terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Daqui a pouco, o "Natal do calendário" está aí!

De novo, o brilho do presépio, os cânticos tradicionais, a comida da consoada, a troca de presentes, os desejos de Boas Festas, os (re)encontros familiares, as campanhas de solidariedade em favor dos menos afortunados, entre muitos outros gestos e expressões de vida, levar-nos-ão, através de uma viagem de amor, à singela e determinante recordação que um Menino nasceu para nos salvar ou, se mais não for, que é possível fazer mais e melhor, em nome da justiça e do respeito que cada pessoa transporta, em si mesmo, desde o seu nascimento, ou seja, desde o seu Natal. Por tudo isto, o Natal acontece - de uma forma singular e irrepetível - sempre que alguém nasce e é recebido com júbilo e esperança pelos seus. Não raras vezes, também, nascem aqueles que, tantas vezes, são ignorados, esquecidos ou marginalizados, à maneira dos estalajadeiros que, tal como para Jesus Cristo, teimam em dizer que não têm lugar para o outro na sua hospedaria, que é como quem diz no seu coração. Celebrar a festa da Incarnação do Deus-Menino é, pois, estar atento ao sofrimento daqueles por quem Ele veio ao mundo e por quem ofereceu a sua Vida. Vivemos tempos demasiadamente difíceis e incertos para que alguém se dê ao luxo de não aceitar o Natal como o melhor presente que o Homem pode ter. Saiba - saibamos todos - reconhecer, com humildade e empenho esta dádiva. Vítor Amorim

Um Conto de Natal

Regresso à prisão 


Véspera de Natal. Na grande cidade sente-se o furor das últimas compras e da correria dos transeuntes para os locais onde irão festejar em família esta noite tradicional ligada ao nascimento do Menino Jesus. Indiferente ao que o rodeia João Luís aproxima-se do Estabelecimento Prisional, cabisbaixo e triste, um saco às costas, única ligação com o passado recente em que sentiu alguma felicidade. Ali estava de novo junto do local onde passara quase um ano e desta vez para se entregar voluntariamente. Chegou à porta, tocou a campainha e esperou. 
Tudo começou dois anos atrás. Enviado para a grande urbe pela instituição que lhe substituíra os pais que perdera em criança, depressa abandonou os estudos que viera fazer. Conhecera um amigo com quem tinha alguma afinidade e foi atrás da amizade que a sua presença lhe proporcionava. O amigo trabalhava numa Bomba de Gasolina e este passou a ser o local de vida de João Luís. Disse ao amigo que lhe ia aumentar as vendas e por lá foi ficando. Enquanto o amigo abastecia João Luís limpava os vidros. Em troca do ar sisudo de alguns clientes receando o pedido duma gorjeta, João Luís atirava-lhe: “é oferta da casa”. Outros, porque o serviço era oportuno, contribuíam com alguma coisa. João Luís agradecia não deixando de lembrar que “era oferta da casa”. 
O patrão apercebeu-se da presença do simpático colaborador que ia sacando umas sandes e uns sumos nem sempre pagos, mas talvez porque o movimento da caixa vinha aumentando, fechou os olhos à acção do perspicaz assistente. Acabou por autorizar o empregado a proporcionar-lhe meios para uns lanches mais adequados. Saberia ele que João Luís pernoitava no local de trabalho? É verdade: tinha lá o seu cantinho. O tempo foi passando e já se vislumbrava uma oportunidade de emprego efectivo no local. Mas um dia João Luís ausentou-se e nessa noite houve um assalto à Bomba de Gasolina. Veio a polícia, pergunta atrás de pergunta, não tardou muito, João Luís estava preso preventivamente, por forte suspeita de co-autor do assalto. De nada valeu o aval do patrão e do amigo considerando o rapaz pessoa incapaz de tal gesto. 
Na cadeia ninguém percebia como uma tal criatura ali tinha ido parar. Os presos gozavam com a história, os guardas cautelosos ficavam perplexos com o ar bonacheirão do preso e a directora do estabelecimento condoía-se com a situação: tinha um filho da mesma idade e com o mesmo nome. Não tardou muito tempo, João Luís tinha tarefas que lhe permitiam uma certa mobilidade no estabelecimento. Uma delas, zelar o jardim do pátio exterior, altura em que era acompanhado por mais um ou dois presos e um guarda. Durante estas tarefas João Luís regalava a vista para o exterior: uma avenida e mesmo em frente instalavam uma nova Bomba de Gasolina. Isto fascinava-o: saberiam eles conquistar a clientela? Como gostaria de ajudar… Naquele dia trabalhava sozinho no jardim. 
O guarda ausentava-se frequentemente para se inteirar do desenrolar do derby futebolístico e a porta para o exterior abriu-se com a força do vento. Alguém não a fechara completamente. Dedicou-se ao trabalho mas não resistiu. Num instante iria oferecer os seus préstimos para quando saísse em liberdade. Teve azar: na bomba retiveram-no indagando da sua experiência no ramo e curiosos pela voluntariedade do moço a conversa foi esticando. Não tardou muito ouviam-se carros de polícia a tocar e a correr para um e outro lado da avenida. Ficou baralhado: aquilo teria alguma coisa a ver com ele? Ficou por ali. À noite enroscou-se a um canto. Ao outro dia, com tudo mais sereno, resolveu partir. Apanhou boleia num camião que parara para abastecer e seguiu viagem. Com o sol a pino, ali ia a ermo, a pé, Alentejo adentro. Tinha a roupa que vestia e um boné oferecido pelo camionista. Uma fome desabrida e a goela seca fizeram-no aproximar do monte que avistou. Um casal já idoso regressava a casa fugindo ao calor tórrido. João Luís perguntou se lhe arranjavam um copo de água. Apercebendo-se do estado do rapaz convidaram-no para o almoço. E ele ficou, um dia, e outro e mais outro… Trabalhava com eles no campo, com eles comia e na sua casa pernoitava. Não dava mostras de pensar partir e ninguém lho mencionava. Afinal onde comem duas bocas comem três e o moço até merecia o sustento. Para Manuel Cortez e Benvinda, João Luís passou a ser o filho que perderam em Angola. O tempo corria devagar e João Luís sentia ter finalmente um tecto. 
Na vila comentava-se a dedicação do rapaz ao casal. O Verão estendeu-se, fizeram-se as colheitas e entrou-se no Outono. Manuel Cortez comentava com a mulher a ajuda inesperada. De alguma forma procuravam retribuir ao moço o seu empenho no trabalho. Este ano sim, iriam ter outra vez Natal imaginava ele antecipadamente. E o Natal estava já aí à porta. Mas quem bateu à porta foi a GNR. Dois soldados vinham com a suspeita de que João Luís era o foragido há muito procurado. 
Manuel Cortez ficou abatido. Inicialmente não disse nada. Depois, ainda incrédulo pediu que o deixassem ir falar a sós com o rapaz e voltou com a confirmação da suspeita. Mas pediu-lhes por tudo que ignorassem este encontro pois o rapaz se entregaria na vila, depois do Natal, dali a dois dias. Conhecedores da dedicação do rapaz ao casal e da garantia da palavra de Cortez, os guardas olharam atónitos um para o outro pasmados com a insólita proposta. O mais estranho é que concordaram. Efeito da Quadra?! Nessa noite João Luís esteve muito ocupado: escreveu uma carta onde explicava a sua última decisão, meteu umas coisas num saco e saiu sorrateiramente de casa. De manhã Manuel Cortez sentiu alguma frustração que transmitiu aos guardas. Estes nada podiam fazer além de ficar calados pois foram coniventes numa ilegalidade. O Natal parecia estragado para todos estes intervenientes.
João Luís voltou a tocar a campainha. Algo se passava no interior que demorava o atendimento. Tocou mais uma vez. Ao mesmo tempo a porta abriu-se dando passagem à directora e a um guarda. Ficaram estupefactos com a presença do rapaz. Seguiram-se as explicações e a notícia dos últimos desenvolvimentos. Para já João Luís iria participar da consoada prisional depois de cumpridas as formalidades oficiais. Nessa noite as Rádios e Televisões deram a notícia: “Jovem preso preventivamente, evadido há cerca de um ano, entregou-se hoje no estabelecimento prisional onde estivera retido. 
O insólito da notícia é que no mesmo dia a polícia prendeu o confesso autor do assalto que levou à prisão preventiva do primeiro por suspeita.” Nessa noite de Natal muita gente gostaria de abraçar João Luís: o amigo da Bomba de Gasolina, o patrão que lhe reiterava o posto de trabalho, os clientes que se habituaram ao seu ar prazenteiro, os soldados da GNR da vila alentejana preteridos pelos da cidade e Manuel Cortez e Benvinda que ganhavam do novo esperança em ter de volta o seu rapaz. A directora sentia-se feliz por ter confiado no seu instinto. E João Luís com redobrada alegria retirou do saco para a mesa da consoada o que carregava: presunto, queijo e vinho. A um canto da sala, no presépio aí instalado alguém foi colocar o Menino Jesus. As luzes ganharam mais brilho e deu-se início à consoada. A Esperança renascia. 

João Marçal

O natal na poesia portuguesa

Há mais de oito séculos que o Natal se celebra na poesia portuguesa. As belíssimas composições de Afonso X, do Mestre André Dias e do maior teólogo da nossa literatura que é Gil Vicente (bastaria, para qualquer natal futuro, o seu «Breve sumário da História de Deus»: «Adorai, montanhas, o Deus das alturas, também das verduras. Adorai, desertos e serras floridas, o Deus dos secretos, o Senhor das vidas. Ribeiras crescidas, louvai nas alturas o Deus das criaturas…») representam uma espécie de pórtico para uma viagem que, em cada época, encontrou os seus cantores. No século XVI, há um trecho anónimo, talvez cantado numas dessas romarias como ainda hoje se vêem «Non tendes cama bom Jesus não non tendes cama senão no chão», mas também sonetos de Camões
«Dos Céus à Terra desce a mor Beleza» e de Frei Agostinho da Cruz. Ao século XVII bastariam os vilancicos de Sóror Violante do Céu «Todos dizem, meu Menino, Que vindes libertar almas, Mas eu digo, vida minha, Que vindes a cativá-las Porque é tal a formosura…», como ao século XVIII, do Abade de Jazente, de Correia Garção e outros, bastaria a composição piedosa do satírico Bocage, cotejando com elegância o texto profético de Isaías «A Virgem será mãe; vós dareis flores, Brenhas intonsas, em remotos dias; Porás fim, torva guerra, a teus horrores». O século XIX é de Garrett, com um poema delirante e “incorrecto”, onde faz valer o natal folgado e guloso da sua «católica Lisboa» sobre o «natal sem graça» dos protestantes londrinos. Mas, a seu lado, Feliciano de Castilho, canta «O Natal do pobrezinho» e João de Lemos e João de Deus descrevem sobretudo a experiência mística da contemplação. O século XX desdobra, seculariza, interroga, e, por fim, talvez adense o escondido significado do Mistério da Encarnação de Deus. Há o Natal devoto de Gomes Leal; há o Natal distanciado de Pessoa (o seu grande poema de natal é evidentemente o Poema VIII de O Guardador de rebanhos, mas isso dava outra conversa); o Natal dilacerado pela procura de Deus em José Régio «Distância Transcendente, Chega-te, uma vez mais, Tão perto que te aqueças, como a gente, No bafo dos obscuros animais» e em Torga; o evangélico Natal de Sophia e de Nemésio (como esquecer aquele «Natal chique», onde «Só [um] pobre me pareceu Cristo»?); o Natal asperamente profético de Jorge de Sena («Natal de quê? De quem?/ Daqueles que o não têm?») ou de David Mourão Ferreira «Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto num sótão num porão numa cave inundada». Declinações diferentes de um único Natal. José Tolentino Mendonça

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

NATAL: Notas do Meu Diário

14 de Dezembro A rádio anuncia as ceias de consoada para os sem-abrigo, como sinal da generosidade do povo. Não falta quem ofereça tudo e mais alguma coisa. Haverá bacalhau com batatas e couves, tudo bem azeitado, bolo-rei e rabanadas, vinho e outras guloseimas. E até lembranças embrulhadas em coloridos papéis. Nisto todos podem colaborar. Fica bem e sabe melhor a quem nada tem. Concordo. Ao menos, uma vez por ano, por esta altura, todos teremos oportunidade de dizer quanto e como estamos ao lado dos pobres dos pobres. Depois, quando passar a quadra que ainda envolve o ano novo, toda ela capaz de nos sensibilizar para o bem-fazer, voltaremos a não ter qualquer ocasião de olhar para o lado. As tarefas do quotidiano, profissionais, culturais, sociais, religiosas e familiares, não nos deixam tempo livre. Mas no próximo Natal, aí si, vamos ter que agendar um espaço para dedicar aos outros. Para nos darmos aos outros, como enfaticamente costumamos sublinhar. Importa, na minha perspectiva, prolongar o Natal por todos os dias do ano, sem sinais de lugar-comum.

Faleceu o Dr. Ribau

O sol brilhante e acariciador convidou-me esta manhã para um passeio pela nossa Av. José Estêvão. Meia dúzia de passos andados, dei de chofre com a notícia do falecimento do Dr. Maximiano Ribau, com a provecta idade de 96 anos. Licenciado em medicina pela Universidade do Porto, em 1940, desde essa data começou a exercer clínica na sua terra Natal, Gafanha da Nazaré. 
O Dr. Ribau foi médico de inúmeras famílias e pessoas desta sua terra durante décadas. E em épocas de parcos haveres, para muitos, sempre atendeu os pacientes, sem preocupações de receber os honorários que lhe eram devidos. Tratava-os, ao domicílio ou no consultório, e depois se via… 
Foi meu médico durante muito tempo, sobretudo durante uma grave doença pulmonar que me afectou, fatal para muitos nessa altura. Recordo bem a forma persistente com que me assistia, como me levava a especialistas para não haver dúvidas sobre o tratamento a seguir, como ralhava comigo quando não tomava alguns remédios intragáveis. E ainda recordo a sua alegria (e a minha) quando me deu por curado. Mas acrescentou, então sem perigo de me provocar qualquer angústia, que escapei por milagre. 
Sempre lhe fiquei grato por isso. O Dr. Ribau ainda se envolveu nos assuntos da terra, chegando a criar a Cooperativa Humanitária, fruto de um sonho seu, que nunca chegou a atingir os objectivos que se propunha, por várias razões. 
O Dr. Ribau, que hoje [22 de dezembro de 2008] nos deixou, perdurará na memória de muitos gafanhões como médico competente, interessado pelos seus doentes e amigo da sua terra e das suas gentes. 
O seu funeral será amanhã [23 de dezembro de 2008], pelas 15.30 horas, com missa de corpo presente, na igreja matriz da Gafanha da Nazaré. 
Paz à sua alma. 

Fernando Martins

110 anos da Restauração do Município de Ílhavo

Estátua Comemorativa na Via da Ria
Encontra-se em adiantada fase de execução a Estátua Comemorativa dos 110 Anos do Município de Ílhavo, obra que ficará a perpetuar esta data que a Câmara Municipal comemorou durante todo ano. O local escolhido para a implantação desta obra foi a rotunda da Via da Ria (junto à Friopesca), por se tratar de um ponto de encontro entra as duas Cidades do Município, Ílhavo e Gafanha da Nazaré, ficando também próxima da maior Cidade da Região, Aveiro A Estátua, da autoria do artista Ilhavense António Neves, será inaugurada no próximo dia 18 de Janeiro.

Mensagem de Natal de D. Manuel Clemente

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 109

NATAL DE 2008: Figuras do meu presépio
Três dias depois, encontraram-n'O no Templo, sentado entre os doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas. Todos quantos O ouviam, estavam estupefactos com a sua inteligência e as suas respostas. Lc 2, 46-47
Este Natal, se mo permitis, gostaria que o Presépio fosse armado naquele cantinho da sala de aula, ali mesmo onde está a caixa métrica. Além de meus netos terei a ajuda e a colaboração dos alunos que, nestas ocasiões, estão sempre prontos. E ainda bem. 1. Inesperadamente surgiu-nos uma dificuldade: desta vez há muitas figuras novas e que teimo em colocar, carinhosa e comodamente, na nossa armação. É difícil e exige uma boa coordenação dos espaços; contudo, para alguma coisa conto com a ajuda da rapaziada... Comecemos então por estas dos mais novos, os alunos que já partiram para o Pai. Um grupinho: da Escola da Marinha Velha só sabemos de um mas, de Vilar, são quase meia dúzia e, do Porto, apenas tive conhecimento de um... Confiadamente, podemos sentá-los em carteiras e pedir ao Menino que venha para junto deles e combinar as brincadeiras para o recreio... 2. Certamente que os meus companheiros e em especial os da Quarta Classe não me dirão que não e vamos encontrar para eles alguns lugares vagos nas carteiras. Ali fica bem o Amilcar Madaíl que connosco brincou e muito nos aturou, na Escola do ti Conde... 3. A seguir, os meus Professores: a Zulmira, o Salviano e todos os outros que me puxaram para a sua beira e me indicaram caminhos a percorrer... Que dizeis: S. José aceitará uma secretária daquelas que havia nas nossas Escolas? Mas que dúvida, até dá para sorrir... Assim eles ali ficarão, como que um júri que só distribuirá distinções! 4. Já ouço um burburinho: o Professor Ramos tem receio de ser esquecido. Como é possível?! Não, meu amigo, o seu lugar é junto dos Professores/as da Gafanha: Maria da Luz, Filipe, Carlos, Oliveira, Ribau... Agora tudo está calmo e podemos continuar... 5. ... e prosseguir pelos/as que aqui leccionaram, embora de cá não sendo naturais. E quem poderá não chamar para junto dos que acima estão a Sílvia e a Odete, aquela da Cambeia e esta da Chave? E quantos e quantas por aqui passaram!... Para todos e todas prepararemos um cantinho onde continuem a sentir-se bem!
BOAS FESTAS! Manuel
NOTA: Estava a tarefa concluída e cada figura no seu lugar, quando toca o telefone...Assim, com o coração aberto, as mãos a tremer e os lábios a balbuciar "Dai-lhe, Senhor, o eterno descanso...", sentei na carteira dos colegas da Quarta Classe, o Manuel Roque! Paz à sua alma!

domingo, 21 de dezembro de 2008

Crónica de um Professor...

“Naquele tempo, a Escola era risonha e franca...” Este excerto dum poema antigo, declamado pelo pai, nos seus tempos de menina, assomava-lhe agora à memória, com toda a acutilância! Chamava-se “O Estudante alsaciano” e era um grito de patriotismo, da época em que a Alsácia foi anexada à Alemanha, na 2ª Guerra mundial. Gravara-se-lhe na memória o tom épico do poema, aliado à voz sonora e bem timbrada do pai, quando, ao serão e à lareira, evocava o seu passado escolar. Estava inscrito no seu livro da 4ª classe, numa época em que o sentimento patriótico era bem inculcado aos alunos! Hoje, que sentimento nutrem os nossos alunos pela pátria? Terão eles alguma noção do que isso é? Preocupar-se-ão a política e os políticos de hoje em preservar e defender esses valores? Por isso mesmo, os Americanos, com apenas dois séculos de história e uma nação que é um “melting pot”, conseguem transmitir aos seus cidadãos um conceito de patriotismo tão arreigado. De pequenino se torce o pepino e a história americana assim o comprova! Perde-se a teacher nestas lucubrações, a propósito do aspecto triste, soturno, que a sua Escola, à semelhança de tantas outras deste país, ostenta, nesta quadra natalícia. Noutros anos, ainda no passado, era ver a Escola a engalanar-se para a vivência do Natal! Mal entrava Dezembro, começavam os preparativos para a ornamentação da mesma. Praticando uma pedagogia de reaproveitamento e reciclagem de materiais de desperdício, os professores das Artes afadigavam-se a dar, ao recinto escolar, um ar de festa e de acolhimento humano. E... louvor lhes seja feito, pois muito bem o conseguiam! A teacher, que não pertence à área das Expressões, mas que nutre uma admiração enorme pelo esforço, empenho e sentido artístico dos colegas, rejubilava, ao movimentar-se nesse ambiente colorido, alegre e de espírito natalício! Este ano foi uma tristeza! O litígio que abalou a classe docente e as exigências desmedidas que lhe foram feitas deixaram os professores extenuados, desiludidos e desmotivados. A tutela da educação... esquece que, para alguns alunos, desprotegidos da sorte, é ali, na Escola, que vivem o seu único Natal! Mª Donzília Almeida 19.12.08

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 108

O EXAME DE ADULTOS
Caríssima/o: Será que ainda não estais cansados de exames? Paciência, não posso deixar de falar do exame de adultos... Como já vimos muitos e muitas não iam além da terceira classe. Ora, quando se chegava ao mercado de trabalho e se era confrontado/a com uma lei que exigia o diploma da quarta para continuar nesse emprego, era uma aflição e uma corrida a casa do/a Professor/a “que lhe desse o diploma”, senão estava desgraçado e não tinha com que dar de comer aos filhos! E começava uma lufa-lufa contra o tempo que o pessoal só se lembra de Santa Bárbara quando troveja... Verdade seja que o exame, embora tivesse a mesma abrangência do do 2.º grau das crianças, era adaptado à nova realidade e amenizado pelo humanismo dos examinadores, conhecedores da “aflição” dos examinandos... Em todo o caso havia sempre os mínimos a atingir e uma dignidade a defender: os alunos, para conseguirem o tal diploma, tinham de saber ler, escrever e operar ... Logo um homem/uma mulher que tivesse uma terceira classe bem feita do seu tempo de criança, com uma ligeira refrescadela, poderia submeter-se ao tal exame e seria considerado apto.... O problema era quando a pessoa necessitada não tinha passado dos cartões ou nem sequer passara pelos bancos da Escola; com os movimentos embotados, tínhamos pela frente um caso bicudo... Mas a necessidade aguça o engenho e multiplica o interesse e a dedicação: autênticos milagres presenciávamos que iam do pesado rabiscar do nome até uma leitura fluente e uma ortografia limpa! Claro que não fiz este exame (e curiosamente nunca me vi como parte dum desses heróicos júris...), mas familiares meus apoiei nessa travessia e, mais tarde, ajudei muitos rapazes e raparigas a ultrapassarem essa meta. Só que nunca pensei presenciar, nos dias que vão correndo, octagenários (e até nonagenários, afirmaram!...) sentados numa mesa a aprenderem a rabiscar o seu nome; e esta aprendizagem a ser realizada numa escola secundária...! Sinais dos tempos ou... das novas oportunidades!?
Manuel

JESUS É O PRESENTE

O natal de Jesus provoca uma onde de generosidade que manifesta a nova era a despontar na humanidade. Alegria esfusiante nos corações, afluência animada dos peregrinos da Gruta, entusiasmo crescente em procurar caminhos novos, confusão de pessoas sobressaltadas perante a notícia do sucedido, abundância de gestos significativos e prendas expressivas. Dir-se-ia que a terra se une ao céu para em admirável harmonia celebrarem a festa do nascimento de Jesus – o presente mais excelente que Deus nos faz. É um começo germinal que há-de crescer constantemente como o Menino até ser Homem adulto. Jesus é o Presente, por excelência. À sua luz, todos as outras prendas reforçam o valor que têm. Sem ele, ficam apenas com o lusco-fusco do alvorecer, ainda que promissor, que aguarda a chegada do pleno dia. Jesus é o Presente que Deus nos oferece: De tal modo Deus ama o mundo que lhe entrega o Seu Filho muito amado. Oferta de Deus em que nos é proporcionado tudo o que há de melhor. Basta dispormo-nos e querermos. Basta entrar na lógica do amor gratuito e expansivo. Basta reconhecer que a reciprocidade é a resposta mais acertada de quem é amado a quem ama. Jesus é o Presente de Deus no tempo. Agora e não apenas ontem ou amanhã. É presente de salvação das feridas da vida, de cura e revigoramento das forças debilitadas, de coragens esmorecidas, de sonhos e projectos truncados. Hoje é o dia em que pode haver natal. Depende de ti e de mim. E se houver, o mundo fica melhor! “Agora, estais mais perto da salvação” - lembra Paulo numa das suas cartas. Jesus é o Presente de Deus no espaço. Aqui onde nos encontramos. “Ele está presente no meio de nós” – respondemos ma saudação litúrgica. Fazer natal a partir do coração, da família, da vizinhança, do ambiente de trabalho, do grupo apostólico, do partido ou movimento político. E há tantas situações onde o Natal pode acontecer: nos egoísmos sem nome, nas injustiças camufladas, nas mediocridades consentidas e alimentadas, nas aspirações a mais e melhor abafadas, nos encontros pessoais conscientemente adiados, nos sorrisos disfarçados que aguardam um rosto amigo e atraente como o de Deus feito Menino. Jesus é o Presente que fica connosco e em nós. Para dar uma nova dimensão ao nosso pensar e agir, amar e sentir, parecer e ser. Para fazer de nós, a seu jeito e a seu gosto, presentes para toda a humanidade. Que alegria e responsabilidade! Georgino Rocha

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Animais das nossas vidas

O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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