domingo, 27 de fevereiro de 2005

Guerra Junqueiro - Antologia

 

REGRESSO AO LAR 

Ai, há quantos anos que eu parti chorando 
Deste meu saudoso, carinhoso lar!...
Foi há vinte? ... há trinta?...
Nem eu sei já quando!... 
Minha velha ama, que me estás fitando, 
Canta-me cantigas para me eu lembrar!... 
Dei a volta ao mundo, dei a volta à Vida ... 
Só achei enganos, decepções, pesar... 
Oh! a ingénua alma tão desiludida!... 
Minha velha ama, com voz dorida, 
Canta-me cantigas de me adormentar!... 
Trago d'amargura o coração desfeito... 
Vê que fundas mágoas no embaciado olhar! 
Nunca eu saíra do meu ninho estreito!...
Minha velha ama que me deste o peito, 
Canta-me cantigas para me embalar!... 
Pôs-me Deus outrora no frouxel do ninho 
Pedrarias d'astros, gemas de luar... 
Tudo me roubaram, vê, pelo caminho!... 
Minha velha ama, sou um pobrezinho...
Canta-me cantigas de fazer chorar! 
Como antigamente, no regaço amado, 
(Venho morto, morto...!) deixa-me deitar! 
Ai, o teu menino como está mudado! 
Minha velha ama, como está mudado! 
Canta-lhe cantigas de dormir, sonhar!... 
Canta-me cantigas, manso, muito manso... 
Tristes, muito tristes, como à noite o mar... 
Canta-me cantigas para ver se alcanço 
Que a minh'alma durma, tenha paz, descanso, 
Quando a Morte, em breve, me vier buscar!...

Vamos ouvir LISZT

Liszt, um compositor que merece ser ouvido 
com mais frequência

Estando em casa, podemos ouvir um clássico da música. Liszt, talvez o maior músico de todos os tempos, como o classificou o seu genro Richard Wagner, foi, de facto, um genial pianista e um expressivo compositor, que muitas vezes compôs para si próprio. Como compositor e intérprete, explorou o piano até à exaustão. Nasceu em 22 de Outubro de 1811, na Hungria, e faleceu em Bayreuth, em 1 de Agosto de 1886, depois de uma vida artística e familiar bastante agitada. 
Deu concertos em todas as grandes cidades da Europa e no fim da vida exilou-se do mundo, tendo recebido ordens menores. O CD a que vou dedicar uma parte do dia de hoje oferece-nos dois concertos para piano e um poema sinfónico. São composições que nos envolvem pelo lirismo, por vezes rapsódico, que se enquadra no romantismo. 
O poema sinfónico revela a mestria de Liszt no domínio da orquestração e uma sensibilidade única.

LEITURAS

Com o frio, apetece ficar por casa. Por isso, vou sugerir algumas leituras. A primeira é, como habitualmente, de Frei Bento Domingues, no PÚBLICO, intitulada “A mulher de Samaria”, e a segunda, no mesmo jornal, é de António Barreto, e tem por título “Querer. Poder. E saber”. Do DIÁRIO DE NOTÍCIAS, sugiro “Nós, os povos europeus”, de Diogo Pires Aurélio.
No DIÁRIO DE AVEIRO pode ler "Amiais, a aldeia que vai entrar nos roteiros turísticos", um artigo de Rui Cunha.

sábado, 26 de fevereiro de 2005

Fórum da Juventude na Gafanha da Nazaré

Centro Cultural da Gafanha da Nazaré 

A Câmara Municipal de Ílhavo inaugurou um Fórum da Juventude no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré. Trata-se de um espaço vocacionado para ocupação de tempos livres, com oferta de várias opções, nomeadamente ludoteca, mediateca e acesso à Internet. 
Este Fórum será, assim se espera, uma mais-valia para todos os jovens que apostam em tempos de lazer sadios.

BLOGAVEIRO dinamiza exposição itinerante

 
Aspecto da exposição

O BlogAveiro, que mora já em http://blogaveiro.blogspot.com, foi apresentado hoje, pelas 11 horas, no átrio de entrada do grande auditório do Centro Cultural e de Congressos de Aveiro. Trata-se de um projecto coordenado por Dinis Pedro Alves, responsável pela aula de Fotojornalismo do ISCIA (Instituto Superior de Ciências da Informação e Administração).
Paralelamente ao lançamento do BlogAveiro, mais vocacionado para a fotografia artística, houve a exposição de diversos trabalhos fotográficos dos alunos do 4º ano daquela disciplina, muitos dos quais denotam uma sensibilidade bastante apurada. Esta mostra, que será enriquecida com muitas outras fotos, vai ser itinerante, apresentando-se, brevemente, no museu Etnográfico da Praia de Mira (5 de Março), em Coimbra (Abril) e em Arouca (Maio). 
Na Casa da Juventude de Aveiro podem ser apreciadas diversas fotografias dos alunos do ISCIA, durante mais uns dias. O BlogAveiro, que não se esgota na fotografia artística, vai ser ponto de encontro das pessoas que gostam de Aveiro e sua região, frisou Dinis Alves, que se apresentou apenas como "agente provocador", junto dos alunos do ISCIA, ajudando-os a ultrapassar barreiras.

LEITURAS

Hoje há muito para ler, porque há tempo e jornais e revistas a desafiarem-nos. O que eu achar melhor, aqui vou sugerindo. Para começar, um conjunto de textos, de António Marujo, publicados no PÚBLICO, sobre a situação clínica do PAPA, e não só. No mesmo jornal, de Helena Matos, "Eng., não nos desengane!" No Diário de Notícias, leia "E agora, José?"

"CONVERSAS" NO CUFC

Padre Alexandre Cruz e Dra. Margarida Cardoso
O BUDISMO aposta na serenidade plena Margarida Cardoso, da União Budista Portuguesa, esteve no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), na quarta-feira, à noite, para falar sobre Budismo. Com uma sala cheia, presidiu à "conversa" o Padre Alexandre Cruz, director daquele centro, que salientou a premência de todas as religiões e filosofias se unirem para a defesa de uma ética universal. Moderou António Martins, docente da Universidade de Aveiro, que sublinhou a importância de conhecermos outras formas de pensar, para convivermos com os outros, sendo mais tolerantes. O primeiro desafio para se perceber o Budismo partiu de um convite, original entre nós, lançado pela palestrante: "Sentados comodamente, mãos sobre os joelhos, olhos fechados; vamos sentir o ar a entrar e a sair pelas narinas; vamos ouvir o barulho da sala... e agora o silêncio; deixemos entrar os pensamentos...". Isto, porque o Budismo é essencialmente uma filosofia de vida, uma prática enriquecida por experiências de meditação, um estado de consciência límpido, luminoso, de compaixão e de sabedoria, frisou Margarida Cardoso. A convidada do CUFC recordou que Buda, meio milénio antes de Cristo, abandonou os prazeres para procurar a iluminação, que só será conseguida através da atenção que prestarmos a "grandes verdades", as quais nos conduzem à libertação interior absoluta. Disse que o sofrimento tem origem no desejo, que a eliminação do desejo leva ao fim do sofrimento, e que, quando atingirmos esta fase, ao longo de uma caminhada de intenções, acções, recolhimento e concentração puros, alcançaremos o nirvana, ausência total da dor, meta perseguida pelos budistas. Questionada sobre o dia-a-dia, entre os ocidentais, da vivência budista, Margarida Cardoso referiu que todos têm "vidas normais, com casa, família e trabalho". Reúnem-se para meditar, para se tornarem "mais conscientes do momento presente", tendo sempre em conta a busca das "boas relações com as pessoas", o interesse por tudo quanto os rodeia, segundo uma ética assente na positiva. "Não basta não roubar; temos de ser generosos", adiantou. "Os budistas ultrapassam com mais facilidade as situações de stresse, porque aprendem a relaxar nos encontros de meditação, também conhecidos por yoga", disse. Sobre a vida para além da morte, Margarida Cardoso afirmou que defendem o renascimento, que definiu como "ciclos de existência sem fim". Referiu que, quando nós morremos, "se é que morremos", o que vai permanecer são "marcas, fluxos de energia e de consciência, que são a nossa continuidade, o nosso renascimento". Não aceitam Deus, nem qualquer ente criador, "porque o grande arquitecto é a mente humana", sublinhou. Mas também não são dogmáticos, até porque há imensos mestres e escolas budistas que têm, como matriz comum, tão-só a procura da perfeição, que conduzirá à iluminação, ao nirvana, que é, afinal, a serenidade plena. Fernando Martins

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2005

Renúncia não entra nos planos de João Paulo II

João Paulo II continua a comunicar por escrito, tendo manifestado a intenção de levar a sua missão, como Papa, até ao fim. O porta-voz do Vaticano revelou que, após a operação, João Paulo II escreveu num bilhete "eu sou sempre Totus tuus(todo teu)", o lema do seu Pontificado, que figura nas armas pontifícias e que remete para a sua devoção a Nossa Senhora. "Que é que me fizeram?", escreveu ainda. Joaquín Navarro-Valls disse que este foi o primeiro gesto do Papa assim que saiu da sala de operações, ainda sob o efeito da anestesia. Enquanto o Papa está doente, a gestão dos assuntos correntes do Vaticano e da Cúria ficam a cargo do Cardeal Angelo Sodano. Vários especialistas em Direito Canónico foram unânimes em afirmar que, mesmo a partir de um hospital, é possível a quem governa a Igreja exprimir a sua vontade, dar ordens e disposições. Para saber mais, clique aqui.

ANTOLOGIA

Cesário Verde Ave Maria Nas nossas ruas, ao anoitecer, Há tal soturnidade, há tal melancolia, Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia Despertam-me um desejo absurdo de sofrer. O céu parece baixo e de neblina, O gás extravasado enjoa-me, perturba; E os edifícios, com as chaminés, e a turba Toldam-se duma cor monótona e londrina. Batem carros de aluguer, ao fundo, Levando à via-férrea os que se vão. Felizes! Ocorrem-me em revista, exposições, países: Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo! Semelham-se a gaiolas, com viveiros, As edificações somente emadeiradas: Como morcegos, ao cair das badaladas, Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros. Voltam os calafates, aos magotes, De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos; Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos, Ou erro pelos cais a que se atracam botes. E evoco, então, as crónicas navais: Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado! Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado! Singram soberbas naus que eu não verei jamais! E o fim da tarde inspira-me; e incomoda! De um couraçado inglês vogam os escaleres; E em terra num tinir de louças e talheres Flamejam, ao jantar alguns hotéis da moda. Num trem de praça arengam dois dentistas; Um trôpego arlequim braceja numas andas; Os querubins do lar flutuam nas varandas; Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas! Vazam-se os arsenais e as oficinas; Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras; E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras, Correndo com firmeza, assomam as varinas. Vêm sacudindo as ancas opulentas! Seus troncos varonis recordam-me pilastras; E algumas, à cabeça, embalam nas canastras Os filhos que depois naufragam nas tormentas. Descalças! Nas descargas de carvão, Desde manhã à noite, a bordo das fragatas; E apinham-se num bairro aonde miam gatas, E o peixe podre gera os focos de infecção! NB: Para recordar Cesário Verde, na celebração dos 150 anos do seu nascimento

O que se espera de José Sócrates?

* Que dê prioridade a reformas estruturais, sempre adiadas; * Que o ministro das Finanças tenha capacidade e determinação para combater, de uma vez por todas, a fuga ao Fisco; * Que o ministro da Economia saiba atrair investimentos para o País; * Que aposte nos melhores políticos e nos melhores técnicos, do PS e independentes; * Que acabe com a burocracia e com o Estado escandalosamente gastador; * Que não siga a política do clientelismo; * Que não substitua gente competente, só porque não pertence ao PS; * Que não adie para amanhã, o que pode fazer hoje. O povo está farto de esperar; * Que não esqueça que a Educação e a Cultura são fundamentais à sobrevivência de uma nação; * Que tenha sempre em conta a luta contra a pobreza e que olhe mesmo para os que passam fome; * Que respeite os princípios que enformam a sociedade portuguesa.

LEITURAS

No EXPRESSO pode ler que Portugal é um país pouco inovador. No mesmo jornal, pode ler um artigo de José António Lima, intitulado Colapso Absoluto.

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