terça-feira, 27 de maio de 2008

Searas de Portugal


Os nossos emigrantes fazem sucesso um pouco por todo o mundo. Desde sempre. Portugal foi desde as suas origens um país de emigrantes. Mas também de imigrantes. E disso nos tem dado nota a nossa história. Tão rica, mas nem sempre conhecida.
De vez em quando vamos sentindo essa realidade através dos meios de comunicação social, com reportagens saborosas, mostrando as marcas indeléveis dos portugueses através dos séculos.
Mas as actuais gerações também têm enriquecido o mundo com a exportação da nossa cultura para outros ambientes. E os nossos emigrantes, saudosistas como poucos, ou não fosse a palavra saudade uma das nossas criações mais sublimes, nunca esquecem as suas e nossas raízes.
Frequentemente, recebo reflexos de alguns que um dia partiram em busca de uma vida mais risonha. Como foi o caso de hoje. Outros terão ido pelo gosto da aventura, ou por um certo inconformismo com o que a terra-mãe lhes (não) dava.
O meu amigo e leitor José Ferreira remeteu-me um “site” que transportava uma entrevista com o Alberto Ramos, meu vizinho, que um dia emigrou para o Canadá, lá se radicando até hoje com a família. Não o vejo há muito, mas recorda o seu sorriso e a sua arte de executante musical.
Fiquei satisfeito de ver como ele nunca esqueceu a música e as canções, animando os portugueses, e não só, nas suas festas, que as pessoas não vivem nem podem viver só para o trabalho. O conjunto musical, Searas de Portugal, com Cantares do Nosso Povo, não se cansa de recordar as músicas de Portugal, do Minho ao Algarve, passando pela Madeira e pelos Açores.
Constituído por cinco homens e três senhoras, aqui ficam os nomes, com apelidos que estão na minha memória e nos meus ouvidos: Rosa Ramos (adufe e solista), Rosa Ribau (adufe e solista), Ilda Teixeira (acordeão), Alberto Ramos (solista, viola e cavaquinho), José Rebelo (acordeão e coro), João Ribau (viola baixo e coro), Paulo Lourenço (instrumentos tradicionais e coro) e João Cardoso (bombo e coro).
Sendo certo que o grupo musical tem actuado quase em todo o Ontário e Quebeque, alimenta, contudo, o sonho de cantar, um dia, nas festas e romarias do nosso País. E por que não nas festas das nossas Gafanhas? Quem o convida?

FM

Na Linha Da Utopia

A arte de (sobre)Viver
1. Não admira que comecem a crescer, mais ainda, mil e uma formas de pensar e de espiritualidade, porventura nem sempre tão saudáveis, que vêm propor soluções mágicas ilusórias que na prática não se conseguem atingir. Para quem está bem acima destes problemas da maioria da sociedade portuguesa até pode dizer, comodamente, como há dias referiu o Sr. Ministro da Economia: os portugueses que poupem mais! Bom, pode-se poupar quando há recursos para isso; que o digam a este respeito os que estão no topo da tabela salarial nacional ou que tiveram a lotaria de chorudas reformas auto-conquistadas e pagas, efectivamente, pelos contribuintes. Quando se dizem esses chavões para os portugueses pouparem mais, sente-se claramente a distância entre dois mundos: os regalados que podem dizê-lo abertamente e os que no silêncio contam os cêntimos em todas as coisas para ver se conseguem gerir a vida. Esta é a realidade, que assusta milhares de famílias a caminho da pobreza, numa grande parte de classe média em asfixia. Talvez o discurso devesse ser: que os portugueses inventem mais, estudem mais, cultivem mais! 2. Ainda há dias tivemos a confirmação de que os papéis das promessas mágicas do «professor» Baba, Bobo, Bubu… ganharam nestas semanas uma maior força nos automóveis das cidades. A todas estas magias a «crise» é o terreno favorável, em que diante da incultura espiritual, nas horas de aflição corre-se e recorre-se a tudo, mesmo gastando mundos e fundos. Talvez valha a pena dizer-se claramente que todas essas promessas não são verdadeiras e que todas as energias se devem, sim, concentrar, criativamente na procura de soluções dignificantes dentro de nós. No grito pela sobrevivência, a sedução do «mágico» promete ilusoriamente fora de nós. Não é fora da pessoa humana, mas dentro da profundidade do ser que a esperança nos pode despertar para novas formas de nos reinventarmos diante dos problemas da vida. Diante do panorama de crise e grave instabilidade, já não falamos só da loucura dos portugueses pelo mágico Euromilhões, mas da tentação das soluções fáceis e imediatas de todos esses professores que é pura falácia de ignorância sobre «si mesmo». 3. Conhecer-se e alimentar-se interiormente a si próprio, nas horas boas e nas horas difíceis, é tarefa cada vez mais importante. Mesmo para manter o equilíbrio emocional, intelectual, existencial. A espiritualidade, a filosofia, a religião, as igrejas, são esse «lugar», como que fora do tempo e do espaço, de reinvenção da própria vida e da arte de viver. Quem disse que as religiões tiverem a sua época estava e está enganado. A espiritualidade humana, como fenómeno de projecção de toda a esperança existencial, floresce por todo o lado, mas tantas vezes assente nos bens materiais ou prometendo mundos e fundos absolutamente irrealistas. E as pessoas acreditam! Especialmente em tempos de crise, esta desordenança do ser pode-se agravar. A espiritualidade verdadeira, o autêntico cultivo dos valores profundos, oferece outro caminho: a paz, a serenidade, a redescoberta da esperança, a consciência que o ser humano é (criado) à imagem de Deus-Amor. Aqui tudo estará reequilibrado, também na redescoberta comprometida de forças vencedoras! Alexandre Cruz

SINES: Encontro das Praias

Igreja de Nossa Senhora das Salas



Realizou-se, no domingo, em Sines, o Encontro das Praias, que contou com a participação de 750 pessoas, de Norte a Sul do País, ligadas directa ou indirectamente ao mar. De Aveiro, por iniciativa do clube Stella Maris, da Obra do Apostolado do Mar, esteve presente uma delegação, constituída por 33 representantes da Gafanha da Nazaré, Gafanha da Boa Hora, Torreira e Costa Nova, em autocarro cedido pela Câmara Municipal de Ílhavo.
As cerimónias tiveram como ponto alto a eucaristia, presidida por D. António Vitalino Dantas, Bispo de Beja e presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana. Participaram ainda o padre Carlos Noronha, pároco de Buarcos e director Nacional da Obra do Apostolado do Mar, o pároco de Sines e dois diáconos permanentes de Aveiro, Joaquim Simões, presidente do Stella Maris da nossa diocese, e António Delgado, colaborador da mesma instituição.
A Eucaristia foi celebrada num largo contínuo à igreja mandada construir pelo Navegador Vasco da Gama, em honra da Nossa Senhora das Salas, a qual está neste momento a funcionar como Museu. Depois do almoço, partilhado, não faltaram as conversas em ambiente de franco convívio, entre membros ou amigos dos diversos clubes e das praias que aderiram a esta iniciativa da Obra do Apostolado do Mar.
De seguida, foi a vez de todos se dirigirem ao Congresso das Artes, onde estava patente ao público uma exposição sobre o “Pescador”, aí pontificando os seus barcos em miniaturas, as suas redes e a explicação de toda a faina, com fotografias de mais de 150 pescadores, sobretudo de tempos já passados.
Sublinhe-se que, tanto na ida como no regresso, se criou um certo espírito de peregrinação, com a oração de Laudes e com a passagem por Fátima, para uma visita a Nossa Senhora, na capelinha das aparições, onde todos “conversaram” com Ela e d’Ela terão recebido alguns “segredos”.
No próximo ano, o Encontro das Praias terá lugar em Viana do Castelo, esperando-se que a representação de Aveiro seja mais numerosa.

PONTES DE ENCONTRO


Vaticano critica a falta de vontade política na crise alimentar

O director dos serviços de informação do Vaticano, padre Federico Lombardi, lamentou “a falta de vontade política” para resolver a crise alimentar mundial, numa reflexão sobre o “vertiginoso” aumento dos preços dos cereais.
O Padre Federico Lombardi fez estas declarações no programa do Centro Televisivo do Vaticano, “Octava Dies”, no início do mês de Maio, considerando que o espectro da fome, devido ao aumento dos alimentos, deve “interpelar as consciências, pois não se deve à falta de capacidade do homem produzir alimentos.”
Este responsável do Vaticano, lembrou, no referido programa televisivo, que no ano de 2000 “a maior cimeira de Chefes de Estado da história proclamou, solenemente, a Declaração do Milénio da ONU, onde enunciava os oito mais urgentes objectivos, a atingir até ao ano do ano 2015, para o bem da humanidade, sem que, até agora, se tenha feito algo de concreto para o seu cumprimento e aplicação, apesar de se terem passado quase oito anos sobre a sua assinatura.”
Recordo que, no passado dia 17 de Abril, tive ocasião de escrever, aqui, um texto: “ONU: que objectivos para o ano 2015?”, através do qual deixava explícita a facilidade como a comunidade internacional assume, só através das palavras, compromissos de acção e a dificuldade que tem em concretizá-los, em actos concretos.
Infelizmente, tem sido esta a regra que impera nos grandes centros de decisão mundial - e a ONU, através, deste exemplo, e não só, é um deles –, em que não só vão adiando o que é inadiável como se deixam que situações gravíssimas, quer sejam políticas, humanitárias ou ambientais, se agravem ainda mais, perante a indiferença e a passividade dos responsáveis políticos.
Vindo de um responsável da Santa Sé, esta análise crítica ganha uma dimensão maior e realça que entre as boas intenções proclamadas e os actos (não) praticados grande e determinante é a diferença. Vivemos, pois, num mundo de promessas não assumidas e permanentes de mentiras, para justificar o seu não cumprimento.
Este porta-voz do Vaticano sublinhou, ainda, que o número de pessoas desnutridas e com fome está a crescer novamente, numa crise que não parece passageira, para logo acrescentar “o que falta no mundo não é comida ou capacidade para produzi-la, mas vontade para resolver o problema mais grave que aflige a humanidade.”
Citando estudos de especialistas, o padre Federico Lombardi menciona três causas para este fenómeno: “ a distorção no mercado, provocada por subsídios à agricultura dos países ricos; a nova produção de biocombustíveis; o maior consumo de carnes em grandes países como a China e a Índia, de forma que boa parte da produção agrícola já não se destina directamente aos cereais para a alimentação humana, mas animal.”
Apesar de já não ser a primeira vez que o Vaticano toma posição sobre a mais recente crise alimentar mundial, estas afirmações do seu porta-voz reforçam a atenção e a preocupação com que a Igreja Católica acompanha o evoluir desta crise.
Como já tive ocasião de referir, precisamos, urgentemente, de uma nova ordem mundial, mais justa e equilibrada e, para isso, a vontade do homem é o fundamental.
A manter-se tudo na mesma, acabará por ser a fome, a miséria e o desespero que acabarão por criá-la, da forma mais dolorosa, inclusive para os próprios que nada fazem, neste momento, para que ela surja.

Vítor Amorim

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Na Linha Da Utopia

Primeiro Jogo de Futebol em Portugal

Futebol, história ao contrário

1. Regressados de Inglaterra, corria o ano de 1888, os irmãos Pinto Basto trouxeram a primeira bola de futebol. Na história ficou gravado que Eduardo Pinto Basto organizou o pontapé de saída, a primeira partida de futebol realizada em Portugal. Foi há 120 anos, o princípio de uma história que cresceu, desmedidamente, também por esse mundo fora, fazendo dele uma brincadeira muito séria que, passo a passo, fomenta encontro de nações, controla as emoções, multidões, e consequentemente mesmo os poderes. Não deixa de ser curioso que o clube fundado pelos irmãos Pinto Basto ainda hoje existe, mas seguindo a sua matriz originária de amadorismo. No séc. XX a história dos países europeus e das suas grandes metrópoles confunde-se com o crescimento dos grandes clubes de futebol, tantas vezes usados como afirmação de um poder e glória que até ocultasse as verdadeiras e difíceis realidades internas.
2. Como em tudo, há quem goste e quem não goste de futebol. Saudável a multiplicidade de gostos, mesmo diante de um fenómeno popular incontornável que se tornou num símbolo e máquina poderosíssima, com as ténues fronteiras que isso significa. Há quem «adore» e viva (n)os clubismos; quem só goste dos jogos europeus, ou quando há equipas «nossas» contra os «outros». Também há quem aposte unicamente no gosto da selecção nacional de futebol, esquecendo todas as outras selecções nacionais de todos os outros desportos. Há, ainda, quem, até por outros gostarem, não podem ouvir falar de futebol, fundamentando-se na rede dúbias de cumplicidades futebolísticas que tocam fenómenos de doping ou corrupção. Enfim, todos os gostos e desgostos fazem parte desta história que é das realidades que, mesmo em tempos de crise e em cenários salariais escandalosos de jogadores endeusados e treinadores, resiste à própria história.
3. Também, há realidades que custam a entender. Nestes dias, o presidente de um grande clube, Sporting, afirmou peremptoriamente: «O Governo tem de decidir se o futebol é uma actividade importante para o país. O futebol deu projecção a Portugal? Então fomente-se a actividade.» (jornal Record, 26-05-2008). Custa a ler e a entender, o que demonstra bem o que se está a passar. Se há sector que Portugal tem fomentado, até demais, é o futebol; não só os estádios do Euro, mas uma «futebolomania» atravessa quase todos os sectores da sociedade como vontade popular. Não peçam os clubes aos políticos cobertura para tantas loucuras salariais e patrimoniais por vezes cometidas. Não peça o Inter de Milão dinheiro à Câmara Municipal ou ao Governo para pagarem os salários ao milionário José Mourinho que nestes dias assina três anos pelo Inter, em que receberá de vencimento 9 a 10 milhões de Euros por ano, «livres de impostos»?! Ainda por cima o treinador mais bem pago do mundo não vai pagar impostos…!
4. Futebol sim, loucura não! Mas já há muito que esta fronteira desapareceu. Os adeptos fazerem greve?! Impossível, há dependência total. Parece mesmo que o futebol é uma história ao contrário da vida (de crise social), para já não falar no que está a acontecer com a conta de Cristiano Ronaldo! Quanto mais golos marcarem as emoções em catarse, menos lugar há para a razão dosear o escândalo desta história. Na Europa está-se por tudo, seja o que for! Até quando? Não seria possível uma festa futebol mais saudável?

Alexandre Cruz

Moliceiros ao abandono apodrecem em terra


"Três dos nove barcos moliceiros que a Câmara de Aveiro mandou construir entre 1998 e 2001 e ofereceu a diversas instituições locais estão abandonados e em terra, em adiantado estado de degradação, correndo riscos de apodrecer. Outros dois encontram-se no Cais do Bico, na Murtosa, perto das instalações da Associação dos Amigos da Ria e do Barco Moliceiro."
Leia mais no JN

A Casa Gafanhoa

"Quando pela primeira vez entrei em casa do tio João confirmei que era muito semelhante às casas dos outros gafanhões agricultores que eu já conhecia. Um pouco melhor, que o nosso patriarca era pessoa de bom gosto e de bens. Havia quartos para toda a família, mobilados e com boas roupas de cama. Notava-se asseio e mãos de mulher no arrumo de tudo. Eram as mãos da esposa, mas também das filhas solteiras que viviam mais para a casa do que para a agricultura.Nas habitações normais dos demais lavradores, a cozinha lá tinha a trempe de ferro, panelas de três pés, aparadores, mesa e bancos toscos, talheres de ferro e de cabo de osso, passando pela cantareira com a respectiva cântara de ir à fonte buscar água."
Leia mais em A Casa Gafanhoa

PONTES DE ENCONTRO


Globalização para todos ou benefícios só para alguns?

Desde que começou a ser conhecida, de uma maneira mais generalizada, pelo cidadão comum, a crise da falta de alimentos, bem como dos seus brutais aumentos, e a consequente maior dificuldade dos mais pobres ao acesso à comida básica, para o seu dia-a-dia, alguma coisa se tem escrito, no “Pela Positiva”, tendo, tanto quanto é possível, a preocupação da informação, mas, sobretudo, de procurar dar referências que levem os leitores a pensar e a reflectir nas causas que estão subjacentes a tudo o que diz respeito ao homem e à sociedade, em geral.
As expressões “cidadania exigente”, “especuladores sem rosto”, “regulamentação da economia internacional”, entre outras, têm sido repetidas, aqui, com alguma frequência, na medida em que elas estão intimamente ligadas a este fenómeno planetário e há que perceber e aceitar que existe um outro mundo para além de nós próprios, mesmo que o queiramos ignorar, mas que condiciona, decisivamente, a vida e o futuro de cada cidadão, esteja ele onde estiver.
Obviamente, haverá sempre quem desvalorize ou procure ignorar estes acontecimentos, fazendo deles um problema dos outros. Quem assim procede ou finge viver na ilusão ou já se conformou com a vida que tem, abdicando do seu direito e dever de cidadania responsável, exigente e crítica, quando for caso disso, tanto para seu benefício, legítimo, como da restante comunidade humana.
Desde o aumento do preço do petróleo (com o muito de especulativo que contém no seu valor), passando pela desvalorização do dólar americano, pelo aumento da procura de alimentos pelas economias emergentes, pelos anos de más colheitas (caso da Austrália, Canadá, e EUA), pela ocupação dos terrenos para a produção de biocombustíveis (parcialmente, já classificada pela ONU como “crime contra a Humanidade”), pelos baixos stocks mundiais de cereais, pelas alterações climáticas (com um aumento da desertificação de grandes regiões na África e Austrália), de tudo se tem falado, e com razão, pois trata-se de um situação multifacetada nas suas origens.
Uma coisa, porém, sabemos: a fome, enquanto realidade conjuntural, sempre existiu e muito se tem feito para a combater. Agora, a fome, enquanto realidade global, não é obra do acaso, mas sim uma criação, involuntária ou propositada, do Homem. E é isto que faz toda a diferença, para não ficarmos indiferentes ou calados.
Deixei para último lugar a questão da especulação, tantas vezes aqui referida. Desta autêntica praga, a Comissária Europeia da Agricultura, Marianne Fischer Boel, disse ao “Diário Económico”, no dia 29 de Abril, do corrente ano: “Não se deve subestimar a importância que a especulação tem para fazer mexer os preços.”
Já na edição do jornal “Expresso”, do passado dia 3 de Maio, Fernando Madrinha, colunista e Director de revista “Courrier Internacional”, escreve:”... será responsável pela grande percentagem dos aumentos: a acção dos especuladores, que jogam não com a falta de produtos, mas com a perspectiva, ou a simples hipótese de eles viram a faltar. Na economia de mercado globalizada, as malfeitorias desses especuladores (…) é incontrolável enquanto não houver regulação mundial de cuja necessidade todos falam, mas com que, de facto, só se preocupam as primeiras vítimas, isto é, os pobres e fracos. Daí a margem que resta para combater os especuladores dentro de cada país deve ser usada até ao limite, sob pena de se tornarem eles os verdadeiros governantes [do mundo].”
Não que estas afirmações nos sirvam de consolo algum. Antes indicam que o caminho que temos que continuar a trilhar tem que ter como prioridades a seriedade e a isenção, ainda que não profissionais da comunicação social e não imunes ao erro, que, a acontecer, será sempre involuntário.
Vítor Amorim

domingo, 25 de maio de 2008

Na Linha Da Utopia


A Especulação

1. Foi há já alguns anos que algumas mediáticas mega-empresas norte-americanas, da área de novas tecnologias, abanaram com a credibilidade do sistema económico bolsista. Grandes empresas e grupos, gerados e sediados porventura num pequeno gabinete, com pendor decisivo no potencial comunicador informático mais sofisticado, fizeram notícia pela sua virtualidade e pela forte aposta no factor imagem, este mais privilegiador do arriscar incerto no futuro do que das garantias seguras do presente. Ao que parece, esse factor desenvolveu-se; a ponto de hoje, dos registos humanos das modas e famas aos económicos da feroz concorrência diária, contar bem mais a aparência que a essência. Este facto apresenta-se como uma clara espada de dois gumes, fazendo da especulação (do que se deseja) um dado incerto quando não mesmo enganador e injusto.
2. O que tem ocorrido nestas últimas semanas, após a crise dos mercados americanos na área da especulação imobiliária, mostra bem o terreno da globalização que o mundo pisa. Não só pelo gritante escândalo, mas pela verdade ética global urgente, está a chegar o tempo dos «antípodas» se encontrarem, os que são contra a globalização económica em diálogo com os que são a favor do seu liberalismo, a fim da racionalidade humana presidir aos consensos fundamentais que «salvem» a humanidade social. Não é apocalíptico o que dizemos; é a consciência de que cada hora que passa agrava-se o fosso, não só no reflexo do relatório europeu de há dias (da recordista desigualdade de vencimentos em Portugal), como da grave crise internacional dos recursos naturais: trigo, milho, arroz, petróleo, este que faz alavancar tudo o resto.
3. O boom do novo império asiático, diante da crise dos EUA reflectida no iceberg da histórica especulação da «petrocracia», da conjugação destes factores sente-se a percepção de uma transformação bem mais profunda que a procurada fila dos combustíveis mais baratos. Diz-se que mais de um terço do que acontece provém dos especuladores negociantes, e destaca a OPEP (dos países produtores de petróleo) que a produção está em alta. O que pode sobrar só pode ser o medo. Um medo que representa a pior das faces da especulação que se alimenta a si própria. Atrás de si, no seu rasto, vem tudo o que não interessa, mesmo que alguns especialistas tenham dito há dias que a subida dos preços dos cereais pode ser uma boa notícia. Tudo depende sempre do que se quer e de que lado se sente a vida. Se esta sofre com quem sofre, então cada subida é uma má notícia para as pessoas e para as famílias com seus filhos que vivem a fronteira da legítima sobrevivência.
4. Na ausência de uma auto-regulação saudável dos mercados, sente-se que está a chegar a hora, no mínimo, de alguns fortes apelos ético-políticos de instâncias universais. Em uníssono, pois chegam a todos as consequências do à deriva desregulado que, cada dia adiado, dá lastro a movimentos «anti-tudo», fora da racionalidade. Ou será que ainda não chegou esta hora?

Júlio Dinis na Gafanha

"Aveiro causou-me uma impressão agradável ao sair da estação; menos agradável ao internar-me no coração da cidade, horrível vendo chover a cântaros na manhã de ontem, e imensas nuvens cor de chumbo a amontoarem-se sobre a minha cabeça, mas, sobretudo intensamente aprazível, quando, depois de estiar, subi pela margem do rio e atravessei a ponte da GAFANHA para visitar uma elegante propriedade rural que o primo, em casa de quem estou hospedado, teve o bom gosto de edificar ali. Imaginei-me transportado à Holanda, onde, como sabes, nunca fui, mas que suponho deve ser assim uma coisa nos sítios em que for bela."
Júlio Dinis esteve na Gafanha. Leia em GALAFANHA.

MAGIA DA NATUREZA





Pérolas e mais pérolas caindo sem parar. Vi-as e não resisti. Aqui ficam para quem souber apreciá-las. No Forte da Barra, encontrei-me com elas ao entardecer. A água que caía, lentamente, filtrou os raios do Sol que estavam quase a perder-se no horizonte. Mas ainda deu para agarrar, com ambas as mãos, as pérolas, branquíssimas, que depressa se desfaziam e logo se renovavam. Depois o Sol foi-se e com ele a magia da criação de pérolas, à vista de quem por ali passasse.

PESQUISAR

DESTAQUE

Animais das nossas vidas

O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

https://galafanha.blogspot.com/

Pesquisar neste blogue

Arquivo do blogue