Crónica semanal de Anselmo Borges no DN
Ele há aqueles experimentos mentais que não são propriamente inúteis, pois levam-nos a ir mais longe. Penso, por exemplo, no que teria acontecido ao cristianismo se, logo no início, em vez de passar do mundo semita para o mundo greco-romano, tivesse caminhado para a Índia e China. Teria de si hoje outra compreensão e a história do mundo seria diferente.
O que é facto é que essa inculturação do cristianismo na cultura e religião chinesas poderia ter-se dado no século XVI, por influência do génio do jesuíta Matteo Ricci, não fora a cegueira do Vaticano, que interveio desgraçadamente, impedindo essa síntese entre o Evangelho e a cultura milenar do povo chinês. De qualquer forma, Ricci e Marco Polo são os dois estrangeiros recordados por Pequim entre os grandes vultos da China.