quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Preso por ter cão, preso por não o ter

Às vezes fico espantado com a incoerência de certa gente. Ao jeito do “preso por ter cão, preso por não o ter”. Em 2006, o Governo acertou com os parceiros sociais o aumento progressivo do salário mínimo nacional, de forma a fixar-se nos 500 euros em 2011. Em 2009 ficaria pelos 450 euros. Alguns empresários e políticos, alegando a crise por que estamos a passar, contestam, agora, o anúncio do primeiro-ministro, de que no próximo ano seria cumprido o estabelecido. Assim, os trabalhadores que ganham, presentemente, 426 euros por mês passarão a receber 450. Ou seja, mais 24 euros no fim do mês. Quantia ridícula, diga-se de passagem. Mas neste país somos assim. Há sempre gente sem vergonha. E depois gritam que o fosso entre os muito ricos e os muito pobres está a crescer desmedidamente. Já agora: Anda por aí alguém a questionar os aumentos salariais, as benesses, as reformas escandalosas e os múltiplos empregos de tantos gestores, administradores e quadros de empresas, que são autênticas ofensas à pobreza nacional? E os salários, prémios e nem sei que mais dos craques do futebol? É por estas coisas que fujo de alguns políticos e não vou à bola.
Fernando Martins

Coimbra

Se Deus quiser, hoje à tarde andarei por Coimbra. Não apenas a Coimbra dos doutores, mas a Coimbra moderna e multifacetada. Do passado, para além da velha Universidade, com a sua famosa torre onde pontificava a "cabra", para chamar os estudantes mais distraídos ou dorminhocos, e do Mondego, que os poetas e o povo apelidavam de "bazófias", ainda há museus e monumentos que não poderei visitar. Isso ficará para outros dias. Mas encontrarei a Coimbra que se projecta e se completa em todas as frentes, rumo ao futuro. Gosto de lá ir, de andar pelas suas ruas mais movimentadas, de entrar nas livrarias, de tomas um café, de olhar o rio e de sentir o palpitar da gente.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

O Fio do Tempo

O debate plural dos Valores
1. É saudável quanto natural e mesmo importante que nem todos concordem com tudo. Seria monótono um unanimismo social que poderia asfixiar a liberdade do próprio pensamento e reflexão. Mas, todos hão-de considerar que sobre determinados assuntos essenciais da vida em comunidade o esforço do consenso é tarefa insubstituível. Este é um debate sempre aberto (?), no discernimento das ténues fronteiras entre o querer e o dever, o indivíduo e a comunidade. O facto lógico de que o que para algumas sociedades é um Valor para outras não o é não deve deixar à deriva o debate dos valores. Este anseia por horizontes de abertura de espírito para sua realização. 2. Considerar-se a relatividade dos valores (em termos de tempo e espaço) no seu existir socioantropológico não pode ser confundido com o relativismo de tudo o que pode esbarrar para a ausência das próprias referências ético-sociais. Felizmente algumas instâncias credíveis, reconhecidas e visionárias sobre o essencial para o futuro humano vão lançando na praça pública o debate dos valores fundamentais, este que persiste em não ser pacífico, talvez porque a pequenez do olho humano veja nele mais o “cisco” da fronteira qualificada de moralista que a nobre abrangência da procura situada dos valores essenciais para a Humanidade se entender no caminho. Esta atenção ao particular que divide e dificuldade em perscrutar o universal do mundo que somos é, por si, sinal do fechamento que aprisiona. 3. Temos dado ecos da pertinente Conferência Gulbenkian «Que valores para este tempo?» (2006). Destaquemos agora a UNESCO que nos seus Debates para o Século XXI, sob a direcção de Jérôme Bindé, questiona «Para onde vão os Valores?» (2006, Piaget). Se o primeiro passo é enfrentar o debate sobre o (valor dos) Valores, o segundo será perguntar se eles dependem da mera estatística social e cultural ou se têm um estatuto (ético) próprio (?) … Sim, dá pano para mangas!

Idosos Jovens

Mário Soares: exemplo de vitalidade intelectual e cívica
Quando li hoje a habitual crónica semanal de Mário Soares no Diário de Notícias, não pude deixar de pensar na sua extraordinária capacidade física, intelectual e cívica, em actividade constante. O antigo Presidente da República, que completa 84 anos no próximo dia 7 de Dezembro, mostra à saciedade que há, efectivamente, idosos jovens, tal é a força e a coragem com que intervêm no mundo das ideias e das convicções. Mário Soares é um deles. Podemos discordar das suas posições políticas, podemos aceitar que nem sempre apresenta propostas com aceitação plausível, mas a verdade é que está no mundo, com uma rara intuição para dizer o que pensa, com uma juventude de espírito invejável. Não é nem nunca foi uma pessoa acomodada, teima, com uma dignidade rara, em marcar presença no quotidiano do país e do mundo, insiste em lutar, por todas as formas ao seu alcance, por um mundo melhor. Um mundo mais justo, mais fraterno, mais humano. E faz tudo isto com uma coragem exemplar, ao jeito de quem nos quer dizer que não podemos nem devemos ficar alheios aos problemas dos homens e mulheres do nosso tempo. A indiferença, o comodismo e o desinteresse são, simplesmente, apanágio de gente derrotada, sem alma, sem vida. Obrigado, Dr. Mário Soares, pelo seu exemplo. Fernando Martins

Sínodo dos Bispos

Bispos portugueses felizes com o trabalho do Sínodo. D. Anacleto de Oliveira e D. António Bessa Taipa fazem um balanço do que sentiram no Sínodo, que decorreu no Vaticano, durante três semanas.

Diáconos Permanentes celebram ordenação

 Diocese de Aveiro segue Vaticano II 

 Vinte anos depois do Vaticano II, concretamente, em 1985, inicia-se a formação dos primeiros diáconos permanente na Diocese de Aveiro. Após uma sessão de informação a que presidiu D. Manuel de Almeida Trindade em conjunto com D. António Marcelino, Bispo Coadjutor, e em que estiveram presentes, além do Padre Georgino Rocha, os párocos com os homens que haviam convidado, os candidatos iniciaram os primeiros encontros, seguindo o programa de formação aprovado pela conferência Episcopal Portuguesa.
Da lista inicial, constam: José Joaquim Pedroso Simões, da Gafanha da Nazaré; Daniel Rodrigues, da Glória; João Afonso Casal, da Glória; Manuel Fernando da Rocha Martins, da Gafanha da Nazaré; Luís Gonçalves Nunes Pelicano, da Palhaça; Fernando Reis Duarte Almeida de Óis da Ribeira; Afonso Henriques Campos Oliveira, de Recardães; Augusto Manuel Gomes Semedo, de Águeda; e Carlos Merendeiro da Rocha, da Gafanha da Nazaré. 
Participaram ainda na formação Domingos Carvalho Moreira, da Vera Cruz; Carlos Valentim de Sousa e Silva, da Vera Cruz; José Fernandes Arede, de Águeda; e Manuel de Oliveira Marques Ferreira, de Beduído. Estes candidatos não foram ordenados, por razões pessoais. O Carlos Merendeiro faleceu em 17 de Fevereiro de 2003, depois de uma vida cheia, como leigo e como diácono permanente, de amor à Igreja e de dedicação à causa da Boa Nova de Jesus Cristo. 
A formação decorreu em Aveiro, semanalmente, durante três anos e cinco meses, incidindo os temas de estudo e reflexão sobre Concílio Vaticano II – História e constituições e Teologia do Diaconado; Pastoral da Palavra e Pastoral Litúrgica; Pastoral sociocaritativa e Sentido pastoral das leis e da disciplina canónica. A seguir à ordenação, os estudos abordaram temas de eclesiologia, teologia do presbitério e teologia do laicado; Moral familiar e Doutrina Social da Igreja; Dinâmica de grupos, Catequética e trabalhos de cartório; Teologia da oração, da vocação e da Liturgia das Horas; Ministério do leitorado, do acolitado e do diaconado. 
Como prelectores, registamos, entre outros, que deram contributos esporádicos, os seguintes: D. Manuel de Almeida Trindade, D. António Baltasar Marcelino, Padres Georgino Rocha, Querubim Pereira da Silva, Urbino Pinho, Manuel António Carvalhais, José Henriques da Silva, Júlio Franclim Pacheco e Monsenhores Aníbal Ramos e João Gaspar. 
A formação apoiou-se em retiros, recolecções, encontros de oração e acções de intervenção pastoral e social, com apresentação de relatórios dos trabalhos desenvolvidos e das conclusões conseguidas. Em algumas acções de formação e oração participaram as esposas. Importa sublinhar que, antes da ordenação, D. António Marcelino visitou as famílias dos candidatos, com o objectivo de as esclarecer sobre o passo que o marido e pai estaria disposto a dar, colocando-se ao serviço da Igreja, de forma ministerial. De todas as famílias recebeu a anuência à decisão a tomar pelos candidatos.


Fernando Martins

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

As minhas distracções...

João Alberto recebe prémio na Madeira
Ando eu por aqui distraído, tantas vezes fechado na minha tebaida, a ver o mundo pela janela da Net, e nem sinto a chegado do meu amigo João Alberto Roque ao espaço, do tamanho da Terra, da blogosfera. Pois é verdade. Quando saltava, por momentos, de blogue em blogue, de gente amiga e conhecida, dei de caras com os olhos abertos do Pirilampo. Era o blogue do Roque, gritei para os meus botões. E era mesmo verdade. Um escritor gafanhão, laureado na área do conto para crianças e adolescentes, aderiu aos desafios que os blogues oferecem. Que sejas bem-vindo, meu caro. E por cá fico à espera dos teus contos, quiçá das tuas novelas, talvez dos teus romances, de certeza dos teus poemas.
Fernando Martins

O Fio do Tempo

Egas Moniz
A Nossa Casa de Egas Moniz
1. Aprendermos dos valores de quem, da nossa terra, deu “novos mundos ao mundo” é uma essencial tarefa zeladora do património único que nos cumpre preservar. Se não cuidarmos das nossas próprias raízes e dos valores aí reconhecidos quem o fará?! Este gesto devido para com os que ergueram a nossa identidade regional assume-se como um desígnio que não tem fronteiras ideológicas; merece a admiração e o apreço de todos. Em boa hora, no dia de anos (59º aniversário) do 1º Nobel Português do cidadão avanquense Egas Moniz (1874-1955), é lançado envolvente projecto do 60º aniversário da atribuição, ocorrendo a reedição pela autarquia estarrejense da sua obra autobiográfica «A Nossa Casa», cuja 1ª edição data de 1950. 2. Renova-se diante de todos a oportunidade de melhor conhecer António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz, na sua matriz de valores familiares, na coragem inspirada de sua vida de trabalho (como investigador, médico, neurologista, professor, político, escritor), na riqueza da simplicidade típicas das pessoas efectivamente grandes. As suas primeiras palavras da autobiografia são: «Este livro é a história de uma família provinciana a que o autor pertenceu.» A infância de Egas Moniz foi difícil, também propiciadora de partir para estudos num seminário da Beira Interior. Um conjunto de acontecimentos familiares tê-lo-ão despertado para o grande compromisso e inadiável responsabilidade de cada dia. 3. Se habitualmente se sublinha a atribuição honorífica do Nobel da Medicina, tem pertinência cada vez mais actual o conhecer e o apreciar dos valores humanos e sociais que estão por trás de génios como Egas Moniz. Esses valores e princípios ultrapassaram a visão do cientista fechado no seu laboratório. Seja a sua intensa actividade cívica despertada quer nos bancos das escolas em educação quer na vida em sociedade. Que os valores da participação e do sentido de Humanidade brilhem bem alto!

O ar que se respira na Gafanha da Nazaré


O deputado municipal José Alberto Loureiro, do PCP, chama a atenção das autoridades da Saúde por terem surgido algumas queixas da população sobre o ar que se respira na Gafanha da Nazaré, anuncia a Rádio Terra Nova. Refere aquele deputado que foi alertado por vários conterrâneos, garantindo “que há qualquer coisa no ar que leva a que pessoas tenham tosse, irritação na garganta e problemas respiratórios”. O alerta de José Alberto Loureiro é pertinente, tanto mais que a Gafanha da Nazaré tem várias indústrias em laboração, algumas das quais do sector químico. E como as pessoas são a nossa maior riqueza, é de prever que os responsáveis pela nossa Saúde estejam atentos, fazendo, periodicamente, as análises ao ar que respiramos. Mais: proponho que essas análises não fiquem arquivadas nos gabinetes, mas sejam postas à luz do dia, de preferência através da comunicação social. 

 FM

Sabia que...

Os blogues, que hoje são aos milhões pelo mundo, nasceram há poucos anos. Em Portugal entraram em 2003 e logo foram adoptados e seguidos também por milhões de portugueses. O meu Pela Positiva nasceu em Dezembro de 2004. E como é sabido, eles conseguem ser, nos tempos que correm, um grande desafio à nossa forma de comunicar, distinguindo-se alguns por terem mais influência que outros meios de comunicação social.

Halloween

Dia das Bruxas
Comemora-se, no dia 31 de Outubro, o Halloween, festividade que remonta ao povo Celta e tem a ver com rituais pagãos, entre nós, chamado Dia das Bruxas. Amada pelas crianças que vêem, neste dia, um escape para a sua irreverência e desculpa para pregar partidas, o Sweet or treat, confirma este fenómeno, é simultaneamente contestada e repudiada por muitos outros. Alegando que não tem nada a ver com a nossa cultura, contestam uns tantos que estamos a sofrer uma aculturação, em relação aos povos de origem anglo-saxónica, nomeadamente dos EUA, donde foi importada esta celebração. Materializando-se numa série de objectos comercializados profusamente pelo comércio, tem a sua expressão e simbologia máximas na utilização das abóboras. Estas são descarnadas, abre-se-lhes uma tampa em cima e desenha-se uma cara, pela excisão de pequenos pedacinhos que correspondem aos olhos, nariz, boca. Dentro das mesmas é colocada uma vela e aí temos o que nos países de Língua Inglesa chamam, o Jack-o’-Lantern! Esta figura bizarra e fantasmagórica era colocada em locais frequentados, mas pouco visíveis. Este ritual acontecia no Outono, em plena época das colheitas. Reportando-me aos meus tempos de juventude, e porque nasci no século passado, na época áurea dos Beatles, evoco algo que, pela sua similitude, merece a minha referência. Terminada a colheita do milho, que por estas terras das Gafanhas tinha um cultivo muito abundante, procedia-se ao seu acondicionamento: primeiro, fazia-se a desfolhada, aqui para nós designada por desmantadela, seguida da debulha, por debulhadoras mecânicas. Finalmente, depois de permanecer na eira por vários dias, sob os raios do sol escaldante, para ficar completamente seco, era armazenado em celeiros próprios, de grandes proporções, aqui chamados caixas do milho. Quando se viam os campos despidos, o milho recolhido e as abóboras colhidas e arrumadinhas em linha, por cima dos telhados, acontecia esta cena tão habitual, quanto insólita. Os membros mais jovens das famílias dos agricultores, ou semiagricultores, dedicavam-se a esta tarefa invulgar: desventravam as abóboras e construíam cabeças-fantasma, com uma vela dentro. Acabada a operação, punham a tampa na abóbora e iam colocá-la nas encruzilhadas dos caminhos e em sítios esconsos. Remontando às origens primitivas da utilização destas “lanternas”, ressalta aqui um paralelismo entre a tradição anglo-saxónica e estes costumes de terras gafanhenses. Isto foi vivenciado por mim, mas é possível que haja relatos orais mais aprofundados, desta mesma tradição, aqui na nossa terra.
Madona

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Animais das nossas vidas

O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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