domingo, 26 de novembro de 2006

UM ARTIGO DE ANSELMO BORGES, NO DN

Optimismo e pessimismo:
a ambiguidade do mundo
Foi Leibniz que, numa obra célebre - Teodiceia -, na qual, perante a existência do mal, queria defender e justificar Deus, se apresentou como arauto do optimismo. O nosso mundo é o melhor dos mundos possíveis. Leibniz era um cristão convicto e, portanto, Deus, entre os mundos possíveis, tinha de ter criado o melhor. De facto, se este nosso mundo criado não fosse o melhor, haveria a possibilidade de outro melhor, o que significaria que ou Deus não tinha conhecido esse mundo melhor ou não o tinha querido ou não tinha podido criá-lo, o que contradiz a sua omnisciência, a sua bondade infinita e a sua omnipotência.
O terramoto de Lisboa em 1755 tornava impossível a manutenção de ideias optimistas. Voltaire escreveria o famoso Poema sobre o Desastre de Lisboa, onde pede aos filósofos enganados que venham ver as mulheres e as crianças empilhadas umas sobre as outras, todos esses desgraçados enterrados debaixo dos seus tectos, terminando os seus dias no horror dos tormentos.
Voltaire escreveu também o Cândido, onde escalpeliza a ideia de que tudo contribui para o melhor. O optimismo de Pangloss e a candura de Cândido vêem-se confrontados com a realidade bruta do mal: as desgraças humanas causadas pelas catástrofes naturais, pela estupidez humana, pelas instituições, pelas guerras, pela avareza, pela superstição, pela escravatura, pela hipocrisia, pelo tédio, por todo o tipo de exploração.
Se, para Leibniz, o nosso é o melhor dos mundos possíveis, para A. Schopenhauer, é precisamente o contrário: este é o pior dos mundos possíveis. Existir é sofrer.
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Leia mais no DN

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

UM POEMA DE ANTÓNIO GEDEÃO

LÁGRIMA DE PRETA 

Encontrei uma preta que estava a chorar, 
pedi-lhe uma lágrima para a analisar. 
Recolhi a lágrima com todo o cuidado 
num tubo de ensaio  bem esterilizado. 
Olhei-a de um lado, do outro e de frente: 
tinha um ar de gota muito transparente. 
Mandei vir os ácidos, as bases e os sais, 
as drogas usadas em casos que tais. 
Ensaiei a frio, experimentei ao lume, 
de todas as vezes deu-me o que é costume: 
nem sinais de negro, nem vestígios de ódio. 
Água (quase tudo) e cloreto de sódio.
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Nota: Se fosse vivo, António Gedeão, pseudónimo literário de Rómulo de Carvalho, completaria hoje 100 anos. Mas podemos dizer, com toda a liberdade poética, que ele não morreu. Continua com todos os que amam o belo que a poesia encarna.
Quem há por aí que não conheça este poema que aqui deixo? E quem não conhece, também, Pedra Filosofal, Calçada de Carriche e tantos outros poemas?
F.M.

PROCURAR O MENINO

Um livro do jornalista Joaquim Franco
"UM MENINO
CHAMADO NATAL"
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"Um Menino chamado Natal" foi lançado ontem, 23 de Novembro, em Lisboa, e pretende “recuperar o verdadeiro sentido do Natal” – disse à Agência ECCLESIA Joaquim Franco, autor da obra projectada por duas editoras – Lucerna e Sociedade Bíblica – com uma mensagem de motivação ecuménica, vocacionada para toda a sociedade. Como existe uma mensagem sublime na narrativa do Natal – algo transversal ao Ser Humano – o “Natal é sempre o culminar de uma procura”. Neste caminho existem momentos que nos “confrontamos com a procura” e “há sempre momentos que temos de enfrentar dificuldades” – salientou o autor. Para recuperar o verdadeiro sentido da Natividade “nada melhor do que dar ao Menino que o explica o nome que se assinala” – sublinha. Um trabalho que reflecte também o labor jornalístico do autor. “Aqui está o Joaquim Franco que exerce jornalismo, mas também aquele que é pai e um filho” – disse. Apesar de faltar mais de um mês para a celebração do Natal, “o mistério da Natividade está inerente ao Ser Humano”. E acentua: “entranhou-se nas culturas que vão orientando a vida”. Há o risco de “banalizar o verdadeiro sentido do Natal cristão” até porque, actualmente, se vive mais o Natal da árvore e das luzes. E avança: “O Natal é muito mais que isso”. Com cerca de oitenta páginas, o livro divide-se em três partes: 33 presépios de todo o mundo (da colecção particular de Frei Lopes Morgado; da colecção Museu de Arte Sacra e Etnologia dos Missionários da Consolata; Presépio oferecido pelo Presidente da Autoridade Palestiniana, Yasser Arafat, ao Presidente da República Portuguesa, Jorge Sampaio e um presépio desenhado pela pintora timorense Fátima Guterres para ilustrar um poema escrito, em 1999, em Timor-Leste), Textos bíblicos referentes à Natividade (praticamente todos do Novo Testamento) e textos de autor em vários estilos narrativos. “Três partes que se juntam num todo com o objectivo de fazer presente esta mensagem” – realçou Joaquim Franco.
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Fonte: Ecclesia
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Opiniões de contracapa
De um lado, um natal que se confunde com a vertigem ruidosa da azáfama e se esgota na celebração do consumo. Na outra margem, o convite para ouvir o anúncio da chegada do Messias de que é portador o espantoso mistério do Natal. Ler este livro é aceitar o convite da partilha desse mistério, seguindo a estrela de Belém como outros fizeram há dois mil anos.
Maria João Avillez
:: Na voracidade dos ponteiros do relógio e da sofreguidão comercial precoce, subjaz o nascimento de uma luz-guia. Apesar da longínqua memória bimilenar, a sua exemplar existência reserva-nos a esperança de contarmos com um critério maior: o do amor eterno ao próximo. A Nós.
Jorge Gabriel
:: Natal não é passado, não é data. Esta obra relembra-nos, na simplicidade da nossa linguagem, que o Natal é Presente em cada dia, é a vida continuada de Cristo em cada um de nós.
Fernando Santos
:: A singularidade do Presépio e a eternidade da sua mensagem actualizam-se, no presente, no choque da sua mensagem transformadora com a nossa vida superficial e materialista. Os textos bíblicos e as imagens que simbolicamente ilustram a frágil humanidade de Jesus são transfigurados pela poesia e pela arte em sinais que revelam a compaixão de Deus pela humanidade na sua surpreendente descida a este mundo.
Emília Nadal

TEMPORAL

CHEIAS EM AVEIRO
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Em 1938, o meu ano mais importante, os temporais encharcaram e assustaram Aveiro e suas gentes. Esta foto histórica mostra isso mesmo. Um transeunte ou morador aprecia as águas que inundaram a zona baixa da cidade dos canais. Mais adiante, um outro, talvez cagaréu de gema, tenta amedrontar a água com uma vassoura... É o belo horrível!!!
Só espero (esperamos) que por estes dias, com os temporais anunciados, não aconteça coisa semelhante. Em Aveiro e por outros lados do País.

Um poema de Cesário Verde

Avé-Maria
Nas nossas ruas, ao anoitecer, Há tal soturnidade, há tal melancolia, Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia Despertam-me um desejo absurdo de sofrer. O céu parece baixo e de neblina, O gás extravasado enjoa-me, perturba; E os edifícios, com as chaminés, e a turba Toldam-se duma cor monótona e londrina. Batem carros de aluguer, ao fundo, Levando à via-férrea os que se vão. Felizes! Ocorrem-me em revista, exposições, países: Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo! Semelham-se a gaiolas, com viveiros, As edificações somente emadeiradas: Como morcegos, ao cair das badaladas, Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros. Voltam os calafates, aos magotes, De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos; Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos, Ou erro pelos cais a que se atracam botes. E evoco, então, as crónicas navais: Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado! Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado! Singram soberbas naus que eu não verei jamais! E o fim da tarde inspira-me; e incomoda! De um couraçado inglês vogam os escaleres; E em terra num tinir de louças e talheres Flamejam, ao jantar alguns hotéis da moda. Num trem de praça arengam dois dentistas; Um trôpego arlequim braceja numas andas; Os querubins do lar flutuam nas varandas; Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas! Vazam-se os arsenais e as oficinas; Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras; E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras, Correndo com firmeza, assomam as varinas. Vêm sacudindo as ancas opulentas! Seus troncos varonis recordam-me pilastras; E algumas, à cabeça, embalam nas canastras Os filhos que depois naufragam nas tormentas. Descalças! Nas descargas de carvão, Desde manhã à noite, a bordo das fragatas; E apinham-se num bairro aonde miam gatas, E o peixe podre gera os focos de infecção!
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Nota: Ontem ouvi o escritor multifacetado, tradutor renomado e eurodeputado Vasco Graça Moura falar de livros e de autores, numa entrevista na 2:. Aí, dando a sua opinião abalizada, considerou Cesário Verde, depois de Camões (que este é insuperável), o melhor poeta português. Por isso, mas não só por isso, aqui deixo um poema de Cesário, para quem gosta mesmo de poesia.
F.M.

NATAL MAIS SOLIDÁRIO

"Dar por um sorriso"
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Por iniciativa da Câmara Municipal de Aveiro, vai decorrer, na área do concelho, a campanha “Dar por um sorriso” . Trata-se de uma acção que procura sensibilizar a população para um Natal mais solidário, promovendo, até 11 de Dezembro, a recolha de roupa, brinquedos e material escolar, destinados a famílias carenciadas.
Os interessados em contribuir para esta campanha podem entregar as suas ofertas na Casa Municipal da Juventude de Aveiro, sita na Rua Engº Silvério Pereira da Silva (junto ao Mercado Manuel Firmino), entre as 9.30 e as 18 horas, de segunda a sexta-feira, até ao próximo dia 11.

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Missão da Educação em Angola

Mafalda Frade
partilha testemunho
da realidade…
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"Parece que já estou cá há um mês, tal a quantidade de informação que absorvi ao longo destes dias. Ontem, dei por mim a dizer à minha mãe que a minha sobrinha mais nova devia estar enorme. Depois é que me lembrei de que a vi há pouco mais de dez dias... Enfim, é o que dá vir para um novo mundo.
Este é, de facto, um mundo novo. De Portugal tem a língua e pouco mais. O que mais chama a atenção é a pobreza gritante em que vive a maioria da população. Aqui mesmo em frente da Universidade, que fica em Viana, há um musseque (bairro pobre, uma autêntica favela) onde vivem sete mil pessoas. A estrada é de terra batida e as casas, embora sejam quase todas de tijolo, são muito pequenas. Todos os dias são construídas novas, pelas próprias pessoas que as habitam. Suponho que umas pequeninas casinhas que coexistem ao lado destas 'moradias' sejam casas-de-banho. Há também casas de chapa de zinco."
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O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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