segunda-feira, 20 de março de 2023

À PRIMAVERA - UM POEMA DE MIGUEL TORGA


À PRIMAVERA

A vida anda possessa de Poesia!
Anda prenha de mosto!
Ou é da luz do dia,
Ou é da cor do rosto,
Ou então quer abrir-se, neste gosto
De pão com todo o sal que lhe cabia!

Tem narcisos de amor no coração,
Folhas de acanto nos sentidos!
E carícias na mão
A espreitar dos tendões adormecidos!

Toca-se numa pedra, e ela treme!
Murmura-se uma prece, e a boca grita!
A rabiça do arado é como um leme
Sobre a terra que ondula e ressuscita!

Quem avoluma a sombra, ou quem a teme?
Cada presença é um hino que palpita!
E se na estrada alguém discorda e geme,
Ninguém que vai no sonho o acredita!

Serás tu, Primavera?
Tu, com frutos na rama do futuro,
Com sementes nos pés
E flores inúteis sobre cada muro,
Contentes só da graça que tu és!


Miguel Torga
In  POESIA COMPLETA

PRIMAVERA DE 2023


Chegou a PRIMAVERA. Sol a brilhar, temperaturas agradáveis e o sorriso franco no rosto de quem esperava com ela na esperança de dias mais agradáveis. Oficialmente, ocorre às 21h24, momento em que o dia é igual à noite. É o equinócio da Primavera. Depois, começam a crescer. 
Votos das maiores venturas para todos.

domingo, 19 de março de 2023

LEMBRANÇA CONSOLADORA DO MEU PAI


Armando Lourenço Martins
“Celebra-se hoje o Dia do Pai. Também a Igreja celebra São José. Associo muito o meu pai a São José. Ambos trabalhadores com responsabilidades familiares. Ambos humildes e dados a um certo e normal silêncio. Ambos conscientes dos seus deveres sociais e religiosos. Ambos crentes num Deus Criador. Ambos disponíveis para enfrentarem dificuldades. Ambos com grande capacidade de sacrifício. E ambos sabiam amar muito.
O meu pai faleceu há bastantes anos. Foi nos idos de 75 do século passado. Inesperadamente. De forma apressada e sem hipótese de cura. Nunca o tinha visto doente. Nunca se queixava de qualquer incómodo que nos levasse a pensar num possível enfarte. Era um homem saudável e até brincava com as nossas fraquezas. Mas a primeira doença que teve foi fatal.”
Partilho estas frases escritas há anos. E não será preciso dizer mais nada, a não ser que o meu pai continua comigo na caminhada da vida. Até um dia, querido pai.

Fernando Martins

sábado, 18 de março de 2023

VASCO GRAÇA MOURA

 SONETO DA POESIA NARRATIVA 


foi assim que cheguei à poesia narrativa:
nos poemas moviam-se figuras
e a essas figuras aconteciam coisas
e essas coisas tinham um sentido deslizante,
era uma espécie de hipálage do mundo:

com precisão a seta era dirigida
à maçã equilibrada na cabeça da criança,
mas devolvia-se ao arco, depois
de varar o coração dos circunstantes
e era a vibração do arco a derrubar o fruto,

num zunido do ar que a flecha deslocava
na sua trajetória. foi assim que cheguei
à poesia narrativa: havia flores nos alpes
e a corda em vibração levava à música.

In Encontros de Talábriga 
3.º Festival Internacional de Poesia de Aveiro - 2001

TENHO OUVIDO VOZES

Neste sábado, tenho ouvido vozes pelo telefone e telemóvel de amigos que não vejo há muito. E foi agradável perceber que os amigos, os autênticos, são para a vida. Eu sei, todos sabemos, que levamos os nossos dias com muitas tarefas e preocupações, marginalizando, quantas vezes, a família e até os amigos. Foi, por isso, um dia de boas recordações.
Como vivo um tanto ou quanto limitado, certamente por culpa da pandemia do Covid-19, o que é notório é que perdemos os ritmos antigos da convivência, da participação em atividades solidárias, de passeios por ambientes onde é fácil “lavar” o cérebro. Estou, por isso, à espera de temperaturas mais amenas para ganhar coragem e para dar umas voltas. Até lá, vou apreciando pelas janelas as nuvens, os ventos e a chuva, com os seus conselhos que não descuro.
Bom fim de semana para toda a gente.

ESCUTAR JESUS QUE ME CHAMA PELO NOME

Reflexão de Georgino Rocha 
para este fim de semana


A cura do cego de nascença provoca uma subida de tensão entre os fariseus e Jesus. A oposição é clara. O povo inclina-se para dar razão ao proceder de Jesus e distanciar-se dos mestres da Lei. A polémica sobe de tom e a linguagem também. O confronto avizinha-se e estala na Festa das Tendas. Jesus pronuncia o seu último discurso em público, o discurso do Bom Pastor, que João, o narrador do episódio, recompõe e relata de modo admirável. Discurso em que Jesus recorre a metáforas de sabor bíblico e reafirma a sua identidade. “Eu sou a porta”; “Eu sou o bom pastor”. Afirmações repetidas duas vezes. Em contraposição, os outros ficam excluídos e desautorizados. Que sentimentos terão assaltado o coração dos ouvintes e, sobretudo, o dos fariseus!

AS DEZ CHAGAS DA IGREJA

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias 



O padre italiano Antonio Rosmini foi um notável filósofo e teólogo do século XIX, que, perante as transformações que então se operavam, escreveu, por amor à Igreja, em 1832, um livro famoso com o título Delle cinque plaghe della Santa Chiesa (Sobre as cinco chagas da Santa Igreja). Desgraçadamente, a obra foi condenada e colocada no Index Librorum Prohibitorum (Catálogo dos livros proibidos). Mas, lentamente, a sua memória foi reabilitada e até foi beatificado em 2007 por Bento XVI. Em síntese, quais eram essas chagas? "O distanciamento entre o clero e o povo (na vida e na liturgia —  não esquecer que as celebrações litúrgicas eram em latim); a fraca formação do clero, tanto no plano cultural como espiritual; a desunião entre os bispos; a intromissão da política na nomeação dos bispos; a riqueza acumulada pela Igreja".
Na esteira de Rosmini, o padre espanhol Luis Pose Regueiro, historiador da Igreja, acaba de publicar em Religión Digital, "as dez chagas da Igreja". Baseado no essencial do seu texto, deixo aí uma reflexão sobre essas chagas.

sexta-feira, 17 de março de 2023

CANTIGAS POPULARES

Etnográfico da Gafanha da Nazaré apresenta trajes antigos

Gafanha da Nazaré: 
Cantigas Populares - Registo de 1919

Senhora da Nazaré,
Ó Nazaré da Gafanha,
A quem Deus quer ajudar,
O vento l'apanha a lenha!

A Gafanha foi à bulha,
A Barra foi acudir,
S. Jacintro teve medo,
Costa-Nova pôs-se a rir.

Hei-de casar na Gafanha,
Hei-de ser um gafanhão,
Para vender as batatas,
Às meninas de Alqueidão.

In Etnografia Portuguesa de Leite de Vasconcelos, Vol. III

A SEMANA PASSA A CORRER

A semana passa a correr. Até me parece que o domingo foi ontem e já amanhã é sábado. Uma ou outra atividade cá por casa, uma ida ao médico, um ou outro escrito para o meu blogue e o fim de semana está à porta.
Como passei a maior parte da vida a trabalhar só tinha algum tempo livre aos fins de semana e nas férias. Agora, que tenho mais tempo sem compromissos, até parece que estou a perder a vontade de usufruir o lazer. 
Tenho que animar a minha formar de estar na vida. Parar é morrer. Bom fm de semana para todos.

quinta-feira, 16 de março de 2023

MULHERES DE AVEIRO

 

Encontrei esta preciosa imagem das Mulheres de Aveiro numa antiga revista que mora no meu sótão. Aqui a dedico a todos os meus amigos e amigas da cidade dos canais. 

NOTA: Se conseguir melhorar a imagem, farei a troca.

quarta-feira, 15 de março de 2023

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Animais das nossas vidas

O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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