«O mundo precisa de atitudes, não de opiniões.
Opinião nenhuma mata fome ou cura doença»
Angelina Jolie
Numa data, para mim tão importante, inicio com o pensamento duma grande mulher, a todos os níveis.
O Dia Mundial da Alimentação comemora-se a 16 de outubro e foi criado com o fim de promover uma reflexão sobre a alimentação a nível mundial e sobre o flagelo da fome no planeta. A data pretende assinalar a criação da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO - Food and Agriculture Organization), em 1945.
O tema do Dia Mundial da Alimentação selecionado para 2014, “Alimentar o Mundo, cuidar o planeta” tem, como objectivo fundamental, sensibilizar para a importância da agricultura familiar e dos pequenos agricultores, tema que me é muito caro. Focaliza o relevante papel da agricultura familiar na erradicação da fome e da pobreza, na promoção da segurança alimentar, na melhoria da nutrição e da qualidade de vida, na gestão dos recursos naturais, na protecção do meio ambiente e no desígnio do desenvolvimento sustentável, em particular nas zonas rurais.
A ONU proclamou o ano 2014 como “Ano Internacional da Agricultura Familiar”, como sinal claro de que a Comunidade Internacional reconhece o contributo dos agricultores familiares e da segurança alimentar familiar.
Paralelamente, o Parlamento Europeu declarou 2014 como o “Ano Europeu contra o Desperdício Alimentar”, tendo por objectivo promover a tomada de decisões vinculativas, com vista à resolução do problema do desperdício alimentar existente na Europa. Segundo um estudo publicado pela Comissão Europeia, antes da entrada da Croácia na EU, a produção anual de resíduos alimentares nos 27 Estados-Membros rondava os 89 milhões de toneladas, podendo mesmo chegar aos 126 milhões de toneladas em 2020, caso não sejam implementadas medidas preventivas urgentes, o que é francamente escandaloso!
Trata-se de uma problemática de consequências graves no âmbito ético-social, ambiental e económico já que a produção destes alimentos envolve gastos em terrenos, energia, água e recursos humanos.
Na Europa, o desperdício de produtos hortofrutícolas próprios para consumo ronda os 30%. Em Portugal, de acordo com dados estatísticos do ano passado, cerca de um milhão de toneladas de alimentos por ano, ou seja, 17% do que é produzido, vai para o lixo. São números preocupantes, sem dúvida e um verdadeiro atentado à pobreza! Mas são, sobretudo, números que todos devemos combater. Das empresas ao consumidor comum, é urgente uma mudança de mentalidades/atitudes que deverá começar na despensa e no frigorífico de cada um de nós.
O objectivo é alertar para a necessidade urgente da redução imediata do desperdício alimentar. A mudança está em cada um, nomeadamente: não comprar em demasia, em períodos de crise há, até, o açambarcamento, não ter excesso de produtos no frigorífico, ter atenção aos prazos de validade, não confecionar refeições em excesso, utilizar, sempre que possível, os produtos da época. Em suma, o apelo não estragar! é, particularmente, dirigido às donas de casa ou a quem se encarrega das mesmas funções!
Aproveitemos o dia 16 de outubro para refletir acerca dos nossos hábitos alimentares, no desperdício e de que forma podemos contribuir para mudar o contexto da alimentação mundial. Pequenas atitudes fazem grandes mudanças e a diferença torna o mundo melhor.
16.10.2014