terça-feira, 18 de março de 2008

PORTUGALIDADE NO MUNDO



“Em 2002 fiz uma volta ao mundo e passei quase um mês no Havai.
Visitei duas ilhas, a Ilha do Grande Havai e a Ilha do Oahu. A primeira coisa interessante foi descobrir a influência portuguesa. Eu não fazia a mais pequena ideia e penso que poucos portugueses sabem disso.
Quando eu pensava que estava num lugar muito longe, Portugal aparecia nas horas mais impróprias e das maneiras mais estranhas: em quase todos os restaurantes havia uma “sopa de feijao” e muitas padarias tinham neons e dizer “pao doce”. O principal cómico local, que era uma espécie de Herman José de lá, tinha um nome português, era Ferreira ou Pereira ou algo assim.
Há também uma base religiosa católica no Havai que foi levada pelos portugueses. Passei o tempo a tropeçar em portugalidades… até o ukelele tinha lá qualquer coisa da nossa guitarra portuguesa.”

Edson Athayde, conhecido publicitário de sucesso, que vive em Portugal.
In Fugas, suplemento de Viagens, Prazeres e Lazer do PÚBLICO


NOTA: É sempre bom sabermos que Portugal deu mesmo novos mundo ao mundo. E que ficou, com marcas indeléveis, em qualquer ponto da Terra, como que à nossa espera para se mostrar e nos mostrar os portugueses que fomos e que... ainda somos, se quisermos.

FM

Ao encontro do silêncio de Deus


“…a Quaresma convida-nos a “treinarmo-nos espiritualmente”, para que, neste “processo de renovação interior estejam presentes a oração, o jejum e a esmola.” -, diz-nos o Papa Bento XVI na sua Mensagem para a Quaresma de 2008.
Nestas breves palavras, como se diz na gíria popular, “os dados estão lançados” e o desafio está feito a cada um para (re)descobrir e (re)criar o caminho que o há-de preparar e transportar à Páscoa do Senhor.
No sábado passado, ainda que o tempo não estivesse muito convidativo, decidi pôr-me a caminho da Serra da Freita, com o sentido de me “treinar” espiritualmente.
Desde há muito, que gosto deste passeio, que me leva pela Serra do Arestal até à Serra da Freita.
Não são as belas paisagens ou as novas perspectivas da beleza que vou encontrando que são o motivo deste apelo espiritual. Sinto, isso sim, que este (re)encontro com a natureza oferece-me um outro gosto, decantado por toda a beleza que a envolve, pela originalidade da busca e pela surpresa que, na montanha, se torna mais imprevista, ou seja, mais original e autêntica.
Como dizia o Padre José Tolentino Mendonça, na entrevista que concedeu à Agência Ecclesia, no passado mês de Fevereiro: “Cada um de nós tem a sua serra, onde encontrará o silêncio matricial.”
Na mesma entrevista, o Padre Tolentino Mendonça, acrescenta: “ele [o silêncio] é necessário para fugirmos ao nosso próprio ruído. O grande ruído não está na cidade, mas aquele que nós transportamos . É ressonância confusa que as coisas deixam dentro de nós. A Páscoa é um tempo de discernimento. É um tempo para treinar os sentidos.”
Chegado perto da zona da Albergaria da Serra (outrora Albergaria das Cabras), eis que estava pronto a iniciar o meu “treino”. Não tinha, nem podia ter, um plano estabelecido e muito menos a mais pequena perspectiva do que podia sentir, ver, ouvir ou encontrar. Só sabia que ía dar o melhor de mim, porque o “treino”, por experiência própria, tem que ser muito exigente para dar bons resultados.
É deste “treino” que irei falar amanhã.

Vítor Amorim
:
Nota: Agradeço, como não podia deixar de ser, a colaboração do meu assíduo leitor Vítor Amorim. Só partilhando celebraremos a Páscoa. Obrigado.
FM

segunda-feira, 17 de março de 2008

Aveirenses Ilustres

JOÃO JACINTO MAGALHÃES UM ILUSTRE DESCONHECIDO João Jacinto de Magalhães é um ilustre aveirense, mas desconhecido da maioria das gentes desta região. É o patrono da Fundação do mesmo nome, ligada à Universidade de Aveiro. Foi evocado hoje na décima conferência de “Aveirenses Ilustres, que se realizou no Museu da Cidade.
: “Oriundo de uma ancestral família do Minho, cujas origens remontam a meados do século XIII, João Jacinto de Magalhães teve origem num ramo dos Magalhães de Pedrógão, que se transferiu no século XVIII, para Aveiro, onde nasceu a 4 de Novembro de 1722. Tendo entrado no colégio do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, com onze anos, veio a pedir o ingresso na própria ordem, tornando-se frade crúzio com o nome de Frei João de Nossa Senhora do Desterro. Em 1754, obteve a secularização por breve do Papa Bento XIV. Morreu em Fevereiro de 1790. Filósofo, como ele próprio se define, cientista como hoje o entendemos, foi considerado um dos mais notáveis portugueses da segunda metade do século XVIII.”
Lê-se no site da Fundação João Jacinto Magalhães, onde pode ficar a saber mais sobre esta personalidade ímpar da ciência e cultura.

Na Linha Da Utopia

Chiara Lubich

CHIARA LUBICH, A VIDA ECUMÉNICA

1. Era o tempo da II Guerra Mundial. A jovem Chiara Lubich, natural de Trento (Itália), vendo a dramática situação da Europa na decadência dos ideais humanos, vem propor uma mensagem de esperança e de diálogo, assente na condição de abertura do ser humano ao ser dos outros e ao ser de Deus. Chiara recebe agora, na hora da partida (14 de Março 2008), os frutos da sua sementeira plantada ao longo da intensa vida (de 88 anos) dedicada a anunciar caminhos de UNIDADE. Não é só o mundo ecuménico das igrejas que está reconhecido e vive a sentida hora da despedida quando (terça, às 15h) em Roma o mundo celebra o dom de sua vida. João Paulo II acolheu e apreciou a sua obra, dizendo que ela corresponde na essência ao espírito renovador do Vaticano II.
2. Chiara Lubich (1920-2008), fundadora do Movimento Ecuménico dos Focolares (http://www.focolares.com/), do seu coração universal transborda um testemunho de vida que interessa a todos. Não foi por acaso que a sua raiz fraterna da mensagem «que todos sejam um» espelha pelo mundo fora frutos de unidade nas múltiplas vertentes do diálogo (quatro): entre católicos, entre cristãos das várias confissões, com membros de outras religiões e com pessoas de visões não religiosas. Uma verdadeira catolicidade (universalidade) que hoje torna presente a sua obra em 182 nações (também em Portugal), num universo de pertença de cerca de 140 mil focolarinos activos e na ordem de dois milhões de aderentes.
3. Enraizada na essência da mensagem cristã, como visão aperfeiçoada da “fraternidade” (emblema ideológico que a Revolução Francesa de 1789 havia desvirtuado cabalmente quando se observam os factos sucedâneos da exclusão de género e de raça), o mundo não esquecerá que ela foi a primeira mulher a partilhar a sua experiência de vida e de fé em auditórios de diferentes religiões como entre muçulmanos, hindus e budistas. A sua mensagem, como afinal as grandes mensagens, não se esgota no campo da religião mas abre-se a uma totalidade de experiência humana fraterna. Neste contexto de uma vida vivida ao serviço dedicado do bem comum estão concepções que iluminam as sociologias e as economias, propondo mesmo conceitos como a «economia de comunhão».
4. Factos muito relativos e mesmo secundários para ela como para as pessoas grandes porque simples, mas elementos identificadores do reconhecimento dos alcances da vida e obra de Chiara Lubic na sociedade civil, estará o facto dela ter sido aclamada por variadas universidades de todo o mundo com o título de honoris causa. Em áreas tão díspares como a teologia, psicologia, filosofia, economia, sociologia, política. Parte da história humana para uma história sem tempo e espaço mais um símbolo das lutas e das esperanças do passado Séc. XX. A semente caiu na boa terra e deu largos frutos! Acreditamos eles vão permanecer porque anteciparam futuros de unidade humana nas diversidades do tempo global. Mas, que não se percam esses ideais abertos, temos de compreender e sensibilizar mais para a raiz profunda que moveu a vida de gente tão generosa como Chiara Lubich. O mundo está reconhecido e quer continuar a aprender da dádiva que a inspirou em tempos conturbados como os seus.

Alexandre Cruz

ÍLHAVO: Dia Mundial da Poesia


GRUPO POÉTICO DE AVEIRO
APRESENTA POESIA DE JOSÉ RÉGIO
Integrado nas comemorações do Dia Mundial da Poesia, o Grupo Poético de Aveiro vai realizar um recital de poesia na Biblioteca Municipal de Ílhavo no dia 21 de Março, pelas 21.30 horas, com organização da Confraria Camoniana de Ílhavo. Com este recital, o Grupo Poético de Aveiro pretende homenagear o grande poeta José Régio. Entrada livre.


Fado português

O Fado nasceu um dia,
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.

Ai, que lindeza tamanha,
meu chão, meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de oiro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.

Na boca dum marinheiro
do frágil barco veleiro,
morrendo a canção magoada,
diz o pungir dos desejos
do lábio a queimar de beijos
que beija o ar, e mais nada,
que beija o ar, e mais nada.

Mãe, adeus. Adeus, Maria.
Guarda bem no teu sentido
que aqui te faço uma jura:
que ou te levo à sacristia,
ou foi Deus que foi servido
dar-me no mar sepultura.

Ora eis que embora outro dia,
quando o vento nem bulia
e o céu o mar prolongava,
à proa de outro veleiro
velava outro marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.

José Régio

AVEIRO: Jornada Diocesana da Juventude

Em Anadia, celebrou-se, ontem, a Jornada Diocesana da Juventude, com organização do Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil. Presidiu o Bispo de Aveiro, D. António Francisco, que, à homilia da Eucaristia, dirigiu palavras de estímulo aos muitos jovens presentes:

"Ir ao encontro de Deus, viver de Cristo, deixar-se guiar pelo Espírito e anunciar o Evangelho não é para vós jovens uma opção facultativa. É uma decisão assumida; é uma decisão consciente; é um caminho que urge percorrer e uma missão hoje 'mais necessária do que nunca'”.
(...)
"A bem-aventurança cristã e a felicidade verdadeira são irmãs gémeas do escândalo da cruz de Jesus e renascem sempre vencedoras do âmago de tantas situações de injustiça e de sofrimento. A morte recente do arcebispo católico caldeu de Mossul, no Iraque, e o sofrimento daquele povo mártir, o esquecimento de tantas vítimas inocentes da história em numerosos lugares onde se ultraja a dignidade das pessoas e se espezinha o direito dos povos não podem assassinar a Esperança nem silenciar o Evangelho."
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CHINA: Ofensas à liberdade continuam

O Dalai Lama, líder espiritual tibetano, não se cansa na sua luta, pacífica, contra a ocupação chinesa do seu país. As manifestações pela libertação do Tibete repetem-se, ciclicamente, mas os países ocidentais não estão interessados em pressionar a China. A China é um gigante a caminho da hegemonia económica mundial, e o Tibete é uma pequena nação sem importância no mundo dos negócios. A hipocrisia da civilização ocidental mantém-se, face à tirania da China. Sempre de cerviz domesticada face à força dos poderosos antidemocráticos, os ocidentais precisam de ser mais corajosos na defesa dos ideais em que acreditam. Em Portugal, as ditaduras de esquerda são aceites com alguma naturalidade, sobretudo quando os seus dirigentes nos visitam. As da direita são logo hostilizadas com manifestações. Para mim, todas as ditaduras são de condenar. Dialogar com elas, porque do diálogo pode vir a luz, mas nunca com palmas e festas. A minha simpatia e apoio vai, pois, para o Dalai Lama e seu povo, na esperança de que em breve possam cantar e viver a sua liberdade.


FM

AVEIRO: Zona histórica sem carros

Segundo li hoje, a Zona Histórida da Beira-Mar, em Aveiro, vai ser vedada ao trânsito automóvel. Ali, num futuro próximo, só poderão circular e estacionar os moradores. Boa ideia, a meu ver. Preserva-se um espaço de ruas estreitas do excesso de carros. Há parques à volta e todos nós precisamos de caminhar. A notícia dizia, ainda, que esta será uma experiência-piloto, no sentido de ser alargada a outras zonas da cidade. O ambiente precisa deser preservado.

domingo, 16 de março de 2008

Laudate Dominum, de Mozart

Laudate Dominum, de Mozart, pode ser um momento lindíssimo para este fim-de-semana. A sugestão veio-me do blogue Mar Sem Sal, de uma minha conterrânea, especialista de música e da arte de bem cantar. Com os meus agradecimentos aqui partilho este Laudate Dominum, de Mozart.

Na Linha Da Utopia



Uma canção para “Ser Tempo”

1. Vivemos esta semana um tempo especial. Desde a antiguidade cristã que, na aproximação à Páscoa, na semana antecedente, se procura interiorizar de forma mais plena o centro da mensagem da revelação do Absoluto de Deus na forma personalizada, numa Pessoa chamada “Jesus Cristo”. Todas as comunidades que cultivam valores com raiz de esperança alicerçada no divino têm os seus “tempos fortes”. Para a comunidade cristã vive-se a designada “Semana Santa”; uma semana que começa com a celebração festiva do Dia Mundial da Juventude (DMJ), uma iniciativa de João Paulo II comemorada no domingo de Ramos anterior à Páscoa. Na diocese de Aveiro este ano foi escolhido o (arciprestado) Concelho de Anadia para acolher a multidão de jovens da área diocesana. Mil, dois mil jovens… o importante é sempre a vivência de cada um no sentido dos valores comunitários de uma esperança que se quer fortalecer em ambiente pré-pascal. E ficam sementes de paz para a vida!
2. Também, periodicamente, vão surgindo propostas e iniciativas de partilha através da música, esta uma arte de apurada sensibilização para a juventude. Da organização do Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil, como todos os anos e no quadro da proposta diocesana para a juventude, este ano na véspera do DMJ realizou-se o Festival da Canção. Em noite de tantas e ricas mensagens, coube à Paróquia de Aradas, pelo seu grupo de Jovens e numa caminhada permanente de juventude como em todas as paróquias da diocese, a construção da mensagem mais reconhecida pelo júri do festival (melhor letra e canção vencedora). Abaixo partilhamos esta mensagem que vai abrindo a ponte pascal: SER TEMPO!

Fui procurar…onde se esconde o tempo
Saber como faz p’ra não parar
É que saber uns truques dava jeito
Para poder levar-te e ensinar-te…
Mesmo a dormir!

Não o encontrei e o tempo não parou
Não sei onde falhei, o que me escapou
Eu só queria aprender a ser mais eu
E a toda a hora e a todo o momento
Saber estar em ti…

Também eu quero ser tempo
P’ra nunca parar
Ser a tua voz no vento
E poder renascer em ti
Ser o que queres anunciar

O tempo é da gente, o tempo somos nós
O tempo é a correr e a vida é uma só
Porque me falas a mim isso eu não sei
Só sei que quero ser…sei que quero viver
P’ra ser a tua voz!

O que seria de nós, sem o espírito divino?
E o que seria do mundo sem um olhar de Paz!

[ARADAS:
Letra e música: Daniel Lopes.
Interpretação: Daniel Lopes, Liliana Monteiro, Paulo Gravato, Tiago Marinho.]

Alexandre Cruz

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 69


REGENTES ... E “PATRONOS”

Caríssima/o:

A Regente Escolar não é necessariamente uma figura comum na minha paisagem escolar. Consultando a rede escolar da nossa região apenas encontramos postos escolares na Boa Hora e na Costa Nova – e, creio que, já muito por meados do século XX, na Barra.
De facto, saíra eu há anos da nossa Escola, encontrei um dia, uma Regente na Escola da Ti Zefa - creio que estaria a substituir o titular do lugar. Com espírito de grande abertura e afabilidade, bom trato e humildade, fiquei com a convicção de que, à semelhança dos nossos artífices, superava a falta de preparação científica com boa dose de senso e o saber de experiência feito.
Aqui, pois, a minha palavra de muito apreço e a minha homenagem a essas Mulheres simples mas decididas na pessoa da Elvira!

E, por fim, os “Patronos”...(Quem diria que se tornaria matéria quente da actualidade o nome a atribuir às escolas?!...) E refiro-me apenas e só aos patronos das escolas que “frequentei”, pois as da Chave e da Cale da Vila assim eram designadas por nós. Fá-lo-ei muito levemente... (Área aberta a investigação: a biografia das “figuras públicas” da nossa Terra; ao Professor Fernando um puxão amigo para que invista... ou alguém avance...)
Dito isto, acrescentarei:
Zefa – diminutivo de Josefa – lavradeira nossa contemporânea que se dedicou à venda de leite na praia da Barra;
Bola, comerciante e industrial;
Lopes, emigrante.

Sei que é pouco mas poderá actuar como ponto motivador.

Manuel

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