

Adeus Marx, adeus capital

A economia está na ordem da hora. Reparem nos relógios, nos ecrãs, na histeria dos espectáculos bolseiros, nos sinais, na pressa, na subida, na descida, no sentimento positivo ou negativo. Tudo se passa como um relâmpago, começando em Wall Street e passando por Londres, Tóquio, Madrid ou Lisboa. E chega à nossa porta. Ao nosso bolso. Não contávamos com isto. Pelo menos para já. Neste novo milénio tivemos o 11 de Setembro, os arredores de Paris a arder, atentados no Iraque e Afeganistão, ameaças nucleares nalguns países, África por vezes a emergir, outras com a pobreza no pico mais alto, os barris de petróleo a fazerem rolar os painéis nas bombas de gasolina, nas viagem de qualquer tipo, no preço do pão de cada dia. Diremos simplesmente que as leis são mais fortes que as vontades e as vontades que criam leis de justiça ou injustiça não mudaram. Vivemos a convulsão do “já e ainda não”, com os grandes do mundo mais assustados que os pobres, pois as suas perdas são mais arrasadoras que as perdas do cidadão comum. Mas as astúcias ganham cidadania. O dinheiro é jogo, especulação, ameaça, retracção, bluf, enganos contínuos para que a ilusão seja impulsionadora de negócio e o boato determine novas formas de lucro. Os poderes públicos já se sentiram ultrapassados. Uma espécie de terrorismo económico tornou-se determinante no xadrez de troca de capitais e bens – móveis ou imóveis – que nos leva a sentir-nos em estado de emergência e dúvida económica sistemática, decretada pelos prestidigitadores da moeda, dos juros, dos lucros, das subidas e descidas das acções como roleta constitutiva do nosso sistema económico. Adeus Marx, adeus capital. Nesta matéria mentir não é bom. Mas dizer a verdade toda pode ser arriscado. Pode gerar efeito dominó. Cada qual lança ou paralisa o seu investimento, o pequeno ou grande sinal de compra e venda, e abre uma caixa surpreendente de consequências. Bento XVI na abertura do Sínodo referiu-se a esta crise como reveladora da “futilidade da corrida ao dinheiro”. Não se vislumbra, por enquanto, saída para este estado de crise. Mas nem por isso podem ficar de fora as atitudes éticas no pequeno e grande mercado, nos negócios onde o ser humano está no centro e o mais frágil merece o maior respeito. A Igreja reafirma hoje mais veementemente a sua doutrina social, sejam quais forem os novos meios e técnicas em que se envolva o trabalho humano. O trabalho continua a ser um direito e um dever de todos, na continuidade da criação, na relação com o capital, no título de participação de todos, nas obrigações do Estado, no mundo agrícola e industrial, no mundo universo migratório, nos direitos da mulher, na remuneração equitativa, na distribuição dos rendimentos, nas novas formas de solidariedade e nas surpresas constantes da orgânica do mundo laboral. O ser humano é o mesmo. E continua indiscutível a frase de Cardijn: as coisas têm preço, os homens têm dignidade. António Rego

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O Fio do Tempo

A caravela da motivação
1. Pessoas visionárias e motivadas geram projectos e envolvimentos ambiciosos. O contrário também é verdade: desmotivação atrai pessimismo, crise, incerteza, desconfiança, negritude, depressão, recessão. É preocupante observar-se que a conjugação desta sequência de palavras “negras” começa a ocupar espaço demasiado como se de uma nuvem chuvosa se tratasse. Os tempos económicos actuais são também esse reflexo consequencial de que a «pedra angular» da construção social tem sido colocada bem mais na sedutora face «material» do ter que nos valores profundos que dão sentido e Ser à vida. A cultura do efémero, do plástico, do «de repente» invadiu os territórios da sabedoria tirando-lhe o lugar. 2. De 85 anos de vida e 65 de partilha pública de ideias, o reconhecido ensaísta português, Eduardo Lourenço, esteve nestes dias entre nós. Na Universidade de Aveiro e em Portugal, a convite do Centro Nacional de Cultura, sendo homenageado pela Fundação Calouste Gulbenkian. Lourenço, estudioso dos valores e essências da mitologia clássica europeia e portuguesa, esteve no programa «diga lá excelência» (Público, RR, Canal 2). A sua entrevista (Público, 05-10-2008) é mais um contributo irrecusável para compreendermos quem somos, dos lados de crise aos de aventura, como necessidade de «sair» de si para (idealmente) se encontrar. 3. Destaca Lourenço que os portugueses lá fora são conhecidos pela «caravela». Vem essa imagem dos tempos do «milagre» de um país tão pequeno chegar tão longe nas descobertas. Comentava-se que esse milagre nos aprisionou, pois que nos viria substituir no compromisso diário de embarcar. Se «cada pessoa que se eleva, eleva a própria Humanidade», então as dificuldades de cada época trazem mesmo consigo esse ouro no crisol que pode gerar uma nova forma. A motivação não é um milagre que venha de fora; constrói-se no compromisso e no rigor diário a que nos habituarmos. Alexandre Cruz

Um livro de Ana Maria Lopes

“Jorge Godinho”
Se fosse vivo, Jorge Godinho teria completado 70 anos no passado dia 5 de Janeiro. Nasceu nessa data, em 1938, e faleceu em 16 de Junho de 1972, vítima de leucemia. Era casado com Ana Maria Lopes e quando morreu os seus dois filhos, o Pedro e o Miguel, tinham, respectivamente, 6 anos e 16 meses. O livro nasceu, segundo a autora, a pensar “nos nossos netos que não conheceram o Avô”. E decerto, também, a pensar nos filhos, que pouco tempo tiveram para conviver com o pai. Mais ainda, julgo eu: a pensar na importância de deixar como herança, aos familiares e amigos, as marcas indeléveis de um homem, marido, pai e depois avô, que soube viver o seu tempo com elevação. Para além das evocações fundamentais da vida de Jorge Godinho, por sinal irmão de Cecília Sacramento, minha querida e saudosa professora de português, Ana Maria Lopes revela facetas artísticas de seu marido, durante sete anos, pois era um exímio executante da guitarra de Coimbra. Lendo esta obra, a autora leva-nos a viajar com Jorge Godinho pelo mundo do fado coimbrão, tão cultivado pela academia. E nessa viagem, cruzamo-nos com artistas que fizeram escola, alguns dos quais ainda podem deixar-nos impressões vivas do convívio que mantiveram com o biografado. Luiz Goes, José Niza, Jorge Tuna, Octávio Sérgio, José Miguel Baptista, Durval Moreirinhas, José Afonso, Fernando Rolim, António Portugal e Levy Baptista e tantos outros são evocados por Ana Maria Lopes nesta obra, em edição de autora, que os ex-alunos, amigos e familiares do homenageado hão-de ler e reler com saudade. Jorge Godinho licenciou-se em História e Filosofia, tendo exercido a nobre missão de ensinar até à sua morte. E pelo testemunho de um aluno, Naia Sardo, ele foi um professor de Filosofia que soube fornecer aos estudantes “as bases das correntes doutrinárias das várias épocas e países”, que os “ajudaram a ser homens válidos para a sociedade actual”. Por sua vez, Octávio Sérgio recorda “a sua sonoridade, o dedilhar, o timbre, a clareza de notas, enfim, a qualidade da sua execução era superior”. E Durval sublinha: “Eu, tu, o Tuna, o Zeca, o Adriano, o Niza, Sutil Roque, o Marta, o Octávio, etc., etc., fizemos parte desse caldo de cultura cúmplice, fraterno, solidário, que nem os maus momentos conseguiram destruir.” Ao referenciar o seu falecimento, o Correio do Vouga escreve, em 23 de Junho de 1972: "Corajoso na doença, dedicado aos seus alunos e amigos, optimista na visão dos acontecimentos, espírito inteligente e culto, foi professor que se impôs pela sua competência profissional e pelas suas invulgares qualidades de carácter, de compreensão e de bondade." Completam o livro inúmeras ilustrações da vida de Jorge Godinho, desde criança até à sua intervenção social, passando pela família e pela vida académica e artística. Neste sector, sobressaem as capas dos discos em que deixou a sua marca de guitarrista, no Fado de Coimbra, da sua e nossa geração.
Fernando Martins
Nota: O livro de Ana Maria Lopes, “Jorge Godinho”, foi lançado no sábado, em Coimbra, na Galeria de Arte Santa Clara.

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Animais das nossas vidas

O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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