Mesmo com frio, o mar é sempre um desafio para quem se aproxima. Apreciá-lo, do cimo das dunas virgens, produz, certamente, uma extraordinária sensação de liberdade... Experimentem.
segunda-feira, 10 de março de 2008
Regresso ao essencial
Desejar o bem do país, antes do seu próprio bem, é um princípio que a todos deveria nortear. A isso chama a doutrina social da Igreja (mas não é exclusivo dela) Bem Comum. Claro que dizer que os interesses do país estão em primeiro lugar pode soar a Estado Novo, mas já vai sendo tempo de deixar tais categorias nas prateleiras da história. Como dizia Mário Soares, há uma diferença clara entre ser nacionalista e ser patriota. Ser nacionalista é negativo, mas ser patriota é um dever de todos para com o país que nos viu nascer ou nos acolhe. Querer o Bem Comum antes do bem particular e pôr este em função daquele é uma forma de ser patriota.
Vem isto a propósito do mal-estar em que Portugal parece ou está mesmo mergulhado e que ciclicamente faz soar alarmes, como foi o caso do documento da Sedes, referido nesta coluna na semana passada. Como país, não sairemos do pessimismo, da estagnação, mesmo económica, da falta de credibilidade, da ausência de perspectivas de futuro, enquanto o Bem Comum não se sobrepuser ao bem particular, enquanto este princípio não for evidente na actuação dos políticos, mas também dos empresários, dos professores, dos jornalistas, enfim, de qualquer cidadão.
J.P.F.
GOVERNO E PROFESSORES NÃO SE ENTENDEM
"Os professores afirmam que são a favor da avaliação, mas contra esta avaliação (declaração da Fenprof de 15 /10/2007). Essa é há séculos precisamente a posição dos alunos. Todos os estudantes são favoráveis às notas e descontentes com a que receberam. Os testes são sempre difíceis, as datas sempre inconvenientes, os professores sempre injustos. Mas é preciso aguentar com cara alegre."
:
Concordo com João César das Neves. Entretanto, o tempo passa e os alunos e as famílias não podem sair deste conflito prejudicados. O Governo e os professores têm de pensar nisto. Com urgência.
Bento XVI renova apelos ao diálogo no Médio Oriente
“Encorajo as autoridades israelita e palestiniana no seu propósito de continuarem a construir, através de negociações, um futuro pacífico e justo para os seus povos e a todos peço, em nome de Deus, que abandonem o caminho tortuoso do ódio e da vingança, percorrendo responsavelmente o caminho do diálogo.”
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Como o Papa, tantos e tantos outros líderes têm apelado à paz e concórdia no Médio Oriente. Há imenso tempo que as discórdias entre isrfaelitas e palestinianos deixam marcas profundas naquela zona do mundo. E não há maneira de se entenderem... Será que estes ódios irão perdurar pelos séculos sem fim? Não haverá forma de se resolverem de vez os conflitos? A paz entre aqueles povos é mesmo impossível? Os ódios estarão, realmente, como se diz, no sangue e na alma daquelas gentes que calcorreiam os caminhos de Cristo?
domingo, 9 de março de 2008
Na Linha Da Utopia

A Faixa de Gaza
1. Há pedaços de terra que estão cheios de sangue. Não só da história passada, mas das histórias que se continuam a escrever no presente. E Deus não tem nada a ver com isso. Os homens é que O “usam” como argumento para atingir os seus fins de domínio sobre “o outro”. Os últimos quatro mil anos da história das terras chamadas israelo-árabes espelham, de forma emblemática, esse desconcerto e desentendimento humano, em que a cada século que passa vão-se juntando mais páginas de conflitos, ao que parece, intermináveis. Claro que, de relance, somos pequenos para compreender tanta informação, tantos dados em jogo, tantos cruzamentos de raças, religiões, espaços, locais, sinagogas, mesquitas, igrejas, sentimentos, emoções, razões, cegueiras, justiças, injustiças, verdades, fanatismos… em que cada palmo de terra condensa a luta de uma vida e de muitas vidas. Repetimos, Deus (que é Amor) não tem nada a ver com isto. Ele até tantas vezes sublinhou e reafirma que o único “lugar físico” que “quer” é o “coração” humano, a consciência-ser, «em espírito e verdade».
2. Não compreendendo isso, poderemos nesta geração correr o perigo ignorante de atribuir às religiões e a Deus aquilo que é pura e unicamente obra interesseira e dominadora dos homens, o que resulta que se chame “terra santa” a uma terra nada santa nas incompatibilidades de tanta história em que só mesmo pelo “perdão da memória”, como tanto falava João Paulo II, é que lá iremos ao caminho da paz. A triste história continua e hoje as ONG’s que estão no terreno vêm dizer que se vive na Faixa de Gaza o pior período de crise humanitária desde a guerra de 1967. As culpas da desgraça, “taco a taco” tal como a guerra, vão-se atribuindo reciprocamente entre Israel e o Hamas… No passado recente as razões são que, após os disparos de rockets pelo Hamas em Janeiro, Israel impôs o actual bloqueio a Gaza na data de 17 de Janeiro e raids aéreos frequentes têm feito dezenas de mortos na famosa Faixa de Gaza. Do “bloqueio” de quase-tudo o essencial à vida diária vem um relatório das ONG’s de cenário dramático intitulado «Faixa de Gaza: uma implosão humanitária».
3. Os Estados Unidos, na fronteira da cena internacional e das imagens perturbadoras que vão chegando, pedem um “alívio” do bloqueio para garantir as condições de humanidade. O quarteto de negociadores (Estados Unidos, União Europeia, Rússia e Nações Unidas) vai avançando na gestão da mediação do cenário político. As ONG’s no terreno vêem-se e desdenham-se para socorrer não havendo condições de luz eléctrica para fazer intervenções clínicas, água potável para matar a sede, esgotos a irem para o mar, corte de comunicações, tratando-se de uma população bloqueada em que mais de 1,1 milhões dependem da ajuda alimentar. Alguns analistas vão falando de “genocídio”. Os céus de Gaza respiram a pólvora, ar poluído que, independentemente das políticas ou dos grupos atiçados de fanatismo político e/ou religioso, vai mostrando a limitada incapacidade humana. Se a história de séculos o confirma, a história presente continua esse caminho. Nada de novo, porque tudo velho. Nenhuma das razões justifica o injustificável desumano que persiste. Ao menos não sofram as populações. Precisamos de aprofundar o diálogo de civilizações para compreender a história e propor uma nova memória de paz. Ou seguir-se-á indefinidamente a contra-ofensiva?
Alexandre Cruz
1. Há pedaços de terra que estão cheios de sangue. Não só da história passada, mas das histórias que se continuam a escrever no presente. E Deus não tem nada a ver com isso. Os homens é que O “usam” como argumento para atingir os seus fins de domínio sobre “o outro”. Os últimos quatro mil anos da história das terras chamadas israelo-árabes espelham, de forma emblemática, esse desconcerto e desentendimento humano, em que a cada século que passa vão-se juntando mais páginas de conflitos, ao que parece, intermináveis. Claro que, de relance, somos pequenos para compreender tanta informação, tantos dados em jogo, tantos cruzamentos de raças, religiões, espaços, locais, sinagogas, mesquitas, igrejas, sentimentos, emoções, razões, cegueiras, justiças, injustiças, verdades, fanatismos… em que cada palmo de terra condensa a luta de uma vida e de muitas vidas. Repetimos, Deus (que é Amor) não tem nada a ver com isto. Ele até tantas vezes sublinhou e reafirma que o único “lugar físico” que “quer” é o “coração” humano, a consciência-ser, «em espírito e verdade».
2. Não compreendendo isso, poderemos nesta geração correr o perigo ignorante de atribuir às religiões e a Deus aquilo que é pura e unicamente obra interesseira e dominadora dos homens, o que resulta que se chame “terra santa” a uma terra nada santa nas incompatibilidades de tanta história em que só mesmo pelo “perdão da memória”, como tanto falava João Paulo II, é que lá iremos ao caminho da paz. A triste história continua e hoje as ONG’s que estão no terreno vêm dizer que se vive na Faixa de Gaza o pior período de crise humanitária desde a guerra de 1967. As culpas da desgraça, “taco a taco” tal como a guerra, vão-se atribuindo reciprocamente entre Israel e o Hamas… No passado recente as razões são que, após os disparos de rockets pelo Hamas em Janeiro, Israel impôs o actual bloqueio a Gaza na data de 17 de Janeiro e raids aéreos frequentes têm feito dezenas de mortos na famosa Faixa de Gaza. Do “bloqueio” de quase-tudo o essencial à vida diária vem um relatório das ONG’s de cenário dramático intitulado «Faixa de Gaza: uma implosão humanitária».
3. Os Estados Unidos, na fronteira da cena internacional e das imagens perturbadoras que vão chegando, pedem um “alívio” do bloqueio para garantir as condições de humanidade. O quarteto de negociadores (Estados Unidos, União Europeia, Rússia e Nações Unidas) vai avançando na gestão da mediação do cenário político. As ONG’s no terreno vêem-se e desdenham-se para socorrer não havendo condições de luz eléctrica para fazer intervenções clínicas, água potável para matar a sede, esgotos a irem para o mar, corte de comunicações, tratando-se de uma população bloqueada em que mais de 1,1 milhões dependem da ajuda alimentar. Alguns analistas vão falando de “genocídio”. Os céus de Gaza respiram a pólvora, ar poluído que, independentemente das políticas ou dos grupos atiçados de fanatismo político e/ou religioso, vai mostrando a limitada incapacidade humana. Se a história de séculos o confirma, a história presente continua esse caminho. Nada de novo, porque tudo velho. Nenhuma das razões justifica o injustificável desumano que persiste. Ao menos não sofram as populações. Precisamos de aprofundar o diálogo de civilizações para compreender a história e propor uma nova memória de paz. Ou seguir-se-á indefinidamente a contra-ofensiva?
Alexandre Cruz
Cadernos biográficos no PÚBLICO

Amadeo
O PÚBLICO iniciou este fim-de-semana a publicação de Cadernos Biográficos, que oferece, aos sábados e domingos, mediante a apresentação de um cupão publicado no dia anterior. Este fim-de-semana, foram publicadas as biografias de Fernando Pessoa e Amadeo de Souza-Cardoso, dois artistas que marcaram o nosso século XX, de forma significativamente original. Lêem-se num fôlego e podemos, assim, recordar ou ficar a conhecer alguns pormenores da vida e obra dos biografados. Seguem-se Natália Correia, Salazar, António Variações, Florbela Espanca, José Carlos Ary dos Santos, Beatriz Costa, Amélia Rey Colaço, José Rodrigues Miguéis, Marcello Caetano, Hermínia Silva, Sophia de Mello Breyner Andresen, Agostinho da Silva, Guilhermina Suggia e Mário Viegas.
Na apresentação desta colecção, sublinha-se que o denominador comum a estas personagens “é a sua marca distintiva de originalidade”, sendo que “alguns deles foram reconhecidos em vida pelo seu mérito, outros incompreendidos e injustiçados, mesmo marginalizados”.
Na apresentação desta colecção, sublinha-se que o denominador comum a estas personagens “é a sua marca distintiva de originalidade”, sendo que “alguns deles foram reconhecidos em vida pelo seu mérito, outros incompreendidos e injustiçados, mesmo marginalizados”.
FM
Portugal desconhecido dos portugueses
“O país não é grande, mas continua muito desconhecido dos próprios portugueses. Não estou a pensar só em paisagens e monumentos. Refiro-me, sobretudo, ao país que se constrói nas famílias, nas escolas, na agricultura, nas empresas, nas fábricas, nas universidades, nos centros de investigação, na criação artística, nos internatos, nos lares para idosos, mas prisões, nas escolas de polícia, nos serviços públicos, etc. Fazer de um telejornal a apresentação minuciosa de acidentes, desastres, polícias, ladrões e jogadores de futebol não é, de certeza, a única informação que interessa. Um país, para se conhecer a si mesmo, precisa, em primeiro lugar, de ser informado acerca do que está a nascer, a crescer e a desenvolver-se, em todos os sectores da vida e da actividade. A melhor pedagogia não é aquela que só sabe mostrar o que está mal, mas a que ajuda a potenciar o que há de melhor nas pessoas, nos grupos, nas instituições. Com inteligência e boa vontade, com os recursos de que os meios de comunicação podem dispor, é possível fazer mais e melhor.”
NOTA: Faço minhas as palavras de Frei Bento Domingues. Já diversas vezes aqui denunciei esta situação, mas a minha voz não chega tão longe como a deste conhecido colunista do PÚBLICO e padre dominicano. O futebol é rei em Portugal. Tudo quanto diz respeito a clubes e jogadores de topo enche, diariamente, a comunicação social. Tanto nos noticiários como em programas próprios. E quando cheira a mexericos, então há jornalistas que até deliram. O povo, que também gosta destas coisas, vai atrás. Tudo o mais não interessa.
TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 68
AGENTES DE EDUCAÇÃO: CAPELÃES E MESTRAS
Caríssima/o:
Talvez por estarmos na Quaresma ocorreu-me este tema, embora à partida haja muito nariz torcido. A ver com a Escola instituição não tem; contudo, muitos de nós seremos escorreitos pela acção educativa quer de um quer de outra, senão de ambos! Se não estais de acordo comigo, tende paciência e lede mais um pouco do Padre Resende:
«Não devemos esquecer que a pronunciada polidez, que já se nota sobremaneira, nestes povos, se deve atribuir em grande parte ao concurso e ao trabalho persistente e eficaz do sacerdote, que, como condutor e mestre, lhes tem infiltrado na alma, paulatinamente, avultadas parcelas de cultura moral e intelectual. Foi o primeiro mestre que com eles esteve eficazmente em contacto, As máximas vividas do Evangelho, que no mundo e em todos os séculos têm sido o código e a regra por onde se regem os povos que querem viver; a Igreja que o mundo intelectual tem reconhecido como aferidora infalível das civilizações que se redimem e salvam, também na Gafanha deviam fazer sentir os seus salutares e benéficos efeitos. Em todos os séculos, repito, o sacerdote católico, embora aleivosamente caluniado e acusado injustamente como retrógrado pelos mumificados cientistas do século passado, tem sido mais que um educador; tem sido um mestre, que educando também ensina, que instrui quando educa. Não falando nos Institutos em que ele brilhou através dos séculos por todo o mundo, vemo-lo, ainda agora, na escola do seu ministério em que pontifica, acarinhando sempre, como amigas aliadas e inseparáveis, as duas irmãs gêmeas: educação e instrução. [...]
Antes que chegassem, porém, os pioneiros da instrução, ou fosse o professor primário, ou fosse o capelão permanente, depois pároco da Gafanha, como viviam estes povos, isolados do convívio social, entregues à crítica situação de primários, aos seus instintos semi-bárbaros? Viviam no seu deserto, na mais completa rudez.[...]» [MG 207]
Isto quanto aos Capelães e Párocos; quanto às nossas mestras já se escreveu:
«Nos primórdios da Gafanha, a Catequese de crianças era ministrada pelo Capelão com a indispensável ajuda das Senhoras Mestras. Assim continuou depois, com o Prior Sardo e com os que se lhe seguiram [na Gafanha da Nazaré], até à década de 50, sendo já Prior o P.e Domingos.
Embora seja impossível, por falta de registos, fazer referência a todas as que se dedicaram a essa nobre missão, não podemos, no entanto, deixar de citar algumas delas, sobretudo as que mais ficaram na memória do nosso povo.
São elas: Rosa Margaça, do Bebedouro; Joana Rosa Bola, da Cambeia; Rosa Cirino, da Marinha Velha; Maria Gertrudes, da Cale da Vila; Emília do Guarda, da Chave; e, ainda, Celeste Ribau e Esperança Merendeiro.»
[Monografia da Paróquia da Gafanha da Nazaré, 262]
Também na Gafanha da Encarnação, «Esta habilitação era feita em casa das "senhoras mestras", o habitual em toda a região. Porém, aqui tinha a particularidade de ser tratada, por todos, com muito carinho, por "Madrinha", madrinha da doutrina. Ainda hoje se recorda com muita saudade a "madrinha" Maria do Céu de Jesus Roque, que exercia a sua acção no Centro e Sul; também Isaura do Ti Amigo (enteada do Ti Frade) é lembrada como "madrinha".
Em 1973, ainda encontramos activas três Mestras: Felicidade Pinto, a Norte, Nazaré Magueta, a Sul, e Carmelinda Cardoso, no Centro da freguesia.»
[Monografia da Paróquia da Gafanha da Encarnação, 172/173]
Para mim, nesta caminhada, é gratificante ter encontrado verdadeiros educadores e educadoras nas pessoas amigas dos Priores (os meus Priores: Guerra, Bastos, Saraiva, Domingos, ...) e das Mestras (a minha Mestra Joana Rosa); fica, pois, a minha saudade e a minha profunda gratidão.
Manuel
Caríssima/o:
Talvez por estarmos na Quaresma ocorreu-me este tema, embora à partida haja muito nariz torcido. A ver com a Escola instituição não tem; contudo, muitos de nós seremos escorreitos pela acção educativa quer de um quer de outra, senão de ambos! Se não estais de acordo comigo, tende paciência e lede mais um pouco do Padre Resende:
«Não devemos esquecer que a pronunciada polidez, que já se nota sobremaneira, nestes povos, se deve atribuir em grande parte ao concurso e ao trabalho persistente e eficaz do sacerdote, que, como condutor e mestre, lhes tem infiltrado na alma, paulatinamente, avultadas parcelas de cultura moral e intelectual. Foi o primeiro mestre que com eles esteve eficazmente em contacto, As máximas vividas do Evangelho, que no mundo e em todos os séculos têm sido o código e a regra por onde se regem os povos que querem viver; a Igreja que o mundo intelectual tem reconhecido como aferidora infalível das civilizações que se redimem e salvam, também na Gafanha deviam fazer sentir os seus salutares e benéficos efeitos. Em todos os séculos, repito, o sacerdote católico, embora aleivosamente caluniado e acusado injustamente como retrógrado pelos mumificados cientistas do século passado, tem sido mais que um educador; tem sido um mestre, que educando também ensina, que instrui quando educa. Não falando nos Institutos em que ele brilhou através dos séculos por todo o mundo, vemo-lo, ainda agora, na escola do seu ministério em que pontifica, acarinhando sempre, como amigas aliadas e inseparáveis, as duas irmãs gêmeas: educação e instrução. [...]
Antes que chegassem, porém, os pioneiros da instrução, ou fosse o professor primário, ou fosse o capelão permanente, depois pároco da Gafanha, como viviam estes povos, isolados do convívio social, entregues à crítica situação de primários, aos seus instintos semi-bárbaros? Viviam no seu deserto, na mais completa rudez.[...]» [MG 207]
Isto quanto aos Capelães e Párocos; quanto às nossas mestras já se escreveu:
«Nos primórdios da Gafanha, a Catequese de crianças era ministrada pelo Capelão com a indispensável ajuda das Senhoras Mestras. Assim continuou depois, com o Prior Sardo e com os que se lhe seguiram [na Gafanha da Nazaré], até à década de 50, sendo já Prior o P.e Domingos.
Embora seja impossível, por falta de registos, fazer referência a todas as que se dedicaram a essa nobre missão, não podemos, no entanto, deixar de citar algumas delas, sobretudo as que mais ficaram na memória do nosso povo.
São elas: Rosa Margaça, do Bebedouro; Joana Rosa Bola, da Cambeia; Rosa Cirino, da Marinha Velha; Maria Gertrudes, da Cale da Vila; Emília do Guarda, da Chave; e, ainda, Celeste Ribau e Esperança Merendeiro.»
[Monografia da Paróquia da Gafanha da Nazaré, 262]
Também na Gafanha da Encarnação, «Esta habilitação era feita em casa das "senhoras mestras", o habitual em toda a região. Porém, aqui tinha a particularidade de ser tratada, por todos, com muito carinho, por "Madrinha", madrinha da doutrina. Ainda hoje se recorda com muita saudade a "madrinha" Maria do Céu de Jesus Roque, que exercia a sua acção no Centro e Sul; também Isaura do Ti Amigo (enteada do Ti Frade) é lembrada como "madrinha".
Em 1973, ainda encontramos activas três Mestras: Felicidade Pinto, a Norte, Nazaré Magueta, a Sul, e Carmelinda Cardoso, no Centro da freguesia.»
[Monografia da Paróquia da Gafanha da Encarnação, 172/173]
Para mim, nesta caminhada, é gratificante ter encontrado verdadeiros educadores e educadoras nas pessoas amigas dos Priores (os meus Priores: Guerra, Bastos, Saraiva, Domingos, ...) e das Mestras (a minha Mestra Joana Rosa); fica, pois, a minha saudade e a minha profunda gratidão.
Manuel
sábado, 8 de março de 2008
A ESPERANÇA MODERNA: O REINO DO HOMEM

De facto, a ideia de Bento XVI de que a modernidade viveu da ânsia de realizar na História o Reino de Deus sem Deus foi aprofundada por Ernst Bloch. A sua filosofia, no limite, quereria herdar esse Reino de Deus, o Sumo Bem, a Nova Jerusalém de que fala a Bíblia. Se, sendo marxista, acabou por criticar os horrores do estalinismo, foi porque esperava "o Totalmente Outro", como reserva escatológica, ainda que por força da própria Natureza. Bloch é um belo exemplo do homem simultaneamente religioso e ateu. Religioso, porque "onde há esperança, há religião". Ateu, porque não esperava a salvação vinda do Deus pessoal que cria por amor e que vem ao encontro do Homem.
Pergunta o Papa, com razão: como foi possível pensar que a mensagem de Jesus diz respeito apenas ao indivíduo e ao Além, como se a salvação definitiva implicasse o desprezo deste mundo e a esperança se reduzisse à "salvação da alma"?
Em reacção, a modernidade trouxe o Além para o aquém. Mediante a revolução científica, proclamou-se a fé no progresso, que garantiria um mundo totalmente novo, "o reino do Homem".
Na modernidade, "há duas categorias que ocupam cada vez mais o centro da ideia de progresso: razão e liberdade". Pela razão e liberdade e confiando na sua bondade intrínseca, esperou-se a realização de uma comunidade humana perfeita.
A concretização política desta esperança tinha duas etapas fundamentais.
A Revolução Francesa surgiu como projecto de instaurar este reino da razão e da liberdade de modo politicamente real. Depois da revolução burguesa de 1789, outra revolução se pôs em marcha: a proletária. Não bastavam as reformas dos pequenos passos; era precisa a revolução para se realizar o que já Kant tinha chamado o "Reino de Deus" racional. A verdade do Além desapareceu, para ser herdada no aquém. Como disse Marx, a crítica do céu deve transformar-se em crítica da terra e a crítica da teologia em crítica da política e da economia. O progresso para um mundo definitivamente bom não provém exclusivamente da ciência, mas da política, uma política com bases científicas.
Bento XVI reconhece que a promessa de Marx, graças à "agudeza" das análises e à "clara indicação dos instrumentos para a mudança radical fascinou e continua a fascinar".
Que falhou então para que a promessa marxista deixasse atrás de si, na sua concretização histórica, "uma destruição desoladora"? O seu erro consistiu em não ver que não basta solucionar a economia e em esquecer que "a liberdade é sempre liberdade, também liberdade para o mal". O seu erro foi o materialismo. O progresso científico e técnico pode desembocar, como já preveniu Kant, num "final perverso". É ambíguo e tem de ser acompanhado pelo "crescimento moral da Humanidade".
A modernidade precisa, pois, de autocrítica em diálogo com o cristianismo, mas acompanhada de uma autocrítica do próprio cristianismo e do que ele fez da esperança.
Numa obra recente, ágil, sobre O Cristo Filósofo, reflectindo sobre a revolução operada por Cristo e a sua influência ainda actual na Europa, F. Lenoir conclui: "Se, através da sua história, a religião cristã tivesse sido totalmente evangélica, se tivesse conseguido encarnar na sociedade os preceitos de Cristo, os homens não teriam certamente sentido a necessidade de retirá-los do seu contexto religioso para poder torná-los operativos. Constata-se, com efeito, ao observar o percurso do Ocidente, que o recurso à razão e ao direito se tornou necessário pelo facto da opressão exercida em primeiro lugar pelas instituições religiosas."
Professores protestam na rua
Hoje realizou-se, provavelmente, a maior manifestação de sempre de professores. Diz-se que cerca de 100 mil marcaram presença no desfile, em Lisboa. Quiseram mostrar o seu descontentamento pelas políticas do Governo, na área do ministério da Educação. Há dias, registei aqui a convicção de que já não há capacidade para dialogar. E disse que subscrevia a proposta do neurocirurgião Lobo Antunes, por sinal Conselheiro de Estado, no sentido de se criar uma comissão mediadora, credível e independente, que analisasse o problema e apresentasse soluções. O Governo tem-se mostrado inflexível, pois aceitar a renúncia às reformas seria aceitar a derrota do próprio executivo.
Cavaco Silva, ausente no Brasil, estará a acompanhar o assunto. E pode ser que, no regresso, consiga levar o Governo a aceitar a tal mediação.
Entretanto, constato que, até agora, ainda não sei, concretamente, por que razão não é possível o diálogo. Mais: gostaria que sindicatos e ministério da Educação publicassem as suas propostas de reforma do Ensino, com tudo o que diz respeito a professores, funcionários, alunos e programas. Acho que o povo português tem obrigação de conhecer todas as verdades, para depois concluir de que lado está a razão. Se calhar todos terão alguma razão, mas sempre se verá para que lado se inclina o ponteiro da balança. Que o Governo e os sindicatos apresentem, pois, as suas razões, na perspectiva de que as mudanças fazem parte intrínseca das reformas. Ficar tudo como está, sem adaptações adequadas e justas, é impossível.
Penso que entre os professores (como em qualquer outra classe profissional) há gente honesta, trabalhadora e competente, mas também há o seu contrário. Mais: há muitos que apostam na formação e outros tantos instalados na vida e alérgicos a mudanças; há os que aceitam subir na carreira por mérito e os que querem subir sem qualquer esforço nem trabalho.
A reforma do Ensino é coisa séria e urgente e todos têm de dar o seu melhor para que os alunos, razão de ser das comunidades educativas, possam ser mais tarde pessoas responsáveis, competentes e educadas, numa sociedade mais justa.
FM
:
NB: Para além do que disse acima, gostaria que os protestos incidissem sobre a instabilidade profissional, que obriga os professores a andarem de terra em terra, como saltimbancos, sobre as condições de trabalho e falta de apoios técnicos e sociais, sobre a falta de formação contínua para cada área, sobre a escassez de especialistas para os alunos com dificuldades específicas, sobre a ajuda às famílias mais carentes e sobre a adaptação de programas às necessidades da sociedade dos nossos dias. Só ouvi falar hoje da avaliação dos professores e da progressão nas carreiras. É pena.
FM
Mensagem do Papa para a Quaresma


Fala, direi que essencialmente, de oração, jejum e esmola, a que muitos não dão a devida importância. Para o crente já não será assim. São propostas não só válidas, mas fundamentais. Afinal, oração, jejum e esmola estão, naturalmente, associados.
Diz o Santo Padre que “não somos proprietários mas administradores dos bens que possuímos”, e que, face às multidões que vivem na indigência, “socorrê-las é um dever de justiça, ainda antes de ser um gesto de caridade”.
O Papa, citando as Escrituras, diz que “há mais alegria em dar do que em receber”, sendo garantido que “a esmola, aproximando-nos dos outros, aproxima-nos de Deus e pode tornar-se instrumento de autêntica conversão e reconciliação com Ele e com os irmãos”.
Bento XVI reafirma que “a esmola educa para a generosidade do amor” e recorda um velho, mas ainda actual, conceito bíblico: ao dar esmola, a mão esquerda não deve saber o que faz a direita.
FM
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O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...
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