terça-feira, 13 de maio de 2025

Linguajar dos Gafanhões

Para não cair no esquecimento 

Diz o Padre Resende, na sua célebre e ainda utilíssima Monografia da Gafanha:
“Dos povos da Gafanha diremos que o seu primitivo estado de primários, numa região separada do convívio dos povos mais adiantados, manteve-os por muito tempo numa rudez bastante confrangedora. Quase se podia dizer que mal sabiam falar. Com o tempo e com as vias de comunicação, foram-se polindo, civilizando, começando-se a operar uma grande transformação no seu rude e bárbaro vocabulário, quer na sua forma morfológica, quer na sua parte fonética”. E destaca, como exemplo, algumas palavras e expressões, de que respigamos as que mais lembramos:

Xintro — Jacinto
Balisome — Lobisomem
Manel — Manuel
Sóte — Sótão
Atóino — António
Maçazeira — Macieira
Stâmago — Estômago
P’dibe — Pevide
Azête — Azeite
Capador — Alveitar
Pruga — Purga
Lambisgóia e delambida — Atrevida
Alfanete — Alfinete
Curesma — Quaresma
Arbela — Alvéola
Puchi-na — Puxei-a
Arribar — Subir
Fostas — Fostes
Vais à festa? — Resposta: ai não! (= vou)
Ó Maria, vais à fonte?— Resposta: Poi xim! (=não vou)
Maria vai arrumar-se = Maria vai casar-se
Bou marcar palhitos = vou comprar fósforos
Anda a comprar = Está grávida
Tem os pés inchados = Está embriagado
Tens a língua grande = falas de mais
É preciso falar com relego e dar um pontinho na língua = Falar só o preciso.”

Para começar o dia

Praia do Porto da Barra
São Salvador da Baía

Brasil - São Salvador da Baía

Foto de Patrícia Ramos

APLOP - Associação dos Portos de Língua Oficial Portuguesa


segunda-feira, 12 de maio de 2025

Fátima é um fenómeno

Fátima é realmente um fenómeno, desde 1917. Acredite-se ou não que Nossa Senhora apareceu de facto aos três pastorinhos, a verdade é que multidões se deslocam desde aquela data à Cova da Iria. Todos os dias há peregrinos que chegam e ajoelham na Capelinha das Aparições. Alguns arrastam-se com joelhos ensanguentados, com rostos tensos e indiferentes a tudo o que os rodeia. Concentrados, realmente, no cumprimento das promessas estabelecidas em momentos dolorosos.
...
Um bispo contou um dia, numa reunião em que participei, que se dirigiu a um penitente que se arrastava. que, na qualidade de clérigo, estaria autorizado a alterar a sua promessa, por outra mais consentânea com a sua idade. O penitente um pouco alterado, respondeu-lhe: - Mas eu prometi alguma coisa a vossemecê?...
...
Respeitando a liberdade de cada um, permitam-me adiantar que seria mais plausível que os peregrinos pedissem a Nossa Senhora que os abençoasse para cada um se tornar mais caridoso, carinhoso, honrado e generoso para com os carecidos de amor e de paz.

Filarmónica Gafanhense com vida



ARRANJO GOOGLE - Flores do nosso quintal


 

SANTA JOANA — 12 de Maio

Aveiro e região têm grande devoção por Santa Joana, padroeira da cidade e da diocese, por declaração do Papa Paulo VI, em 5 de Janeiro de 1965. A festa é celebrada a 12 de Maio, dia em que faleceu, no ano de 1490. Aos dezanove anos entrou para o Mosteiro de Odivelas, das monjas Bernardas, e mais tarde recolheu-se ao Mosteiro de Jesus, de Aveiro, onde viveu em fervor religioso até à sua morte, aos trinta e oito anos de idade. Segundo a história, recusou casamentos com reis de França e de Inglaterra. É neste mosteiro que se encontram os seus restos mortais.

domingo, 11 de maio de 2025

HORA DA SAUDADE



“Hora da Saudade” era um programa da Emissora Nacional, destinado a emitir mensagens para os bacalhoeiros portugueses, que se encontravam nos mares da Terra Nova e da Gronelândia. Na Gafanha da Nazaré, as emissões eram à noite e saíam do Cine-Teatro Triunfo, localizado na Cale da Vila, na Rua D. Manuel Trindade Salgueiro, na esquina com a Rua D. Fernando.
Um dia destes, ao manusear O ILHAVENSE, de 10 de Setembro de 1953, encontrei a notícia que transcrevo, em jeito de recordação. Era eu, em nome da família, que participava na “Hora da Saudade”, lendo a mensagem previamente escrita e dirigida a meu pai, que foi contramestre do arrastão Santo André, um dos campeões do mundo da pesca do fiel amigo. Recordo, com que saudade, esses momentos comoventes que por vezes me bloqueavam, tremendo na leitura. Como acontecia a tantos outros familiares dos bravos lobos-do-mar. Algumas esposas e mães, ora alegres e esfusiantes, ora tristes e mais comedidas, lá iam lendo com desenvoltura ou soletrando com dificuldade as mensagens, que o locutor anunciava, pausadamente. No meu caso, era assim: “Para Armando Lourenço Martins, tripulante do navio (...), vai falar seu filho Fernando.”
Eu lia, então, e quando terminava saía feliz. O meu pai, longe, muito longe, bem avisado, como todos, tinha ouvido a minha voz e escutado e gravado na sua alma a mensagem da família.
A alegria era só, ou quase, de nos fazermos ouvir por quem amamos. E quando ele chegava, lá vinha a pergunta:
- Ouviu-me bem, pai?
- Ouvi ouvi; falaste muito bem! - dizia ele, com um sorriso que ainda retenho no meu espírito.
Com que saudades recordo esses momentos únicos e tão simples... 

Fernando Martins


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