Confesso que, às vezes, sinto que já não me devia surpreender com algumas coisas que oiço e vejo, mas, de quando em quando, lá vem a surpresa, boa ou má. No caso concreto a surpresa da superficialidade com que algumas pessoas abordam certos assuntos.
Quem procede assim, tende a acreditar que já sabe tudo da vida e a predisposição para a arrogância e a intolerância é elevada. Têm um fraquinho para julgar e avaliar (?) os outros pelas aparências e conveniências, dando crédito a tudo o que ouvem, através dos seus círculos mais próximos.
Não estou a inventar nada que as ciências dos comportamentos já não tenham dito escrito e demonstrado.
No passada reflexão que escrevi, com título “Hoje, houve bronca na missa!”, referi-me a uma situação, que deve indignar qualquer cristão, e que está associada a autênticos dramas humanos de pobreza, vividos numa freguesia da Arquidiocese de Braga, em contraponto com o luxo e a ostentação que alguns – poucos – habitantes, da mesma freguesia, exibem, em tom provocatório, até para a própria Igreja, como foi o caso.
Pois bem, um amigo e leitor deste blogue fez o favor de me contactar, amavelmente, ao mesmo tempo que, a dado passo da conversa, me deixava um aviso:
- Hoje, quase só não trabalha quem não quer! Isto, agora, é só malandros!
É verdade que já não é a primeira vez que oiço este género de afirmações, mesmo de pessoas ditas piedosas, mas, convenhamos, será que estamos num país em que cerca de dois milhões de pessoas preferem serem pobres ou andamos todos enganados?
Não sou especialista em coisa nenhuma e muito menos em assuntos de pobreza, cuja realidade é complexa e multifacetada – como refere a Mensagem da Comissão Nacional Justiça e Paz, para a Páscoa de 2008, com o título “Escutar o clamor dos pobres.” Andava no site da Agência Ecclesia e encontro uma mensagem redigida pela C.J.P., da própria Arquidiocese de Braga, assinada pelo seu Presidente, Bernardino Silva . Desta mensagem transcrevo as seguintes palavras: “Nesta zona do país em que tantas dificuldades sociais se fazem sentir, mesmo quando muitas não merecem o holofote dos media, é necessário prestar uma maior atenção aos mais pobres. (…) Ofende a dignidade da pessoa humana, atenta contra o seu direito à vida, impede o exercício desse outro direito fundamental que é a liberdade e constitui um obstáculo à participação, condição essencial de uma democracia autêntica.
Neste contexto, impõe-se que as comunidades cristãs, que têm o dever de praticar a “fantasia do amor”, promovam as iniciativas necessárias para ir ao encontro das necessidades dos irmãos, de modo a corresponder à interpelação exigente do Papa Bento XVI: “no seio da comunidade de crentes não deve haver uma forma de pobreza tal que sejam negados a alguns os bens necessários para uma vida condigna.” (Deus caritas est, nº 20)
Não sei se técnica e politicamente estão a ser tomadas as medidas mais indicadas ou eficazes para diminuir, ou mesmo erradicar, este flagelo social que atinge, em primeiro lugar, aqueles que não optaram por serem pobres, nem os que fizeram da pobreza um modo de vida.
Para estes casos ou análogos – que os há, decerto – e depois de devidamente avaliados, talvez o termo pobreza deva ser substituído por outras expressões, como sejam a de uma pessoa doente, socialmente falando, ou de um parasita social, que explora os bens, legítimos, do trabalho, honesto, dos outros cidadãos, para que ele próprio possa viver.
Quem procede assim, tende a acreditar que já sabe tudo da vida e a predisposição para a arrogância e a intolerância é elevada. Têm um fraquinho para julgar e avaliar (?) os outros pelas aparências e conveniências, dando crédito a tudo o que ouvem, através dos seus círculos mais próximos.
Não estou a inventar nada que as ciências dos comportamentos já não tenham dito escrito e demonstrado.
No passada reflexão que escrevi, com título “Hoje, houve bronca na missa!”, referi-me a uma situação, que deve indignar qualquer cristão, e que está associada a autênticos dramas humanos de pobreza, vividos numa freguesia da Arquidiocese de Braga, em contraponto com o luxo e a ostentação que alguns – poucos – habitantes, da mesma freguesia, exibem, em tom provocatório, até para a própria Igreja, como foi o caso.
Pois bem, um amigo e leitor deste blogue fez o favor de me contactar, amavelmente, ao mesmo tempo que, a dado passo da conversa, me deixava um aviso:
- Hoje, quase só não trabalha quem não quer! Isto, agora, é só malandros!
É verdade que já não é a primeira vez que oiço este género de afirmações, mesmo de pessoas ditas piedosas, mas, convenhamos, será que estamos num país em que cerca de dois milhões de pessoas preferem serem pobres ou andamos todos enganados?
Não sou especialista em coisa nenhuma e muito menos em assuntos de pobreza, cuja realidade é complexa e multifacetada – como refere a Mensagem da Comissão Nacional Justiça e Paz, para a Páscoa de 2008, com o título “Escutar o clamor dos pobres.” Andava no site da Agência Ecclesia e encontro uma mensagem redigida pela C.J.P., da própria Arquidiocese de Braga, assinada pelo seu Presidente, Bernardino Silva . Desta mensagem transcrevo as seguintes palavras: “Nesta zona do país em que tantas dificuldades sociais se fazem sentir, mesmo quando muitas não merecem o holofote dos media, é necessário prestar uma maior atenção aos mais pobres. (…) Ofende a dignidade da pessoa humana, atenta contra o seu direito à vida, impede o exercício desse outro direito fundamental que é a liberdade e constitui um obstáculo à participação, condição essencial de uma democracia autêntica.
Neste contexto, impõe-se que as comunidades cristãs, que têm o dever de praticar a “fantasia do amor”, promovam as iniciativas necessárias para ir ao encontro das necessidades dos irmãos, de modo a corresponder à interpelação exigente do Papa Bento XVI: “no seio da comunidade de crentes não deve haver uma forma de pobreza tal que sejam negados a alguns os bens necessários para uma vida condigna.” (Deus caritas est, nº 20)
Não sei se técnica e politicamente estão a ser tomadas as medidas mais indicadas ou eficazes para diminuir, ou mesmo erradicar, este flagelo social que atinge, em primeiro lugar, aqueles que não optaram por serem pobres, nem os que fizeram da pobreza um modo de vida.
Para estes casos ou análogos – que os há, decerto – e depois de devidamente avaliados, talvez o termo pobreza deva ser substituído por outras expressões, como sejam a de uma pessoa doente, socialmente falando, ou de um parasita social, que explora os bens, legítimos, do trabalho, honesto, dos outros cidadãos, para que ele próprio possa viver.
Vítor Amorim