terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Frota Bacalhoeira


 A exposição revela uma seleção cativante do vasto acervo fotográfico de António Aboim, constituído por 612 negativos de 57 navios bacalhoeiros, nos portos de Leiões e Douro. Este conjunto, agora propriedade do Museu Marítimo de Ílhavo, oferece uma visão única da nossa frota de pesca longínqua.

A exposição pode ser vista junto ao Navio Museu Santo André.

O Rei da Gafanha


Leite de Vasconcelos sublinha, na sua Etnografia Portuguesa, referências literárias à Gafanha, nomeadamente, O Rei da Gafanha e A Gafanha. A primeira é a tradução de uma peça francesa intitulada Le Roi e a segunda trata de um escrito de Campos Lima, que o próprio Leite de Vasconcelos não pôde estudar convenientemente.
Diz o etnógrafo, citando Eduardo Noronha, que "Le Roi é uma comédia em quatro actos, original de G. A. de Caillavet, Robert de Flers e Emmanuel Arène. Foi representada pela primeira vez em 24 de Abril de 1908, no Teatro das Variedades em Paris. Foi traduzida para português com o título de Rei da Gafanha por Cunha e Costa & Machado Correia, por causa da exaltação [política] dos ânimos, por um lado, e como recordação das piadas da Gafanha atribuídas ao José Luciano de Castro, por outro.
Representou-se pela primeira vez no D. Amélia, em Lisboa, em 20 de Dezembro de 1908. Incumbiram-se dos papéis principais: Augusto Rosa, António Pinheiro, José Ricardo, Chaby Pinheiro, Ângela Pinto, Emília de Oliveira, Alexandre de Azevedo, Henrique Alves, etc.
Foi representada uma segunda vez por Amelie Dicterle, Hebert, Louvain e Titts, e actores Lormel, Calvin, artistas de uma companhia francesa, de segunda ordem, no Amélia, em Lisboa, de passagem para o Brasil.
É quanto sei."


Foto: Leite de Vasconcelos

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Primeira Junta da Paróquia da Gafanha da Nazaré

PARA NÃO CAIR NO ESQUECIMENTO

“Aos dois de Janeiro de mil novecentos e catorze, achando-se reunidos na casa das sessões da comissão paroquial Administrativa desta freguesia da Gafanha do Concelho de Ílhavo os cidadãos José Ferreira de Oliveira, João Sardo Novo, Jacinto Teixeira Novo, José Maria Fidalgo, Manuel Ribau Novo, membros efectivos da referida comissão durante a gerência de vinte e sete de Outubro de mil novecentos e dez a trinta e um de Dezembro de mil novecentos e treze, e os cidadãos José da Silva Mariano, Manuel José Francisco da Rocha, Manuel Conde, Alberto Ferreira Martins, João Sardo Novo, ultimamente eleitos membros efectivos da nova junta da Paróquia desta freguesia da Gafanha, como consta das respectivas actas arquivadas na secretaria da Câmara Municipal deste concelho e na secretaria do Governo Civil deste distrito, os membros daquela comissão administrativa e o senhor regedor desta freguesia, Silvério Vieira, que também estava presente, à vista da nota comprovativa da referida eleição emanada do Governo Civil, transmitiram aos membros da nova Junta todos os poderes que em virtude da mencionada eleição lhes foram conferidos.

Cesário Verde: Ave-Maria

AVE-MARIA

Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.

O céu parece baixo e de neblina,
O gás extravasado enjoa-me, perturba;
E os edifícios, com as chaminés, e a turba
Toldam-se duma cor monótona e londrina.

Batem carros de aluguer, ao fundo,
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!
Ocorrem-me em revista, exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo!

Semelham-se a gaiolas, com viveiros,
As edificações somente emadeiradas:
Como morcegos, ao cair das badaladas,
Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros.

Voltam os calafates, aos magotes,
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos;
Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos,
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.

E evoco, então, as crónicas navais:
Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado!
Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Singram soberbas naus que eu não verei jamais!

E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!
De um couraçado inglês vogam os escaleres;
E em terra num tinir de louças e talheres
Flamejam, ao jantar alguns hotéis da moda.

Num trem de praça arengam dois dentistas;
Um trôpego arlequim braceja numas andas;
Os querubins do lar flutuam nas varandas;
Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!

Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;
E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Correndo com firmeza, assomam as varinas.

Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas.

Descalças! Nas descargas de carvão,
Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera os focos de infecção!

Cesário Verde

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Já temos o treino dos recomeços

As festas já são passado e a vida, com todas as suas alegrias e tristezas, já chegou para nos acompanhar no dia a dia. Não é novidade para os mais idosos como eu. Já estamos habituados. Contudo, também já temos o treino dos recomeços. É o que nos vale.
Tenho para mim que o melhor será cultivarmos, momento a momento, a alegria de viver, apostando em tarefas, conforme as apetências de cada um.
Tenciono continuar na minha vida, fazendo o que gosto: Ler, escrever, conversar com a Lita e com quem aparecer, meditar, e… cozinhar. O pouco que puder fazer em cada alínea será suficiente para me sentir vivo.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Precisamos de renovar a nossa democracia

Da mensegem do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, retenho uma frase que considero fulcral: "Precisamos de renovar a nossa democracia, não a deixar morrer."
Considero importantíssima a recomendação. Isso pressupõe o envolvimento de todos os portugueses e de todos os povos que optaram pelo  nosso país para viver e trabalhar. E todos temos que dar um pouco mais, já que não faltará quem se ponha à sombra da babananeira a ver os outros a labutar. Uma boa lição para começar o ano.

E a vida continua

O esperado primeiro dia de 2025 veio sereno, bem próprio do meu normal estado de espírito. Por temperamento, não sou dado a euforias. Vivo um dia de cada vez. O resto vem por acréscimo.
Costumo dizer que os dias passam como as marés, cheias umas e baixas outras, neste caso permitindo-nos a apanha dos berbigões, que o nosso povo batizou de cricos.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Avaria no telemóvel


Por azar meu, fiquei sem telemóvel. Acontece muito a quem pensa que domina bem esta extraordinária forma de comunicar à distância. E logo nestes dias festivos. Os telemóveis registam as chamadas de quem nos ligou para saber de nós. Depois tentarei responder.

ANO DE PAZ PARA TODOS


Neste primeiro minuto de Janeiro de 2025, é justíssimo agradecer aos leitores dos meus blogues a gentileza de me seguirem dia a dia, razão por que senti a obrigação de continuar partilhando ideias, sentimentos e emoções ao jeito de diário íntimo. E vou continuar enquanto tiver ideias, histórias e sonhos, com o apoio incondicional da minha querida mulher desde há 60 anos.
Ano de Paz para todos, sem guerras de qualquer espécie.

Lita e Fernando

terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Faleceu Adília Lopes - A minha homenagem


Deus é a nossa
mulher-a-dias
que nos dá prendas
que deitamos fora
como a vida
porque achamos
que não presta

Deus é a nossa
mulher-a-dias
que nos dá prendas
que deitamos fora
como a fé
porque achamos
que é pirosa

Adília Lopes

No ano novo de 2025, o quê?

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias 

Há regiões em que na noite de passagem de ano tudo o que é velho - roupas, pratos, mobília... - vai pela janela fora para a rua. E também é sabido que na noite de passagem de ano há licenças ao nível do álcool e até com a sexualidade que normalmente não são permitidas. É um pouco como se, retomando agora de modo secularizado os mitos cosmogónicos, se instalasse o caos primitivo, para, em seguida, como fizeram os deuses in illo tempore, ser reposta a ordem do cosmos.
Perante um ano novo que está aí à nossa frente, os sentimentos misturam-se: perplexidade, entusiasmo, dúvida, expectativa, temor, esperança... Que é que nos reserva o novo ano: para mim, para a minha família, para os meus amigos, para o país, para a Europa, para o mundo? Será melhor, será pior que o ano que passou? É preciso pensar, pois a perplexidade é gigantesca — pense-se nas guerras em curso e a ameaça nuclear, pense-se na situação periclitante da Europa no contexto da nova geoestratégia global, pense-se na crise climática mortal, pense-se, sem excluir as suas vantagens, nos perigos da inteligência artificial, do trans- e pós-humanismo...

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