domingo, 22 de março de 2020

Coronavírus Covid-19: Saúde, Ciência, Religião, um Retiro

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Ao contrário do que normalmente se pensa, não controlamos totalmente a nossa vida. Uma pequena prova disso está neste texto: eu tinha prometido continuar a crónica da semana passada, mas solicitaram-me um texto urgente sobre o coronavírus covid-19, adiando o prometido para mais tarde. E é o que vou tentar, com alguns apontamentos. 

1. Para nós, vivendo na normalidade, tudo nos parece claro e evidente. Só quando perdemos algo ou estamos na ameaça de perdê-lo é que damos pela sua importância, que pode ser decisiva, essencial. 
É o que acontece com a saúde. Haverá bem maior, mais importante do que a saúde? Reparo que em todas as línguas que conheço, quando as pessoas se encontram ou, sobretudo, se reencontram, se cumprimentam perguntando pela saúde: “Como estás?, Como vais?, Como tens passado?” E, na despedida: “Passa bem, cuida de ti e dos teus. Passai bem”. E “saudamo-nos” (saudar: vem do latim: salutem dare, dar saúde, desejar saúde) e temos “saudades”, com o mesmo étimo, e escrevemos a alguém, terminando: “Saudades”. 
“Vale!”: esta era a saudação romana, com o sentido de “passa bem”, e, por outra via, reencontramos de novo a saúde. É de “vale” que vem “valor e valores”. E qual é o valor da saúde? Valor essencial, porque com saúde vamos para a vida e com esforço faremos algo, conquistaremos a nossa vida e a nossa realização com outros. Porque a saúde não é só física, implica também uma dimensão psicológica (se não me der bem comigo, sinto-me mal, sem saúde), a relação com o outro, dar-se bem com o outro (se eu só de ver alguém com quem não posso fico doente, é prova de que não estou com boa saúde), uma boa relação com a natureza, uma relação boa com a transcendência... 

sábado, 21 de março de 2020

Universidade Sénior celebra aniversário num espaço humanizado






O envelhecimento é um processo natural no ciclo da vida, com mudanças na estrutura física, psicológica e social da pessoa. 
No sentido de atrasar ou minimizar o declínio das capacidades física e cognitiva, a sociedade civil foi-se organizando, para dar resposta a esses problemas. Nasceram assim as universidades seniores que proliferam um pouco por todo o país. 
No concelho de Ílhavo, temos a Universidade Sénior da Gafanha da Nazaré (USGN) que completa este ano, uma década de existência. Tendo passado por várias vicissitudes, tem-se mantido, apesar das dificuldades no que concerne às instalações. 
No seu 10.º aniversário mudou-se, para um espaço amplo, com condições excelentes para acolher a instituição. A transição para a nova sede foi gradual, mas resultou com valor acrescentado. Para isso foi inestimável o contributo dos utentes, nomeadamente o núcleo das artes. Hoje, é um regalo para a vista, contemplar as árvores vestidas com cachecóis coloridos e ajardinamento original. O toque estético de mãos meticulosas transformaram o Centro de Recursos Mãe do Redentor (CRMR) num espaço humanizado. um lugar aprazível, acolhedor, localizado em plena natureza que dispõe de condições físicas excelentes, para a prática de atividades lúdicas e cognitivas. Respira-se ar puro com cheirinho a pinheiros e quando o sol está de bom humor, é ver os seniores a caminhar, correr ou saltar agradecendo à vida o dom de a saborear em comunidade. Socializar é um dos benefícios da frequência de uma US. Na nossa, não faltam os pretextos para o concretizar. Sinto-me aqui, como peixe na água, tal como os peixinhos que habitam no lago. 
A ponte dos laços que abraça o laguinho é o culminar da celebração da vida! 

MaDonA

Dia Mundial da Poesia




Poesia depois da chuva

Depois da chuva o Sol - a raça.
Oh! a terra molhada iluminada!
E os regos de água atravessando a praça
- luz a fluir, num fluir imperceptível quase.

Canta, contente, um pássaro qualquer.
Logo a seguir, nos ramos nus, esvoaça.
O fundo é branco - cai fresquinha no casario da praça.
Guizos, rodas rodando, vozes claras no ar.

Tão alegre este Sol! Há Deus. (Tivera-O eu negado
antes do Sol, não duvidava agora.)
Ó Tarde virgem, Senhora Aparecida! Ó Tarde igual
às manhãs do princípio!

E tu passaste, flor dos olhos pretos que eu admiro.
Grácil, tão grácil!... Pura imagem da tarde...
Flor levada nas águas, mansamente...

(Fluida a luz, num fluir imperceptível quase...)

Sebastião da Gama


Um livro para este tempo - Uma beleza que nos pertence



Nestes dias de isolamento e recolhimento, não faltarão momentos de silêncios reconfortantes e estimulantes para um dia destes voltarmos à vida normal. José Tolentino Mendonça, poeta e cardeal, abre-nos a porta a novos desafios.

"O silêncio é um caminho. Não basta, por exemplo, estarmos calados para estar em silêncio. Podemos estar calados e o rumor ser ensurdecedor. Há uma qualidade de silêncio que é uma conquista, que é um processo em que nós entramos."

sexta-feira, 20 de março de 2020

A PRIMAVERA ESTÁ DE VOLTA



Por estranho que possa parecer, a primavera chegou. Melhor dizendo, bateu à porta, mas não teve coragem de entrar por causa da chuva. Ou foi o coronavírus que a proibiu de se manifestar ou fomos nós que, a pensar nas consequências do “bicho”, fatais para muitos, nos escondemos em casa. Também admito a hipótese do isolamento a que fomos aconselhados ou obrigados por determinação legal ou por medo de contágio. Ou por tudo o que está a acontecer a nível global com mortes e números aterradores. 
A primavera virá, disso estou certo, mas a alegria não será como dantes, para já. Contudo, ficamos com a certeza de que, mais tarde ou mais cedo, o Covid-19 será vencido.

DEPOIS DA TEMPESTADE VEM A BONANÇA


Depois do descanso imposto pela saúde e pelas circunstâncias, olhei o céu sombrio com chuva miudinha, mas persistente. Se houvesse fogos e secas seria ouro sobre azul, mas chove porque o inverno dita as suas leis. Rua deserta ou quase. Silêncio…Silêncio e as notícias a caírem em catadupa sobre a tristeza de não se vislumbrar o fim à vista do drama que se abateu impiedoso sobre o mundo. 
Os números não enganam ninguém e deixam-me a pensar sobre o que ainda estará para vir. Desde menino que ouço o ditado com a garantia de que “Depois da tempestade vem a bonança”. Por isso, vou/vamos acreditar que assim será.

A CAMINHO DA PÁSCOA - JESUS QUER ABRIR-ME OS OLHOS

Reflexão de Georgino Rocha

O cego de nascença encontra-se nos caminhos da missão de Jesus. Jo 9, 1-41. Constitui um símbolo de todos nós que, de um modo ou de outro, sofremos da falta de visão, não “enxergamos” o sentido humano da vida, não reconhecemos nos outros o próximo semelhante, não consideramos os bens da terra a defender como pertença de toda a humanidade, não apreciamos a nossa relação filial com Deus e, a partir d’Ele, a dignidade própria de cada pessoa.
“No cego de nascença e nas atitudes das várias personagens do evangelho personificam-se as diversas cegueiras da vida”, afirma J. L. Saborido, comentador da revista Homilética. 
Jesus quer libertar-nos da cegueira que fecha todos estes círculos em que nos movemos e agimos, em que crescemos como seres individuais solidários, em que interagimos e humanizamos a convivência em família, sociedade e Igreja. Em que construímos a nossa própria identidade. Que proposta admirável nos faz Jesus. Vale a pena acolhê-la com serena confiança e colaboração responsável. Vale a pena alimentar a fé recebida no nosso baptismo para que mantenha viva e possa crescer e irradiar, já que “o homem vê com os olhos, o Senhor olha com o coração”. Vale a pena viver a situação de alerta que o vírus corona provoca não apenas na saúde, mas na economia e na política, na Igreja e suas instituições, mas nos países mais pobres e nas pessoas mais indefesas. Parece que o mundo está a dar conta de que necessita realmente de uma nova ordem global, em que prevaleça a dignidade humana e bem de todos.

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O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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