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BOAS FÉRIAS - 3

O prazer de sentir a natureza As férias devem ter momentos para descobrirmos prazeres. Em semanas anteriores, escrevi sobre o prazer de conviver e sobre o prazer de ler. Para esta semana proponho o prazer de descobrir e de sentir a natureza, com todas as suas tonalidades. Depois de conviver com amigos e familiares e de ler textos saborosos, acho que fica bem procurarmos a natureza que nos rodeia e que nem sempre soubemos ver e apreciar. Sair de casa, deixar os lugares fechados e olhar a vegetação, respirar o ar puro, calcorrear caminhos rurais nunca dantes andados, cheirar o mar, sentir a frescura dos campos, mirar as aves que viajam pelos céus, ouvir os seus chilreios, falar com as árvores e contemplar as flores, tudo isto pode afugentar o stresse, aliviar o espírito, dar ânimo a pensamentos positivos. Para mim, férias nunca foi andar a correr, nunca foi fazer nada, nunca foi procurar o enfado, nunca foi perder tempo, nunca foi cansar-me física e mentalmente. Porque no resto do a...

Dívidas de países pobres perdoadas

G8 unido contra o terrorismo e contra a pobreza O G8 – grupo dos oito países mais industrializados do mundo (Alemanha, França, Itália, Grã-Bretanha, EUA, Canadá, Japão e Rússia) está unido na luta contra o terrorismo e contra a pobreza no mundo, mormente em África, o continente mais devastado pelas guerras fratricidas, pela corrupção e pela fome. A Declaração Final do encontro do G8, que se reuniu em Gleneagles, na Escócia, até ontem, com a participação também do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, adianta que vai ser reforçada a cooperação na luta contra o terrorismo, enquanto vão ser adoptadas políticas que contrariem o recrutamento de terroristas, em especial nas democracias ocidentais. Ainda foi sublinhado que é preciso responder ao terrorismo no quadro do respeito pelos valores democráticos comuns. Quanto ao esforço a desenvolver para erradicar a pobreza, o G8 resolveu aumentar a ajuda aos países pobres em mais 50 mil milhõ...

Festival de Folclore na Gafanha da Nazaré

CULTURA POPULAR A cultura popular precisa de ser mais apoiada por toda a gente. Pelo Estado, que muitas vezes só olha para as culturas eruditas, pelas autarquias e pela sociedade civil. Afinal, é a partir da cultura popular que nós podemos chegar mais facilmente às nossas raízes. Os grupos etnográficos e folclóricos, que existem espalhados por todo o País, estão na linha da frente da luta pela preservação das nossas tradições, quer pelas pesquisas e estudos que fazem e dinamizam, quer pela divulgação que fazem dos usos e costumes das suas regiões. Hoje, sábado, realiza-se o XXI Festival Nacional de Folclore da Gafanha da Nazaré, numa praceta da Alameda Prior Sardo, com a participação dos Grupos Folclóricos de Vila Verde, Baixo Minho; de Vila Nova do Coito, Santarém; de Passos de Silgueiros, Viseu; de Santa Maria de Cárquere, Resende; “As lavadeiras da Ribeira da Lage, Oeiras; e do Grupo anfitrião, Etnográfico da Gafanha da Nazaré. A apresentação dos grupos participantes será a partir...

Ainda as Mulheres da Gafanha

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Mulheres gafanhoas da década de 40 do século passado  Retrato “pintado” com muita ternura Raul Brandão foi para mim o escritor que melhor retratou a Ria de Aveiro e as gentes ribeirinhas, quando por aqui andou em 1922, para depois publicar no seu muito badalado livro “Os pescadores”. Já tenho falado e escrito deste escritor que se apresenta assim: “Este tipo esgalgado e seco, já ruço, que dorme nas eiras ou sonha acordado pelo caminhos, sou eu. Sou eu que gesticulo e falo sozinho, envolto na nuvem que me envolve e impregna. Que força me guia e impele até à morte?”  Quando relembra o seu regresso do mar, das muitas viagens que fez, para depois descrever, com arte e poesia, o que viu e sentiu, diz que vem sempre “estonteado e cheio de luz” que o trespassa. Depois pega nos “apontamentos rápidos”, em “meia dúzia de esboços afinal, que, como certos quadradinhos, do ar livre, são melhores quando ficam por acabar”. E acrescenta com nostalgia de poeta da prosa: “Estas linhas de saudad...

Bibliotecas Públicas

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Centro de Artes e Espectáculos, à esquerda, e Museu e Biblioteca, à direita Complexo cultural da Figueira da Foz merece uma visita Felizmente, por onde quer que andemos em gozo de férias, se olharmos bem, há sempre uma Biblioteca Pública, para conviver com os livros, e não só. Na Figueira da Foz, por exemplo, os residentes ou veraneantes podem usufruir de uma boa biblioteca, servida por funcionários diligentes e atenciosos. Além de livros, que é o seu forte, para consulta e para leitura em casa, a Biblioteca oferece, ainda, jornais e revistas, música variada para todos os gostos e idades, filmes em vídeo e Internet, em salas para adultos e para crianças. Como passo por este espaço cultural com alguma frequência, posso testemunhar que não falta quem a ela recorra, quase a todas as horas do dia. Por ali vejo gente idosa, gente de meia-idade, jovens estudantes e crianças que circulam com muita naturalidade, mostrando hábitos de quem conhece bem o ambiente e as regras. A Bibliotec...

TERRORISMO

Os responsáveis religiosos devem rever métodos e pedagogias do ensino religioso A propósito dos actos sangrentos de ontem, em Londres, o antigo Presidente da República Mário Soares disse à TSF que o Ocidente tem de combater o terrorismo com inteligência, lutando contra a pobreza. Questionado sobre se o fim da pobreza leva ao fim do terrorismo, acrescentou que sim. É óbvio para toda a gente que as revoltas das pessoas são, na maioria das vezes, fruto de injustiças e de profundos descontentamentos. Mas não será só por isso. Haverá outras razões ligadas aos fundamentalismos religiosos que são ancestrais. No livro “Religião e violência”, da editorial Paulus, são abordados, com muita pertinência, temas como Extremismos Religiosos, Violência, Cultura e Guerra Santa, que nos ajudam a compreender, de certa maneira, o porquê do terrorismo, no contexto actual, com opiniões de José Jacinto Ferreira de Farias, Peter Stilwell, Alfredo Teixeira e Joaquim Carreira das Neves. Recomendo, por isso, es...

Igreja Católica cresce, mas tem menos padres

O “Instrumentum laboris” do Sínodo dos Bispos de Outubro apresenta os números da Igreja Católica no mundo, mostrando que há mais católicos, mas menos padres.No primeiro capítulo do documento, o balanço estatístico apresentado revela que o número de católicos no mundo aumentou em 15 milhões entre 2002 e 2003, chegando a um total de 1,086 mil milhões. É na África que se regista o maior crescimento, com um aumento de 4,5%, seguindo-se a Ásia (2,2%), a Oceania (1,3%) e a América (1,2%). A Europa não conheceu nenhuma flutuação de relevo, nesta matéria. Os 250 Bispos que se vão reunir em volta do Papa, de 2 a 23 de Outubro, sabem que o mundo mudou e que o coração da Igreja se deslocou para a América, onde vivem quase metade dos católicos do Mundo - contra 25,8% na Europa, 13,2% em África e 10,4% na Ásia.Apesar de o número de Bispos ter crescido em 27,68% entre 1978 e 2003 (passando de 3. 714 para 4.742), os números distribuídos no “Instrumentum laboris” assinalam uma quebra de 3,69%, no núm...

Uma visão pessoal de João Paulo II e Bento XVI

À conversa com... a jornalista e escritora Aura Miguel VP – A primeira questão não pode deixar de ser alusiva ao Papa João Paulo II, por ter estado com ele tantos anos. Conte-nos os conteúdos das conversas privadas com ele... Aura Miguel (AM) – Os encontros pessoais com João Paulo II aconteceram em contextos muito diferentes. Um deles, a primeira vez, foi inserido numa visita Ad Limina, que os Bispos portugueses fizeram, em 1987, e que fui convidada a acompanhá-los. No final, quando o Papa cumprimentou toda a gente eu tomei a iniciativa de uma coisa que eu não sabia que não devia fazer: pedir um autógrafo ao Papa. Ele ficou muito divertido, pegou na Encíclica e saiu donde estava. Sentou-se, com a minha caneta na mão, aproximei-me e o Papa assinou. Entretanto houve uma série de peripécias: a caneta não escrevia e ele riu-se dizendo que ela estava viciada. Era uma caneta de tinta permanente, lá lhe expliquei como funcionava. Conversas não elevadas para ter com o Papa logo da primeir...

Um artigo de D. António Marcelino

Toquem sirenes e repiquem sinos a rebate Quando há cerca de trinta anos, ainda na euforia de uma revolução mal digerida, a obsessão de nacionalizar tudo chegava a querer nacionalizar também as pessoas, uma assembleia, a nível nacional, de pais de alunos das escolas do Estado, cresceu ao rubro e gritou aos responsáveis da política e do ministério: “Os nosso filhos não são cobaias. Basta. Os pais somos nós, não é o Estado!” O grito de revolta e de indignação fez tremer aqueles a quem se dirigia e as decisões, já anunciadas, pararam por ali. A tendência estatizante no ensino não terminou, porque a semente ficou lá dentro de casa, ora calada, ora assomando no terreno, como que a experimentar se já pode avançar e impor-se, criando situações de facto, mais ou menos irreversíveis. Vemo-lo todos os dias e, agora, de modo mais concreto e assumido, com a protecção de forças que dão a cara e que, parecendo exteriores, germinaram dentro de um sistema que lhes é familiar. Caiu-me, ontem mesmo, ...

A escola pública não traduz o pluralismo educativo

No “PÚBLICO”, Mário Pinto, professor universitário, abordou a questão do Estado Educador, com a frontalidade que lhe é conhecida. Aqui deixo aos meus leitores um excerto do artigo que escreveu, como mais uma achega para a reflexão que se impõe sobre a educação. “Quando a educação se torna monopólio de Estado, sejamos claros, não estamos em democracia civil e cultural, mas sim numa (pseudo)democracia formalmente político-institucional e realmente ideológica. Pode o Estado não se definir às claras como Estado de Cultura ou luta cultural e como Estado-Educador; mas inviamente recusa-nos uma real democracia pluralista cultural e educativa. Não foi o actual Presidente da República que (a meu ver, muito bem) nos deu, no seu discurso do último 25 de Abril, a ideia de que há ilhas de totalitarismo na nossa democracia? Pois bem: em matéria de educação, o monopólio da escola pública não autónoma pode pretender autolegitimar-se em nome do pluralismo, do neutralismo, do igualitarismo ou de outro...

Um artigo de António Rego

A pura perda de tempo Será patriótico falar de repouso num momento complexo em que todo o trabalho é pouco para a recuperação económica do país? Fará sentido falar de entretenimento quando parece que toda a sociedade mediática se atravessa na vida das pessoas com o livre trânsito do espectáculo e do divertimento, por vezes desbragado, como o primeiro dos bens? Oportuno foi o tema nas Jornadas Culturais que decorreram em Fátima, onde parecia, de início, travar-se o choque entre cultura e entretenimento. E todavia foi interessante a reflexão trazida por alguns mestres que recordaram as olimpíadas gregas, os teatros romanos, os espectáculos de coliseu com gladiadores, jogos sanguinários, e a lista de divertimentos que, com algumas variantes, se repetem nos tempos modernos com os mesmos mecanismos lúdicos, culturais, massivos, espectaculares e, por vezes, morais e imorais. E por aí adiante, nos tempos. As tertúlias, as conversas de corte e costura, os contos, fábulas, as acrobacias de c...