quinta-feira, 30 de outubro de 2008

(In)Tolerância

Há dias atrás, no dia do aniversário do meu pai, 15 de Outubro, estava eu postada, com o meu velocípede ecológico, nuns semáforos aqui da nossa terra. A minha atenção foi captada por uma imagem insólita, que havia pouco tempo, eu observara, in loco. Refiro-me a uma serpente, desenhada nas traseiras de uma carrinha, numa espécie de círculo envolvente. Era tal e qual as serpentes que eu vira na Índia, usadas pelos encantadores de serpentes, para gáudio dos turistas. Estava no meu imaginário infantil, o relato de histórias das mil e uma noites, com toda a sua carga de exotismo, de maravilhoso, enfim, do mundo da fantasia que povoa as mentes dos mais miúdos. Lembro até aquele episódio da caixinha que comprara com a serpente dentro e com a qual planeara pregar umas tantas partidas aos amigos! Ao passar por um posto de controle da segurança, a agente policial deu um salto de pânico, ao ver a serpente saltar, inopinadamente, do interior da caixa, ali mesmo, na sua mão. - Então, eles não sabem o que se vende no seu país? Observou alguém do grupo. Eu ria a bandeiras despregadas, lá no meu íntimo, a desfrutar já, as brincadeiras que iria fazer com o brinquedo! Estava eu nesta contemplação, quando ouço uma buzina mesmo atrás de mim. Não dei importância, pois achei que a bicicleta estava bem estacionada atrás da carrinha e segura pela minha mão, no “volante”! O ruído estridente fez-se de novo ouvir e aí eu voltei-me e reparei: estava uma senhora, (‘inda por cima) a protestar e a gesticular com o carro à minha frente que não avançava, depois que o semáforo mudou para verde. Na verdade, desde que me detive na observação da serpente, que me apercebera que quem seguia à minha frente, era um casal de Alemães. A letra D, inscrita no lado esquerdo do carro, dera-me a informação. Que conclusão tirei? É a letra D de Deutscland; obviamente…..ninguém teria escrito ali, o meu nome!!! Eu tive o privilégio de alargar os horizontes do meu conhecimento e aquele que nesse dia completou 89 anos, muito contribuiu para isso! Rendo-lhe aqui homenagem e o reconhecimento do grande investimento que fez em mim. Estou a colher os dividendos de todo o esforço e sacrifício despendidos. Em relação àquela senhora, lamento que a sua ignorância, a tenha feito ser indelicada. Deu uma má imagem dos Portugueses e perante a hesitação manifestada na estrada por um estrangeiro, só me ocorre dizer: só o ignorante é intolerante!
Madona

Política familiar, uma hipocrisia

O que se está passando entre nós, em relação à instituição familiar, no plano legal, com graves e inevitáveis repercussões na vida pessoal e no plano social, é, a meu ver, a mancha mais negra e vergonhosa da nossa história recente. Não serão precisos muitos anos para que os fautores desta vergonhosa façanha o verifiquem, porventura sentindo então as dores, na sua carne e na dos seus, do que fizeram, de modo inconsciente ou condenavelmente premeditado. Trata-se de uma verdadeira política de hipocrisia. Advoga-se por leis, despachos e portarias que as crianças institucionalizadas e os doentes mentais retidos em hospitais devem ser entregues à família, sem se verificar se ela existe e tem consistência e capacidade para assumir essa responsabilidade e consequentes tarefas; retira-se a criança à família que a criou, desde os primeiros dias, para a entregar àquela que a rejeitou ainda antes de ela nascer; fala-se do valor da adopção e paralisa-se o desejo e a vontade de adoptar num emaranhado de burocracias e papéis que mais levam a desistir que a confiar num êxito, ainda que remoto; aceita-se e até se diz, teoricamente, que a família é o melhor espaço e ambiente para educar uma criança, mas criam-se condições legais que a destroem ou a isso dão pretexto e ocasião, privilegiando-se os caprichos pessoais, a falta de esforço normal para ultrapassar dificuldades, menosprezando assim o direito de quem acredita na família e se sente vítima ultrajada dos que a vilipendiam; o divórcio, cada vez mais fácil, é prova de modernidade e de progresso social, sem que se tenha em conta a repercussão desta facilidade em muitas vidas atingidas pelo favor de leis que mutilam a dignidade das pessoas e as libertam de responsabilidades pessoais e sociais; para se apoiarem formas estranhas de casamento, os casos pessoais ganham um direito de cidadania que os sobrepõem a tudo e todos, não se procurando o respeito que a todos é devido, segundo a sua situação e o interesse comum e, a pretexto de igualdade, faz-se um nivelamento que não conta com as naturais desigualdades; sem se olhar à sanidade e ao futuro da sociedade, ridiculariza-se a família normal e o seu direito e dever de procriar, importando-se acriticamente e implementando-se, por força de uma maioria parlamentar, o pensar de estranhos que nunca acreditaram na família, porque nunca saborearam o seu verdadeiro valor e beleza; durante o dia, o Estado considera-se dono das crianças, confia-as a quem não aceita tal princípio, satisfaz-lhes os gostos e aguenta-lhes os caprichos, para, ao fim da tarde, as despejar, caprichosas e frenéticas, nos braços de pais cansados e preocupados e, ai deles, se lhes puxarem uma orelha ou lhes derem uma merecida palmada, pois terão de se haver com a justiça; sem ouvir os pais, mas entalando-os com decisões posteriores a tomar e envolvem encargos, dão-se computadores às crianças que, muitas vezes, em suas casas, não têm resposta possível para as suas maiores necessidades; no direito à educação escolar e à escolha dos projectos educativos os pais não contam e, se ousam contar, são escandalosamente penalizados… A ladainha pode continuar, que não parará logo ali. Na mente de quem legisla e de quem governa o país, parece que a família é mesmo para acabar. Só traz incómodos a quem quer ser livre e encargos ao erário público. E se ela ousa ter quatro ou mais filhos, paga por esta ousadia, porque para muitas destas mentes brilhantes que detêm o poder, mais de dois filhos é prova de insanidade mental. Não escondo nem calo que há medidas a favor da família, mas muitas destas mais preocupadas com o pensar dos estranhos que com a resposta às necessidades. As estatísticas e os relatórios dão números; não mostram rostos nem transmitem dores. E quem está bem não entenderá facilmente as carências de muitas famílias que também pagam impostos e já lhes falta voz para clamarem pela justiça a que têm direito.
António Marcelino

O Fio do Tempo

Uma pausa, uma flor!
1. De forma especial estes dias serão dias da memória que nos interpela e da paz que reconforta. Como que os nossos ente queridos (que algures no “tempo” da história de vida nos deixaram) nos proporcionam uma pausa de reflexão e elevação. Se vivêssemos do outro lado do mundo poderiam ser outras as “pausas” propostas, mas no mesmo sentido de acolher uma dignidade da vida humana que deseja continuar, mesmo para além do tempo e do espaço. O desígnio da eternidade, o anseio existencial profundo de quem quer viver para sempre! Quem não o quer?! Ficou gravado, de há bastantes anos, um belo pensamento de Michel Quoist, estudioso sistemático destes assuntos; dizia ele: «Só o amor é capaz de construir para a eternidade!» Simples e grande… 2. Faz parte da boa tradição viva realizar uma pausa no (possível) stress da vida que as sociedades foram “complicando” e, nestes dias 1 e 2 de Novembro, reencontrarmo-nos num gesto de ternura para com os que nos deram a vida e os valores que hoje “transportamos”. Muito acima do clássico discurso das circunstâncias de que “as flores oferecem-se em vida”, e ainda muito acima dos variados excessos que possam porventura existir nestas coisas… cada vez mais, no tempo que vivemos, é preciosa a partilha de um gesto, uma palavra, um sentimento, uma flor, uma vela! Agarremos o que pode unir e motivar à esperança, este um valor que nos vem do infinito e que nos quer conduzir pela via do “amor” generoso que tudo pode resgatar… 3. Esse recolhimento, rico de memória e em paz, faz-nos mesmo apreciar o essencial da vida, muito acima de todas as mil coisas. Teresa de Calcutá dizia que «um dia seremos considerados não pela quantidade de coisas que fizemos mas pelo amor que colocamos naquilo que fazemos.» Não é pela quantidade nem pelo discurso; serão a qualidade de sentido de vida como serviço a escola do futuro absoluto. Disse-nos Ele, Alfa e Ómega, que não há fórmulas… Cada flor signifique essa procura!

Irmã Deolinda Serralheiro deixa a Diocese de Aveiro

Conheci a Irmã Deolinda Serralheiro quando ela se radicou entre nós, para dirigir o ISCRA (Instituto Superior de Ciências Religiosas de Aveiro). Desde logo percebi que se tratava de uma pessoa de trato fácil e culta, sobretudo na área das ciências religiosas e da educação. A Irmã Deolinda conseguiu colocar o ISCRA numa posição nunca antes alcançada, graças à sua visão académica voltada para o futuro. Como professora, dela recebi excelentes lições marcadas pelo rigor e pela exigência, não se ficando pela explanação da matéria, mas propondo acções práticas, que melhor levassem os alunos a compreender os assuntos. O seu contributo para o desenvolvimento do ISCRA ainda está por fazer, mas permitam-me que sublinhe o número muito alto de pessoas que beneficiaram com os projectos lançados e coordenados pela Irmã Deolinda, ao longo da sua permanência na Diocese de Aveiro. Entrou como colaboradora no Correio do Vouga a meu convite. De uma colaboração esporádica, avançámos para uma conversa informal, donde nasceu o compromisso de passar a escrever semanalmente no jornal diocesano. Sobre esta colaboração, cujos textos fui, durante anos, o primeiro a ler, permitam-me que sublinhe que bastante lucrei com eles, como bastante lucraram muitos clérigos e leigos, pela oportunidade dos seus comentários às “leituras” das missas dominicais. Quando a Irmã Deolinda passou o testemunho de directora do ISCRA ao Padre Querubim José Pereira da Silva, ainda pensei que ela continuasse como colaboradora do Correio do Vouga, tendo em conta a facilidade de comunicação de que todos hoje dispomos. Mas tal não aconteceu, decerto por opção pessoal, alicerçada no envolvimento em tarefas que muito a hão-de absorver. Porém, disso estou crente, onde quer que esteja, a Irmã Deolinda continuará, com o mesmo empenho, na luta por um mundo melhor. Fernando Martins

ÍLHAVO: Programa Vocação

O Executivo Municipal deliberou aprovar o Programa Vocação 2009. Destinado a implementar a ocupação dos tempos livres dos jovens, nomeadamente em época de aulas, através de actividades que contribuam significativamente para o enriquecimento da sua formação pessoal, o projecto funciona em simultâneo com a formação académica. Os alunos candidatos ao Programa Vocação terão oportunidade de trabalhar nas seguintes áreas vocacionais: Educação e Sensibilização Ambiental; Fomento da Actividade Desportiva; Apoio à Juventude; As Novas Tecnologias; Protecção Civil; Valorização e Promoção da História e do Património e Animação Cultural.

O ar que se respira na Gafanha da Nazaré

Humberto Rocha, director da Sub-Região de Saúde, admite que as areias depositadas no Porto de Aveiro são a causa de problemas respiratórias na Gafanha da Nazaré. Quando teremos provas concludentes? A situação exige estudos rápidos.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O Fio do Tempo

Festivais de Outono
1. Por vezes pode passar a vida sem que apreciemos o melhor que a vida nos pode dar. Se conhecer e “correr mundo”, para quem tem essa possibilidade, é algo de absolutamente maravilhoso, não o será menos o apreciar da beleza das artes. Na história da arte está a própria história da Humanidade, no que ela terá de melhor. Quando entramos a fundo em determinadas áreas de conhecimento sentimo-nos absolutamente pequenos e, afinal, o quanto pequena é a vida para tamanha grandeza do insubstituível património que serão para nós as artes. Ao mesmo tempo, soa a estranho (e depois entranha-se!) uma certa indiferença de muita mentalidade pragmática actual em relação às artes… Corremos tanto que por vezes apreciamos e vivemos tão pouco! 2. Aveiro, de 24 de Outubro a 21 de Novembro, tem o privilégio de acolher mais uma edição dos FESTIVAIS DE OUTUNO www.ua.pt/fjjm. Da organização da Fundação João Jacinto de Magalhães (UA), esta persistência cultural é meritória. São anos continuados de proposta e da criação de um conceito “Festivais de Outono” que é uma oportunidade de realizar uma admirável viagem através da música. Aveiro e sua região ainda não têm muitos conceitos culturais congregadores, abrangentes e mobilizadores para uma dinâmica da cultural como saber, progresso e desenvolvimento. Sentindo a quadra da “queda da folha” como propícia oportunidade para o aconchego cultural e musical, a proposta percorre um mês de iniciativa aberta à comunidade. 3. Quase que diremos aquele “vá para fora cá dentro”, como quem aprecia o bem cultural que se procura promover. Em vários locais da cidade, vários autores de renome musical mundial, muitos intérpretes credenciados e diversas entidades a apoiar, os FESTIVAIS DE OUTONO são a proposta para a quadra das castanhas. A iniciativa meritória para os aveirenses tem sucesso garantido! Participar é um privilégio cultural!

D. José Policarpo: «Igreja está a perder sintonia com as pessoas»

“A Igreja com respostas demasiadamente rígidas e canónicas às inquietações dos fiéis, perde a sensibilidade de chegar a essas pessoas”
D. José Policarpo reconheceu que a Igreja pode estar a perder a “sintonia com as pessoas que procuram verdadeiramente Deus”. Durante a conferência sobre « As Linhas Emergentes para a Evangelização da Europa Globalizada e Laicizada», que decorreu em Lisboa e contou com a presença do arcebispo de Viena, D. Christoph Schönborn, o Cardeal Patriarca de Lisboa afirmou que a “estrutura canónica com que é enquadrada a nossa direcção pastoral é demasiadamente rígida para deixar a liberdade de resposta à própria procura de Deus”.
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Preso por ter cão, preso por não o ter

Às vezes fico espantado com a incoerência de certa gente. Ao jeito do “preso por ter cão, preso por não o ter”. Em 2006, o Governo acertou com os parceiros sociais o aumento progressivo do salário mínimo nacional, de forma a fixar-se nos 500 euros em 2011. Em 2009 ficaria pelos 450 euros. Alguns empresários e políticos, alegando a crise por que estamos a passar, contestam, agora, o anúncio do primeiro-ministro, de que no próximo ano seria cumprido o estabelecido. Assim, os trabalhadores que ganham, presentemente, 426 euros por mês passarão a receber 450. Ou seja, mais 24 euros no fim do mês. Quantia ridícula, diga-se de passagem. Mas neste país somos assim. Há sempre gente sem vergonha. E depois gritam que o fosso entre os muito ricos e os muito pobres está a crescer desmedidamente. Já agora: Anda por aí alguém a questionar os aumentos salariais, as benesses, as reformas escandalosas e os múltiplos empregos de tantos gestores, administradores e quadros de empresas, que são autênticas ofensas à pobreza nacional? E os salários, prémios e nem sei que mais dos craques do futebol? É por estas coisas que fujo de alguns políticos e não vou à bola.
Fernando Martins

Coimbra

Se Deus quiser, hoje à tarde andarei por Coimbra. Não apenas a Coimbra dos doutores, mas a Coimbra moderna e multifacetada. Do passado, para além da velha Universidade, com a sua famosa torre onde pontificava a "cabra", para chamar os estudantes mais distraídos ou dorminhocos, e do Mondego, que os poetas e o povo apelidavam de "bazófias", ainda há museus e monumentos que não poderei visitar. Isso ficará para outros dias. Mas encontrarei a Coimbra que se projecta e se completa em todas as frentes, rumo ao futuro. Gosto de lá ir, de andar pelas suas ruas mais movimentadas, de entrar nas livrarias, de tomas um café, de olhar o rio e de sentir o palpitar da gente.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

O Fio do Tempo

O debate plural dos Valores
1. É saudável quanto natural e mesmo importante que nem todos concordem com tudo. Seria monótono um unanimismo social que poderia asfixiar a liberdade do próprio pensamento e reflexão. Mas, todos hão-de considerar que sobre determinados assuntos essenciais da vida em comunidade o esforço do consenso é tarefa insubstituível. Este é um debate sempre aberto (?), no discernimento das ténues fronteiras entre o querer e o dever, o indivíduo e a comunidade. O facto lógico de que o que para algumas sociedades é um Valor para outras não o é não deve deixar à deriva o debate dos valores. Este anseia por horizontes de abertura de espírito para sua realização. 2. Considerar-se a relatividade dos valores (em termos de tempo e espaço) no seu existir socioantropológico não pode ser confundido com o relativismo de tudo o que pode esbarrar para a ausência das próprias referências ético-sociais. Felizmente algumas instâncias credíveis, reconhecidas e visionárias sobre o essencial para o futuro humano vão lançando na praça pública o debate dos valores fundamentais, este que persiste em não ser pacífico, talvez porque a pequenez do olho humano veja nele mais o “cisco” da fronteira qualificada de moralista que a nobre abrangência da procura situada dos valores essenciais para a Humanidade se entender no caminho. Esta atenção ao particular que divide e dificuldade em perscrutar o universal do mundo que somos é, por si, sinal do fechamento que aprisiona. 3. Temos dado ecos da pertinente Conferência Gulbenkian «Que valores para este tempo?» (2006). Destaquemos agora a UNESCO que nos seus Debates para o Século XXI, sob a direcção de Jérôme Bindé, questiona «Para onde vão os Valores?» (2006, Piaget). Se o primeiro passo é enfrentar o debate sobre o (valor dos) Valores, o segundo será perguntar se eles dependem da mera estatística social e cultural ou se têm um estatuto (ético) próprio (?) … Sim, dá pano para mangas!

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