ARES DO OUTONO

CANÇÃO DE OUTONO No jardim deserto, Já Novembro perto, Desfolhei as rosas últimas a dar. Jóias maltratadas, Rosas desfolhadas! Só o seu perfume vai ficar no ar. Recolhi os versos – Breves universos – Que atirara ao vento para os espalhar, Queimei-os, rasguei-os. Secaram-me os seios… Só rimas e ritmos vão ficar no ar. Saudades, lembranças De vãs esperanças, Fiz covais no peito para as enterrar. Nada mais me importa. Fechem essa porta! Só um pó doirado vai ficar no ar. José Régio In “Música Ligeira”