quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Monos e humanos origem e originalidades


O que é o Homem?
Ao longo dos séculos, foram-se sucedendo, numa lista quase interminável, as tentativas de resposta: animal que fala, animal político (Aristóteles); animal racional (os estóicos e a Escolástica); realidade sagrada (Séneca); um ser que pensa (Descartes); uma cana pensante (Pascal); um ser que trabalha (Marx); um animal capaz de prometer (Nietzsche); um ser que cria (Bergson); um animal que ri, um animal que chora, um animal que sepulta os mortos... Saído da gigantesca aventura cósmica com uns 13.700 milhões de anos, o Homem tem, segundo Edgar Morin, “a singularidade de ser cerebralmente sapiens-demens” (sapiente-demente), ter, portanto, com ele “ao mesmo tempo a racionalidade, o delírio, a hybris (a desmesura), a destrutividade”.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Um poema de Miguel Torga - A Largada



A largada

Foram então as ânsias e os pinhais
Transformados em frágeis caravelas
Que partiam guiadas por sinais
Duma agulha inquieta como elas...

Foram então abraços repetidos
À Pátria-Mãe-Viúva que ficava
Na areia fria aos gritos e aos gemidos
Pela morte dos filhos que beijava.

Foram então as velas enfunadas
Por um sopro viril de reacção
Às palavras cansadas
Que se ouviam no cais dessa ilusão.

Foram então as horas no convés
Do grande sonho que mandava ser
Cada homem tão firme nos seus pés
Que a nau tremesse sem ninguém tremer.

Miguel Torga

Memorial Floresta

  

NOTA: Porque gostei de reler, aqui fica mais uma vez. Serra da Boa Viagem na Figueira da Foz.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

O quarto rei mago

Há uma lenda que, sem fazer parte da Revelação, nos ensina o que Deus espera de nós.
Conta-se que havia um quarto Rei Mago, que também viu brilhar a estrela no firmamento e decidiu segui-la. Como presente pensava oferecer ao Menino um cofre cheio de pérolas preciosas. Contudo, no seu caminho, foi encontrando diversas pessoas que iam solicitando a sua ajuda.
Este Rei Mago ajudava-as com alegria e diligência, e ia deixando uma pérola a cada pessoa. Isso foi atrasando a sua chegada e esvaziando o cofre. Encontrou muitos pobres, enfermos, condenados e miseráveis, e não podia deixar de os atender. Ficava com eles o tempo necessário para lhes aliviar os seus sofrimentos e, depois, retomava o seu caminho, que era interrompido, inevitavelmente, por outro desvalido.

Pelos Arredores de Aveiro

João Evangelista de Lima Vidal
Veio a ser o primeiro Bispo de Aveiro

D. João Evangelista 

«À Gafanha, a Verdemilho, a São Bernardo e à Presa eram os passeios que eu mais preferia nas minhas férias de professor de Coimbra.
Quem me levava sobretudo à Gafanha era a água que, taumaturga por excelência, com o seu contacto, com o seu murmúrio, com as suas frescas exalações, me aquietavam brandamente os nervos, mais ou menos fora do ritmo pela continuidade das excitações académicas; e para tal ela não precisava mais do que duma sessão: à primeira vez era logo.
O que era necessário, porém, era que por acaso não se agarrasse como uma carraça aos lombos de um boi, a pessoa que ao tempo tinha em Aveiro a fama mais bem merecida e autenticada de maçador. Nesse caso estava perdido. Não mais nos largava.
Podíamos nós fazer menção, abrindo o breviário e pondo na devida ordem os registos, erguendo seraficamente os olhos ao céu como quem implora os seus auxílios para a oração, podíamos nós fazer menção por essa límpida forma de adiantar as Horas canónicas enquanto era dia, não sortia o expediente resultado absolutamente nenhum, já que o algoz não dava conta ou pelo menos não parecia dar conta destas manobras da sua vítima; continuava implacavelmente a mó a moer.

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Efemérides de Março



Se pensarmos um pouco, descobriremos que uma terra, qualquer que ela seja, tem sempre efemérides que preenchem a sua história. E a Gafanha da Nazaré está carregada de eventos que ouso lembrar de quando em vez. Em março, no dia 12 de 1860, foi iniciada a construção da primeira estrada que atravessou a região da Gafanha até ao Forte e que foi batizada, em data posterior, com o nome de Av. José Estêvão. Contudo, é justo lembrar que esta estrada, bem como outras que se construíram naquela época, se ficou a dever à influência de José Estêvão.
Curioso será imaginar o movimento que esta longa estrada teve, em épocas de veraneio, com destino às praias da Barra e Costa Nova, sobretudo aos fins de semana. Na altura, dizia-se que era a estrada rural com maior trânsito no país. Seria exagero, mas ouvi essa afirmação inúmeras vezes. Também neste mês, no dia 24 de 1862, se iniciou a construção da ponte que ligava Ílhavo à Gafanha. E em março de 1885 iniciou-se a construção do nosso Farol, que foi inaugurado em 31 de agosto de 1893

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Casas Flutuantes


Ter uma casa sobre águas deve ser interessante, mas tem os seus quês. Todavia, há países onde tal é possível, nomeadamente, em Inglaterra ou na Holanda. É claro que não será muito prático para o dia a dia de quem trabalha. Não direi o mesmo para quem está livre de horários. Aliás, os nossos moliceiros viviam nos barcos quando tinham de conjugar o trabalho (apanha do moliço) com as horas das marés. Contudo, vamos admitir que umas férias num  espaço para meditação ou reflexão, uma casa dessas daria jeito.

Minha Mãe

«A minha mãe morreu faz um ano: 7 de Junho de 2009, duas horas da tarde. Desde então, não paro de a recordar, de a reter, de a reaver, de a recuperar, de a restituir, de a reviver, de a reerguer. Estes 12 meses têm sido a serigrafia de um original. Nele, vejo o seu rosto em todas as estações interiores. Vivi este ano como se vivesse o anterior em reverso, em negativo, em ausência. Estou nos lugares que foram dela. Toco os objectos que eram seus. Recordo os acontecimentos que foram nossos. Esse caminho não tem regresso. É por isso que se faz. Repete-se, mas já não é o mesmo. Gasta-se. Gasta-nos.»

José Manuel dos Santos, 
no suplemento Actual do EXPRESSO


Nota: Faço minhas as palavras do autor deste texto.

ABUSOS SEXUAIS: Conhecer Prevenir Agir

 

Prémio - Cultura do Mar



A 7.ª edição do Prémio de Estudos em Cultura do Mar - Octávio Lixa Filgueiras, promovido pelo Município de Ílhavo, através do Museu Marítimo de Ílhavo, tem candidaturas abertas até 31 de maio.
O prémio, com um valor pecuniário de 3.000 euros, distingue autores de dissertações académicas ou de trabalhos de investigação inéditos e realizados no âmbito da cultura marítima-fluvial, nomeadamente nas áreas da História, Antropologia e Etnografia Marítima, Arquitetura Naval, Arqueologia Naval e Subaquática, Patrimónios Marítimos e Museologia.
Pretende-se com este prémio, instituído em 2012 pelo Museu e pela Câmara Municipal de Ílhavo, evocar e divulgar a obra e memória do Professor Arquiteto Octávio Lixa Filgueiras, um dos mais reconhecidos investigadores portugueses em temas de Cultura do Mar.

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