Univer(sal)idades
A liberdade no Mundo
1. Só haverá liberdade no pressuposto da verdade. Desta derivam a responsabilidade e dignidade humanas. A liberdade por isso, por muito que custe a algumas ideias menos ‘livres’, não pode caminhar à deriva, sem fronteiras como o vento, como se de uma simples vontade (só pessoal, individualista) se tratasse, fazendo o que apetece “sem ninguém ter nada a ver com isso.”
Reparemos e apreciemos aqueles que foram dando de si por um mundo mais livre; esses, portadores da chama da Verdade trouxeram para o mundo ‘o futuro’, assumindo nas suas entranhas até ao sangue a ca(u)sa de todos, dando por ela a própria vida. Entre tantas outras figuras marcantes, onde a humildade do serviço se faz vida diária e nunca o lema é preocupação de prestígio que perdure, está ROSA PARKS, pioneira dos Direitos Cívicos na América. Morreu (a 24 de Outubro) com 92 anos a mulher que abriu novas portas nos caminhos da dignidade humana.
Fica para os anais da história o gesto corajoso desta costureira negra do Alabama que a 1 de Dezembro de 1955 recusou ceder o lugar num autocarro a um passageiro branco. Sendo esta cedência uma norma legal (numa limitada e comovente visão de segregação dos negros nos EUA), esse gesto de irreverência ficaria como ícone de um ponto de partida para uma reviravolta de consciência humana posterior. Rosa Parks, a cuja memória a América prestou mais uma homenagem nesta hora da ‘despedida’, pelo seu exemplo ‘simples’ provocara uma revolta popular sem precedentes liderada na época já pelo Pastor (ainda desconhecido ao tempo) Martin Luther King, este que pelo “sonho” viria a ‘dar a vida’ por uma plena liberdade e dignidade que o seu próprio assassinato em Memphis proporcionou em 1968. Sobre a situação da prisão, escreveu Luther King (em 1958): “A prisão de Parker foi o factor que fez precipitar o protesto, e não a causa. A causa era mais profunda. Tinha a ver com a tradição de injustiças semelhantes àquela por que passou Rosa Parks.”
Tendo sido coroada em Novembro de 1999 com a “Medalha da Liberdade dos EUA” (em Detroit), a reclusa nº 7053 por não ter cedido o lugar no autocarro e grande lutadora do Movimento pelos Direitos Cívicos dos anos 50-60, recebeu de Bill Clinton a admiração: “Era uma mulher de grande coragem, graça e dignidade!”
2. Relembrar os brilhantes exemplos de vidas dadas ao serviço move-nos para uma visão de como vão estes caminhos de liberdade e dignidade no mundo actual. Que ideais, que educação para eles e que distâncias do “sonho”?! E ao falar da “liberdade”, hoje, para as mais altas instâncias com preocupações quer humanitárias quer em termos de reflexão sobre os “porquês…?”, torna-se imperativo o colocar no mapa da questão sobre “como vai a liberdade religiosa no mundo?” Sendo que, ao perguntarmos desta forma, aproximamo-nos tanto de alguns problemáticos fundamentalismos religiosos como de ditaduras de estados com imposição ideológica. Vai-se tornando cada vez mais claro que na aproximação às Sociedades e Comunidades Humanas a chave de leitura da liberdade religiosa (no seu respeito ou na sua rejeição) faz vir à ribalta os índices de maturidade humana, de gestão sócio-política e colectiva justa para com todos. Quando não há um horizonte social de liberdade religiosa assumida inteiramente na sua essência e nos seus efeitos sociais criativos é porque a maturidade humana e política plena ainda não está totalmente atingida. E não pensemos só nos países longínquos…também bem mais perto há sinais de menoridades ideológicas, que na sombra movem montanhas para limitar ao silêncio essenciais referências patrimoniais comuns…
A FAIS - Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (http://www.fundacao-ais.pt), criada em 1947 (no contexto pós-Guerra) tem proporcionado um trabalho da maior importância, apresentando novamente este ano o RELATÓRIO 2005 SOBRE A LIBERDADE RELIGIOSA NO MUNDO. Trata-se de uma abordagem e denúncia de situações de perseguição, tortura, martírio…pela não vivência da liberdade religiosa, sintoma claro de imaturidade humana a compreender, estudar, perceber e procurar desenvolver luzes iluminadoras, hoje globais.
Sendo a Ásia o continente com mais tensões religiosas (não necessariamente em contextos de Cristianismo), no Irão, Paquistão, Arábia Saudita, a perseguição atinge níveis de tortura e morte. Iraque, Sri Lanka, Quénia, Nigéria, Índia, China, Coreia do Norte (aqui com 300 mil cristãos simplesmente desaparecidos sem deixar rasto nestes últimos 50 anos), são alguns dos países nomeados pela negativa nesta matéria.
Como claramente sublinha o brilhante teólogo Hans Kung, na sua magnífica obra “Projecto para Uma Ética Mundial”, não haverá paz na Humanidade sem uma liberdade religiosa assumida e vivida por todas as instâncias. Apesar do alarme da Gripe das Aves, é importante compreender mais a humanidade nos seus fundamentos mais profundos…para uma melhor gestão de todas as forças para uma LIBERDADE plena. Este sonho, na Aldeia de todos nós!
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