quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Para pensar... Muito!




E24: a grande solução para a educação


Às vezes, até me apetece bater em mim mesmo. Vejo e leio notícias de que discordo, plenamente, e fico calado, comodista, indiferente, como se não houvesse nada para dizer. Depois  decido-me a escrever. O tempo passa e nada digo. Vêm outros assuntos, outras tarefas, outras sestas e o que é importante ficou na gaveta dos esquecidos.
Vem isto a propósito de uma achega que me enviou o Ângelo, com a recomendação de que lesse. Li e aqui fica, para pensar... Muito!

FM

Crónica de um Professor: A romã




N’ aula d’ Área de Projecto,
Desenhámos uma romã!
Foi um trabalho bem concreto,
P’ra começar uma manhã!

Iniciar a manhã, com um pequeno-almoço substancial, prepara-nos para enfrentar os desafios de um novo dia, com coragem e energia. Assim preconizam os Britânicos que se abastecem com as salsichas, ovos estrelados com bacon, cereais, sumos etc.
Para alimentar esta filosofia, os hotéis apresentam, no seu cardápio, as duas variedades de pequeno-almoço, numa panóplia de acepipes, que satisfazem o apetite do hóspede mais exótico.
Foi nessa perspectiva de um início de dia, revigorante que decidiu tomar a 1ª refeição do dia, em pleno pomar! Agora no Outono, com novas roupagens e os frutos da estação a brilhar nas árvores, é uma iguaria para os sentidos! Não a quantidade calórica do English breakfast na sua diversidade de alimentos, mas na outra componente mais nutritiva para o espírito e menos para o corpo!
O orvalho da manhã, no passeio pelo pomar, conduzido por essa vereda estreita, foi a lufada de ar fresco, energético que lhe encheu os pulmões e a alma! A quietude das coisas fazia sentir o aroma da terra, que rescendia a frutos maduros. As luzes da aurora iam abrindo caminho, acordando as espécies de vida, do torpor da noite.
Foi nessa paz doce e aromática que os seus olhos se fixaram naquela romãzeira que mais parecia uma árvore de Natal cheia de luzinhas vermelhas. Belo espectáculo a motivar a teacher para a aula que iria iniciar a sua manhã, nesse Outono estival.
A sua mente, sempre aberta a novas ideias, novos desafios, concebeu ali mesmo a pedra de toque para a aula de Área de Projecto. Nesta altura do ano, em que se definem objectivos, estratégias e actividades, surgiu como bênção do céu aquele elemento da natureza.
Sem mais delongas, ali mesmo, ficou decidido o elemento motivador para a aula. A romã, retirada, cuidadosamente da mãe, daí a pouco estava “sentada” num palanque improvisado na sala de aula. Todos os alunos iriam observar minuciosamente o objecto e tentar reproduzi-lo, o mais fielmente possível.
A Professora aproveitou o ensejo para despertar nos discípulos, o sentido estético e o amor à natureza. A interdisciplinaridade foi posta em prática e todas aquelas cabecinhas ficaram a pairar em volta do modelo observado. Era tão vermelhinha aquela romã, com os bagos rubros a extravasar da fenda que eclodira, que o mais apático aluno não ficava indiferente!
Fizeram um registo de observação e verificaram, que afinal, não era nada transcendente, reproduzir no papel, a forma cilíndrica do fruto, tal qual aquilo que viam. Pior foi para aqueles, cujo ângulo de observação lhes impunha registarem a abertura sinuosa do pericarpo, vulgo racha da romã!
Claro que apareceram as formas e tamanhos mais díspares, segundo aqueles olhares pueris, mas a romã, vedeta desta exibição tomou forma em cada uma daquelas cabecinhas.
No fim dos trabalhos e da aula prolongada, de 90 minutos, cada aluno recebeu na concha das suas mãozinhas, a fracção de bagos vermelhos que a divisão do fruto lhes proporcionou. E......diga-se, à guisa de conclusão que aquela romã tinha um coração muito generoso....um grande coração!

M.ª Donzília Almeida

12.10.09

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O FIO DO TEMPO: Colonialismo espiritual





1. Decorre em Roma o II Sínodo para África. Este encontro com o Papa procura repensar a comunidade africana na sua renovação contínua e na relação com a comunidade universal. De 4 a 25 de Outubro a organização local africana encontra-se com a organização universal em reflexão sobre os caminhos andados e os percursos a trilhar. Na mensagem de abertura Bento XVI confirma o reconhecimento da grandeza e originalidade do continente africano, exaltando o seu «imenso pulmão espiritual para toda a humanidade». Simultaneamente, o Papa alerta para os perigos das “patologias” do materialismo e do fundamentalismo religioso. Num continente pródigo de beleza natural mas ao longo dos séculos muito sofrido na exploração pelo ocidente apressado e interesseiro (é um facto histórico), é hora de nova consciência autonómica sobre o continente africano.

2. A referência ao «colonialismo espiritual» apresentar-se-á como um dado preocupante, numa transferência do plano político ao espiritual; diz Bento XVI que «neste sentido, o colonialismo, terminado no plano político, nunca se concluiu completamente.» Não é fácil, com toda a carga história secular, abordar o assunto do colonialismo espiritual. À liberdade de propor deve presidir a liberdade de aceitar e a face humana de instituições como a Igreja mostra factualmente também elos menos positivos; quantos caminhos desandados nas questões delicadas da imposição da fé?! Continua a ser de grandeza eminente aquele persistente e lúcido «pedido de perdão» do peregrino da paz, o Papa João Paulo II. A “purificação da memória” em terrenos tão delicados como o da inculturação da fé transborda para todos os quadrantes numa responsabilidade de nunca impor mas de propor.

3. Na verdade de que nunca se pode ajuizar com os olhos de hoje os séculos passados (seriam juízos anacrónicos, fora do tempo), o certo é que só na chave de leitura de um pluralismo ecuménico é que se poderá ver a luz ao fundo do túnel. Não é missão fácil; mas possível no enobrecer do essencial.


O que é um cristão cultural?



Os «não-praticantes» têm também
as suas expressões que é preciso reconhecer


A categoria “católico ou cristão não praticante” faz pele de galinha a muita gente que assim reage contra o conformismo dos que receberam uma herança cristã sem nunca verdadeiramente a ter assumido. Engrossam as estatísticas mais genéricas, reconhecem-se num determinado conjunto de referências e partilham até uma esporádica ou difusa atmosfera religiosa, mas afastaram-se de uma integração prática e plena na dinâmica eclesial. Por isso, são olhados, tantas vezes, como um peso-morto que a Igreja tem de carregar e em relação ao qual pouco ou nada pode fazer.


Ora, sem simplificar aquilo que é complexo, deve-se dizer, porém, que eles representam também um imenso desafio. Hoje alguns autores da sociologia da religião preferem mesmo utilizar a designação “cristão cultural” para descrever este povo que, talvez de modo apressado, se chamava de “não-praticantes”. Verdadeiramente, os “não-praticantes” têm também as suas expressões que é preciso reconhecer: no seu modo de viver há práticas que persistem e outras que vão sendo transformadas; há um confronto com o Absoluto e um sentido do Transcendente, talvez soletrados com outra dicção, mas não necessariamente despojado de intensidade; há a procura dos valores evangélicos, mesmo quando explicitamente já não tomam o Evangelho como referência… Claro que nem tudo é igual, e há uma explícita maturidade cristã que tem de ser anunciada com desassombro. Mas isso não é incompatível com uma arte do encontro (e do re-encontro) que precisamos todos, praticantes e não-praticantes, de descobrir.

Da passagem recente de Enzo Bianchi entre nós, anotei, por exemplo, estas palavras, que nos obrigam certamente a pensar: «Creio que também há lugar para uma espiritualidade dos agnósticos e dos não-crentes, daqueles que se colocam à procura da verdade porque não se satisfazem com respostas pré-fabricadas e definidas de uma vez para sempre. É uma espiritualidade que se alimenta da experiência da interioridade, da procura de sentido e do sentido dos sentidos, do confronto com a realidade da morte como palavra originária e da experiência do limite; uma espiritualidade que conhece também a importância da solidão, do silêncio e do meditar».

José Tolentino Mendonça

In Ecclesia

A ABRIR: Poesia para este dia










ENTARDECÍAMOS EM DEUS

Entardecíamos em Deus. No doce
apuro da sua dádiva.
Era um Outubro cúmplice, por onde
o lúcido licor vinha às palavras
Explicitar-se. E ao seu lume a pôr-se
no júbilo do espírito e das águas.
Decantava-se sermos o suporte
desse momento. Da doçura amarga
que altíssima subia pela morte
e dava em vida. Que só Deus nos dava.


Fernando Echevarria (n. 1929)

Ver mais aqui





segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O FIO DO TEMPO: Arregaçar as mangas!





1. Se fosse possível quantificar a energia investida nas campanhas e esta ser transferida para o «day after (dia seguinte)» aos actos eleitorais não havia país que não avançasse! Mesmo integrando as diferentes formas de olhar o futuro…, a verdade é que no “meio” dos programas a realizar muito terreno resulta como semelhante em ordem ao bem comum e a uma sociedade mais justa. É a hora de arrumar a tenda das campanhas, é momento de tirar os cartazes e devolver às rotundas das nossas avenidas a sua autêntica finalidade circulante. Cada acto eleitoral mobiliza ao seu jeito. Das europeias às nacionais (legislativas) e destas às locais (autárquicas), chega a hora de arregaçar as mangas em ordem a cada dia fazer o melhor possível.

2. Como já não havia memória, o país viveu três actos eleitorais seguidos. A esperada mobilização, e sendo verdade que a sequenciação das eleições daria razões para crescente interesse e mais participação, deu lugar a uma certa saturação e indiferença. Das campanhas e do estilo argumentativo de “fazer” política muitas são as lições que sempre se podem tirar, bastará haver grandeza e interesse para tal. Haverá? Nunca no dia seguinte se pode aceitar comodamente que tudo continue como dantes. Diante de tantos desafios da sociedade actual, é sentido esse «rasgo» constante que impele ao sentido dinâmico e evita o fecho do descompromisso? A cidadania activa e participativa não se pode acomodar no final do acto eleitoral, deve, antes, procurar implementar dinamismos novos, estimulantes e comunitários.


3. São heróis e grandes portugueses os que servem no designado poder local, na condição de se viver para servir. Na limitação dos meios de que dispõem têm de fazer o milagre da multiplicação e do contínuo mobilizar de recursos tirando o melhor de cada rua, terra, paisagem, tradição com inovação. “Esmiuçou-se” cada cartaz e cada ideia nas campanhas que dá para arrepiar como ainda estamos aí… Avancemos, arregaçar as mangas!

Alexandre Cruz

Universidade Sénior: início de uma caminhada

Ponte da Cambeia

À descoberta da Gafanha

Hoje foi dia de animar um grupo de trabalho na Universidade Sénior da Fundação Prior Sardo. Para iniciar a caminhada, à descoberta da Gafanha, marcaram presença 15 pessoas, adultas, aposentadas, reformadas ou em vias disso, ávidas de conviver e de trocar experiências. Penso que vai ser bom partilhar saberes, sentimentos, impressões e emoções. E sabores, quando houver motivos para isso. Abrindo a alma aos outros, à descoberta, ao conhecimento, porque o homem e a mulher não nasceram, unicamente, para viver isolados e fora do mundo. A solidão, quando desejada, também terá o seu lugar.
Gostei dos primeiros contactos. Gostei de ouvir as razões por que se inscreveram na Universidade Sénior, na Gafanha da Nazaré, recentemente criada. Gostei de sentir que ainda há gente capaz de compreender que é óptimo pôr em comum anseios, alegrias, inquietações e até algumas tristezas. Gostei de ver o espírito de abertura de todos os participantes. A naturalidade com que falavam, a serenidade com que ouviam, a indiferença com que viram o tempo passar. Sem pressas.
Quando penso em tantos reformados e aposentados fechados sobre si próprios e sobre o mundo que os rodeia, quantas vezes presos e conformados à mesa do café, ou tristes a olhar o céu azul e sem capacidade para se abrirem a horizontes novos, tenho pena que não descubram a importância de estar com os outros, alimentando projectos de vida com sentido.
Na próxima segunda-feira, e seguintes, a caminhada continua, à descoberta da Gafanha.

Fernando Martins

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Animais das nossas vidas

O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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