domingo, 23 de dezembro de 2007

Na Linha da Utopia – Natal 2007




À PROCURA DO CALOR!
O NATAL PARADOXAL?

1. Cada vez mais se fala de Natal, cada vez menos se (re)conhece o verdadeiro Natal. Nascido da transformação da adversidade em acolhimento caloroso do “momento” (e)terno de Belém, a quadra comercial emergente foi-nos distanciando da lareira do aconchego natalício autêntico. Uma distância dessa fonte que “nesta noite” grita o apelo de todas as noites do ano, dos anos, da vida. Quem dera que, nesse mundo sonhado de Deus, à altitude da árvores, ao brilho das luzes, à luminosidade das cidades, ao… correspondesse esse calor humano que segreda a esperança de Deus que se faz próximo, aqui, “no-meio-de-nós”!
2. Uma esperança inapagável, diante de tamanha visita de que enobrece e exalta a nossa pequenez. De todas as distâncias infinitas, o Altíssimo faz-se Baixíssimo, o eterno junta-se ao tempo, a história dos homens passa a história de Deus. Ao frio que continua a atravessar o (per)curso humano do mundo e da vida, Deus vem dar calor, amor, ser presença simples para que mais nos (re)conheçamos, no que somos e quanto valemos à Sua luz. Quem não deseja reviver esse “tratado” de Deus-connosco, que faz de cada um de nós o Seu novo presépio!
3. Este é a nossa hora, a hora de Deus-entre-nós! Tudo ganha cor, sentido, calor, aconchego…todos os abrigos, ou sem-abrigos, são visitados e iluminados no Seu Amor. Aos que vivem da ilusão das coisas (e dos 1001 presentes), Ele vem dizer-nos que, de tudo isso, nada tem valor se não houver o calor da paz e o olhar fixo para o que vive na “rua” do frio solitário. Diz-nos que só viveremos e seremos Natal na justa medida em que o preparámos, nesse “endireitar os caminhos” da proximidade com Deus, com os irmãos, com tudo o que somos e realizamos.
4. Seja Natal com NATAL! Venha esse procurado calor do presépio multiplicar infinitamente a dignidade divina que habita cada Ser Humano. Nada substitua o essencial! Nenhum presente exista sem Amor! Nenhuma luz que brilha se esqueça do brilho de Deus! Que todos os doces renovem a esperança na sociedade que somos! Que haja lugar no coração para a visita de Deus, não tenha Ele de nascer novamente na “gruta”! Que também os homens O acolham e lhe dêem esse precioso calor da noite! Que calor, que luz radiante, tudo ganha um sentido novo! Já não há frio, tudo é calor, Deus-Amor!
5. Uma das obras de referência de 2007 foi “A Felicidade Paradoxal”, do sociólogo francês Gilles Lipovetsky, o autor da “Era do Vazio” (1983). Nesse estudo dos comportamentos humanos, o autor analisa a contradição (o paradoxo) das felicidades que se procuram que chocam com a angústia existencial do tempo actual. Esta transforma o hiper-consumo e a férrea publicidade no novo ídolo, na nova ilusão de felicidade. Chegámos à felicidade infeliz? Viveremos um frio Natal paradoxal, já esquecido da sua origem? Venha a ternura do calor!...

Alexandre Cruz

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 55


LENDA DA SERRA DE MANI-CRICA

Caríssima/o:

Hoje vamos até Meinedo, do concelho de Lousada. As suas gentes continuam a dedicar-se ao cultivo da terra e muitos até desconhecem que [«Durante a ocupação da Península Ibérica pelos Suevos foi criado o primeiro Bispado de que há memória na região do Porto. Desse Bispado dá-nos notícias o II Concílio Bracarense, ocorrido em 572. Na respectiva acta, pode ler-se: "Viator, Magnetensis Eclesiae Episcopus, his gestis subscripsi". Magneto é Meinedo, e o seu primeiro Bispo foi, portanto, Viator.Dada a sua condição de Bispado, não se estranhe a existência de um Mosteiro em Meinedo. Contudo, a Sé cedo seria transferida para o Porto com a chegada dos Godos à Península ...»]
[«O ex- libris da freguesia é a Igreja Matriz que é uma reconstrução no estilo românico de transição que data do século XIII, mas que na sua fase inicial foi Igreja de Mosteiro (provavelmente do século VII).»]

Nesta igreja, [“existe a imagem centenária de Santa Maria Maior, muito bela e imponente. Digna de figurar na lista: “…das Mais Preciosas e Belas Imagens de Nossa Senhora…” Foi modelada e cinzelada em pedra de Ançã, em tamanho natural, com um lindo manto todo talhado com formas graciosas, onduladas, com o Menino Jesus ao colo. Em suma, uma obra de arte românica, para uns do século XII, para outros do século XIV. Esta imagem é também conhecida pela imagem de Nossa Senhora das Neves, de Meinedo, denominação atribuída certamente pela sua grande beleza e brancura que ostenta.”]
Contudo, há quem vá por outro caminho e afirme que

[«A padroeira é Nossa Senhora das Neves. Das Neves porquê? Diz o povo que um dia daqueles de muito calor, ia Agosto em cheio, já ninguém respirava. E era ver como até o gado se deitava exausto a uma qualquer sombra. Pois quando tudo abafava como em forno de cozer o pão, de repente começou a nevar. Ninguém tem dúvidas de que uma vez mais Nossa Senhora acudiu aos seus. Por isso a veneram como Nossa Senhora das Neves.»]



Ora o certo é que ainda hoje

[«Nas terras de Meinedo, conta-se que, ao tempo das guerras da moirama, os escorraçados mouros quase não tiveram tempo de levar o que tinham ao corpo, quanto mais as imensas riquezas em oiro que possuíam em lugares seguros. Talvez pensassem em voltar. O certo é que não voltaram e é por isso que há sítios cheinhos de riquezas. Como aquele no Monte de Mana já junto a Croca (Penafiel). Pois é... o oiro ainda lá está e por isso aqui o povo diz que de “Mana a Crica, muito oiro me lá fica”!»]

E daqui nasce a


[ «LENDA DA SERRA DE MANI-CRICA
No tempo em que os mouros foram expulsos da Península, costumavam esconder em grutas ou sob as cavernas permitidas pelos penedos, os tesouros que não podiam levar consigo.
Assim, nos montes de Mana, já quase de Croca, concelho de Penafiel, consta haver aí muito ouro, deixado na precipitada fuga.
É vulgar ainda ouvir o povo que “de Mana a Crica, monte próximo de Mana, muito ouro me lá fica”.
No entanto, tem havido muitos “carolas” que, munidos de picaretas, têm tentado encontrar o tal tesouro escondido.
As pessoas chegaram mesmo a introduzir na poesia popular uma quadra sobre este tema:
Desencanta-te , ó moura,
da serra de Mani-Crica
que Meinedo quer ser
uma freguesia rica.
(Recolha efectuada em Meinedo) Sítio da Escola EB1 de Sub-Ribas – Meinedo»]

Como facilmente se vê, fiz umas costuras nos tecidos encontrados em várias fontes.
A família da Maria Inês vive o Natal em esperança, sendo ela ainda única a receber todos os mimos. Vamos então pedir ao Deus Menino para que ela encontre o seu “filão”, sem necessidade de picaretas!

Manuel

CARTA A JOSÉ, PEREGRINO DE BELÉM




Senhor José

Sou um padre católico, habito numa das regiões mais ocidentais da Lusitânia e, nestes dias, tenho pensado muito em si. Acompanho-o em Belém, da Judeia, onde procura lugar para hospedar Maria, sua noiva, que está prestes a ser Mãe. Percorro consigo os locais onde podia acolher-se: a casa de algum parente, a hospedaria pública, o compar-timento da moradia de alguém residente, o recurso a um barraco qualquer ou a um curral de animais. A necessidade faz a força – diz o povo, dando voz ao silêncio com que o Espírito fala na sua vida.
É verdade, Senhor José! O que mais me impressiona é o seu silêncio exterior. Nem palavra, queixa, gemido ou lamento. Nada. Apenas a persistência corajosa, a busca serena, a confiança expectante. E, no entanto, quantas emoções sentidas, quantas “revoltas” contidas, quantos gritos de alma calados! Nem sequer um desabafo com Maria, sua noiva, que via aproximar-se a “hora” feliz!
O seu modo de proceder, fazendo fé no que dizem os narradores da Infância de Jesus, vosso amado Filho, segundo as leis judaicas, faz-me pensar e causa-me perturbação. Mas que quero eu?! Já foi assim noutras ocasiões, bem dolorosas. E assim vai ser ao longo de toda a vida terrena. O silêncio é a escolha preferida, a única: quando sabe que Maria está grávida, sem terem convivido como cônjuges, quando vê a recusa dos habitantes de Belém, apesar de ser a cidade onde deve recensear-se e tem parentes, ainda que afastados, quando acolhe as visitas dos pastores e dos magos, quando é urgente fugir da fúria de Herodes que tenta matar o Menino, quando pode regressar finalmente à sua terra natal de Nazaré.
Senhor São José, o silêncio é a marca do seu estilo de vida: no trabalho de artesão, no convívio da vizinhança, na ida regular à sinagoga, na subida ao templo de Jerusalém. E no entanto, quantas perturbações o assaltam, quantas preces ao Altíssimo, quantas horas de ponderação, quantos riscos corajosos! E tudo por causa do Menino e sua Mãe, do desejo claro de ser fiel à missão que vos fora confiada pelo enviado do Senhor, vosso Deus.
Tal foi o silêncio que nem a morte lhe deixa palavra. Não se sabe como cessa funções na terra. Nem sequer se regista o facto. Também pouco se diz do modo como entra em cena na vida de Maria, sua noiva, ou vive em Nazaré como artesão. O que se relata, e de forma breve, está sempre relacionado com certos episódios de Jesus e de Maria. De si, completamente nada. Apenas se diz que é homem justo e bom, se narra a intensidade da dor sentida, a ponto de o Céu vir em sua ajuda, a prontidão em cumprir a missão arriscada que se revela urgente.
O seu silêncio, no meu modo de ver, é um arranjo pedagógico para realçar a voz do que brada no deserto e, sobretudo, para fazer ouvir a palavra de Jesus credenciado por Deus Pai: “Este é o meu filho muito amado; escutai-O”.
Obrigado, Senhor José, noivo de Maria. O silêncio da sua vida floresce agora na Igreja na fecundidade de tantas vocações contemplativas, na doação generosa de tantas formas de voluntariado, na disponibilidade de tantos pais e educadores, na paciência heróica de tantos foragidos e perseguidos por causa da justiça.
Aceite o meu reconhecimento mais sincero e dê cumprimentos a Maria, sua noiva, com desejos de que o Menino venha em “boa hora”.


Georgino Rocha.

sábado, 22 de dezembro de 2007

JÁ CHEGOU O INVERNO



Já chegou o Inverno com a carga de frio, vento e chuva de acordo com as leis da natureza. Não há que estranhar. Neve só no interior e em especial nos sítios altos. Nós, os da beira-mar, não temos neve nem tanto frio, mas ficamos sem o encanto da brancura fofa que até dá para brincar.
Na agenda que me acompanhou durante o ano traz um conselho oportuno, para esta época:

“O Inverno está no seu mais profundo: acenda a lareira e conte uma história de família. Celebre o solstício: afinal, que melhor maneira de atrair o Sol que acendendo o fogo? Se não tem lareira, acenda uma vela. O Sol não vai deixar de voltar só por causa disso.”

Já agora, não se esqueça de que, para os cristãos, a luz, o sol e o fogo da lareira, com o lume que aquece os corações, também aí está com Jesus Cristo, que substituiu o deus-sol dos pagãos.

Bom Natal, com muito calor humano para todos.

FM

NATAL E CATÓLICOS NÃO PRATICANTES


Na sua relação com Deus a Bíblia é atravessada por uma tensão. Deus é absolutamente transcendente. Afirma-se de modo radical e constante a transcendência de Deus. Há, por exemplo, aquele mandamento do Decálogo, no Êxodo, que proíbe qualquer imagem de Deus: "Não farás para ti imagem esculpida nem representação alguma do que está em cima, nos céus, do que está, em baixo, na terra, e do que está debaixo da terra, nas águas."
O Novo Testamento insiste na transcendência. A Deus nunca ninguém o viu, diz o Evangelho segundo São João. Esta palavra é repetida na Primeira Carta a Timóteo: Deus é "o único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único que possui a imortalidade, que habita numa luz inacessível, que nenhum homem viu nem pode ver".
Esta impossibilidade de ver Deus é apresentada de modo sublime num passo célebre do livro do Êxodo, capítulo 33. Ali se descreve como Moisés quer ver a face de Deus e a sua glória. Deus responde que concede a sua benevolência e usa de misericórdia, mas Moisés não poderá ver a sua face. Vê-lo-á apenas pelas costas. "Tu não poderás ver a minha face, pois o homem não pode contemplar-me e continuar a viver." O Senhor disse: "Está aqui um lugar próximo de mim; conservar-te-ás sobre o rochedo. Quando a minha glória passar, colocar-te-ei na cavidade do rochedo e cobrir-te-ei com a minha mão, até que Eu tenha passado. Retirarei a mão, e poderás então ver-me por detrás.
Quanto à minha face, ela não pode ser vista."
Mas o Deus infinitamente transcendente é, por isso mesmo, radicalmente imanente na sua presença criadora às criaturas. A proibição de imagens esculpidas de Deus radica em que o próprio Homem é a sua imagem viva. Diz o livro do Génesis: "Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus; Ele os criou homem e mulher."
Deus, infinitamente transcendente, é próximo, mais íntimo ao Homem do que a sua mais íntima intimidade, como disse Santo Agostinho.
É assim que há, na Bíblia, apenas duas tentativas de "definir" Deus. Uma é do Antigo Testamento. Quando Moisés pergunta a Deus qual é o seu nome, Deus diz: "EU SOU AQUELE QUE SOU." Mas o sentido deste "eu sou" em hebraico é: Eu sou aquele que está convosco, aquele que vos acompanha na libertação.
A outra "definição" pertence ao Novo Testamento, na Primeira Carta de São João: "Deus é amor." Por isso, "quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele". Deus manifestou o seu amor, enviando ao mundo o seu Filho Unigénito, "para que, por ele, tenhamos a vida".
Cá está! Deus, que é invisível, que nenhum Homem pode ver, tornou-se visível em toda a humana criatura, e a sua mais viva visibilidade deu-se em Jesus, a Palavra de Deus encarnada. No Evangelho segundo São João, o próprio Jesus diz: "Quem me vê, vê o Pai."
Torna-se então claro que o Natal só tem sentido verdadeiro se for a celebração da humanidade divina de todos os seres humanos, revelada em Jesus Cristo, cujo nascimento o Natal celebra.
Entre nós, é frequente a confissão: "Sou católico não praticante", no sentido de baptizado, que ainda se casa na Igreja, que baptiza os filhos e até os manda à catequese, mas habitualmente não vai à missa nem se confessa.
Ora, quando se está atento à mensagem originária do Evangelho, a prática religiosa autêntica consiste na promoção da justiça e na bondade para com todos os seres humanos, com os quais o próprio Jesus se identifica. De facto, como diz o Evangelho segundo São Mateus, no Juízo Final sobre a História, o determinante é a prática da justiça e do amor. O Rei dirá então: "Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino. Porque tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me, estava nu e destes-me que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo."
A outra prática - ir à igreja, participar na Missa - só em conexão com esta - a prática da justiça e do amor - alcança autenticidade e verdade.

Anselmo Borges

Imagens da Gafanha da Nazaré

Porto Comercial

Porto Comercial



Porto Industrial



Porto Comercial, com areia que incomoda os gafanhões





Prémio Padre Manuel Antunes para Manoel Oliveira


Manoel de Oliveira sente-se «menos seguro» mas «mais apaixonado»


O cineasta Manoel de Oliveira declarou-se ontem, no Porto, «menos seguro» mas «mais apaixonado» pelo cinema do que há 77 anos, quando começou a filmar

«Quando fiz o primeiro filme, estava muito seguro do que era o cinema. Hoje estou muito menos seguro, mais duvidoso - mas também mais apaixonado», afirmou Manoel de Oliveira, momentos antes de receber o Prémio Manuel Antunes 2007 das mãos do Bispo do Porto, D. Manuel Clemente.
O cineasta, que a 11 de Dezembro completou 99 anos, afirmou-se «extremamente sensibilizado» com o Prémio, sublinhando que «é um estímulo que anima as pessoas a fazer o melhor, fazendo melhor do que sabem fazer».
«Será mais difícil receber do que dar e mais justo e mais nobre dar do que receber», afirmou, recordando a sua educação nos valores cristãos.
«Foi como católico que nasci e fui educado, num colégio de jesuítas, a sobrecarregar-me com todas as dúvidas», disse Manoel de Oliveira, acrescentando que «a dúvida é um estímulo de procura» mas «é difícil encontrar o que se procura».
O Bispo do Porto destacou a «intenção personalista» da vida e da obra de Manoel de Oliveira, que classificou como «o cineasta do sagrado».
Manoel de Oliveira sucede a Luís Archer e Fernando Echevarria como vencedor do Prémio Manuel Antunes, instituído pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura e Rádio Renascença.
D. Manuel Clemente, que preside à Comissão Episcopal de Cultura, salientou que os três vencedores do Prémio, além de serem todos naturais do Porto, têm em comum a «excelência de humanidade».
O Bispo do Porto realçou ainda a qualidade artística e o simbolismo da escultura que corporiza o prémio, «Árvore da Vida», de Alberto Carneiro.


In semanário SOL

Ler mais em Ecclesia

Foto da Ecclesia


Boa ideia natalícia



JESUS NA VARANDA

A revista SÁBADO desta semana conta uma experiência interessante, no mínimo, face à moda de se colocar o Pai Natal a trepar aos telhados, como símbolo do velhinho (dizem que foi um bispo, mas não passa de uma boa ideia publicitária, lançada por uma multinacional americana) que distribui brinquedos pelas crianças, provocando a alegria de que também elas precisam. Diz assim:

“Um padre espanhol está a revolucionar as decorações natalícias em Espanha. Cansado de ver bonecos do pai Natal a subirem às varandas das casas, Javier Leoz, da paróquia de San Juan Evangelista de Peralta, em Navarra, iniciou uma campanha na Internet para substituir os Pais Natais por estandartes com o Menino Jesus. Custam € 14 euros e são um êxito – ao fim de um mês o padre já recebeu 100 mil pedidos.”

Ora aqui está uma ideia a ser seguida no futuro, em vez de passarmos a vida a criticar os que apostam nos Pais Natais. Não é verdade que os portugueses até adoram aderir a iniciativas inéditas. Alguém já esqueceu a febre das Bandeiras Nacionais que, por causa de um campeonato europeu de futebol, se encontravam por todo o lado, até caírem de podres?

F.M.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

UM POVO COM DIGNIDADE E HISTÓRIA



Foi uma autêntica revolução. Alegrou uns, preocupou outros, deixou alguns perplexos e outros a indagar as consequências e a perguntar se isso era verdade e possível.
João XXIII dera a palavra de ordem, quando disse que a renovação da Igreja, necessária e urgente, exigia o regresso às fontes bíblicas e ao espírito e experiência dos inícios.
Muita lama do tempo se tinha colado à Igreja. Defendia-se o que já não era defensável. Ficar na concepção jurídica de “Igreja, comunidade perfeita” era empobrecer o presente, comprometer o futuro e impedir um diálogo com o mundo, de modo a poder-lhe ser útil.
O projecto de Deus fora edificar um Povo singular, diferente de qualquer outro fruto de em concepções puramente humanas e temporais. Este Povo seria seu, Povo de Deus. Um Povo de salvos, um sinal de salvação, acessível a todos os crentes.
O Vaticano II afirmou este desígnio de Deus: um Povo que O conhecesse em verdade e o servisse em santidade, com servidores, a tempo inteiro, para garantir o seu desígnio..
Qualquer outro projecto de Igreja está fora do querer divino. Ou é Povo de Deus, ou Deus não se comprometerá com a obra realizada. Essa seria sempre um mero projecto humano, tocado pelas mazelas que acompanham a natureza humana e o que dela nasce, sem ter sido redimido.
Na história, por razões conhecidas e nas quais o querer dos homens nem sempre respeitou o querer de Deus, foi-se construindo uma Igreja para o tempo, na qual nem sempre o Evangelho e a Pessoa de Jesus Cristo ocuparam lugar central. O céu ia denunciando este desvio com a santidade de muitos cristãos, fieis ao Evangelho. Uns foram considerados loucos ou impelidos a calarem-se, outros simplesmente esquecidos. Como os profetas, também eles sempre incómodos para os instalados em suas ideias e interesses. Os caminhos bíblicos e da verdade revelada, já nem pareciam ortodoxos, de tal modo estavam acima ou alheios à doutrina e decisões de homens da Igreja, detentores de um poder, que muitas vezes era tudo, menos serviço a um Povo crente.
Assim se compreendem as lutas de cariz mais humano que evangélico, a oposição a tudo o que ia bulir com ideias e interesses adquiridos, a não aceitação de posições e apelos, nascidos fora da comunidade eclesial, mas que, perto ou longe, se haviam inspirado num Evangelho, por muitos responsáveis já esquecido.
O Vaticano II, a que o papa nos pede que sejamos fieis, não foi um gesto de revivalismo, mas sim um grito de fidelidade a Deus e à Sua obra. Concretizada esta num Povo, escolhido e enviado, como testemunha de uma especial protecção a carinho, dada a vivência a que eram chamados os seus membros e a missão histórica que lhe era confiada, em favor da humanidade onde deve ser luz, sal e fermento novo.
Muitos cristãos não manifestam alegria de o ser, estão alheios ao essencial da vida cristã, mantêm-se passivos na participação apostólica, vivem e actuam como se não fossem crentes, sem terem ainda descoberto a dimensão comunitária do projecto de Cristo em que dizem acreditar, nem da Igreja, a que dizem pertencer.
Muito se tem feito nestes quarenta anos que já leva a realização do Concílio. Mas um muito que é ainda pouco, que tem sofrido intermitências, e vai mostrando como é difícil a conversão das pessoas e dos critérios pastorais. O individualismo e o relativismo, frutos do tempo, e a que nem a Igreja ficou isenta, dificultam ainda mais esta conversão.
Na consciência de Povo de Deus a Igreja se renovará e os seus membros terão nela lugar de pleno direito. É esta consciência que é preciso readquirir, pelos meios adequados, acessíveis à experiência de todos. Assim, a Igreja de ontem, será a de hoje e a de sempre: um Povo redimido e salvo com uma missão a favor de todos sem excepção.
António Marcelino

NÃO VIVA O NATAL DE ALMA APAGADA



Não viva o Natal de alma apagada:
volte-se para a luz.
Vá ver as iluminações
ou parta à descoberta do Portugal interior.
Saboreie a doçura de um algodão doce
ao pé das luzes da cidade
ou deixe-se aquecer
pelos “lumes” no adro das igrejas.
E não se esqueça de acender as luzes
também dentro do seu coração.


In “Pequenas Grandes Ideias”

NO STELLA MARIS: Festa de Natal



No Stella Maris, clube da Obra do Apostolado do Mar, com sede na Gafanha da Nazaré, houve festa de Natal dedicada aos menos jovens. O almoço, confeccionado pelas funcionárias do clube, contou com a colaboração de diversas instituições e empresas, em especial dos Escuteiros e do Banco Alimentar Contra a Fome. Os menos jovens, cerca de 80, foram indicados pela Obra da Providência e pela Fundação Prior Sardo, daquela freguesia.
Presidiu o Bispo de Aveiro, D. António Francisco, que realçou, na altura da sobremesa, o espírito de família que ali se fez sentir. O Natal, referiu, “é para nos dizer que todos somos irmãos uns dos outros”, independentemente das culturas diferenciadas dos povos que frequentam o Stella Maris. No entanto, frisou D. António, “temos de começar por aqueles que vivem perto de nós”.
Adiantou depois que é necessário que nos sintamos próximos, “valorizando a nossa terra e a Igreja Diocesana”, nos gestos e na solidariedade que manifestamos, porque “Igreja é comunhão e comunidade”. Importa, por isso, acreditar que “acolher os irmãos é acolher o Jesus que vem”. Afirmou que todos somos importantes, desde os mais pequeninos até aos avós, para nos aproximarmos dos outros, acrescentando que é fundamental comemorar o Natal em cada gesto e em cada celebração que realizamos.
Por sua vez, o presidente do Stella Maris, diácono Joaquim Simões, salientou que este clube é uma casa para todos, embora vocacionada para quantos trabalham no mar e na ria. Congratulando-se com a presença do nosso Bispo, “que tem sabido ouvir e estimular quantos trabalham e dirigem esta instituição, disse que se torna urgente “escancararmos o nosso coração ao Menino”, com gestos de solidariedade. Agradeceu a todos os que colaboraram nesta festa de Natal, a segunda patrocinada por esta direcção, enquanto manifestou a vontade de todos os corpos dirigentes levarem por diante este projecto da Obra do Apostolado do Mar, enfrentando os desafios que as novas exigências pastorais impõem.




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O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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