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Linguajar dos gafanhões de outros tempos

Numa das minhas passagens pelos meus blogues,  encontrei este texto de Maria Donzília Almeida.  Resolvi republicá-lo para não se perder com a passagem dos anos PARA SORRIR...  Em tempos que já lá vão, apresentaram-se duas comadres para baptizar uma criança, juntamente com a mãe, da mesma. O abade inquiriu: Então como se vai chamar a criança? A 1.ª comadre respondeu: — Botelhana, Sr Prior! Botelhana! A 2.ª comadre retorquiu: — Prantelhana, Sr Prior, Prantelhana! Por fim, a mãe da criança também se pronunciou e anuiu: — Eu Cudcana. Depois de ter ouvido as três versões, o padre ficou confuso e levou algum tempo até descobrir. Afinal, isto traduzia a maneira de falar das gentes da Gafanha, nos princípios do século passado e todas queriam dizer o mesmo. Já naquela altura, como sempre, se aplicava à linguagem oral, a lei do menor esforço, pelo que, o povo despende a menor energia possível, para pronunciar as palavras (acto de fonação). Assim, o que as comadres queriam, realment...

Babel, Pentecostes e uma ética global

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Crónica de Anselmo Borges no Diário de Notícias A revolução a caminho é a dos pobres e humilhados, que nada têm a perder. 1. Fazemo-nos e construímo-nos uns aos outros; desfazemo-nos e destruímo-nos uns aos outros. Lá está o mito da Torre de Babel, um mito que transporta uma verdade fundamental e dá que pensar, como escreveu o filósofo Paul Ricoeur. Um dia - está escrito no Génesis - os homens disseram: Construamos uma cidade e uma Torre cujo ápice penetre nos céus. A Bíblia vê neste projecto uma iniciativa de arrogância e orgulho insensatos, aquela hybris - desmesura -, que os gregos também condenavam, porque arrastava consigo a maldição e a catástrofe. No meio da arrogância e da desmesura, os seres humanos, em vez de se compreenderem, guerreiam-se e matam-se na barbárie. A tragédia repete-se constantemente. Quando, por exemplo, um ditador brutal, ignorando o Direito Internacional e as Nações Unidas, invade um país independente com uma guerra de terror, aí está uma Babel, num mundo pe...

Ver o mar afugenta o stresse

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Praia da Vagueira Ver o mar afugenta o stresse. Não será novidade para ninguém. E este casal da fotografia, publicada no meu blogue há bons anos, resolveu escolher o mar da Vagueira para retemperar o espírito. Passei por lá ontem, mas a chuva miudinha não me aconselhou sair do carro. Fica para um dia destes. No fundo, diz-me a experiência que toda a natureza, seja ela marítima ou serrana, mais campestre que citadina, inspira-nos vida nova, saudável e tranquila. Bom fim de semana para todos, estejam onde estiverem.

Águeda e a chuva de hoje

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Águeda - Guarda-chuvas  A chuva de hoje fez-me lembrar Águeda, a cidade linda, com os seus guarda-chuvas. Até chegar ao carro, tive de aceitar e recordar que a chuva é fundamental à vida. Com as nossas pressas e comodidades, vamos interiorizando que só o Sol é que é amigo, mas que seria do mundo sem a chuva que rega os campos e enriquece as barragens, rios e lagos?

Abri o coração e recebei o Espírito Santo

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Reflexão de Georgino Rocha  para o Domingo de Pentecostes O Espírito Santo é dado a todos, mas é recebido conforme a medida de cada um. Vale a pena dar-lhe o espaço todo da nossa consciência e relação com os outros, do nosso amor e empenho na sociedade, na família e comunidade eclesial O Espírito Santo é oferecido aos discípulos por Jesus, o enviado de Deus Pai, após a ressurreição. Esta oferta constitui um acontecimento de excepcional importância e, segundo a narrativa de São João, reveste características especiais que ajudam a captar a sua novidade. Ocorre no primeiro dia da semana, ao anoitecer, quando os discípulos estão fechados em casa e cheios de medo. Que escolha contrastante! Jesus manifesta-se no meio deles, deseja-lhes a paz e mostra-lhes os sinais da paixão. Eles exultam de alegria por verem o Senhor. E neste ambiente cordial e nesta relação pacífica, Jesus faz o seu envio em missão, após lhes ter recordado que é Deus Pai, a fonte do envio missionário. E, enquanto sopra...

Praia da Barra - Painel cerâmico de Zé Augusto

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  Nas festas celebrativas dos dois séculos da abertura da Barra, a efeméride foi assinalada com um painel cerâmico de Zé Augusto. Aconteceu isto em 3 de Abril de 2008. Na abertura da época balnear, ocorreu-me recomendar aos veraneantes ou visitantes que apreciem este trabalho. Depois, saboreiem umas férias retemperadoras.

RIA DE AVEIRO vista por Ribeiro Couto

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RIA DE AVEIRO Na ria de Aveiro Quero um pequenino Barco moliceiro. Também sou menino. Na ria de Aveiro Podeis vir comigo, Barco moliceiro Nunca tem perigo. Nunca se naufraga Na ria inocente: Da crista da vaga Vêm braços à gente. Quer vão ao moliço, Quer soltem as redes, O mar é submisso Aos barcos que vedes. Brancas, amarelas, Na ria de Aveiro Se espalham as velas: Brinquedo ligeiro. Também sou menino, Ó moças de Aveiro! Dai-me um pequenino Barco moliceiro. RIBEIRO COUTO 1944 Ribeiro Couto (1898-1963)  terá passado por Aveiro em 1944  - pelo menos é essa a data do seu poema -,  onde se deixou cativar pela graça  quase alada dos barcos moliceiros.  Caso Curioso,  na mesma época estabeleceria  relações de índole literária  com Mário Sacramento. "Aveiro e o seu Distrito",  n.º 20, Dezembro de 1975

Dia Mundial da Criança - Vamos celebrá-lo todos os dias?

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O dia 1 de junho começa bem com o Dia Mundial da Criança. Vão cantar-se loas ao futuro do mundo de que serão protagonistas os meninos e meninas dos nossos dias, e até, talvez por momentos, se esqueça a guerra que tantos órfãos vai deixar para o futuro. Guerra ou guerras, que o mundo está cheio de lutas fratricidas. Os meninos e meninas da minha geração ajudaram a construir o presente. Olhando para trás, jamais esquecerei amigos e colegas que saltaram dos bancos da escola para o mundo do trabalho, onde aprenderam profissões, sem tempo para brincar. No fundo, fizemos as caminhadas possíveis, de sucessos e fracassos, de que nos orgulhamos, nuns casos, e arrependemos, noutros. Neste Dia Mundial da Criança, celebrado em Portugal desde 1950, não faltarão eventos para os mais novos e para todos os gostos: Festas, visitas a museus, jogos, brinquedos, espetáculos, prendas, leituras, desportos e muito carinho. As crianças sentir-se-ão muito felizes porque estarão a ser os reis e rainhas do dia, ...

RIA DE AVEIRO vista por Raul Brandão

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Ria na Murtosa "A ria é um enorme pólipo com braços estendidos pelo interior desde Ovar até Mira. Todas as águas do Vouga, do Águeda e dos veios que nestes sítios correm para o mar encharcam nas terras baixas, retidas pelas dunas de quarenta e tantos quilómetros de comprido, formando uma série de poças, de canais, de lagos e uma vasta bacia salgada. De um lado o mar bate e levanta constantemente a duna, impedindo a água de escoar; do outro é o homem que junta a terra movediça e a regulariza. Vem depois a raiz e ajuda-o a fixar o movimento incessante das areias, transformando o charco numa magnífica estrada que lhe dá o estrume e o pão, o peixe e a água de rega. Abre canais e valas. Semeia o milho na ria. Povoa a terra alagadiça, e à custa de esforços persistentes, obriga a areia inútil a renovar constantemente a vida. Edifica sobre a água, conquistando-a, como na Gafanha, onde alastra pela ria, aduba-a com o fundo que lhe dá o junco, a alga e o escasso, detritos de pequenos peixes...

Vitorino Nemésio - Pomba Te vejo...

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Pomba Te vejo... Pomba Te vejo... E vão, de Ti coroadas, Espírito impassível, Promover as aradas Sobre a terra possível. Paráclito no terno, Nem terceiro nem primo, Nem segundo no eterno, Mas triádico ao cimo. Vem, Espírito Santo, Por nome amor e asa, Como a áscua de espanto Acende a mente e a casa. Os corações repletos Serão de Ti, que amplias, Como os grãos são completos Já nas vagens esguias. Das quais Uma, à luz núncia, Para mais que anjos feita, Abre a cruz da renúnica Sobre a Terra imperfeita. Vem na consolação, Indene a gáudio e a pranto, Tu, Padre, e à dextra mão O Filho, Espírito Santo. Vitorino Nemésio NOTA: Li hoje no Correio do Vouga

Dia dos Irmãos - O meu irmão Armando Grilo

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Celebra-se hoje, 31 de Maio, o Dia dos Irmãos. Dia adequado para os irmãos conviverem, recordarem vivência partilhadas em comum e sentirem-se mais próximos, já que a vida apressada muitas vezes os afastam. Eu só tive um irmão, o Armando, que já partiu para o seio maternal de Deus, apesar de ser mais novo do que eu. A vida tem destas coisas. Apesar disso, não esqueço o meu irmão, que me tratava por mano. Não me recordo de alguma vez me chamar Fernando. E ele, para mim, era o Menino e nunca o Armando. A sua partida para Deus, não o afastou dos meus quotidianos. A sua imagem, o som da sua voz, o seu sorriso franco e o espírito alegre que com todos partilhava continuam a ocupar um espaço indelével na minha alma. Há tempos,  estive no cemitério da Gafanha da Nazaré, onde fui para conversar com ele e com outros familiares e amigos. Não vim de lá deprimido, mas feliz. As conversas fazem-nos sempre muito bem, quando bem intencionadas. A minha intenção de os visitar foi alimento para as s...