Por Maria Donzília Almeida
"A disciplina é o segundo presente mais importante
que um pai pode dar a
uma criança.
O amor vem em primeiro lugar."
Thomas Berry Brazelton
O primeiro dia Mundial da Criança foi celebrado pela
primeira vez, em 1950... para celebrar a entrada no mundo, desta criatura,(!?)
nos últimos dias do ano anterior…
Tudo começou depois da II Guerra Mundial, em 1945, devido às
más condições em que as crianças viviam no período pós-guerra. Nessa altura, os
países da Europa e Oriente entraram em crise e as populações destes países
viviam muito mal... em especial as crianças.
Em 1950, a
Federação Democrática Internacional das Mulheres propôs às Nações Unidas que se
criasse um dia dedicado às crianças de todo o mundo. Esse dia foi celebrado
pela primeira vez no dia 1 de junho desse mesmo ano.
Com
a criação deste dia, os estados-membros das Nações Unidas reconheceram às
crianças, independentemente da raça, cor, sexo, religião ou origem, o direito
a: afeto, amor e compreensão; alimentação adequada; cuidados médicos; educação
gratuita; proteção contra todas as formas de exploração; crescer num clima de
Paz e Fraternidade universais.
A 20 de novembro de 1959, estes direitos foram passados para o papel e foi
legalmente aprovada a "Declaração dos Direitos das Crianças", um documento com um conjunto de
leis sobre a proteção das crianças.
No vasto campo, em que me movimento, a educação, tenho
observado as alterações de comportamento que acompanham as criancinhas, destas
gerações mais novas.
Neste contexto, e já que é de pequenino que se torce o
pepino, é importante definir, muito concretamente, normas de conduta e comportamentos,
que gradualmente se vão inculcando e moldando a natural rebeldia das crianças.
Nas famílias, é natural que um dos pais assuma o papel da
autoridade, mas se não for igualmente partilhado por ambos, os filhos podem ver
um dos pais como o "bom" e o outro como o "mau" e explorar
essa situação, em seu proveito próprio. É fundamental uma partilha de atitudes
e responsabilidades e uma sintonia de princípios.
Um dos objetivos essenciais da educação, a ser alcançado a
longo prazo, com constantes avanços e recuos, é ensinar os filhos a serem
disciplinados, orientando-os para que ajam de maneira aceitável e aprendam a
conviver com regras e limites.
Em pequenos, conseguir
que tenham, desde cedo, uma rotina para fazerem as suas refeições, tomar banho
e dormir sem muitas confusões.
Quando maiores, que façam adequadamente os trabalhos de
casa, sejam educados, aprendam a cumprimentar as pessoas, agradecer um
presente, sem nunca perderem a iniciativa própria.
Na adolescência, que saibam aceitar horários para chegar a
casa, tenham responsabilidade e autonomia com as suas tarefas escolares e os
seus pertences.
Todo o lar deve ter as suas próprias regras, que devem ser
respeitadas e aplicadas, coerentemente e com o comum acordo dos pais (tarefas
domésticas, mesada, televisão, horários para dormir, etc.).
Existem várias formas de disciplina, que vale a pena
experimentar:
• Aviso - ajuda a
criança a estabelecer limites e a prepará-la para a mudança;
• Silêncio -
corresponde a uma forma surpreendente de captar a atenção da criança; uma vez
que é constantemente interpelada.
• Fazer uma pausa
- cessa o mau comportamento e permite aos pais acalmarem-se;
• Repetir as coisas,
da forma certa - ao incentivar as boas ações vamos encorajar a criança, o
que lhe permitirá readquirir autocontrolo e sentir-se recompensada;
• Reparar - leva
a criança a pedir desculpas e fá-la entender que "o crime não
compensa";
• Perdão -
incentivo para melhorar o seu comportamento. É importante a criança sentir que
pode ser perdoada;
• Planeamento -
os pais enfrentam em conjunto os problemas, levando a criança a planear e a
resolver problemas;
Formas que se revelaram inúteis:
• Castigos corporais;
• Vergonha, humilhação;
• Lavar a boca com sabão;
• Comparar as crianças umas com as outras;
• Suprimir comida ou usá-la como recompensa;
• Deitar mais cedo ou fazer uma sesta forçada (a criança
pode associar o ato de dormir a situações negativas, o que pode provocar
alterações no sono);
• Retirar o afeto, ameaçar com o abandono - a criança não se
sente amada, sente medo; não confundir/identificar a rejeição dos atos
infantis, com a própria criança. “Não gosto de ti!” é reprovável! “Não gostei
do que fizeste!” é a forma aconselhável de lidar com o erro.
"Educar é conviver com a criança, caminhar a seu
lado e não por ela, podendo oferecer o seu exemplo, que é uma das melhores
formas de ensinar e nunca esquecer que para educar é necessário tempo para dar
dedicação e amor." Eliane Pisani Leite
Hoje, Dia Mundial da Criança, multiplicam-se por todo o
país, iniciativas e atividades, para celebrar, lembrar e colocar as adoráveis
criancinhas no pedestal da sociedade. Nunca, como hoje é dada tanta atenção a
esta faixa da população, sobretudo por aqueles, que de alguma forma se dedicam
à educação. Mas, estes seres diáfanos, já perderam um pouco o véu de candura com
que no nosso imaginário, os envolve.
Lembrando o poeta
Fernando Pessoa:
“Grande é a poesia, a bondade e
as danças...
Mas
o melhor do mundo são as crianças”, eu concordaria, em absoluto
com ele, não fossem as nossas adoráveis criancinhas, virem programadas à
nascença, com esta enorme (dis)função –
falarem pelos cotovelos!
À guisa de conclusão, sugiro: porque não criar um Dia Mundial do Adulto? A paciência de Job, de que
deve estar munido para o exercício do seu mister, será o pré-requisito para a
dita candidatura!
01.06.2012