quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Júlio Dinis passou pela Gafanha


Júlio Dinis passou pela Gafanha
e em 28 de Setembro de 1864  escreveu de Aveiro 
ao seu amigo Custódio Passos:

“Aveiro causou-me uma impressão agradável ao sair da estação; menos agradável ao internar-me no coração da cidade, horrível vendo chover a cântaros na manhã de ontem, e imensas nuvens cor de chumbo a amontoarem-se sobre a minha cabeça, mas, sobretudo intensamente aprazível, quando, depois de estiar, subi pela margem do rio e atravessei a ponte da GAFANHA para visitar uma elegante propriedade rural que o primo, em casa de quem estou hospedado, teve o bom gosto de edificar ali.
Imaginei-me transportado à Holanda, onde, como sabes, nunca fui, mas que suponho deve ser assim uma coisa nos sítios em que for bela.”
Depois, acrescenta, como que a querer dar-nos uma lição: “Proponho-me visitar hoje os túmulos de Santa Joana e o de José Estêvão, duas peregrinações que eu não podia deixar de fazer desde que vim aqui.”

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Mourão-Ferreira — Natal, e não dezembro




NATAL, E NÃO DEZEMBRO

Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido…
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave…
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
Talvez universal a consoada.

David Mourão-Ferreira


Nota: Gosto da poesia de Natal  de David Mourão-Ferreira. Publicação repetida.

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

DIFERENÇAS — Cardeal Tolentino

O estribilho tenho-o ouvido com frequência: “Não temos hoje a afirmação de um pensamento católico consistente”. Parece que rareia - é certo. Mas há sempre magníficas excepções. E o Cardeal Tolentino é uma exemplar de primeira grandeza. Teólogo esclarecido, profundo e aberto aos desafios do nosso tempo, biblista, filósofo da interioridade; o homem que sabe dizer para além das palavras, em poesia humanista, filosófica e mística a um tempo; conferencista plurifacetado… 
Não admira que tenha sido chamado às responsabilidades de que se desempenha na Cúria Romana, não espanta ter ganho o Prémio Pessoa 2023 e ter sido investido pela Universidade de Aveiro como Doutor Honoris Causa. 
Faz a diferença em relação a tantos atavismos teológicos, a tanta inércia de saudosismos passadistas, a tanto medo (ou cobardia) rotulado de prudência. Também com esta pena iluminada se faz Natal, no meio da selva de tanto dizer sem nada dizer, de tanta ‘teologia de bolso’, de tantos muros erguidos face à cultura, de tantas janelas a fecharem-se, numa rota de preservar a Igreja condenando-a ao mofo da insignificância.

Querubim Silva 
no Correio do Vouga de hoje 

Os sonhos comandam a vida

 “Neste Natal, atreva-se a sonhar.” Li esta frase, há anos, num saco publicitário, e ficou guardada no meu cérebro para sempre, em especial no Natal. De pequenino senti que o Natal era um sonho que continuará até ao fim dos tempos. E quem não gosta de sonhar?

Neste Natal, tenho sonhado com o fim das guerras, tantas guerras, ao longo da história. E nenhuma levou os homens e mulheres procurarem a paz para sempre. Tanto a nível pessoal, local e universal.

O sonho, diz o poeta António Gedeão, comanda a vida. E se assim é, há que encher a vida de sonhos. Sonhos que nos alimentem o espírito e nos garantam forças para prosseguir na jornada, em caminhos de optimismo, tolerância e verdade.

Importa, pois, sonhar, porque a vida não pode ser só trabalho, canseiras, preocupações, tristezas. De permeio, há felicidades pessoais ou coletivas a conquistar.

Urge crer num mundo melhor e lutar por uma sociedade mais justa e mais solidária, para nós e para os nossos filhos e netos. Urge tornar fáceis, através dos sonhos, mas não só, os caminhos que trilhamos, iluminando os que nos rodeiam com sorrisos e projetos de beleza e paz. Urge prosseguir no dia a dia na busca do que é bom para todos os homens e mulheres de boa vontade.

Será ótimo sonhar em espírito natalício todos os dias do ano! É que o sonho, a alma de uma vida melhor, é luz que brilha e ilumina projetos com sentido, porque assentes na ternura que o MENINO do presépio de Belém nos deu para sempre.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Recordando um amigo: Georgino Rocha

Lembrei-me hoje de um amigo que já está no seio de Deus: Georgino Rocha. Um padre amigo e sempre disponível para colaborar neste meu blogue, com reflexões adequadas aos tempos litúrgicos. Não era preciso telefonar-lhe nem sugerir-lhe assuntos para os seus escritos. Estou convicto de que o meu amigo de tantos anos não me levará a mal este modesto elogio, mas sinto que devo fazê-lo por razões de justiça.
A sua fidelidade era tal, que, mesmo doente, os seus escritos não faltavam na hora própria, dando testemunho da sua fé e da sua cultura, que era muito acima do normal. Não será necessário citar os seus doutoramentos porque o padre Georgino não fazia gala disso, embora o provasse, quando escrevia ou falava para gente humilde ou culta.
Em sua memória, republicarei alguns textos seus. É que o padre Georgino continua a acompanhar-me na minha vida terrena.

Fernando Martins

domingo, 17 de dezembro de 2023

O PRESÉPIO de João Saraiva

Menino vestido pela Lita por causa do frio
 

Numas palhinhas deitado,

abrindo os olhos à luz,

loiro, gordinho, rosado,

nasce o Menino Jesus.


Uma vaquinha bafeja

seu lindo corpo divino, 

de mansinho, que a não veja 

e não se assuste o Menino!


Meia-noite. Canta o galo.

Por essa Judeia além

dormem os que hão de matá-lo 

quando for homem também!


E, pensativa, a Mãe pura

ouve, embalando Jesus,

os rouxinóis na espessura

dum cedro que há de ser cruz!


PAPA FAZ HOJE 87 ANOS — PARABÉNS!

PAPA FRANCISCO FAZ HOJE 87 ANOS

 

Pascal: o Homem e Deus

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias

Entre o nada e o Infinito, outras tensões, Jesus Cristo e a salvação.
Desproporção no homem. "O que é um homem no infinito? O que é um homem na natureza? Um nada diante do infinito, um tudo diante do nada, um meio entre nada e tudo, infinitamente longe de compreender os extremos. Todas as coisas saíram do nada e são elevadas até ao infinito."
O homem não se compreende porque está no meio e não se contenta senão com o infinito. "Todos os homens procuram ser felizes. O que não conhece excepção por muito diferentes que sejam os meios para esse fim. A vontade não faz a mais pequena diligência a não ser tendo em vista esse objecto. É este o motivo de todas as acções de todos os homens, até mesmo dos que se enforcam.

sábado, 16 de dezembro de 2023

NATAL — Provérbios

O Nosso Menino Jesus
 

- Ande o frio por onde andar, no Natal cá vem parar.

- Caindo o Natal à segunda-feira, tem o lavrador de alugar a eira.

- Festa do Natal no lar, da Páscoa na praça, do Espírito Santo no campo.

- Mal vai a Portugal se não há três cheias antes do Natal.

- Natal à sexta-feira, por onde puderes semeia; ao domingo, vende bois e compra trigo.

- O Natal ao assoalhar e a Páscoa ao luar.

- Depois que o Menino nasceu, tudo cresceu.

- Natal ao sol, Páscoa ao fogo fazem o ano formoso.

- Depois do Natal, saltinho de pardal

- Pelo Natal, cada ovelha no seu curral.

- Pelo Natal, neve no monte, água na ponte.

- Chuva em Novembro, Natal em Dezembro.

- Do Natal a Santa Luzia, cresce a noite e mingua o dia.

- Dos Santos ao Natal, bom é chover e melhor nevar.

- Dos Santos ao Natal, perde a padeira o seu capital.

- Dos Santos ao Natal, é inverno natural.

- Natal em casa, junto à brasa.

- No dia de Natal têm os dias bico de pardal.

- No Natal semeia o teu alhal se o quiseres cabeçudo pelo Entrudo.

- Pelo natal, se houver luar, senta-te ao lar; se houver escuro, semeia tudo.

- Pelo Natal, sachar o faval.

- Pelo Natal, tem o alho bico de pardal.
:


NB: Há mais provérbios... Quem quer dar uma ajuda?

Homenagem a Tolentino Mendonça

“Mesmo se vivemos rodeados de perguntas, as mais preciosas são, porventura, aquelas que em silêncio nos acompanham desde o princípio, aquelas que se confundem com o que somos, como o espinho no troço da rosa ou como a rosa que, sem sabermos como, floresce no cimo improvável daquela sucessão de espinhos.”

In “O pequeno caminho das grandes perguntas” de José Tolentino Mendonça

NOTA: Ontem, o cardeal, poeta, teólogo e escritor multifacetado esteve na Universidade de Aveiro. Fui informado que só podiam assistir à cerimónia em que foi homenageado os convidados. Tive pena. Aqui o lembro em jeito de homenagem. 

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Férias inesquecíveis

Com os nossos primeiros filhos, Pedro e  Fernando,  já com óculos

Vivemos, ao longo dos tempos, férias inesquecíveis, um pouco por todo o país, do Minho ao Algarve. Não conhecemos todo o país, mas passámos por inúmeras cidades, vilas e aldeias. As nossas preferências inclinavam-se para o interior. Praias? Tínhamos as nossas.
Hoje encontrei esta foto. Éramos quatro e a tenda era grande. Que mais seria preciso? Neste caso, não sei onde estávamos.

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O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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