terça-feira, 17 de novembro de 2009

Poesia para começar o dia

Se preciso for

Voltarei:
A desbravar novos caminhos,
A desvendar falsos mistérios,
A esconjurar velhos medos.
Percorrendo prados
atapetados de cheiros
onde pássaros de fogo,
através de madrugadas de luz
transportam em suas asas
retalhos de vidas já vividas
atravessarei os tempos
varridos de ventos de escuridão.
Quiçá
Recordando os dias mornos
daquele verão de amores macios
escutarei de novo
entre rosas orvalhadas
e estrelas perdidas
as palavras gastas
dos versos de Abril.
Juramentos feitos
em doces poentes
em tardes ferventes
noites luarentas
ou manhãs de anil.


Aida Viegas

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

CORREIO DO VOUGA faz anos



16 de Novembro

Neste dia, em 1930, nasceu o semanário Correio do Vouga, tendo como director o Dr. António de Almeida Silva e Cristo, como editor o Padre Alírio Gomes de Melo e como administrador o Padre António Fernandes Duarte e Silva.
Ignorar esta efeméride seria pecado que os meus amigos me não perdoariam. É que eu não posso esquecer os anos em que fui responsável pela sua publicação semanal, a tempo e horas e com a actualidade possível.
Foram tempos de entrega total, procurando integrar na redacção as novas tecnologias, que vieram, sem dúvida, revolucionar a comunicação.
Passei pela fase de preparar as edições deste jornal, que não tinha máquina de escrever (a que havia era utilizada pela funcionária administrativa), nem máquina fotográfica. A revisão das provas tinha de ser feita em Oliveira de Azeméis, na gráfica, sem ajuda seja de quem for.
Depois as condições foram melhorando, mantendo-se hoje o Correio do Vouga, sob a direcção do Padre Querubim Silva e subdirecção de Jorge Pires Ferreira, com uma qualidade muito digna do projecto que o enforma.
Daqui felicito quantos o fazem semana a semana, procurando, permanentemente, torná-lo mais lido e mais apetecível, numa perspectiva de chegar a todos os diocesanos, e não só, que desejam estar bem informados e procuram uma formação compatível com as exigências dos novos tempos.

Fernando Martins

O Fio do Tempo: Dos muros construir pontes com a colaboração de todos



Pensar e actuar no bem comum

1. As Semanas Sociais organizadas pela CEP são uma das realizações de referência no panorama nacional no que à questão social do país diz respeito. Reflectir qualificadamente para melhor envolver no agir é sempre a finalidade desses dias de reflexão que este ano ocorrerão em Aveiro. Com o lema «A construção do Bem Comum – responsabilidade da Pessoa, da Igreja e do Estado», procura-se nesta Semana Social 2009 gerar equilíbrios e sentidos de unidade naquilo que se procura realizar na promoção de uma sociedade melhor. Um conjunto reconhecido de intervenientes da sociedade portuguesa dão o seu contributo nessa jornada de três dias (20 a 22 de Novembro) a decorrer no Centro Cultural e de Congressos de Aveiro.

2. A noção de bem comum, por felicíssima que se apresenta na sua elaboração de matriz originária eclesial e social, resulta da conjugação de factores absoluta a transversalmente inclusivos: privilegia a Pessoa mas evita o individualismo; tem presente a função social do Estado mas não avança por uma noção estatizante que poderia asfixiar a vitalidade da sociedade civil; procura situar o particular e o universal no seu plano próprio e insubstituível; aposta na subsidariedade que promove as pessoas e fortalece as comunidades; valoriza aquilo que pode gerar complementaridade diluindo, também desse modo, aquilo que pode ser a combatividade das contraposições. No fundo o «bem comum» é o caminho certo na procura do bem pessoal e social numa aproximação à verdade do Bem e Belo que o ser humano procura atingir.

3. Numa sociedade chamada a atingir a maturidade cívica, todos os actores que procurem a promoção do «bem» que seja reflectido encontram-se no mesmo caminho do melhor para a viagem da humanidade. Dos muros construir pontes com a colaboração de todos, eis o palco onde todos os cidadãos humanos são convidados a serem actores. Demos força e espaço cultural e social aberto ao que (e a quem) pode (re)unir!

Alexandre Cruz

Dia Mundial do Mar: Recordar a aventura dos bacalhaus

Foto de Carlos Duarte
Foi hoje celebrado, na Universidade Sénior (US) da Fundação Prior Sardo, na Gafanha da Nazaré, o Dia Mundial do Mar. Nesta terra de marinheiros e de sabor a mar, comemorar esta data é recordar os feitos de quantos, ao longo dos tempos, assumiram a conquista do Atlântico Norte, para oferecer prosperidade ao país e às famílias que nasceram e se criaram à sombra das ondas marinhas.
O Capitão Manuel Correia, que carrega no sangue e na alma agruras, trabalhos e alegrias vividas no mar, ofereceu aos alunos da US uma resenha histórica da pesca do bacalhau, desde o século XV, evocando alguns portugueses que deram corpo à epopeia que tanto nos distinguiu, nomeadamente João Vaz Corte-Real e seus filhos (Gaspar Corte-Real, Miguel Corte-Real e Vasco Anes Corte-Real), João Álvares Fagundes e João Fernandes Lavrador, os quais, entre outros, assinalaram a presença dos portugueses nos mares da Terra Nova e da Costa do Lavrador.
Um filme feito pelo Capitão Correia – Mar e Pesca – foi momento de oportuna recordação de bravos oficiais e pescadores que enfrentaram, com tenacidade, a pesca do fiel amigo, quer nos dóris, quer nos arrastões. Homens que trabalhavam no espírito de entreajuda, com escaladores a competirem com sofisticadas máquinas de escalar, no número de peixes por minuto.
Esses tempos que já lá vão mostram à saciedade a coragem indesmentível dos marítimos da nossa região. Nem sempre, porém, nos lembramos deles, o que é uma grande injustiça.
Pretendeu-se, com esta iniciativa, evocar a epopeia que permanece viva na memória colectiva do povo do concelho de Ílhavo, partilhando histórias e factos, num ambiente de convívio, entre alunos, professores, dirigentes e funcionários da Fundação Prior Sardo. 
Paralelamente, uma exposição de fotografias, de Carlos Duarte, "Mar e Ria", ficará patente ao público, na sede da Fundação, até 30 de Novembro, de 2.ª a 6.ª feira, das 10 às 12 horas e das 14 às 17.30 horas.

F. M. 

Dia Internacional da Tolerância:16.11.09



A tolerância vem sempre ligada
a uma inteligência superior


Circulava, ao fim da tarde, de regresso a casa, numa rotunda movimentada, da Cidade Invicta, quando por obra do demo, deu um “beijinho”, num carro que lhe passava ao lado.
Às sete em ponto, é hora de ponta numa grande cidade e os automóveis são como formigas laboriosas a acarretar o grão para o formigueiro. Quantas vezes se fazem tangentes tão precisas e calculadas, pondo à prova a perícia do condutor, que e a rapidez e acrobacia de movimentos mais se assemelham a uma exibição de malabarismos de circo.
Neste particular, assistiu-se a uma secante, tendo-se excedido em mícrons do milímetro, os cálculos matemáticos.
A condutora teve ali, de imediato, a reacção cáustica e bem eloquente ao seu gesto inadvertido. O receptor do “ósculo”fez ali, publicamente e no meio do tráfego que transbordava das artérias, os “agradecimentos” efusivos de quem se sente afectado na sua privacidade de condutor independente. Os impropérios desferidos fustigaram mais que as bátegas da chuva numa noite de invernia. Não vou relatar o vocabulário usado, nem relembrar as emoções que ali vieram à flor da pele, pois ......é dever nosso poupar a língua de Camões a estes exercícios verbais.
Foi, verdadeiramente, um exemplo de pura intolerância e incompreensão, perante aquele toque suave, do roçar de um veículo noutro. Apenas refiro, a título de curiosidade que nem sequer ficaram gravadas na “pele” do parceiro, as marcas do “baton”!
Não quis inteirar-se das causas nem das motivações daquele desnorte, da condutora, que incautamente desferiu aquele “beijinho”. As preocupações, as amarguras de uma mãe, por breves instantes toldaram a vista, a atenção da condutora que deixou o carro perder-se no emaranhado dum trânsito caótico, à hora de ponta.
Vivemos num torvelinho de emoções, numa correria desenfreada para alcançar o quê? Corremos atrás do tempo, na ânsia desesperada de o agarrarmos....mas, esquecemos os outros, a sua realidade, a sua circunstância. Atropelamos os outros, a cada passo, a cada movimento, sem nos determos por segundos que seja, para tentarmos compreender a razão das coisas.
Desse desajuste, desse alheamento resulta uma grande erosão nas Relações Humanas, que se vão desvanecendo entre as pessoas. Os afectos são delapidados em nome dum individualismo estéril e cresce por aí, uma multidão de pessoas cheias de razão, mas solitárias e infelizes.
Preconiza-se uma maior interferência no mundo do outro, nas razões do outro, nas motivações que levam a determinados comportamentos e a determinadas atitudes.
A tolerância vem sempre ligada a uma inteligência superior, pois a vida demonstra como num exercício matemático, que só o ignorante é intolerante!

M.ª Donzília Almeida

13.11.09


domingo, 15 de novembro de 2009

Crucifixos e laicidade

1.Segundo os meios de comunicação, perante a queixa de uma mãe, Soile Lautsi, que, em 2002, exigiu a retirada dos crucifixos na escola pública de Vittorino da Feltre (Pádua), onde os seus filhos estudavam, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, em Estrasburgo, acaba de lhe dar razão - a escola pública não tem religião nem pode usar símbolos religiosos - e condena o Estado italiano a pagar-lhe uma multa de cinco mil euros por danos morais.
Esta decisão é considerada, por uns, como lamentável, por outros, como uma decisão histórica na afirmação da laicidade do ensino público e na defesa da liberdade individual em matéria religiosa na Europa. Na Itália, a sua rejeição parece bastante generalizada, o Governo italiano vai recorrer da decisão e o Vaticano está de acordo.
Em Portugal, em 2005, este tema prometia um balão de polémicas. Pela voz de D. Carlos Azevedo, então porta-voz da CEP, foi esvaziado com declarações muito descontraídas, cheias de bom senso, que não davam para alimentar a ira dos laicistas. Da parte do Governo também não houve nenhuma vontade de precipitação e, em várias instâncias, foi-se abrindo caminho para soluções que respeitem a laicidade, a liberdade de crer e não crer e a presença das religiões na escola pública, para aqueles que não as consideram fonte de alucinação.

2.Continuaremos, no entanto, confrontados com vários aspectos das problemáticas em torno desta questão, pois, nem o mundo nem a Europa esgotaram as suas surpresas nos séculos XIX e XX. Felizmente, dispomos, entre nós, de algumas referências que podem ajudar a não ser simplistas com soluções abstractas que não tenham em conta a complexidade do devir histórico das sociedades e mentalidades. Destaco uma obra incontornável, de perspectiva histórica, de Fernando Catroga, com prefácio de Anselmo Borges (1), e um texto indispensável de Eduardo Lourenço, elaborado nas fronteiras da história cultural, da filosofia e da teologia, lembrando que a laicidade não é inocente se não comporta distância em relação à tentação de se fechar sobre si como "discurso de verdade" (2).
A laicidade pode ser vista, antes de mais, como um processo histórico desencadeado como efeito da secularização, isto é, da perda de influência social da religião e da sua capacidade configuradora da história, manifestada na autonomia da ciência, da política, da filosofia, da economia e da própria moral. A partir do Vaticano lI, redescobriu-se oficialmente que a própria autocompreensão do cristianismo exige a autonomia das realidades temporais. Por outro lado, a essência da laicidade não está na separação entre o Estado e a Igreja ou a religião e a política e nem se limita, sequer, à questão religiosa. Como observa o historiador Émile Poulat, o que está em jogo na laicidade é, antes de mais, uma concepção do ser humano e o papel da consciência individual. O facto da separação da esfera civil e política da esfera religiosa e eclesiástica só atinge o seu verdadeiro sentido quando essa separação é posta ao serviço da primazia da consciência e da defesa da liberdade humana.

3.Não basta, por isso, considerar a laicidade como um valor e um património histórico, cultural e político comum à Europa e à cultura ocidental, ignorando a sua raiz e origem profundamente religiosas e, concretamente, cristãs. Foi nesse contexto que nasceu e se desenvolveu. É difícil compreender a sua génesis e sentido fora da matriz que o cristianismo lhe proporcionou.
É certo que os processos de laicidade e sua implantação se desenvolveram em confrontações abertas com a religião e com a Igreja, rompendo com a sua abusiva tutela. Apesar dessa beligerância, não se pode esquecer que as noções de pessoa e humanismo, de autonomia e liberdade e direitos humanos ou da própria noção de separação do poder político e religioso só se tornam compreensíveis a partir da tradição cristã e judaico-cristã. Para Marcel Gauchet, como para vários outros analistas, a concepção laica da realidade do mundo, da natureza e do vínculo social constituiu-se, essencialmente, no interior do campo religioso, alimentou-se da sua substância e encontrou, aí, o meio para desabrochar como expressão das suas virtualidades fundamentais.
O quadro dualista, em que se tem movido a confrontação entre Igreja e Estado, religião e política, tornou-se insuficiente para entender as novas formas de expressão religiosa, a visibilidade pública da fé e as manifestações públicas do religioso no mundo actual. Como nota o já citado Émile Poulat, "a Igreja e a religião perderam o estatuto público de que gozavam no espaço público e, com ele, deixaram de ser um poder, mas encontraram um lugar legítimo na sociedade civil - essa grande família de corpos intermédios entre o Estado e os cidadãos - a partir do qual podem continuar a ser uma autoridade. Serão referências, tanto mais autorizadas e desejadas, quanto mais afastarem qualquer tentação de dominação política, social, cultural, económica ou religiosa".
O seu reino não é o das querelas de imagens, mas o seguimento do Crucificado no serviço dos excluídos.

Frei Bento Domingues

(1) Entre Deuses e Césares, Coimbra, Almedina, 2006.
(2) Religião - Religiões - Laicidade, in Europa e Cultura, Gulbenkian, 1998, pp. 71-78.


Tribunal Europeu dos Direitos Humanos: Sempre há cada decisão mais ridícula e fundamentalista...




A CRUZ
um símbolo de abertura e de fraternidade


O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos alega que a presença de crucifixos pode perturbar crianças de outras confissões, argumento que o Padre Querubim Silva diz ser falacioso por entender que o crucifixo é, acima de tudo, um símbolo de abertura e de fraternidade.
Em entrevista à Renascença, o Padre Querubim Silva faz duras criticas aos responsáveis por esta decisão e desafia mesmo os católicos a saírem à rua para afirmarem as suas convicções.
“Não é uma questão de brincar com o direito à indignação é uma questão de afirmar o direito à diversidade e à identidade própria. Trata-se simplesmente do respeito pela pluralidade (…). Os cristãos saíram à rua já algumas vezes e saíram com razão, e isso deu resultado”, afirma o representante da CEP no Conselho Nacional de Educação.
O apelo do Padre Querubim Silva é subscrito por Carlos Aguiar, presidente da Associação Famílias, que considera “idiotas e falaciosos” os argumentos do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.
"Se as crianças ficam traumatizadas pela presença do crucifixo, então os pais têm de tapar os olhos às crianças para que elas nas ruas não vejam os inúmeros símbolos que falam de Cristianismo, em todas as pequenas e grandes cidades e nas aldeias desta «velha» Europa”, sustenta Carlos Aguiar.
O presidente da Associação Famílias desafia os cristãos a trazerem a cruz consigo de forma visível: “nós não temos de ter medo, nós temos a razão do nosso lado, temos a nossa Fé, Cristo para os não crentes foi um homem que só fez bem, que pregou o amor, não temos que ter vergonha de aceitar a cruz como o sinal máximo da nossa Fé”.

Nota à margem da notícia da RR: Nas próximas semanas vamos mostrar, com o sinal da cruz ao peito, quer como jóia, quer com a maior simplicidade, a nossa convicção e a nossa fé, sem provocações e sem excessos mas sem medos.

NOTA pessoal: Recebi esta nota, com a qual concordo plenamente. FM

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