“António Alçada Baptista: Tempo afectuoso
- Homenagem ao escritor amigo de todos nós"
Foi com agradável surpresa que há dias encontrei nas livrarias um livro de homenagem ao escritor António Alçada Baptista – “ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA: Tempo afectuoso - Homenagem ao escritor amigo de todos nós". Trata-se de uma obra da responsabilidade da Editorial Presença e do Centro Nacional de Cultura, com coordenação de textos de Maria Helena Mira Mateus e Guilherme d'Oliveira Martins.
A homenagem é justíssima, ou não fosse Alçada Baptista um homem e escritor de afectos, que ensinou muita gente a pensar e a conhecer a vida de um País amordaçado pela ditadura. Os seus livros, muitos dos quais li à medida que foram aparecendo no mercado, sempre me impressionaram e encantaram, ou não fosse ele um escritor memorialista, com capacidade para nos conduzir, com realismo, através dos seus e nossos contemporâneos, marcados por comportamentos ora resignados e comodistas, ora corajosos na denúncia das injustiças. Com uma simplicidade que seduz, com uma naturalidade que encanta. Estórias e mais estórias da história dos homens e mulheres do seu tempo e do seu e nosso País, que ele retratou com arte e sensibilidade.
“ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA: Tempo afectuoso - Homenagem ao escritor amigo de todos nós" é um livro de testemunhos de amigos, muitos dos quais foram seus cúmplices em horas de sonhos e de lançamento de projectos, na qualidade de católico progressista, muitos deles condenados a esbarrar com impossibilidades de toda a ordem. Eduardo Lourenço, Mário de Carvalho, Teolinda Gersão, Dinis Machado, António Ramos Rosa, Mário Soares, Pedro Roseta e Edgar Morin, Ana Vicente, Guilherme d’Oliveira Martins, Lídia Jorge, João Bénard da Costa e Maria Alzira Seixo foram alguns dos muitos que escreveram para esta edição, com amizade e gratidão, pelo que dele receberam.
Alçada Baptista, 80 anos de vida bem vivida e rica de contactos humanos, que os seus 13 livros e diversos outros escritos revelam, bem merecia esta homenagem enquanto está entre nós. Mas quem quiser conhecê-lo e admirá-lo pode ler os seus livros. “Peregrinação Interior” (dois volumes), “Tia Suzana, Meu Amor”, “Os Nós e os Laços”, “Catarina ou o Sabor da Maçã”, “O Riso de Deus”, “A Pesca à Linha” e “O Tecido do Outono”, entre outros, aí ficam para saborearmos, com prazer.
Fernando Martins