domingo, 6 de abril de 2008

AINDA HÁ CONDIÇÕES PARA SER ADOLESCENTE?



Escrever e falar sobre a adolescência tem-se tornado, felizmente, um hábito entre os portugueses. É verdade que nem sempre foi assim, mas, de há anos a esta parte, este tema começou a generalizar-se – direi mesmo a democratizar-se – já que a adolescência vai, está ou já fez parte da vida de qualquer pessoa.
Sendo a adolescência uma fase da vida de cada ser humano, enquanto pessoa, devemos ter o direito e o dever de estar atentos a tudo o que a envolve e diz respeito. Fomos ou estamos “condenados”, na altura própria, a passar e a viver por esta fase da vida, e daqui ninguém pode ou deve crer que pode fugir.
Em regra, diz-se que a adolescência é uma fase difícil da vida e que os adolescentes se sentem confusos, inseguros, pouco dados a obedecer à sua família ou outros educadores, colocando tudo em causa, infringindo as regras estabelecidas, podendo-se a estes juntar uma série de outros exemplos, quase sempre em tom de condenação e de raros elogios.
Mesmo que tudo o que aqui foi dito fosse verdade – e acreditem que já não é pouco – há um ponto prévio que nada nem ninguém devem esquecer jamais: o adolescente é uma PESSOA e não pode ser deixado só, nem sequer ignorado pela sociedade que o rodeia.
O facto de se ser capaz de ver o adolescente como uma PESSOA é meio caminho andado para que ele possa sentir-se respeitado na sua dignidade por todos aqueles que o podem e devem ajudar: a família, os adultos, os amigos e a sociedade, em geral.
Um adolescente não se pode sentir só onde vive, estuda ou convive. É grave e perigoso se tal suceder.
Múltiplas são as acções que podem determinar um “bom” ou um “mau” adolescente: as pessoais, as de grupo, a(s) do(as) amigo(as) mais próximo(as), as interacções familiares, a estruturação da sociedade em que vive, a forma de organização da escola que frequenta, o modo como gere os seus tempos livres, só para falar nas mais imediatas.
Indo para a vertente familiar do adolescente, deixo, desde já, uma simples pergunta: Teremos já reflectido o suficiente sobre a forma como os contextos familiares moldam as suas posteriores características?
Note-se bem: disse “posteriores características” e não só características.
Não fiz esta distinção por acaso, na medida em que não se é adolescente – ou se deixa ser – como quem liga ou desliga um botão de um qualquer electrodoméstico.
Bem sei que existem vários conceitos e teorias para analisar esta mesma realidade e disso temos nós visto ou lido exemplos suficientes nos órgãos da Comunicação Social, designadamente através de alguns debates televisivos, onde eminentes especialistas nas mais doutas matérias destas áreas não se entendem sobre como se devem resolver ou solucionar, na vida concreta de um adolescente, os seus possíveis problemas.
Veja-se o caso da criança de Torres Novas que, por mais que se fale e argumente, os consensos estão longe de serem atingidos pelos adultos, e, esta criança, que, daqui a alguns anos, há-de vir a ser adolescente, está perante acontecimentos que, até podendo-os entender, no todo ou em parte, não os pode controlar, ainda que os mesmos possam vir a ter repercussões – positivas ou negativas, não interessam, para aqui – nas suas posteriores características de adolescente.
Como é natural, a Igreja não é indiferente a estes assuntos, nomeadamente na vertente catequética, onde os catequistas, como transmissores da fé, devem estar profundamente sensibilizados, preparados e amadurecidos, na fé e na vida, para lidar com eles, em nome de um crescimento, adulto, na fé, e da fé, mais proveitoso, sereno e gratificante para toda a Comunidade cristã e a sociedade, em geral

Vítor Amorim

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