quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

AS FAFEIRAS

Gaspar Albino
«Desarreigadas da sua terra, das suas famílias, as fafeiras constituíam o grosso do pessoal que nelas trabalhava.
Na seca de Lavadores, na Barra [Gafanha da Nazaré], até dispunham dum dormitório. Mas a maior parte das moças que trabalhava nas secas da Cale da Vila vivia em grupos, em acomodações disseminadas pelo povoado, paredes meias com as famílias locais e com estas muito intimamente ligadas.
A forma como se instalavam e viviam na / 19 / Gafanha, longe da sua terra, fazia com que se estabelecesse uma relação muito forte com a encarregada da sua seca.
É que, pelas décadas de 50 e de 60, também neste sector, havia uma grande fidelidade à empresa de pesca em que cada grupo trabalhava. Um grupo de jovens mulheres, quase todas solteiras e casadoiras, que se comportava de forma coesa, como se de uma irmandade se tratasse, e aceitando, de forma natural, a liderança de uma colega mais experimentada nestas andanças do trabalho nas secas.
Era com esta chefe pacificamente aceite que a encarregada tudo tratava.»

Gaspar Albino

NOTA: Esta é uma boa oportunidade para recordar um generoso  amigo que muito estimava pela sua delicadeza, mas também  pelas artes que cultivava com esmero. 

O TEMPORAL ENCOMENDADO

A história que levou à construção
da nossa atual Av. José Estêvão


«O visconde da Luz veio certificar-se por seus próprios olhos das razões que militariam a favor da construção ou da sua desnecessidade, apregoada em alta grita pelos foliculários locais que se opunham a José Estêvão.
Joaquim de Melo Freitas relata o episódio que convincentemente determinaria as conclusões do ilustre visitante, com o bom humor e a elegância que lhe eram habituais:
Embarcaram no cais, e fizeram-se ao largo. Neste instante o vento desencadeia-se, as marés agitam-se em balanços desesperados; o barco dançava sobre a espuma da ria, e o mastro, curvado pelo vendavaI, gemia e estalava com o impulso cego das lufadas. A chuva desatou-se por fim em torrentes, e não tardou uma trovoada medonha.
O visconde da Luz ordenou imediatamente aos barqueiros que voltassem para traz porque não gostava da chuva nem do temporal. José Estêvão, a cada relâmpago que alumiava o céu, brusco e temeroso, esfregava as mãos de contente e dizia com esplêndida alegria:
— Encomendei-o de propósito; eu desejava que você se convencesse de que a estrada era precisa e até urgente... Desminta-me agora se é capaz!
A encomenda era o temporal.
Dentro em pouco — prosseguia — procedia-se à construção da estrada, da estrada que chegou a registar, há meses, em vinte e quatro horas, num domingo de verão de 1965, um movimento de cerca de seis mil veículos automóveis.»

Eduardo Cerqueira,

em “Aveiro e o seu Distrito”, n.º 2,  1966

terça-feira, 31 de janeiro de 2023

BERTRAND - SOMOS LIVROS


De vez em quando, com a imaginação na sombra, regresso ao passado à cata de mensagens de que gostei. Hoje saiu-me na rifa esta que retrata bem a livraria por onde passo frequentemente. A Livraria Bertrand ofereceu aos seus visitantes e clientes este saboroso e poético escrito.

AS NOSSAS FLORES


Nas minhas caminhadas à volta de casa, no cumprimento de um dever que impus a mim próprio, aprecio sempre com prazer as flores que a Lita cuida com uma satisfação desmedida. Partilhá-las e louvar a cuidadora é um dever de gratidão.

O PROTESTO É O TEMPERO DA DEMOCRACIA

No PÚBLICO de hoje 

"Acreditar que o país é o que os extremos da esquerda ou da direita dizem é uma ilusão. O país vive aflito e desorientado, mas é muito mais inteligente, sensato e moderado do que o que eles dizem."


«Convém ter nervos de aço e sangue-frio na encruzilhada difícil e perigosa que vivemos. O protesto, como a oposição, é um tempero da democracia, não é o seu ingrediente essencial. Perder a noção desse equilíbrio e acreditar que o país é o que os extremos da esquerda ou da direita (esta num estilo e propósito mais funestos) dizem que ele é não passa de uma ilusão. O país vive aflito e desorientado, mas é muito mais inteligente, sensato e moderado do que o que eles dizem.»

No EDITORIAL do  Diretor 

NOTA: A democracia tem os seus temperos que agem nos momentos próprios. Como otimista, e por experiência própria, habituei-me à ideia de que, mais dia menos dia, a serenidade volta com a opção pelo diálogo. Sem ele, nenhum objetivo positivo surgirá.   

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

A GAFANHA DA NAZARÉ MERECE SER VISITADA


 

Falar da terra que me viu nascer, já lá vão mais de 80 anos, é obrigação ou devoção que não dispenso. Que mais poderei fazer, se já ando afastado dos areópagos regionais? Então, hoje aposto, mais uma vez, no nosso Jardim Oudinot. Quando o inverno passar ou num dia de sol a brilhar, dê uma volta  por lá.

O TIMONEIRO NASCEU HÁ 66 ANOS

O nosso Timoneiro nasceu há 66 anos, concretamente no Natal de 1956, por iniciativa dos párocos da Gafanha da Nazaré e Gafanha da Encarnação, respetivamente, Pe. Domingos Rebelo dos Santos e Pe. António Augusto Diogo. Tinha apenas quatro páginas e, na prática, era o Pe. Domingos quem assumia as maiores responsabilidades, quer a nível da administração quer da redação.
O Timoneiro era um mensário de expressão católica, mas não deixava de divulgar acontecimentos de natureza civil, através de pequenas notícias, que os seus leitores, em especial os emigrantes, muito apreciavam.
Numa mensagem dirigida aos gafanhenses, com o título Saudação, garantidamente escrita pelo Pe. Domingos, lembram-se os que trabalham “nos campos verdejantes da Gafanha ou nas oficinas e secas”, os que sorriem na “felicidade relativa de um tranquilo viver”, “ao prostrado no leito”, tendo por “fiel companheira a própria dor”, e ainda aos que, “riscando poemas de heroísmo”, vão para o “alto mar em frágil embarcação, arrancar dos abismos o pão para os seus filhos”. Também se dirige às crianças que crescem “para a vida” e aos velhinhos “que dela se estão despedindo”, o Pároco os saúda no Natal de 1956.

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O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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