terça-feira, 6 de maio de 2008

Voltou a ser rentável produzir cereais?


Entrevista com o Presidente da AMI

A edição de hoje do jornal “Diário Económico” contém uma entrevista com o Doutor Fernando Nobre, Presidente da Assistência Médica Internacional – AMI.
Atendendo à vastíssima experiência internacional do Presidente da AMI, que já esteve em mais de cem países em missões humanitárias, o que lhe dá uma enorme autoridade para se pronunciar, entre outros assuntos, sobre a crise alimentar que o mundo atravessa, convido todos os leitores a lerem esta entrevista.
Só um breve comentário: a dado passo da entrevista, é feita a seguinte pergunta ao Dr. Fernando Nobre: “Voltou a ser rentável produzir cereais?”
Lembram-se, caros leitores, da Política Agrícola Comum da União Europeia – a PAC?
Então já devem perceber porque é que na Europa deixou de haver incentivos à produção de cereais, entre outros produtos agrícolas! É tudo uma questão de lucro! Nem que, para isso, seja necessário pagar para não se produzir! Os outros, os que estão fora da Europa, que produzam, sempre fica mais barato. E se eles não produzirem ou não quiserem exportar?
Ao que chegámos!

Vítor Amorim

«Quantos pães tendes?»


Ainda haverá lugar e tempo na alma para se ouvir falar de crise? Há coisas que são mais que claras. O petróleo, pai convencional da energia, calor, frio, movimento e tecnologia tem os poços em alerta e os preços a disparar todos os dias. Entra-se pela terra dentro para, em vez do poético girassol, se extrair força de cavalos que arrastem toda a tralha de que se compõe a vida moderna. A terra, árida e triste, diz que não dá para tudo.
Daria, mas da forma como a repartiram só vê tombar árvores - motores de respiração do planeta. Se se volta ao carvão a sala comum da humanidade fica irrespirável, pior que uma câmara de gás. E mais. Nesta lista, já quase se não fala de carne, peixe, legumes ou leite. Fala-se de pão, arroz, mandioca. Quem não lembra as crises de outrora que começavam quando os pais diziam: "come muito pão e pouco toucinho"?
É fácil demais apanhar estes dados e arremessá-los simplesmente para os sistemas, as ideologias, os responsáveis pela agricultura ou economia. Mas os governos não podem ser os últimos a reconhecer que isto acontece. Ninguém pode ignorar esta crise global, ainda que passageira. Entramos em matéria planetária onde um minuto de luz ou refrigeração a mais, a demora num duche ou na lavagem dos dentes tem repercussões na humanidade. Tem o mesmo preço, para o planeta, esbanjar num hotel de luxo ou numa cabana perdida de África.
Aqui entram outros elementos. Este preço não é igual para todos. O pão falta na mesa de muitos e sobeja muito na mesa de poucos. Há algo de errado nas contas do mundo. Alguns cristãos, apenas inspirados no Evangelho, têm deixado sugestões simples que nos podem questionar sobre o nosso comportamento face à terra e aos bens, mas também abrir pistas concretas e possíveis, individual e comunitariamente. Por exemplo: a agricultura deve estar voltada para os bens alimentares; importa reformular o conceito de pobreza neste novo contexto; qualquer desperdício deve ser considerado como um crime de assalto à mesa dos pobres; reforçar a vigilância para as situações de fome envergonhada; ter coragem de aceitar este momento como de crise sem que isso signifique uma derrota ou humilhação. Mas aceitar que não se trata duma catástrofe natural. É uma tragédia que todos ajudámos a desencadear. E na consciência, deixar bem clara a pergunta de Jesus diante da multidão faminta: "Quantos pães tendes"?

Jardim Oudinot: Obras em curso


Como disse ontem, passei pelo antigo Jardim Oudinot, com obras de remodelação em curso. Máquinas e trabalhadores andavam em bom ritmo, sinal de que o novo jardim estará para breve. Esta foi a satisfação que senti. O povo desta região estava a necessitar de um espaço ajardinado, com diversas valências. O povo e quem nos visita. A mágoa, como referi ontem, veio com a velha ponte arrancada a ferros. 
Voltando ao Jardim Oudinot, gostaria de saber em que ano é que ele foi construído e quem foi o seu mentor. Já perguntei, já li o que foi possível ler, já contactei antigos responsáveis pela JAPA (Junta Autónoma do Porto de Aveiro), antecessora da actual APA, e ninguém me soube dizer, com rigor em que época é que foi criado. Uma coisa é certa. O Jardim Oudinot diz bem que foi uma homenagem ao Eng. Oudinot, que elaborou os planos da abertura da Barra, abertura essa que foi concretizada pelo seu genro, Luís Gomes de Carvalho. 
Terá sido criado com base na necessidade de fixar as areias movediças, conforme projecto conhecido? A pergunta aqui fica para quem me quiser ajudar.

FM

PONTES DE ENCONTRO

Preço do arroz pode criar conflitos sociais na Ásia

«O recente aumento dos preços do arroz vai atingir duramente os países da Ásia. Os mais afectados são os mais pobres, incluindo os pobres urbanos», declarou Fukushiro Nukaga, Ministro das Finanças, do Governo japonês, durante a 41º Assembleia-Geral do Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD), a decorrer em Madrid, até à próxima terça-feira, dia 6.
«Isto terá um impacto negativo nas condições de vida e de alimentação das populações. Esta situação pode levar a conflitos sociais», acrescentou. Segundo o Ministro das Finanças japonês, é necessário «adoptar medidas para satisfazer, imediatamente, as necessidades dos mais pobres»
Haruhiko Kuroda presidente do BAD, referiu, em Madrid que “O aumento do preço dos alimentos ameaça minar os esforços da Ásia para combater a pobreza", alertando que a "época dos alimentos baratos, quiçá, chegou ao fim", sublinhando que o preço do arroz triplicou nos últimos quatro meses, algo que, em sua opinião, "não se pode explicar pela leia da oferta e da procura", acrescentando que montante da ajuda "dependerá dos pedidos dos países em causa".
O próprio BAD estima que o aumento dos preços dos bens alimentares afectará mil milhões de pessoas, só na Ásia.
Rajat Nag, director-geral do BAD, afirmou, na sexta-feira, dia 2, também em Madrid, que das pessoas afectadas na Ásia cerca de 600 milhões sobrevivem com menos de um dólar por dia e os 400 milhões que estão acima deste limiar também são muito vulneráveis.
O preço do arroz tailandês, um dos mais utilizados na Ásia, é actualmente de cerca de mil dólares (648 euros) a tonelada, o triplo do que era há um ano, quando se realizou a anterior Assembleia-Geral do Banco Asiático de Desenvolvimento, no Japão.
A nível global, os preços dos alimentos quase duplicaram, em três anos, originando distúrbios vários e protestos, um pouco por todo o mundo, e restrições às exportações no Brasil, Vietname, Índia e Egipto.
O Ministro das Finanças do Japão, alertou que as restrições às exportações aumentam os preços, enquanto os subsídios para ajudar os pobres a lidar com a questão poderão ser um fardo pesado para os orçamentos nacionais e «não são sustentáveis, a prazo».
Os subsídios alimentares no Bangladesh, um dos países mais pobres da Ásia, deverão duplicar no corrente ano fiscal e atingir 1,5 mil milhões de dólares (973 milhões de euros). A 29 de Abril, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, anunciou a criação de uma célula de crise para lidar com a questão da subida do preço dos alimentos e os consequentes problemas de fome.
Entre outras causas da crise, a ONU refere a falta de investimentos no sector agrícola, os subsídios que pervertem o comércio, os subsídios aos biocombustíveis, as más condições climatéricas e a degradação do meio ambiente.
Com sede em Manila, Filipinas, o BAD é uma instituição financeira multilateral, criada em 1967, para reduzir a pobreza e melhorar a qualidade de vida nos países mais pobres da Ásia e Pacífico, através do financiamento de projectos em condições vantajosas, assistência técnica e difusão do conhecimento. O BAD conta actualmente com 67 países membros, dos quais 48 da região Ásia-Pacífico, como Timor-Leste, e 19 não regionais, tendo os Estados Unidos e o Japão como principais accionistas.
Portugal é membro do BAD, desde o ano de 2002.

Vítor Amorim

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Na Linha Da Utopia


Gratidão + Esperança = Compromisso

1. Não que seja uma fórmula matemática (Gratidão + Esperança = Compromisso), mas formula, poderemos dizer, a construção sustentável de projectos de vida em vidas com projecto. As palavras são, por si, cheias de significado: Gratidão: mobiliza-nos para apreciar que tudo quanto somos o devemos não só a nós mesmos mas a muitos que nos ajuda(ra)m na caminhada de vida. Como muitas vezes dizemos, quem não agradece não reconhece, e reconhecer será valorizar com sensibilidade os alicerces nos quais queremos construir a nossa vida. Esperança: é o desejo do futuro que está cada momento, aí, a interpelar-nos para reinventarmos tudo o que pode ser melhor. Projecta-se na esperança, tanto mais, quem redobra a sua confiança confiando para além de si mesmo, no Amor-Absoluto divino. Essa abertura de espírito, naquilo que é construtivo (o bem e o belo), abre margens para a inclusão de outras experiências e caminhos diversificados de vida. Esta esperança profunda, que não quer ser palavra oca, assim, só pode brilhar como gosto de transformação positiva. A isso pode-se chamar Compromisso. Não um compromisso qualquer… Mas o compromisso que nos torna mais próximos e felizes na comum pertença à humanidade, pessoal e globalmente.
2. Foi com este espírito que no passado domingo familiares e finalistas do Ensino Superior aveirense, em ambiente de festa académica, acolheram a celebração da bênção dos finalistas, manifestando gratidão e esperança comprometida diante do futuro. Não o fim, mas um princípio de expectativas que querem ser contributo para derrubar as “barreiras” que pertencem à vida. Brotando do pensamento e escrita dos finalistas, partilhamos com a comunidade mais alargada o sentir da Oração de Compromisso dos Finalistas: «Amar, respeitar e apoiar, com humildade, todos aqueles que vão estar, pensar, viver e trabalhar connosco, sabendo, em abertura de espírito, caminhar em grupo, assumindo a colaboração com os outros como um valor fundamental da nossa vida; Viver no esforço e no empenho, em tudo aquilo que fizermos, partilhando os nossos conhecimentos na luz da dignidade da Pessoa Humana e da integridade social e ambiental do meio que nos irá rodear, e assim vivendo sempre em espírito de fraternidade; Dar o melhor de nós na promoção da ética da responsabilidade e na construção da paz, acolhendo a sabedoria que garante a força de nos sabermos levantar nos momentos mais difíceis da vida, alimentando a felicidade na perseverança dos ideais contra todas as tempestades; Ter sentido humano de gratidão e de criatividade na inovação, para sermos parte das soluções solidárias, educativas e científicas nos grandes problemas do mundo actual, querendo aprender mais cada dia, em ordem ao justo desenvolvimento humano; E não permitas, Senhor, que esqueçamos o verde da esperança, que durante estes anos nos inspirou e hoje enche os nossos corações, e auxilia-nos a cumprir todos os dias da nossa vida toda a grandeza do ideal que assumimos, perante todos, neste maravilhoso dia!»
3. Será significativo, ainda, dizer-se que cada ano essa imensa comunidade festiva manifesta toda a gratidão para com a Cidade que os acolheu e a Instituição de Ensino que lhes proporcionou a via do conhecimento. Razões, sempre a zelar, para acreditar no futuro!

Alexandre Cruz

AI O PROGRESSO!...



O progresso, por vezes, destrói as nossas memórias palpáveis. Não devia ser assim, mas é. Infelizmente.
Um dia destes disseram-me que as obras em curso na zona do Jardim Oudinot tinham destruído a velha Ponte da Cambeia, de tantas recordações. Não quis acreditar e fui certificar-me. É verdade. Já lá não está. O progresso podia ter em conta as memórias vivas do povo. Mas nem sempre as respeita, como era seu dever. A culpa não é minha, que sempre aqui, e não só, valorizei as marcas do passado.
A Ponte da Cambeia era, na minha infância, o centro de muita vida. Ali esperávamos os barcos mercantéis que traziam, das feiras de Aveiro e da Vista Alegre, as mercadorias adquiridas pelos gafanhões. Eram entregues ao barqueiro, com sinais identificativos, e na hora combinada eram esperadas pelos seus donos. Nesta ponte e noutros locais das Gafanhas. Quando havia atraso, os barqueiros deixavam-nas ali mesmo, na certeza de que não haveria ladrões.
Ali, na ponte, pudemos assistir a manobras arriscadas, em dias de temporal, com os homens do leme a orientarem as embarcações, com rigor, para passarem sem perigo. Nadava-se, conversava-se, atiravam-se piadas aos barqueiros, com perguntas ingénuas e algumas vezes maldosas: “Quem é o macaco que vai ao leme?”
Recordo-me, bem, da pesca do safio. Vara forte, com arame numa ponta. Preso tinha o anzol. Enfiava-se nas tocas onde se refugiavam os safios e esperava-se que ele atacasse o isco. Depois, com força, puxava-se, puxava-se, que ele oferecia enorme resistência. A propósito do safio, permitam-me que lembre a história contada por José Cardoso Pires no seu livro “Lavagante”, um inédito recentemente editado. Diz ele que o lavagante é marisco manhoso. Vai alimentando o safio na sua toca, levando-lhe comer constantemente, para o engordar. Quando vê que o safio, pelo tamanho, já não consegue sair do refúgio, então mata-o e dele se vai alimentando. Daí, penso eu, a dificuldade que os pescadores tinham em o sacar da toca. Porém, nunca faltava a ajuda dos presentes, que davam uma mãozinha.
Depois disto tudo, como não hei-de ter pena de ver desaparecer a antiga Ponte da Cambeia. E como eu, outros, muitos outros gafanhões, que de várias partes do mundo me têm contactado, a propósito das fotos que aqui publico. Sei que não era uma ponte romana nem coisa que se pareça. Mas era a nossa Ponte. Ponte do lugar da Cambeia, da Gafanha da Nazaré. Presumo, contudo, que no mesmo local venha a nascer uma nova ponte, com os traços fundamentais da que foi derrubada. Se assim for, ainda bem.

Fernando Martins

CÁRITAS PORTUGUESA ATENTA À FOME

PEDE:
"aos governos para deixarem de apoiar a produção de produtos energéticos a partir de produtos agrícolas para que a produção agrícola se volte a orientar para a produção de bens alimentares, designadamente de primeira necessidade"
E ALERTA:
"as autoridades para a necessidade de redobrarem os apoios aos mais carenciados, distribuindo bens de primeira necessidade aos mais necessitados e com manifesta escassez de recursos financeiros e alimentares"
Leia mais aqui e aqui

CUIDAR DO NOSSO CORAÇÃO

No CUFC, quarta-feira, 7 de Maio




Cada vez mais é preciso cuidar do nosso coração. Trata-se de uma "máquina" com enormíssima capacidade, mas não é eterna. Se cuidarmos dela, mais tempo poderemos viver. Toda a gente sabe disso, mas os nossos comportamentos nem sempre têm em conta a importância do coração. Eu que o diga, que já apanhei alguns sustos. Daí que assuma a obrigação de falar desta Conversa Aberta, integrada no Fórum::UniverSal, que vai ter lugar no CUFC, na quarta-feira, 7 de Maio, pelas 21 horas. Podem (e devem) participar os que já sofrem do coração e os que desejam apostar em ter um coração mais saudável. O conferencista será Polybio Serra e Silva, da Fundação Portuguesa de Cardiologia, e como moderador teremos o cardiologista aveirense, Rogério Leitão.

PONTES DE ENCONTRO


QUE PASSADO PARA O FUTURO DE PORTUGAL?


“Num certo sentido, o 25 de Abril continua por realizar-se”


Esta frase que escolhi para o início deste texto faz parte do discurso do Presidente da República, na 34ª Sessão Comemorativa do 25 de Abril, realizada na Assembleia da República, no passado dia 25 de Abril de 2008.
Nesse dia, tive oportunidade de escrever neste blogue uma breve reflexão sobre “O 25 de Abril e o futuro”. Acabava o meu texto da seguinte forma: ”Falar, nos dias de hoje, do 25 de Abril de 1974, é pensar e falar na capacidade que temos em regenerar o que tem que ser regenerado; aperfeiçoar o que tem que ser aperfeiçoado; na vontade em resolvermos as dificuldades e problemas que nos surgem e na qualidade de vida e de democracia que podemos prometer e cumprir, de forma competente, perante todos os cidadãos. Se assim não for, o 25 de Abril de 1974 será sempre passado sem sentido e um memorial de recordações e nostalgias que jamais poderão fazer parte do futuro.”
Perante isto, não posso estar mais de acordo com a frase do Presidente da República, já que um projecto de país e de uma sociedade jamais se esgotam no tempo. O futuro é, pois, o horizonte mais próximo, num projecto de um país, que, por via disso, nunca está acabado e cujas responsabilidades para as tarefas da sua contínua renovação e execução são transmitidas de geração em geração, ininterruptamente.
Neste seu discurso, Aníbal Cavaco Silva deu a conhecer um estudo, encomendado à Universidade Católica Portuguesa, “sobre as atitudes e comportamentos políticos dos jovens em Portugal”.
O estudo revela um “alheamento da juventude, que não pode deixar de nos preocupar a todos, a começar pelos agentes políticos. A começar por vós, Senhores Deputados. Se os jovens não se interessam pela política é porque a política não é capaz de motivar o interesse dos jovens. (…) Em todo o caso, o nível de informação dos jovens relativamente à política é de tal forma baixo que ultrapassa os limites daquilo que é natural e salutar numa democracia amadurecida.” Já gora, será só na vida política?
Compreendo as palavras do P.R. e os alertas que faz, em vista ao futuro e ao destino de Portugal. Contudo, não posso deixar de colocar algumas questões que o passado nos tem ensinado e das quais os políticos se parecem esquecer: É ou não é verdade que existe em Portugal uma falta grave de cultura de cidadania? É ou não é verdade que os partidos políticos são mais vendedores de ilusões do que cumpridores de promessas? É ou não é verdade que falar verdade custa a perca de muitos votos? É ou não é verdade que os Deputados, não prestam contas a ninguém do que fazem no Parlamento? É ou não é verdade que se tem dado a ideia que aprender e ensinar não exige disciplina e sacrifícios? É ou não é verdade que as pessoas querem é entretimento, começando no futebol e acabando nas telenovelas? É ou não é verdade que se tem desvalorizado a componente de memorização dos jovens? É ou não é verdade que o espaço familiar é cada vez mais ocupado pelo computador, a Internet ou as Play Stantion, em vez do diálogo familiar? É ou não é verdade que se vendem cada vez mais as chamadas revistas cor-de-rosa e sensacionalistas e decresce a venda da chamada “informação séria”? É ou não é verdade que temos uma democracia formal e conjuntural?
Estas questões são comuns a outros países, pelo que bem pior do que a baixa informação, política, dos jovens, e não só destes, tem sido a falta de qualidade e a mediocridade dos que têm gerido os destinos deste povo e deste país, ao longo das várias décadas de democracia. É difícil não fazer recriminações, como pediu o P.R., pois estas, agora, nada resolvem e o futuro não espera, e é este que conta! Até quando?

Vítor Amorim

FOME EM PORTUGAL: UMA VERGONHA DA NOSSA DEMOCRACIA

O PÚBLICO online informou, há momentos, que “mais de mil toneladas de alimentos foram entregues este fim-de-semana ao Banco Alimentar Contra a Fome, 25 por cento mais do que a campanha de Maio do ano passado”. Acrescentou que “todos os trabalhos de recolha, selecção, empacotamento e distribuição foram efectuados nesta campanha por perto de 17 mil voluntários”, que nada receberam por esse trabalho, como é normal. Os dirigentes e demais colaboradores devem ter ficado, com esta campanha, mais descansados. Se há mais pobres, também há gente generosa. Mas não podemos ficar por aqui. Os nossos governantes, os políticos, as instituições estatais e privadas e a sociedade em geral têm a obrigação, inadiável, de resolver este problema da fome, uma vergonha da nossa democracia. FM

domingo, 4 de maio de 2008

DIA DA MÃE



POEMA À MÃE

No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe!

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos!

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais!

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura!

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos...

Mas tu esqueceste muita coisa!
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? -,
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:
"Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal..."

Mas - tu sabes! - a noite é enorme
e todo o meu corpo cresceu...

Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas...



Eugénio de Andrade

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Animais das nossas vidas

O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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