terça-feira, 13 de agosto de 2013

O Marnoto Gafanhão — 3

Texto e foto de Ângelo Ribau Teixeira

Um dia destes será a "Botadela"


O marnoto gafanhão está ao leme da bateira

Um dia destes, quando o tempo o permitir e a marinha estiver pronta, será destinado o dia da “botadela”, normalmente um domingo. O marnoto dará um almoço, que será feito e servido na própria marinha, para o qual convidará os amigos. Para a comezaina e para ajudar na botadela que é um trabalho muito duro!
O tempo continuou propício, os dias foram de calor desde o nascer ao pôr-do-sol. Aproximava-se o dia da botadela. O anúncio foi feito:
 Será no próximo domingo…
A areia, miudinha e amarelada, muito limpa, como convinha, já estava pronta havia uns dias. Tinha sido trazida do Bico do Muranzel, por barco saleiro, e descarregada em três pontos do malhadal (os areeiros) de modo a ficar o mais próximo dos meios, para onde depois seria transportada. 
No sábado anterior à botadela, na casa do marnoto, era uma azáfama com o preparar dos componentes para o almoço da botadela. Eram as panelas, as batatas, as cebolas e o inevitável bacalhau - o almoço era sempre batatas com bacalhau por ser, no dizer do marnoto, o mais fácil de confecionar.
Nunca eram convidadas mulheres ou raparigas para a botadela, ainda hoje estou para saber porquê! O serviço era muito pesado mas, pelo menos, poderiam ser elas a confecionar a refeição…
Chegou o sábado à tardinha e apareceram-nos em casa os convidados:
—  Então amanhã a que horas é?
 Amanhã vamos à missa da manhã, vocês passam pela minha casa para ajudar a levar as panelas. A bateira está ao pé da seca do Egas. É lá que a gente embarca. Quem não estiver a horas, fica em terra… - diz o marnoto.
E assim foi. Tudo como o combinado. O sol estava esplendoroso, nem uma nuvem no céu como convinha num dia de botadela. O pessoal embarcou, sentando-se na borda da bateira. Os moços pegaram nos remos preparando-os para remar. Dois dos convidados mais mexidos quiseram ajudar a remar e sentaram-se nos devidos lugares.


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Dançar e beber um fino

Cristoteca da Missão Jubilar, no DN



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Cristoteca na Costa Nova

No DN



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Festival do Bacalhau

Jardim Oudinot, 14 a 18 de agosto

Jardim Oudinot (Ria, restaurante e Guarita)


Integrado no programa “Mar agosto 2013 – Festas do Município de Ílhavo”,  a Câmara Municipal organiza, entre 14 e 18 de agosto, o Festival do Bacalhau, no Jardim Oudinot, Gafanha da Nazaré. A cerimónia de abertura do festival decorrerá na próxima quarta-feira, 14, pelas 18 horas, no Navio-Museu Santo André.
Neste ano, a  autarquia, organizadora do evento em parceria com a Confraria Gastronómica do Bacalhau e várias Associações do Município, compromete-se a lutar pelo crescimento deste festival, marca inconfundível das atividades de verão do Município de Ílhavo e da Região de Aveiro, num reforço da aposta na promoção da “Capital Portuguesa do Bacalhau”.
O Festival do Bacalhau de 2013 é composto por diversas atividades e espetáculos, como a Mostra Gastronómica das Tasquinhas de Bacalhau, que conta com a gestão de algumas Associações do Município, venda de Padas de Vale de Ílhavo, Mostra e Provas de Vinhos, mostras de artesanato, stande de exposição de empresas, animação para crianças, o “show-cooking”, com a participação dos melhores Chefes de Cozinha Portugueses (patrocinado pela Teka Portugal, empresa do Município de Ílhavo), e os concertos noturnos com Ana Moura, Tony Carreira, José Cid, Clã e Miguel Araújo. São cinco dias repletos de atividades e animação, num local único para a realização deste tipo de atividades. Todos estão convidados.


Fonte: CMI

domingo, 11 de agosto de 2013

Férias em tempos difíceis — 3

Convívios e passeios



O isolamento, à partida, não é saudável. Eu sei que a solidão pode ser procurada e até desejada. Porém, os convívios são fundamentais à vida, porque homens e mulheres são seres sociáveis. Vivem e convivem uns com os outros, preferencialmente apoiados nos princípios do amor, da amizade, da solidariedade e da fraternidade.
O verão transporta sempre, com o seu calor benfazejo, um convite à partilha de sentimentos e emoções, principalmente quando estamos unidos. Para isso, aconselhamos a organização de piquenique e passeios de bicicleta, nas nossas matas e jardins que ostentam condições de higiene e segurança, ambientais e paisagísticas de relevo. No nosso município há muitas ofertas que todos podemos usufruir.

Paróquia da Gafanha da Nazaré

D. Manuel Correia de Bastos Pina 

Bispo-Conde de Coimbra


Na sacristia da igreja matriz da Gafanha da Nazaré está, à vista de quem entra, a fotografia de D. Manuel Correia de Bastos Pina, o Bispo-Conde de Coimbra que em 31 de agosto de 1910 assinou o decreto para a criação da paróquia. Ao tempo, pertencíamos àquela diocese e continuámos a pertencer até à restauração da Diocese de Aveiro, que ocorreu em 11 de dezembro de 1938. É justo, portanto, que se recorde a efeméride da criação da nossa paróquia, homenageando o bispo que deu corpo a um anseio dos nossos antepassados.
D. Manuel Correia de Bastos Pina nasceu a 19 de novembro de 1830, na freguesia de Carregosa, no concelho de Oliveira de Azeméis. Filho de António Correia de Bastos Pina e de Maria Joaquina da Silva, abastados proprietários rurais, foi batizado a 24 do mesmo mês. O pai chegou a desempenhar o cargo de presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis.
A sua família contava vários padres, entre os quais dois irmãos. Depois das primeiras letras, veio para Ílhavo, onde recebeu lições do Dr. José António Pereira Bilhano (viria a ser Arcebispo de Évora) que o preparou nas matérias de retórica e língua francesa. 

sábado, 10 de agosto de 2013

Ideologia colada a cuspo

"O que é que significa dizer que a política é má? No caso actual, é uma combinação de ideologia colada a cuspo; incompetência e ignorância; ideias superfíciais atiradas de forma experimental; indiferença perante o sofrimento alheio; hostilidade à maioria dos portugueses que são pecaminosos do lado do "estado", dos subsídios, do "viver acima das suas posses"; más pessoas e mal escolhidas; falta de ética; propensão para a manipulação e a mentira; muitos aprendizes de feiticeiro e muitos sapateiros a ultrapassarem a sua sandália. Tudo junto, explica tudo."

Li aqui


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Todos somos animais políticos


Anselmo Borges


O partido da cadeira vazia


«Tenho escrito aqui permanentemente que considero a actividade política - também no sentido mais estrito da governação - uma actividade nobre, das mais nobres. Quando isso acontece no quadro do trabalho para o bem comum, antepondo o interesse comum aos interesses próprios e dos partidos.
Mas, quando observo a corrida vertiginosa e tão interessada de tantos a candidatos para cargos políticos em disputa, tenho de confessar, sinceramente, que não acredito que a maior parte o faça generosamente, por amor à causa pública, ao serviço do bem comum. Que interesses, que vantagens, que compadrios, que cumplicidades, que privilégios, que benesses, que vaidades os movem?»

Anselmo Borges

HAVANESA muda de rumo

Uma novidade na Figueira da Foz



Desde que me habituei a passar uns dias na Figueira da Foz, já lá vão 13 anos, a visita à Livraria Havanesa era obrigatória. Os livros sempre me atraíram e ali encontrava uma gerente e funcionárias acolhedoras, sobretudo a primeira, que sabia sugerir leituras interessantes e até importantes, tanto da literatura como sobre a Figueira da Foz. Pude confirmar que por ali passava a elite intelectual da terra e não só. Os visitantes, de passagem ou de férias, conversavam com ela de vivências de anos passados e notava-se, com facilidade, uma natural cumplicidade cultural. Eu não passava de mero observador e na Havanesa identifiquei personalidades da vida literária e não só.

Já não ia à Figueira há uns tempos e das últimas vezes, por dificuldades de locomoção, que as pernas não gostam muito de subidas e descidas, não passei pela Havanesa, pelo que ontem fiquei surpreendido. A Havanesa tinha mudado de gerência e deixou de ser aquele ponto de encontro de amigos de livros, que se encostavam ao balcão para uma troca de impressões sobre a Figueira e literaturas. A surpresa, contudo, foi agradável. Se a venda de livros se democratizou, se as livrarias clássicas perderam na competição comercial com as grandes superfícies e com os grandes grupos económicos que tudo dominam com as suas campanhas de promoções desenfreadas, então os responsáveis pela Havanesa deram um salto qualificativo, transformando-a em restaurante, café e bar, mantendo livros como aperitivos. Ontem estava na hora de regresso à Gafanha da Nazaré, mas prometo voltar, para comprar livros, meu prazer de há muito, mas ainda para saborear uns petiscos, de que sou um apreciador certo, mas comedido.

Oração da Paz

S. Francisco de Assis é sempre inspirador

Senhor! Fazei de mim um instrumento da vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive para a vida eterna.

Da Liturgia das Horas de hoje

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Lita e Fernando - 48 anos de casados



Celebramos hoje, 7 de agosto, o nosso casamento. Foi há 48 anos, na igreja matriz do Bunheiro, Murtosa, em cerimónia presidida pelo nosso comum amigo padre Manuel Ribau Lopes Lé, de saudosa memória, estando presentes muitos familiares e algumas pessoas que nos eram mais próximas.
Ao recordar esta saborosa efeméride, que preservamos como riqueza que nos alimenta dia a dia, retrocedemos no tempo para tornar mais presente momentos inesquecíveis, como os nascimentos dos filhos (Fernando, Pedro, Paulo e Aida) e dos netos (Filipa, Ricardo e Dinis), afinal, os que perpetuam, com o nosso espírito e o nosso ADN, a nossa presença no mundo.
Muitos dos que estiveram connosco naquela hora, em que nos aceitámos para toda a vida, já nos deixaram, mas as suas boas lembranças, os seus exemplos de vida, os seus testemunhos de fé e de perseverança, esses estão inculcados na nossa alma. Recordamo-los com muita saudade e imensa gratidão.
E porque a vida continua, com projetos, sonhos e anseios, vamos ficar atentos aos que nos rodeiam, familiares e amigos, apostando em convivências fraternas, partilhas solidárias e amizades duradoiras, na convicção de que o mundo, apesar de tudo, vai ser melhor para todos.

Coisas interessantes

"Perder tempo em aprender coisas que não interessam, priva-nos de descobrir coisas interessantes."

Carlos Drummond de Andrade (1902 // 1987)




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terça-feira, 6 de agosto de 2013

O MARNOTO GAFANHÃO — 2


Texto de Ângelo Ribau Teixeira

A época da marinha 
começava por alturas da Páscoa


A época da marinha começava normalmente por alturas da Páscoa.
Era pelo abrir da bomba de tubo que tudo começava. Ia-se escoando a água da marinha, ao mesmo tempo que se ia apanhando algum moliço que existisse, começando pelos algibés, a parte mais alta e que primeiro secava. Depois reforçavam-se as barachas com a lama existente junto das mesmas, que era anafada enquanto se encontrava ainda mole, para facilitar o serviço. Este era repetido à medida que as diversas partes da marinha iam ficando secas:


— Algibés;
— Caldeiros;
— Talhos;
— Sobrecabeceiras;
— Cabeceiras;
— Marinha Nova (parte de cima);
— Marinha Nova (parte de baixo);
— Marinha Velha (parte de cima) e
— Marinha Velha (parte de baixo).

Todas as lamas eram arrastadas andaina a andaina (parte de cima + parte de baixo) até serem depositadas no intervalo, onde eram deixadas a endurecer. Endurecida, era baldeada à pá para a malhada, onde ficava a secar. Seca, era novamente baldeada agora para o malhadal para aumentar a sua altura e evitar que as marés vivas entrassem nas marinhas, servindo também para aumentar a altura das eiras do sal e protegendo-o das águas das marés vivas. 
A baldeação das lamas para o malhadal era normalmente feita quando havia chuva que não permitisse o trabalho na marinha. Assim, quando nós víamos tempo de chuva, logo pensávamos: “Hoje vou dormir um bocado na tarimba”. Puro engano. Logo vinha a ordem para os moços: “Não está tempo de trabalhar na marinha. Peguem nas pás e vão baldear mais um bocado de malhada até o tempo estiar…” 
Quando a lama era muita — o Inverno tinha sido muito pesado — e não era possível arrastá-la até ao intervalo, por as almajarras (pás com cerca de dois metros de largura, que tinham de ser manejadas pelo menos por dois homens) se tornarem muito pesadas, esta era deixada a secar nas partes de cima da marinha. Depois de seca era tirada, em canastras, para o malhadal.
Se os marnotos tinham posses, era falado a pessoal extra que vinha ajudar a transportar essas lamas. 
Depois de tiradas as lamas, a marinha estava “limpa” e iniciava-se o tratamento das praias das partes de baixo, que eram secas até que ficassem duras, tarefa que levava o seu tempo, dependendo do vento, da temperatura e do sol que fizesse.
Com a praia com a dureza necessária (e isso dependia do marnoto, um verdadeiro técnico), era pisada com um círcio (objeto feito de um toro de pinheiro, com uns quarenta centímetros de diâmetro e cerca de um metro de comprimento, pesado e que tinha de cada lado um eixo, onde se aplicavam as “maueiras” que serviam para o puxar e empurrar) que ia e vinha do tabuleiro do meio até ao tabuleiro do sal em movimento contínuo.
Era meio-dia a passear para baixo e para cima, até que todos os meios estivessem circiados. Só as partes de baixo, onde iria ser colhido o sal, levavam este tratamento, dado com a praia quente, para evitar que a lama se colasse ao círcio. A praia tinha de ficar lisa e nivelada para que a moira ficasse com a mesma altura em todos os lados do “meio”, o que aumentava a produção de sal.
Para que cada meio ficasse devidamente nivelado, era “arriada” (passada) a água que se encontrava nas partes de cima para as partes de baixo. Essa água servia de nível. 
Onde se encontrasse um cabeço era rapado com um rasoilo (rasoila pequena com cerca de vinte centímetros) e essa lama era retirada para o malhadal. Era um serviço moroso e de paciência, para que ficasse bem feito. E sempre vigiado pelo marnoto…!
Findo este serviço a água, que tinha estado nas partes de baixo e foi apurando o grau de salinidade era aproveitada, sendo ugalhada (atirada com um ugalho) para a parte de cima, onde continuava a apurar.
Nas partes de baixo continuava o serviço de preparação do terreno dos meios. Seriam essas superfícies onde se colheria o sal, pelo que teriam de estar bem niveladas e limpas.

Continua...


segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Violência doméstica




A vida decorria, sem sobressaltos, ali, na Quinta do Briol. O “sultão” AlGalarós dominava, na hierarquia dos sete galináceos, arrastando a asa e controlando as suas (apenas!) seis concubinas.
Era um regalo olhar para o espaço ensolarado e contemplar o macho imponente no seu traje vistoso de penas listradas de cetim branco e cinzento, cacarejar em chamamento das companheiras dispersas pelo pinhal. Estas acorriam, ao apelo cantante do “senhor” que encontrara algum verme e queria partilhá-lo com as fêmeas. Tê-las sempre debaixo de olho e sob controlo apertado, era o grande objetivo do galo apavonado!
Cumpria-se a velha e já ultrapassada (!) filosofia, “Onde há galos, não cantam galinhas” e tudo corria ao som da trombeta, isto é, da voz do chefe.


Dori(n)da
No entanto, a tradição já não é o que era e a velha filosofia começou a ruir, pois Camões sempre disse: “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades!” As galinhas, sempre atentas à evolução dos tempos, referida pelo grande vate, começaram a sublevar-se e oferecer resistência às investidas do “sultão”.
- Abaixo a ditadura! Fora a tirania! Derrubemos a prepotência! Seriam estas as ideias revolucionárias, em embrião, talvez do tamanho dum grão de milho, que começavam a ganhar forma, no cérebro minúsculo da meia dúzia de galinhas.
Estas e outras maquinações iam progredindo, na surdina, sem que a dona se apercebesse dos conflitos existentes ali, ao lado de casa.

Cristoteca na Costa Nova

Música ao vivo no próximo fim de semana



Entre a ria e o mar, na Costa Nova, a diocese de Aveiro organiza este fim de semana, entre as 18h do dia 10 e as 06h do dia 11 de agosto, uma Cristoteca, um espaço de animação e diversão e também de evangelização que terá a presença do grupo “One Time”, do “Rebelde Karaoke” e ainda dos djs H20, Peixinho e Electonic Grooves.

domingo, 4 de agosto de 2013

Os gafanhões vistos por outros — 6



«são denominados gafanhões os habitantes da Gafanha. O seu tipo fisionómico denuncia feição árabe. Os homens são robustos e de boas formas e as mulheres de mediana estatura, mas cheias e vigorosas. São de caráter expansivo e índole benévola. É raridade o casamento de um gafanhão, homem ou mulher, fora da colónia, que talvez por isso conserva imutável a sua feição primitiva.»


Em artigo de Rocha Madail, 
citado no livro “Gafanha da Nazaré — Escola e comunidade numa sociedade em mudança”, 
de Jorge Arroteia e outros

sábado, 3 de agosto de 2013

Igreja demasiado débil

No DN de hoje

Papa Francisco: uma revolução tranquila



«Aos eclesiásticos: "Fazem falta bispos que amem a pobreza e não tenham psicologia de príncipes." "Devem ser pastores, próximos das pessoas, pais, irmãos, pacientes e misericordiosos." "Reina a cultura da exclusão e do descartável." Que tenham a coragem de ir contra dois dogmas da sociedade atual, "eficiência e pragmatismo", e "sair ao encontro das periferias, que têm sede de Deus e não têm quem lho anuncie". Devem ir à procura dos "afastados, que são os convidados vip".

Aos políticos: condenou a corrupção e pediu-lhes que sejam humanos, que tenham "sentido ético" e pratiquem o "diálogo, diálogo, diálogo". É preciso "reabilitar a política", que deve estar ao serviço do bem comum, que "evite o elitismo e erradique a pobreza".

Porque é que tantos têm abandonado a Igreja, incluindo "aqueles que parece viverem já sem Deus?" A Igreja "mostrou-se demasiado débil, demasiado afastada das necessidades deles, demasiado fria, demasiado auto-referencial, prisioneira da sua própria linguagem rígida". Talvez tenha tido "respostas para a infância do homem, mas não para a sua idade adulta".»

Anselmo Borges

Multidões de mãos vazias

O valor dos bens e o sentido da vida




«Outrora como agora, a avareza tende a apoderar-se do coração humano que fica sem espaço para mais nada nem ninguém; a fazer-se centro de preocupações absorventes e de atitudes invejosas; a transformar os bens no deus da vida a quem se sacrifica tudo: amizades, família, profissão, honestidade e integridade, futuro que se reduz ao presente fugaz, consciência que se cala perante a conveniência. A erguer celeiros de prosperidade para alguns e a deixar multidões “de mãos vazias”.»

Georgino Rocha


sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Curtir umas boas férias


Corroborando tudo o que o autor deste blog tem afirmado, (com uma pontinha de orgulho bairrista) sobre as belezas naturais da nossa boa zona balnear, hoje, constatei isso mesmo, na minha inauguração do período de férias. Foi, ali, na Barra, com o seu imponente farol, num tempo espetacular, em que as águas mal reputadas do nosso Oceano Atlântico, nada ficaram a dever às águas tépidas do Mar Adriático, na costa banhada por ele.
Foi o 1.º dia de Agosto, que começou lindamente, com uma praia a convidar a uns bons mergulhos e a uma fruição intensa das suas potencialidades.
A nossa zona é, de facto muito atrativa e oferece imensas formas de relaxar e curtir umas boas férias.

Férias em tempos difíceis — 2

Leituras




Se as deslocações são caras, se férias fora de casa se tornam incomportáveis para desempregados e profissionais de escassos rendimentos, podemos servir-nos do que temos à mão, relendo, por exemplo, algum livro, porventura capaz de nos guiar em viagens de sonho. As releituras oferecem-nos, à partida, momentos de gozo indiscutíveis. Garantimos isto por experiência própria. Contudo, se houver possibilidades de adquirir ao menos um livro, sugerimos um recente do padre e poeta José Tolentino Mendonça, “Nenhum Caminho será Longo”, uma obra que nos leva a refletir sobre a amizade. Diz o autor que «Gostaria muito que este livro nos colocasse a pensar sobre o significado e a pertinência da amizade nos vários âmbitos: vida pessoal, contextos comunitários e crentes, sociabilidades…A amizade é uma experiência universal e representa, para cada pessoa, um percurso inapagável de humanização e de esperança».
Ainda podemos recorrer às bibliotecas públicas, onde é possível requisitar obras para leitura domiciliária, ou ler jornais e revistas. Também podemos ver filmes, ouvir DVD e CD, bem como consultar enciclopédias.
Boas férias para todos.

Sonhos


"É possível desistir de um sonho, 
apenas por outro sonho ainda maior!" 
Fabio Leto

Batismo no Ferry-Boat

Passagem do Forte da Barra para S. Jacinto 



Fomos fazer o nosso batismo no Ferry-Boat. Apesar de este meio de transporte ligar o Forte da Barra a S. Jacinto há bastante tempo, só agora ousámos fazer a travessia, levando connosco o nosso carrinho. A Lita não se entusiasmou com a ideia, convencida que estava de que a passagem seria complicada, quando afinal é coisa fácil e rápida. 
A entrada no Ferry foi muito acessível, tal como a saída, e a viagem foi serena, que ondulação não havia na Ria. Pudemos assim olhar do meio da laguna o casaria circundante, próximo e mais distante, apreciar o Porto de Aveiro de um ângulo pouco comum e sentir a maresia a invadir-nos todos os poros. 
O preço, com o carro, não é lá muito acessível, mas aceita-se para quem deseja chegar depressa ao outro lado. Foram 10 euros. Mas para os moradores, se precisarem de utilizar o Ferry com regularidade, os custos tornar-se-ão pesados, a não ser que haja tarifas especiais para eles. 
Foi, no fundo, uma experiência agradável, que será repetida quando me der vontade de circular pela marginal que nos liga de S. Jacinto a Ovar, saboreando uma paisagem rara, com um espelho de água a merecer mais dinâmica turística. 
Do outro lado da Ria, pudemos visitar S. Jacinto, onde trabalhei uns tempos, e a Torreira, a praia da meninice e juventude da Lita. Mas disso falarei um dia destes.
Os funcionários apresentaram-se sorridentes, cuidadosos e delicados. Orientavam a entrada e a saída dos carros e garantiam a segurança. O tempo, sem sol a aquecer-nos, não se apresentava frio, mas a luminosidade não era muita. Foi pena.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Museu Marítimo em festa



De 8 a 10 de agosto, o Museu Marítimo de Ílhavo vai celebrar  76 anos ao serviço da cultura, abarcando um significativo conjunto de áreas relacionadas com o Mar e a Ria. No dia 8, os visitantes poderão contar com visitas guiadas e,  na mesma data, pelas 21.30 horas, vai ter lugar a sessão solene comemorativa do aniversário, de que destacamos  a inauguração das exposições “Cápsula do Tempo – Memória da Grande Pesca” e “New Found Land - Fotografia de Luís Monteiro”, a abertura da Sala de Pintura do Museu Marítimo de Ílhavo, a apresentação da Revista do Museu Marítimo de Ílhavo “ARGOS” e, ainda,  a assinatura do protocolo entre a Câmara Municipal de Ílhavo e a TEAM – Truques e Engenhocas Associação de Modelismo.

Ver Programa aqui

Os Arcos



Os Arcos, onde há muitos anos íamos engraxar os sapatos, por mãos hábeis no manejo das escovas e do pano que dava mais brilho e  que até estalava nas mãos dos artistas,  eram a sala de visitas de Aveiro, onde se conversava de tudo e mais alguma coisa. ~
A Casa dos Jornais, do senhor Duarte Augusto Duarte, era também outro ponto de encontro da gente que gostava de ler jornais e revistas. Eu era um dos visitantes. À sexta-feira e aos sábados, à tardinha, lá esperava o "Diário de Lisboa", um vespertino que rivalizava com o "Diário Popular". O primeiro das oposições ao Governo e o segundo conotado com o regime. 
Vezes sem conta presenciei o escritor, médico e político Mário Sacramento, que também aguardava a chegada do jornal, que o Manuel, filho do senhor Duarte, tinha ido levantar à estação da CP. Mário Sacramento era crítico literário do "Diário de Lisboa", tanto quanto me lembro.
Um dia destes passei pela antiga Casa dos Jornais, que permanece no mesmo sítio e, olhando, vi as janelas que convidam a entrar debaixo dos Arcos... Aqui ficam como convite às boas recordações.

Raivas

Para pensar um bocadinho... «Quanta raiva»




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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Elogio do tempo livre


Claude Monet


O caráter lúdico da existência, a festa, o divertimento, mais ou menos organizado, tomou formas distintas ao longo da história e nas diversas culturas. Aí plasmava-se o Homo ludens, e manifestava-se a impossibilidade de definir o homem a partir da caracterização unidimensional do Homo faber. A gratuidade do lúdico mostra uma dimensão existencial que não podemos negligenciar, abre uma clareira no utilitarismo habitual com que se pensa o tempo (time is money) e, em consequência, o homem. (...) Pensar o que se faz do tempo é refletir como se define o homem.

Não somos máquinas

Férias úteis para todos, uma utopia?

Costa Nova (Ria)

«As férias são um direito e também um dever. Não somos máquinas. O desgaste dá-se em todos, a mudança traz oportunidades, descansar é um preceito divino que permite dominar muitas coisas, não apenas a obra criada, mas até forças desviantes que brotam dentro de nós próprios.»


 António Marcelino

terça-feira, 30 de julho de 2013

Artesanato no Rossio


A FARAV está a decorrer no Rossio, em Aveiro, até 4 de Agosto. Há um pouco de tudo relacionado com o artesanato regional e não só. Os meus olhos fixaram-se num artesão, Adelino Nunes Aires, que lá estava, concentrado, de formão e martelo, a desbastar um pedaço de madeira, rumo a mais um barco em miniatura. Trabalhava com desenvoltura e segurança. De vez em quando, com um lápis, traçava riscos para se orientar no corte. 
A barraca dos seus artigos expostos mostrava que era um artista. Um artesão é sempre um artista, conotado com a pureza de quem não tem escola. A arte brota-lhe espontaneamente. 
Adelino Aires nem sequer era carpinteiro, pois a sua profissão estava mais ligada à metalurgia. Mas um dia aconteceu e hoje trabalha sem parar e sem se cansar. Porque gosta do que faz. E até já foi entrevistado na televisão.
Um diploma, encaixilhado, mostra os agradecimentos da Fundação Gil Eanes pela sua participação na Exposição Arte Náutica. 
Tem trabalhos com muitas horas de trabalho. Uma caravela registou 6400 horas de labuta. E a peça mais cara está avaliada em 4500 euros.

O MARNOTO GAFANHÃO — 1

Um livro inédito de Ângelo Ribau
Ângelo Ribau



Na Primavera/Verão

“Pois é meu menino... Reprovaste no exame de admissão ao liceu, agora vais saber como elas te mordem. Vais aprender à tua custa, a comer o pão que o diabo amassou!”  Diz-lhe o pai.
O Toino nem sabia o que dizer. Ele que na quarta classe fora dos melhores alunos… Só ele e outro foram, no exame, aprovados com distinção, e agora, passado um ano (esteve um ano sem fazer a admissão ao liceu a conselho do professor, por ser muito novo), chumbou!
A ordem em casa era: chumbou, o estudo acabou…
Foi o que aconteceu ao Toino. Agora, com o pai marnoto, já sabia o que o esperava: marinha. E nós, os filhos da casa sabíamos muito bem o que era o trabalho nas marinhas de sal pois durante as férias grandes, sempre éramos “convidados” a ir dar uma ajuda…
Os que ficavam em casa a ajudar a mãe, que agricultava as suas terras, também tinham os seus trabalhos. Ainda agora o Toino se recorda que não eram autorizados a ir nadar no esteiro pequeno, sem primeiro desmantarem dois cabazes de espigas de milho…
Na marinha, o trabalho de rêr (juntar o sal dos meios para o tabuleiro), de encher as canastras, de as transportar para o monte no malhadal (que ficava num sítio alto, para que as águas da ria não o atingissem), sempre a correr, era muito pesado até para um homem. Para nós, malta nova, era um suplício! E as férias eram grandes…


"O Aveiro"



José Rabumba, "O Aveiro", nasceu em 22 de fevereiro de 1866, na Rua das Barcas, que hoje tem o seu nome como patrono. A este herói se ficaram a dever vidas de muitas pessoas, salvas em tragédias marítimas, como se lê no "Calendário Histórico de Aveiro", de António Christo e João Gonçalves Gaspar.
Passei hoje pelo monumento, que está limpo e florida no sopé. Um casal jovem, francês, deu a volta ao monumento, numa postura de quem procura qualquer legenda explicativa. E rodou sem ficar esclarecido, conforme pude confirmar. Fiz como o casal e não vislumbrei qualquer nota. Porventura estaria escondida não sei onde, arrancada ou vandalizada. Nada. E é pena. Porque, afinal, José Rabumba, "O Aveiro", foi homenageado, em 1969, por iniciativa do Rotary Club de Aveiro, merecidamente. Julgo que é oportuno assinalar, mesmo com legenda simples e breve, este heróico aveirense.
A nota da autarquia diz que há, de facto, uma legenda, mas não a vi... Terei de voltar com mais calma.

"Ria a Gosto"


7.º Festival de Marisco da Costa Nova




​Numa organização conjunta entre a Câmara Municipal de Ílhavo e o Illiabum Clube, decorrerá entre os dias 1 e 4 de agosto no Relvado da Costa Nova mais uma edição do “Ria a Gosto” – 7.º Festival de Marisco da Costa Nova.
Integrado no programa do “Mar agosto 2013 – Festas do Município de Ílhavo”, o Festival de Marisco tem como principal objetivo divulgar o marisco e todos os produtos da Ria, numa aposta de promoção dos produtos “Ria de Aveiro” e de dinamização da economia local, tendo o Relvado da Costa Nova como palco e os típicos Palheiros como cenário.
Assim, o Festival abrirá ao público no próximo dia 1 de agosto pelas 20h00 e encerrará no Domingo dia 4, após o serviço de almoço.

Fonte: CMI



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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Papa Francisco

Reflexão de Bento Domingues
no PÚBLICO de ontem




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Irmão

"A cultura da solidariedade é ver no outro não um concorrente ou um número, mas um irmão"

Papa Francisco

Nota: Será fácil? Será difícil? Depende das circunstâncias... penso eu. Mas será necessário fazer um esforço.... lá isso será! Vamos então tentar!

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domingo, 28 de julho de 2013

Camarinhas






CURIOSIDADE

Ontem, dia de compras na cidade vizinha, deparei com algo que já não via, há séculos! Numa grande cesta, à entrada do mercado, deliciei-me na contemplação de pequenas bagas entre o transparente, o rosa claro e o rosa mais forte. Parecia um saco de pérolas, em vários cambiantes, apetitosas à vista e ao paladar.
Camarinha ou camarinheira (Corema album ou Corema album ssp. azoricum) é uma planta da família das Ericáceas, embora apareça associada à família das Empetráceas. As flores surgem de março a junho, masculinas e femininas em plantas separadas, mas são tão pequenas que passam quase despercebidas, sendo a sua polinização assegurada pelo vento. A ramagem liberta uma intensa e doce fragrância a mel dos deuses! Os frutos surgem em pleno julho, agosto e setembro, pequenas drupas brancas, semelhantes a pérolas, comestíveis, constituindo um apetitoso festim para animais silvestres e para humanos atentos e sensíveis à beleza natural. Noutros tempos, eram vendidos por mulheres, em diversas zonas balneares do país, em cartuchos de papel, às medidas, tal como hoje.

Políticos não sacrificam interesses

Garante António Barreto





"Os partidos políticos portugueses «exigiram à população enormes sacrifícios», mas, chamados a negociar, «foram incapazes de fazerem, eles próprios, o sacrifício dos seus interesses», analisa o sociólogo António Barreto."


Li aqui

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Gafanhões vistos por outros — 5

Quando passei na Gafanha


«Quando passei na Gafanha [1922], vi as cachopas da beira-rio, todas molhadas, sempre metidas na água a rapar o moliço. Feias e ingénuas. A uma calculei-lhe: – Tem para aí treze ou catorze anos. – Tenho vinte e um, e três filhos, respondeu. – Outra tinha ficado a olhar para mim com olhos inocentes de bicho e as mãos postas sobre os seios redondinhos – sobre aquilo, como diz a Ti Ana, que o Senhor lhe deu e ela precisa…
A ti Ana Arneira, com cuja amizade me honro, é um dos meus melhores conhecimentos da Gafanha. Mulher capazona, como por lá se diz. Acompanha-me pelo areal, e conta-me logo à primeira a sua vida. Tipo atarracado e forte, de grossos quadris, vestida de escuro, chapéu na cabeça e aguilhada em punho. O homem foi para o Brasil há muitos anos (— É o rei dos homes!... —), ficou ela e os filhos por criar. Criou-os todos. Netos, doenças, lutos. Nunca desanimou. A força que a sustenta é admirável, profunda e radicada, como a de quase todas as mulheres do povo que conheço. Deitou-se à vida — lavrou campos. Vieram mais aflições e outras mortes.
— Então de que lhe morreram os filhos?
— Sei lá, a morte não se quer culpada. Era preciso sustentar a família. Pegou nos bois e no carrinho e começou a transportar sal da Gafanha para Mira. Fez mais: antigamente no Arião também havia companhas, e quando faltava um pescador a ti Ana agarrava-se ao remo como um homem e ia ao mar no barco. — Nem do diabo tenho medo. Só tenho medo aos cães loucos. 
— A extensa planície que atravessa, duas, três vezes por dia, é um deserto. A Ti Ana vai e vem de noite, sozinha, com os bois que lhe fazem companhia. Agora tem um campo, barcos para o moliço, novos netos para criar — e olha cara a cara o destino sem esmorecer. A sua vida é uma grande lição de energia.»

Raul Brandão, 

in “Os Pescadores”




sábado, 27 de julho de 2013

Jovens e Idosos excluídos

Denuncia papa Francisco:


Culto ao «deus dinheiro» 
está a excluir jovens e idosos 

O papa afirmou esta quinta-feira no Rio de Janeiro que o «culto» ao «deus dinheiro» está a excluir «os dois polos da vida que são as promessas dos povos»: os mais velhos e os mais novos.
Os idosos são vítimas de uma «espécie de eutanásia escondida», porque não são devidamente acompanhados, e também de uma «eutanásia cultural», porque são impedidos de «falar» e «atuar», disse Francisco num encontro com compatriotas argentinos.


Férias em tempos difíceis — 1



Para muitos portugueses, não faz sentido falar de férias. As situações económicas e sociais provocadas pela conjuntura, patente aos olhos de todos, no mundo em geral e  no  nosso pais em particular, quase nos proíbem de falar do que possa implicar despesas, para além das estritamente indispensáveis. Contudo, atrevemo-nos a avançar com algumas propostas para momentos de ócio e de descanso forçado ou permitido pelo emprego e pela vida académica.
Como tristezas não pagam dívidas nem nos livram de aflições, desgostos, problemas e preocupações, nem nos trazem de volta o emprego perdido, então precisamos de olhar em frente, com coragem e determinação, mas ainda com esperança, pois temos como certo que depois da tempestade vem a bonança.
Se é verdade que devemos e podemos divertir-nos, dentro do razoável e possível, propomos que o façamos aproveitando o que temos à nossa volta, que muito é, começando, naturalmente, por dar mais atenção aos que nos são próximos, familiares e amigos doentes, isolados e, quem sabe?, esquecidos. Uns dias de férias para eles seria ouro sobre azul.

Fernando Martins


O saber para agir e viver

Os três estádios da existência 
e o combate da fé

Sören Kierkegaard


«A fé e o amor são levados ao paroxismo. Luterano, foi crítico ácido da Igreja oficial dinamarquesa: "Na sumptuosa catedral, eis que aparece o Reverendíssimo e Venerabilíssimo pregador da Corte, o eleito do grande mundo, e aparece perante um círculo de uma elite e prega com emoção sobre este texto que ele mesmo escolheu: "Deus escolheu o que é humilde e desprezado no mundo" - e ninguém se põe a rir." Mas, já à beira da morte, foi-lhe perguntado se acreditava em Jesus Cristo. E ele (cito de cor): "Sim. Em quem haveria de acreditar nesta hora?"»

Anselmo Borges

Rosto de Deus no coração humano


PAIZINHO QUERIDO



A resposta de Jesus abre novas dimensões ao pedido que o seu discípulo lhe faz para ensinar o grupo a rezar. São dimensões familiares que manifestam o ser de Deus na sua relação connosco, que o fazem presente nas entranhas filiais de cada humano, que o definem e tornam reconhecido como a fonte de vida comum que gera “um nós” inconfundível e original. Constituem, por isso, a verdade que nos identifica e consolida na existência e a realidade performativa que nos impele a viver cada vez mais de acordo com a matriz do nosso ser humano.
O pedido do discípulo surge após a oração de Jesus. Que haveria de especial neste gesto de Jesus para ele se sentir tão desejoso e impressionado? É certo que os mestres ensinavam os discípulos a rezar, transmitindo-lhes o resumo da mensagem que pretendiam difundir. Jesus praticava a oração com normalidade no decorrer do dia e das festas, sozinho e em família, com o grupo de acompanhantes, em lugares silenciosos, nos espaços públicos, na sinagoga, no templo. O grupo sabia-o e podia testemunhá-lo.
A novidade está, sem dúvida, na relação filial que manifesta ao dirigir-se a Deus como Abba, Papá querido, e consequentemente em “reconfigurar” o rosto de Deus no coração humano, em condensar o seu projecto de salvação em preces e atitudes vividas por ele e transmitidas aos discípulos, seus fiéis seguidores.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Dia Mundial dos Avós

26.07.2013


“Os brinquedos mais simples, 
que até bebés sabem operar, 
chamam-se avós.”

Sam Levenson


No “Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações", a palavra avós ganha uma nova dimensão no contexto social do nosso país.
Nos tempos atribulados que correm, os avós são uma mais valia, no banco de recursos humanos de uma qualquer família, em que haja crianças a seu cargo. Os avós são aquelas criaturas disponíveis, cheias de amor para dar, sem regatear e que estão sempre ali, para qualquer solicitação da família.
Não tive o privilégio de conhecer os avôs, pois partiram antes da minha aparição na terra e o tempo de convívio, com as avós, foi demasiado curto para quem tinha tanto a ganhar com esse contacto.
Quis o destino que tivesse, em contrapartida, um tempo dilatado de fruição da companhia dos avós, da minha prole.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Igreja fala muito de si...


Uma página eloquente  para ler e meditar



«O cardeal Ratzinger, futuro Papa, disse, no II Sínodo da Europa (1999), que “a Igreja fala muito de si e pouco de Jesus Cristo”. Os acontecimentos recentes recomendam um sério exame de consciência neste aspeto, tendo em conta o que se diz, se escreve, se faz e promete. Também a isso nos obriga o testemunho do Papa Francisco, que se debate numa Igreja que se fez centro, olha muito para si, mas continua poluída por excrescências históricas que ensombram a verdade de um só Senhor, o Senhor Jesus.»

António Marcelino

Mar Agosto 2013

Destaque para o Festival do Bacalhau



«Reforçando a aposta na divulgação do Município de Ílhavo, a Câmara Municipal de Ílhavo (CMI) realiza entre os dias 1 e 31 de agosto mais uma edição do “Mar Agosto – Festas do Município de Ílhavo”, com um programa cheio de atividades e em parceria com várias Associações, apostando uma vez mais na promoção turística do Município bem como na dinamização da actividade económica local, assumindo o desenvolvimento económico e a criação de emprego como objetivos centrais para os quais a CMI entrega o seu empenhado contributo.
A CMI dá as boas vindas a todos os Munícipes, muito em especial aos Emigrantes, e a todos quantos nos visitam com um leque de ofertas muito variadas, tendo como elemento central as Gentes, a Cultura e História do Município cuja proximidade à Ria e ao Mar constituem o principal elemento diferenciador.
O programa do “Mar Agosto 2013” inicia-se com o “Festival Ria a Gosto – 7.º Festival de Marisco da Costa Nova” e com a “V – Semana Náutica do Município de Ílhavo”, investimentos de promoção das potencialidades gastronómicas e das atividades náuticas na Ria de Aveiro.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Alfaiate e Modista

Dia Mundial do alfaiate e da modista: 23 de julho


Longe vão os tempos em que o alfaiate e a modista/costureia eram figuras de proa, numa sociedade semi-rural semi-piscatória.
Sendo do sexo feminino, detenho-me mais na figura da costureira, pois era essa figura que se deslocava às casas de família, para confecionar, por medida, as peças de vestuário usuais naquele tempo. Fazia-se acompanhar do seu instrumento de trabalho, a máquina de costura, preferencialmente da marca Singer de que existe um exemplar, deixado em herança pelo Zé da Rosa. Nas famílias, com várias raparigas, era frequente uma ser encaminhada para a arte da costura. Era, à altura, uma profissão de certo prestígio social, já que era um trabalho “limpinho” no linguajar do povo das Gafanhas, em contraste com as lides da lavoura ou da seca do bacalhau que empregavam a grande maioria das mulheres desta terra.

CREOULA

29 de julho no Município de Ílhavo



"Considerando a forte ligação do Município de Ílhavo ao Mar, desde logo associada aos 76 anos de vida do seu Museu Marítimo, bem como a importância da Formação no âmbito da Economia do Mar, o Executivo Municipal deliberou atribuir um apoio publicitário à Universidade Itinerante do Mar (UIM) no valor de 1.500 euros.
A UIM é um projecto de Formação Superior no domínio do Mar, com características pioneiras, envolvendo na sua organização um conjunto de instituições de Ensino Superior de Portugal e de Espanha, tendo neste ano de 2013 como tema principal a “Peninsularidade, produto de três Mares. Desafios do Mar 2020”.
No âmbito da UIM o Município de Ílhavo receberá a visita do NTM Creoula no próximo dia 29 de Julho, estando a ser preparado um programa de recepção aos Alunos participantes, que incluirá uma visita ao Museu Marítimo de Ílhavo. Nesse mesmo dia 29 de Julho, e aproveitando a oportunidade, a Associação Oceano XXI realizará a sua reunião ordinária de Direcção abordo do NTM Creoula."

Fonte: CMI


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Marisco na Costa Nova

Texto de Maria José Santana no Diário de Aveiro


Está já quase tudo a postos para a sétima edição do Festival de Marisco da Costa Nova - o “RiaAgosto”. O evento decorre entre os dias 1 e 4 de Agosto, no palco do costume: o relvado da praia da Costa Nova.
Durante quatro dias, volta, assim, a ser possível consumir marisco fresco e de qualidade a preços convidativos. “Apostamos sempre em produtos de qualidade”, vinca Artur Aguiar, presidente do Illiabum Clube, colectividade que assume a organização desta iniciativa, em parceria com a Câmara Municipal de Ílhavo.
Os números da edição do ano passado confirmam que este é já um evento de referência no cartaz turístico da região durante esta época de veraneio. “Ultrapassámos os 3.000 visitantes”, atesta Artur Aguiar, ao mesmo tempo que faz questão de relevar também “a equipa, com cerca de 60 pessoas, que voluntariamente participa na dinamização e realização do evento”.


Tecto e Foto do Diário de Aveiro


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A arte do inacabado



É-nos dito e repetido que o tempo bem aproveitado é um contínuo, tendencialmente ininterrupto, que devemos esticar e levar ao limite. A maioria de nós vive nessa linha de fronteira, em esforçada e insatisfeita cadência, a desejar, no fundo, que a vida seja o que ela não é: que as horas do dia sejam mais e maiores, que a noite não adormeça nunca, que os fins de semana cheguem para salvar-nos a face diante de tudo o que fica adiado.
Quantas vezes damos por nós a concordar automaticamente com o lugar comum: “precisava que o dia tivesse quarenta e oito horas” ou “precisava de meses de quarenta dias”. Desconfio que não seja isso exatamente o que precisamos. Bastaria, aliás, reparar nos efeitos colaterais das nossas vidas sobreocupadas, no que fica para trás, no que deixámos por dizer ou acompanhar.
(...)

Uma reflexão de José Tolentino Mendonça

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Guardas da JARBA

GUARDA DAS MARGENS DO RIO NOVO DO PRÍNCIPE É UM NOME BONITO





A função de António Dias da Silva e dos outros guardas da J.A.R.B.A. talvez não. Só gosta dos guardas quem deles se socorre e eram poucos; muitos mais os denunciados, autuados, despedidos.
A Junta Autónoma era ao tempo gorda de poderes, era da Ria e da Barra de Aveiro.
Os guardas escreviam cartas contando os sucessos da jorna, denunciando albertos com alcunha de espantar – “O Imaginário”.