quinta-feira, 21 de junho de 2007

Um artigo de D. António Marcelino

O religioso e o sagrado
numa sociedade laica
Passei o 10 de Junho em Paris com os nossos emigrantes. A Igreja em França celebrava nesse Domingo a festa litúrgica do Corpo de Deus. A minha ida tinha a ver com o encontro dos portugueses na catedral de Notre Dâme, igreja mãe de Paris. Arcebispo da Diocese, Embaixador de Portugal, padres que trabalham com os portugueses na região parisiense, centenas de nossos compatriotas aos quais pude falar, sobre a liturgia, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades. Momento festivo de encontro nacional. Na manhã desse dia, no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, igreja confiada aos portugueses há já 20 anos, celebrei, com uma multidão de compatriotas, a festa do Corpo de Deus, com procissão pela rua. Famílias, crianças, jovens, gente do norte, centro e sul, cânticos portugueses, ar de festa no templo, na rua e nos rostos, gente às janelas, carros a parar para ver. Tudo com serenidade e normalidade, em Paris de 2007. Há anos, tivera eu, na cidade cosmopolita de Colónia, Alemanha, a mesma experiência religiosa. Uma procissão mariana, à noite, para a famosa catedral da cidade, com regresso no dia seguinte, à igreja de S. Martinho, de onde se partira de véspera. Respeito total das pessoas que iam na rua, se cruzavam ou estavam nos cafés das esplanadas da cidade, naquela tarde de Domingo via-se o entusiasmo e o fervor das centenas de portugueses emigrantes que participavam no cortejo litúrgico. O cardeal convidou-me para, no dia seguinte, contar aos seus padres mais novos, que nessa manhã de segunda-feira participavam na formação permanente, como tudo tinha acontecido. Pareciam não acreditar. Como tinham os portugueses coragem para tanto? França e Alemanha são repúblicas laicas, com regime de separação entre a Igreja e o Estado. Nem num, nem noutro país vi qualquer expressão de menos respeito ou enfado por aqueles actos públicos, marcadamente religiosos. E não foi por sermos estrangeiros, mas sim porque eles respeitam e aceitam a diferença. O Estado laico não tem por que organizar manifestações religiosas, qualquer que seja a igreja de pertença dos cidadãos. Mas, também, não tem por que as dificultar, nem muito menos proibir. Na tarde de Domingo, cruzei-me em Paris com um desfile de milhares de pessoas em patins. A polícia ordenava o trânsito. Tudo normal. Por que não também, com o mesmo direito, um desfile religioso, se for caso de se fazer com dignidade? A democracia esclarecida, mesmo quando o Estado é laico, respeita os cidadãos, maiorias e minorias. Está ao serviço de todos, não impõe ideologias, não rasga nem esquece a história, não controla as convicções políticas ou religiosas, não dificulta as legítimas expressões, ainda que sejam públicas. Os cristãos e a Igreja, com as suas diversas instituições, têm de aprender, se ainda o não sabem, a viver em ambientes que, por si, não favorecem, porventura como anos atrás, as expressões religiosas, pessoais ou colectivas. Mas não se devem resignar ante as atitudes antidemocráticas de quem apenas aceita ou legitima o domínio privado e a consciência individual. Viver sem sobranceria nem nostalgia, mas sem medo ou vergonha de manifestar convicções, valores morais e éticos, referências fundamentais da vida, procurando tudo testemunhar, com a convicção da sua validade numa sociedade que caminha para fazer do efémero e do vazio um ideal de vida, é hoje um dever e um direito dos cristãos esclarecidos e convictos.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Ares da Primavera

OUTROS ARES,
OUTRAS PRIMAVERAS
:
Graças à gentileza da conterrânea e amiga Teresa Calção, algures nos Estados Unidos da América, publico hoje algumas fotos suas, expressamente enviadas para a rubrica Ares da Primavera. É bom saber que há sempre alguém com vontade e gosto de partilhar sentimentos e emoções com os cibernautas amantes da beleza. Este meu espaço está aberto a todos, desde que venham pela positiva. Um abraço para a Teresa, com votos de que continue, com toda a família, a gozar o prazer de sentir saudades da terra natal e amigos.
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A arte da primeira globalização

Contador indo-português
PORTUGAL ABRE EM WASHINGTON
O COFRE DOS DESCOBRIMENTOS



Com os títulos, em epígrafe, muito felizes, do PÚBLICO de hoje, Portugal vai mostrar em Washington, EUA, obras-primas da museologia universal, dos tempos em que o nosso País deu cartas ao mundo. Com os descobrimentos portugueses, Portugal protagonizou a primeira globalização, dando novos mundos ao mundo. O Presidente da República, Cavaco Silva, honrou, com a sua presença, a exposição, que vai atrair, decerto, muitos milhares de estudiosos, curiosos e simples apaixonados pela arte da época áurea da nossa história. São 250 obra de arte de mais de 100 museus.
A propósito deste acontecimento, refere o PÚBLICO, Jay Levenson, director do programa internacional do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, disse que “Os portugueses estabeleceram uma rede fenomenal de entrepostos comerciais que funcionou como um mecanismo para a produção de novos tipos de objectos artísticos”. E acrescenta: “Em África, como na Índia ou no Japão e na China, os portugueses encomendaram obras de arte para o mercado europeu. Portugal estava realmente na vanguarda da criação da arte multicultural.”
Ora, é importante que se saiba que muitas peças dessa arte estão, habitualmente, nos museus de Portugal, quantas vezes ignorados pelos nossos compatriotas. Compatriotas que, muitas vezes, passam por todo o lado, menos pelos museus.

Fernando Martins

Um artigo de António Rego

PURO ESPÍRITO DE ASSIS :
Estava na Torre da Basílica de Assis. Faltavam cinco minutos para o início e ainda não havia circuito com Lisboa. Era uma transmissão directa da Radiodifusão Portuguesa. Outubro de 1986. No largo das arcadas estava o Papa João Paulo II. Acompanhei-o na subida a pé pelas ruas estreitas de Assis, com outros responsáveis de Confissões Religiosas. Fiz, na altura, as contas e calculei em 3 mil milhões os crentes ali representados. Numa oração pela Paz. E recordo cada prece que se elevou de Assis ao Deus Universal para que os homens acertassem duma vez por todas com a porta santa da paz. João Paulo II não se sentiu nem superior nem inferior nesse encontro. Foi o seu congregador e teve a aceitação do mundo desejoso de Paz. Mesmo dos que não se encontravam muito bem com o nome de Deus mas O procuram nos sinais que os humanos podem captar e transmitir. Afinal conseguiu-se ligação. E nunca mais esqueço a transmissão de vozes e gestos que se elevaram em tons, ritmos, ritos, cores, evocativos da policromia cultural e religiosa do nosso planeta. E nem por um momento se pareceu com babilónia de religiões ou mistura anódina de credos. Tudo foi cristalinamente iluminado pelo sol poente no Vale da Umbria, com uma espécie de encontro da poeira fina da terra com o sol magnificente, de todos, no poema miraculoso de Assis. Recordo também 2002, pouco tempo depois do 11 de Setembro, com João Paulo II muito mais envelhecido e doente, e com uma violenta tempestade sobre a celebração de Assis. Wojtila repetiu o gesto, presidindo ao rito comum duma lâmpada de azeite acendida pelo representante de cada Confissão Religiosa. Em 2007, no Oitavo Centenário da conversão de S. Francisco de Assis, na sequência de João XXIII e João Paulo II, Bento XVI, em peregrinação espiritual lembrou a “intuição profética” de João Paulo II, considerando-a um “momento de graça”. E lançou um apelo veemente: “que cessem todos os conflitos armados que ensanguentam a terra, se calem as armas, e, em todo o mundo, o ódio dê lugar ao amor, a ofensa ao perdão, a divisão à união”. Puro espírito de Assis.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Medo de represálias do Governo

NUNCA PENSEI QUE TAL FOSSE POSSÍVEL
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O caso da Ota e de Alcochete tem mexido com o País. Dando o dito pelo não dito, o Governo recuou nas suas convicções e aceita repensar o assunto, logo depois de a CIP (Confederação da Indústria Portuguesa) ter apresentado um estudo liderado pelo Prof. da Universidade de Aveiro Carlos Borrego. Até aqui tudo bem. Não há mal nenhum em mudar de ideias, desde que haja razões fortes para isso.
O que me chocou profundamente foi a afirmação do presidente da CIP, Francisco Van Zeller, garantindo que não divulgaria os nomes dos investidores, os que pagaram a conta do estudo, pois os mesmos tinham medo de represálias do Governo. Incrível, numa sociedade democrática. Ainda esperei, mas não vi qualquer reacção do Governo a esta afirmação. Como quem cala consente, será mesmo verdade. Quem contraria o Governo, pode correr o risco de represálias de quem nos governa. Como é que isto é possível?
Fernando Martins

Para ler, meditar e pôr em prática

O VATICANO APRESENTA...




O DECÁLOGO DOS CONDUTORES

I. Não matarás
II. A estrada deve ser um instrumento de comunhão, não de danos mortais
III. Cortesia, correcção e prudência ajudar-te-ão
IV. Sê caridoso e ajuda o próximo em necessidade
V. O automóvel não seja para ti expressão de poder
VI. Convence os jovens a não conduzirem quando não estão em condições de o fazer
VII. Apoia as famílias das vítimas dos acidentes
VIII. Procura conciliar a vítima e o automobilista agressor, para que possam viver a experiência libertadora do perdão
IX. Na estrada, tutela a parte mais fraca
X. Sente-te responsável pelos outros
:
Fonte: Ecclesia


MUSEU MARÍTIMO DE ÍLHAVO



ESCOLHA UM DOMINGO
E DEDIQUE-O AO MUSEU


Nunca me canso de visitar o Museu Marítimo de Ílhavo. Quando lá vou, como aconteceu há dias, sinto-me transportado aos meus tempos de menino. Ali recordo vivências de menino e moço em que tudo aquilo me era familiar. Filho de marítimo, aprecio com enlevo tudo quanto diz respeito ao mar. Olhar os navios, mesmo em miniatura, é entrar no Santo André, quando ele chegava da Terra Nova, carregadinho de bacalhau salgado que iria dar trabalho a imensa gente, quase de todo o País, nas secas de bacalhau, onde o fiel amigo se tornava mais saboroso. Fiel amigo, porque era, então, acessível a todas as bolsas. Hoje, importado, o bacalhau, sobretudo o de melhor qualidade, já é prato de ricos.
Ainda tenho em mim o cheiro e o sabor do pão branco, branquinho como a neve, que meu pai nos dava, à chegada. Era um pão diferente, com um sabor raro e muito agradável. Nunca nos faltou o pão, nem no tempo da guerra, mas aquele, nem sei bem porquê, era muito diferente.
No museu deliciei-me com a colecção das conchas, expostas com arte, que são um encanto ver, mais os apetrechos marítimos, que me eram, e ainda são, tão familiares. Depois, a sala das salinas, com os utensílios indispensáveis para a safra do sal, a miniatura da marinha, com os seus tabuleiros, talhos, cabeceiros e outras divisões; mais, em tamanho natural, razoila, rodo, ugalho, almanjarra, círcio e nem sei que mais. Logo adiante, a sala da Ria, com o moliceiro e a bateira, como suas velas, e a arte da construção das embarcações da laguna.
A visita, igual a tantas outras que faço ao Museu de Ílhavo, serve agora para dizer aos meus amigos que ele, com todo o seu recheio, bem cuidado e bem exposto, que o seu director, Álvaro Garrido, é um especialista destas coisas, como homem da ria que também é, ali de Estarreja, continua à espera que o povo passe por lá. Quer uma sugestão? Então, escolha um domingo, que pode ser o próximo, e dedique-o ao Museu Marítimo de Ílhavo. Verá que não perdeu o seu tempo.

Fernando Martins

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O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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