quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Aida Viegas - Tudo passa




Tudo Passa

Tudo passa nesta vida
Nos caminhos e nos ventos
Nas correntes de água turva
Na mente nos pensamentos.
Passa a mágoa com o tempo
Passa a dor e passa a vida
Passa a paz e a alegria
Passa a noite, passa o dia.


Há passantes, há passado
Há o passo a procissão.
Uns seguem pelos caminhos
Outros param na ilusão.
Há quem esteja a ver passar
Há quem vá de escantilhão
Outros seguem arrastados
No meio da multidão.
Há passivos, pacientes
E quem vá só de empurrão
Os perdidos vão seguindo
Caminhos de escuridão.
Passam luas sem luar
Dias sem sol e sem luz
Há quem passe derreado
Carregando sua cruz.


Tudo passa
A fome, a guerra
Passa a banda, a procissão
Passa o ódio e o amor
Passa o luto e a paixão.
Passa o vento, passa o rio
O Outono e o Inverno.
Passa o calor, passa o frio
Só não passa o que é eterno.

Aida Viegas

Para começar o dia: Há uma centelha de sagrado em cada procura artística


Bento XVI com os artistas


“O coração do homem contemporâneo tem uma grande fome de beleza, que é também a beleza total, iluminada pelo transcendente”

Tolentino Mendonça,

Sobre o discurso do Papa aos artistas, na Capela Sistina

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A hegemonização poderá limitar e abafar o génio da diferença



A média europeia da Educação

1. É notícia recente que Portugal está abaixo da médica europeia em termos de educação. Destacam-se em relatório divulgado os progressos tidos de 2000 a 2008, mas a procura a convergência nota-se retardadora. Do olhar cruzado pelas estatísticas, sente-se que a fase da adolescência se afirma como decisiva e destacam-se, no que já se sabe, as dificuldades na matemática e na área de língua e leitura. Sendo certo que as visões comparativas são necessárias e que os isolacionismos a nada conduzem, também não deixa de ser digno de registo aquilo que em termos de médias europeias se considera a média, como se o criar de uma uniformidade de paradigmas e no processo ensino/ aprendizagem fosse a meta fundamental a atingir.

2. Compreende-se que a competitividade de tudo e todos obrigue a uma equiparação competitiva sem precedentes. Este factor pode criar mentalidades e paradigmas que correm o perigo de uniformizar tudo e europeizar os europeus deitando a perder riquezas locais de ordem social, educativa e cultural. É, neste contexto, importante relançar a dúvida sobre se a uniformização é, de facto, factor e valor de progresso definitivo ou se deverá ser reforçado o lugar às identidades nacionais e locais por forma à justa harmonização social. Aos estudos e estatísticas presidem sempre a noção de modelos de referência globais, o que é lícito e natural. Mas esta hegemonização poderá limitar e abafar aquilo que pode ser o génio da diferença, ou os aspectos essenciais que não dando números para a “média” são efectivamente relevantes.

3. O documento estruturante europeu, a Estratégia de Lisboa (adoptada em 2000) quer transformar a Europa «na economia do conhecimento mais competitiva e dinâmica do mundo, capaz de um crescimento económico sustentável, acompanhado da melhoria quantitativa e qualitativa do emprego e de maior coesão social.» Esta é a média final europeia a que se quer chegar. E o lastro e espaço dado à diversidade local dos “alunos”?

Convívio na Universidade Sénior



Da esquerda para a direita: Maria do Canim, Fernando Martins, Cândida Silva (directora),
José Capote, Fernanda Lagarto e Custódia Lopes

Convívio de aniversários

Os que celebraram os seus aniversários durante este mês de Novembro encontraram-se hoje à tarde com alguns alunos e animadores, para um convívio que começa a tornar-se habitual às quartas-feiras. Foi importante  a partilha e a degustação de doces e salgados, com champanhe e sumos, mas mais importante foi a conversa que se generalizou no grupo. Não faltaram os parabéns, nem a troca de impressões entre uns e outros, recheada de recordações, que os menos jovens sempre gostam de oferecer nos encontros, em jeito de quem sente prazer em reviver momentos agradáveis. E mesmo com chuva a marcar o compasso dos nossos desejos de lhe fugir ensombrou minimamente o convívio. Para os aniversariantes não faltaram as flores, bonitas, preparadas a tempo pela direcção da Universidade Sénior, com saber e arte. Os aniversariantes ofereceram um livro à Biblioteca da US, com vontade de se criar a tradição de valorizar o espaço de leitura da Fundação Prior Sardo.

BÍBLIA em edição literária



DEUS ESTÁ NO MEIO DE NÓS

Comecei hoje a ler a Bíblia, na sua edição literária. Digo ler, porque apenas a tinha lido na edição normal, em uso na Igreja Católica, com as respectivas e muito importantes  notas introdutórias em cada um dos seus livros e de rodapé. Agora tenho a mais recente edição, que demorou uns 30 anos a traduzir e a publicar, culminando um trabalho de vários especialistas, católicos e protestantes, de renome.
Comecei a ler, e  desde logo senti algo de muito diferente. A tradução oferece-nos um texto em linguagem corrente, o que faz com que mais facilmente possamos entrar no texto e no contexto. Parece uma livro acabado de escrever por escritor  multifacetado e com um jeito especial para nos convidar a prosseguir na leitura do mais publicado livro de todos os tempos.
Penso que esta edição vai ter um enorme êxito. Esta edição da Bíblia é um extraordinário convite, aberto a toda a gente, crentes ou não crentes, para  lermos uma biblioteca muito completa, com obras que abrangem vários domínios, de diversas épocas. História, poesia, contos, códigos, parábolas, provérbios, professias, cartas, tudo a oferecer-nos pistas de mensagens, de caminhos de vida nova, de um Deus que, afinal, está, hoje como sempre, no meio de nós e que podemos descobrir no dia-a-dia.  Se quisermos, claro.

Fernando Martins

O FIO DO TEMPO: Universidade de Aveiro - Um Grandioso Laboratório


Finalistas da UA em dia de festa

Ciência e tecnologia

1. A ciência e a tecnologia (ciência aplicada à técnica) são das maiores conquistas da razão humana. A curiosidade sistemática na cuidada observação, a conjugação de múltiplas hipóteses satisfatórias, a experimentação no perscrutar das leis que presidem à natureza e a sua aplicação também na descoberta e solução de problemas do mundo visível, são das realizações mais fascinantes da aventura humana. De todas as idades e condições, em todos os tempos e lugares da história, a curiosidade aliada à sempre procurada resolução de problemas, têm feito da ciência um caminho que usamos e aplicamos nas coisas mais simples do dia-a-dia. Mas todo o potencial de conhecimento científico por si mesmo não chega; a sua aplicação ética nas finalidades haverá de presidir à própria pesquisa no caminho.

2. Estamos em plena Semana da Ciência e Tecnologia. O Dia Nacional da Cultura Científica (24 de Novembro), criado em 1997 para assinalar o nascimento do cientista Rómulo de Carvalho (1906-1997), procura precisamente corresponder à necessária promoção da cultura científica e do ensino generalizado da ciência. Sem divulgação científica não existe consequentemente aquele necessário despertar para o mundo do conhecimento; não como meros transmissores mas como criadores e inovadores. Também sem motivações nobres, a ciência pode-se desviar do seu caminho ético e de serviço à Humanidade global. Fronteiras delicadas, sensíveis mas incontornáveis, nas quais os próprios índices de esperançosa e persistente motivação interior são um dos elos fortes do autêntico, grande e humilde, cientista.

3. A Universidade de Aveiro esta semana é um grandioso laboratório, acolhedor de muitos milhares de estudantes, nesta X Semana Aberta da Ciência e Tecnologia, de 23 a 27 de Nov.: http://www.ua.pt/semanaberta Este ano novos passos são dados: tanto no caminho da ciência solidária onde os visitantes são convidados a partilhar, como nas redes sociais que hoje nos unem ao mundo.


Alexandre Cruz

Efeméride Aveirense: Galitos


1905

Nesta data, em 1905, O Governo Civil de Aveiro aprovou os primeiros estatutos do Clube dos Galitos, uma colectividade que muito deu e continuará a dar à cidade e região aveirense. Chega mesmo ao país inteiro e, por vezes, ultrapassa fronteiras, pelo seu ecletismo desportivo e cultural. O Galitos havia sido fundado em 24 de Janeiro de 1904.
Daqui, deste recanto gafanhão aberto ao mundo, felicito todos os herdeiros dos que, já naquele tempo, não gostavam de estar num sítio onde só os galos podiam cantar.

Fernando Martins

Um dia de pausa...



24 de Novembro


Há muitos anos que paro um dia inteiro. Fico entregue a mim mesmo e aos meus. Como que retirado no mundo, mas a olhar quem passa. Presente, contudo, bem presente nas minhas recordações, um incontável número de familiares e amigos. Uns que conheci e me acompanharam na vida, outros que me chegaram pela tradição oral. E muitos daqueles, ontem, se lembraram de mim. E todos eles vieram com palavras muito amigas e com recordações de algum momentos gratificantes recolhidos do que lhes disse e da forma como o fiz.
É claro que já perceberam que foi o dia do meu aniversário, repetido setenta e uma vezes. Pois é verdade. Venci mais uma barreira, a dos 70, com o ânimo robustecido por tantos e tantos amigos. Todos ao lado de uma família que me deu tudo. Mesmo tudo o que sempre desejei.
As recordações de ontem hão-de vir para este meu espaço, ao sabor da maré que me enche a alma. Sem pressas.
Aqui ficam os meus agradecimentos pelos muitos gestos de amizade que ontem me chegaram.

Fernando Martins

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Precisamos de novas músicas / mensagens que transformem razões em pontes humanistas



«We are the children»

1. Os anos oitenta estão a ser olhados com visão de quem procura apreciar e aprofundar algumas conquistas fundamentais. Se há dias (9 de Novembro) lembraram-se os 20 anos da queda do Muro de Berlim, nestes dias mais recentes as duas décadas d’A CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA, adoptada pela Assembleia-Geral da ONU a 20 de Novembro de 1989, tendo sido ratificada por Portugal no ano seguinte, a 21 de Setembro de 1990. Dos considerandos do preâmbulo ao texto retira-se um oportuno olhar histórico na consciência de que sendo as crianças o “futuro” já presente, daqui derivarão para todas as latitudes, pensamentos e acções, altíssimas responsabilidades em ser presença promotora dos melhores valores socioeducativos.

2. Destaca-se a certeza ideal no reconhecimento de que «a criança, para o desenvolvimento harmonioso da sua personalidade, deve crescer num ambiente familiar, em clima de felicidade, amor e compreensão». Este espírito familiar e universalista que preside à Convenção sobre os Direitos da Criança está enraizado na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Dos anos oitenta até ao presente não só aumentou a visibilidade mundial de ocorrências infelizes em relação aos muitos ataques à dignidade da criança, como também se verificou um crescer de condições excepcionais para com as crianças da parte do mundo ocidental. Para as outras, muita fome e miséria a que o mundo assiste; para estas a certeza de uma superabundância de pão e presentes plastificados que podem truncar a humanidade.

3. Quem não se lembra da canção We are the World, we are the children (USA for África, 1985) dos anos oitenta, como que no mesmo espírito da Convenção. Ao ouvirmos essa música pela rádio nestes dias lembra a aventura que terá sido essa década, a abertura do mundo ao próprio mundo e o acolhimento local das declarações universais. Precisamos de novas músicas / mensagens que transformem razões em pontes humanistas.

Alexandre Cruz

Umberto Eco recomenda cuidado com a Internet

A propósito do aproveitamento das fontes disponíveis na Internet, Umberto Eco diz, em A Obsessão do Fogo, que é preciso aprender a controlar a informação. E acrescenta:

“Para fazer os seus trabalhos, os estudantes vão buscar à Internet as informações de que necessitam sem saber se essas informações são exactas. E como o poderiam saber? Assim, o conselho que dou aos professores é o de pedir para um trabalho a seguinte pesquisa aos alunos: relativamente ao tema proposto, encontrar dez fontes de informação diferentes e compará-las. Trata-se de exercer o sentido crítico em relação à Internet, de aprender a não aceitar tudo como válido.”

Para começar a semana: A história também se vê




A história também se vê. Até na rua, se soubermos olhar, com olhos bem abertos. Os painéis cerâmicos que Aveiro nos oferece mostram-nos registos importantes. Pare uns momentos para apreciar.

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