sábado, 20 de fevereiro de 2016

É bom estar com Jesus. Experimenta!

Reflexão de Georgino Rocha

Georgino Rocha
Quem vive o amor de doação 
realiza-se plenamente

Pedro condensa a experiência que faz com João e Tiago no monte Tabor declarando: “Mestre, que bom estarmos aqui!” Que bom estar contigo, ver o brilho da tua realidade profunda, a tua divindade, dar conta de quem te acompanha, Moisés e Elias, sentir-se envolvido pela nuvem da manifestação, ouvir a Voz celeste que proclama quem tu és: “ Este é o meu Filho, o meu Eleito. Escutai-O”. Que alegria transparece do estado de espírito de Pedro. Que satisfação experiencia, apesar da sonolência que o havia assaltado e do medo que o trespassava. Que mensagem transmite a toda a humanidade, sobretudo aos cristãos que desejam ser fiéis discípulos e corajosos missionários. Mensagem que vale a pena aprofundar e saborear.
“Não vos enganeis”. O homem com quem conviveis e vos acaba de anunciar o futuro próximo é uma pessoa normal, procede de forma humana, ama incondicionalmente porque deseja mudar as relações entre as pessoas e humanizar as leis e tradições, provocar a mudança do mundo para que se torne habitável por todos, e cada um se sinta feliz e realizado.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Presbitério Diocesano mais pobre

Padre Rogério

O Presbitério diocesano de Aveiro ficou mais pobre com o falecimento do padre Rogério, pároco de Cacia. Inesperado como todas as mortes o são, mas certo é que ninguém se pode livrar  dessa hora, a não ser, para os crentes, pela convicção da ressurreição. 
Não privei de perto com o padre Rogério, mas conhecia-o perfeitamente para de alguma forma manifestar o meu pesar pela sua partida tão cedo para o seio do Pai, quando tanto poderia ainda fazer pelo Povo de Deus que vive e trabalha na área diocesana. 
Partilho aqui um parágrafo do padre Pedro Correia, cuja amizade com o padre Rogério está bem patente no que escreveu:

«O Pe. Rogério: cumpriu-se de modo inteiro. A sua informalidade evangélica positiva deixava-me quase (sempre) desconcertado. Sempre desarmado com o seu “faro” existencial para o que importa viver pastoralmente na fronteira da Igreja (não à margem de). Um criativo por excelência. Invejava esse jeito de ser que conquista na proximidade (como agora se diz e abusa enquanto moda-a-ter e não modo-de-ser); fazendo cair as fronteiras e os murros do peso institucional. Não sou capaz mas aprendia mais contigo.»

Ler mais aqui 

Malditos preconceitos


Miguel Esteves Cardoso escreve sobre os malditos preconceitos. Em cinco parágrafos diz outras tantas verdades, com a simplicidade que lhe é conhecida. Outros não concordarão, mas eu não tenho qualquer preconceito em o afirmar. É indiscutível que escreve  bem, com graça e com verdade. Aqui fica o último parágrafo.

«Lutar contra os preconceitos é um dever aprazível para os escravos libertados que querem espalhar a alegria da libertação. Mas a melhor e mais nobre de todas as guerras é aquela contra as injustiças e ignorâncias exploradoras que mantêm os piores e mais brutos no poder sobre as melhores, mais justas e humanas. Como as mulheres.»

Para ler os outros parágrafos pode clicar aqui 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Um país onde a justiça trai as crianças

Isabel Stilwell


A afirmação que está no título desta minha mensagem é o tema de uma crónica de Isabel Stilwell publicada no "negócios". Logo em destaque, a abrir, vem este resumo: «Uma criança confia numa juíza, que lhe garante sigilo. A conversa é capa de revistas. Que País é este onde a Justiça trai e ataca, sem que ninguém diga nada?» Agora, desafio os meus leitores a lerem todo o texto. Vale a pena para percebermos em que mundo vivemos. E também para percebermos o nível de certa gente, mesmo dentro da Justiça Portuguesa e a trabalhar nos jornais. 

Podem ler aqui 


«Que tristeza! Perdão, irmãos!»

Papa critica tentativa de uniformizar 
cultura e reitera que família é essencial

Papa com indígena mexicano
«Muitas vezes, de forma sistemática e estrutural, os vossos povos acabaram incompreendidos e excluídos da sociedade. Alguns consideram inferiores os vossos valores, a vossa cultura e as vossas tradições. Outros, fascinados pelo poder, o dinheiro e as leis do mercado, espoliaram-vos das vossas terras ou realizaram empreendimentos que as contaminaram. Que tristeza! Como nos seria útil a todos fazer um exame de consciência e aprender a pedir perdão! Perdão, irmãos!»

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À espera do verão

É sempre assim. Quando está calor, pedimos aragens fresquinhas, quando está frio gritamos pelo verão. Nunca estamos satisfeitos com o que temos. 
Hoje, quando arrumava imagens numa nuvem, descobri esta captada pela minha Lita e caminho de S. Pedro de Moel. Verão cheio no tempo dele. Tanto que até pedimos um pouquinho de frio… 
E aqui a partilho na esperança de que o verão venha depressa. Sim!...Eu sei que primeiro virá a primavera, e isso já não será nada mau!
Até lá, temos que sofrer um pouco. Paciência!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Faleceu o Manuel Albino Sarabando

Funeral amanhã, 17,
15 horas,
na Matriz da Gafanha da Nazaré

Manuel Albino

Com o passar dos anos, cada vez mais deparamos com a partida deste mundo de amigos com quem partilhámos cumplicidades em prol da comunidade. Desta feita, registamos o falecimento do Manuel Albino Sarabando de Jesus da Marinha Velha. Filho de Albino de Jesus e de Maria dos Anjos Sarabando era casado com Isalinda Vidreiro e pai de Daniel Filipe. 
O Manuel Albino fez parte de uma família numerosa que vivia mesmo ao lado da escola da Marinha Velha. Seguiu o ofício de eletricista, tendo emigrado para o Canadá, onde trabalhou alguns anos. No regresso, retomou a sua atividade até se reformar. Homem bom por índole, nunca o vi zangado com quem quer que fosse nem com a vida. Mesmo depois de doente, quando me cruzava com ele, mantinha a serenidade e nunca se mostrou agastado quando respondia a pergunta que lhe punha, no sentido de ser esclarecido sobre os tratamentos que estava a seguir. O problema era muito complicado, mas o Manuel Albino não falava disso. 
Conheci-o mais de perto na comunidade católica em que estava integrado, com responsabilidade no Conselho Económico e Pastoral. Antes, exerceu a missão de educador da fé, na Catequese Paroquial. Em tudo o que fazia punha o melhor da sua disponibilidade e competência, com toda a naturalidade. 
Que Deus o acolha no seu regaço maternal. Os meus pêsames à esposa e filho, bem como aos demais familiares.

Fernando Martins

Um livro de Basílio de Oliveira — “Vagos d’Escrita”

“Vagos d’Escrita” é um livro de Basílio de Oliveira, 
edição do autor, apoio da Câmara Municipal de Vagos 
e do Centro de Educação e Recreio (CER)


Em “Nota Prévia”, Basílio de Oliveira afirma que este trabalho não tem carácter histórico nem literário, pois apresenta simplesmente «uma compilação de todas as figuras literárias que nasceram, viveram ou vivem em Vagos ou que escreveram sobre Vagos». Lendo o livro, confirma-se, facilmente, que nele há registos de escritores de gerações diferentes, «ressaltando aos nossos olhos particularidades da vida e obra dos homens que ao longo dos anos fizeram desta terra a sul do Vouga uma terra de contrastes».
É de realçar que este trabalho se deve «ao enorme entusiasmo e sentido de descoberta dos nossos estudantes, professores, nomeadamente, Professor Mário Paulo Martins e Diretor do Colégio Nossa Senhora da Apresentação de Calvão», entre outros colaboradores, como refere o autor.
Silvério Regalado, reconhece, em “Mensagem do Presidente da Câmara Municipal de Vagos”, que a cultura se pode manifestar de «diversas formas, com diversas linguagens», mas sublinha que, no caso deste livro de Basílio de Oliveira, «são as palavras que mais se fazem representar, que expressam, que ajudam a pensar, que nos fazem agir e sentir o que é nosso».

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

A Rádio Terra Nova não pode morrer


A Gafanha da Nazaré sofreu as consequências do vento forte que varreu a noite passada a nossa região. A antena da Rádio Terra Nova, apesar de bem peada, não resistiu. A natureza, realmente, derruba tudo quando lhe apetece, ou quando, sem aparentes motivos, o deus Éolo, por pura maldade, enraivecido, resolve destruir o mundo. Não o há de conseguir, asseguramos nós, os homens que teimam em ter voz nas terras dos seus ancestrais. E a antena há de ser erguida, custe o que custar, pela vontade indómita das nossas gentes. E como a união faz a força, todos, de mãos dadas, como símbolo da concentração de energias, ressuscitaremos a antena. Viva a Terra Nova.

Fernando Martins

Papa Francisco no México

Papa elogia multiculturalismo, 
cita Nobel da Literatura 
e pede santuários de vidas refeitas

«A experiência demonstra-nos que quando se busca o caminho do privilégio ou do benefício para poucos em detrimento do bem de todos, mais cedo ou mais tarde, a vida em sociedade transforma-se num terreno fértil para a corrupção, o tráfico de drogas, a exclusão das culturas diferentes, a violência e até o tráfico humano, o sequestro e a morte, que causam sofrimento e travam o desenvolvimento», afirmou o Papa Francisco.
E acrescentou: «Não ponham a sua confiança nos "carros e cavalos" dos faraós atuais, porque a nossa força é a "coluna de fogo" que rompe, dividindo em dois as águas do mar, sem fazer grande rumor», apelou, antes de exortar o episcopado a não perder «tempo e energias nas coisas secundárias», como «intrigas», «murmurações e maledicências», abandonando «projetos vãos de carreira» e «planos vazios de hegemonia».

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Cantares dos Reis na igreja da Gafanha da Nazaré

Só conhecendo o passado 
se pode preparar o futuro


Com organização do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré (GEGN), realizou-se na matriz da nossa terra, no dia 30 de janeiro, pelas 21h15, um espetáculo com temas do Natal e Reis. Participaram, para além do grupo anfitrião, o Rancho Folclórico de Santa Maria do Olival, Gaia, e o Grupo Folclórico de Passos, Silgueiros.
Perante uma assistência interessada, os grupos exibiram os seus cantares ao Menino, próprios da época, em que se enquadram as melodias dos Reis, apresentadas de porta em porta pelas freguesias que cultivam esta tradição.
O GEGN, depois das palavras de boas-vindas do presidente, Alfredo Ferreira da Silva, dirigidas aos grupos convidados, brindou a assistência com cânticos dos Pastores e Reis Magos que vieram adorar o Deus-Menino, ali presente, simbolicamente, no presépio erguido na igreja matriz.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Dia dos Namorados — 14 de fevereiro

 Todos nós, os noivos e os casados, 
namoramos realmente todos os dias


Começo com um lugar-comum: Dia dos Namorados é quando quisermos. Sendo verdade pura como a água cristalina do regato, nem por isso rejeito a celebração. É preciso comemorar este dia, na data própria, porque imensas vezes andamos distraídos com assuntos importantes, mas também com banalidades sem conta que nos desviam do essencial da vida em casal. 
O Dia dos Namorados é, por isso mesmo, um marco simbólico para reflexão e  ponto de partida para continuar na caminhada partilhada, na busca constante da harmonia, no sentido da compreensão mútua, na aceitação do outro tal qual como é, tendo no horizonte a passagem do testemunho para os nossos filhos e netos dos valores que enformam a sociedade em que nascemos e crescemos. Valores assentes na verdade, na justiça, na liberdade, na fidelidade, na alegria, na paz, na ternura e no amor.
Visto nesta perspetiva, o Dia dos Namorados não pode nem deve cair no esquecimento nem tão-pouco alimentar risos sem nexo, nem comentários acintosos, muito menos de menosprezo pela simbologia que ostenta, quantas vezes envolvido pelo afirmar que tal dia é quando nós quisermos. Afinal, todos nós, os noivos e os casados, namoramos realmente todos os dias e em cada momento do dia, mas, para além disso, a celebração e a festa, mais ou menos simples, são naturalmente uma mais-valia para enriquecimento do amor do noivado ou do casal. 
Bom Dia dos Namorados para todos…

Fernando Martins 

Tanta misericórdia já aborrece

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO

 «Só uma Igreja em reforma permanente 
poderá estar livre para ver o mundo 
a partir dos excluídos»


1. À saída de uma Igreja em Braga, um senhor, que eu não conhecia, veio directo a mim, indignado: eu já não posso com tanta misericórdia! Sem suspeitar o que dali podia vir, pedi-lhe alguma para mim. Explicou-se. Como bom e velho bracarense, sou católico, desde pequeno. Aprendi a doutrina na família e na igreja, onde também casei. Tenho filhos e netos. A minha mulher educou-os bem, raramente falto à missa e pertenço a várias confrarias.
Sendo assim, disse-lhe que não precisava da misericórdia de ninguém. Sorriu e acrescentou: sei quem é e conheço as suas ideias. Quero desabafar.
O Deus de Braga – disse-me – foi sempre um Deus medonho. A maioria da população vivia com medo do inferno. Do purgatório ninguém escapava. Esse Deus vigiava, dia e noite, as nossas acções. Na confissão era preciso prometer que não voltaria a cair naqueles pecados que estavam na lista dos mais vergonhosos. O propósito de emenda era a artimanha necessária para receber a absolvição.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

A Beleza de Aveiro


 «É um dogma a beleza de Aveiro.
Não se discute, nem na qualidade,
que é da natureza do cristal,
nem na profundeza,
que é da categoria do mistério.
Nem é de discutir;
aos nossos olhos se ostenta
com uma tal evidência e tão constante
que, só mentindo às instâncias da consciência,
poderíamos negar-lhe o domínio e o afago
que em nossos sentidos e em nossa contemplação
subtilmente se insinua.»

Jaime de Magalhães Lima
Em  “O Democrata”,
29-03-1930

Citado por João Gonçalves Gaspar em “Aveiro na História”

NOTA: Pode conhecer melhor Jaime de Magalhães Lima 

Viver

Crónica de Anselmo Borges 


«No meio do rebuliço estonteante, 
é decisiva a pausa e o silêncio»

Numa recente viagem à Índia, a um dado momento, no meio daquele trânsito absurdamente caótico e ensurdecedor, quando se fecha os olhos para não ver o que parece iminente: um choque em cadeia de uma infinidade de carros, motos, motoretas, bicicletas, riquexós e quejandos, pessoas em multidão a pé, alguém perguntou: "O que é que toda esta gente anda a fazer?" Resposta pronta e sábia de um professor ilustre: "Andam a viver." É isso: a viver. O que é que andamos a fazer? Tão simples como isto: a viver. Melhor ou pior, material, espiritual e moralmente falando. Todos, a viver.
E são tantas as vezes em que se não dá por isso: o milagre que é viver! Assim, numa sociedade na qual o perigo maior é a alienação - viver no fora de si -, quando a política se tornou um espectáculo indecoroso, quando Deus foi substituído pelo Dinheiro e o mundo se tornou globalmente perigoso e ameaçador, o jesuíta Juan Masiá, que, durante trinta anos, ensinou Filosofia, um semestre em Tóquio e outro em Madrid, vem com um belo livro, precisamente com o título: Vivir. Espiritualidad en pequeñas dosis. "Deixo-me acariciar pela brisa, saboreio a experiência de estar vivo, sentir palpitar a minha vida. E penso: viver, que maravilha e que enigma! Paro em silêncio a saborear esta vivência. Estou vivo, mas a minha vida supera-me: não é só minha nem a controlo. Viver é ser vivificado pela Vida que nos faz viver." A Vida vive-te, vive na Vida!

Gerir a Liberdade com Sabedoria

Reflexão de Georgino Rocha

«Gerir a liberdade com ética, 
eis a sabedoria que vence 
toda a tentação desviante»

Seria tudo tão fácil. Pão com abundância, êxito garantido, missão cumprida. O episódio das tentações de Jesus, habilmente apresentado em diálogo por Lucãs, traz-nos uma mensagem sublime: a de ser livre nas opções de vida, a de ser fiel nas decisões tomadas, a de ser lúcido e consistente nas razões de suporte a tais atitudes.
— “Não és tu o filho de Deus”? aduz o tentador. — “Sim sou” responde Jesus. “E não estás cheio de fome?”. Há tanto tempo que não comes. —  “Sim estou”. Então mostra quem és, aproveita a tua condição de filho, liberta-te do sofrimento, transforma essas pedras em pão abundante. Come!
O projecto de Jesus tem outra dinâmica. Ser filho de Deus é viver a normalidade da existência, respeitar a natureza das coisas, sentir-se solidário com todos, sobretudo com os famintos, assumir a dureza das limitações como desafio a superar e a buscar novas realidades contidas na palavra de Deus.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Tranquilidade


1. Depois de uma semana algo agitada e com emoções fortes, resolvi descontrair. Numa volta pelas nuvens, correndo imagens como em filme mudo, contemplei esta foto de tranquilidade absoluta. Águas serenas da nossa laguna, ausência de vento e nada que mexesse. O homem que ao leme está dá-se por satisfeito naquele dia de verão, ali para as bandas da Torreira. Era fim de semana e a vida dá-nos  tempo para tudo. 

2. Hoje participei no funeral de um amigo de longa data, o Josué Ribau. Chuva miudinha e atrevida com amigos que nestas horas nunca faltam. Recordações em catadupa, esforços contínuos para trazer à memória os nomes de todos, Nem sempre com êxito. As conversas, contudo, não paravam. E chegou o momento da despedida do amigo que nos deixou, Silêncio completo durante as derradeiras orações. Mas o amigo que fisicamente partiu vai ficar connosco, num lugar reservado das gavetas das nossas boas recordações. 

“Praia da Costa Nova” deixa júri “impressionado”


«O alemão Karl Murr, presidente do júri dos prémios “Luigi Micheletti”, esteve ontem em Aveiro, onde visitou a lancha “Praia da Costa Nova”, que se candidatou àquele galardão internacional, de forma a ver reconhecido o seu valor histórico e patrimonial. A ideia de Gustavo Moreira Barros -empreendedor que em 2011 adquiriu a lancha, recuperou-a fez dela mais um ponto de interesse turístico da Ria - passa por promover o projecto de ter “um museu a navegar”. “Estes prémios pretendem reconhecer algo que foi património industrial e que foi reaproveitado para criar algo novo”, explica o aveirense à margem da visita que, ontem, uma comitiva encabeçada por Karl Murr realizou à “Praia da Costa Nova”. Além da apresentação da lancha e daquilo que já foi feito para a tornar operacional, Gustavo Moreira Barros recordou algumas das tradições aveirenses e a ligação secular entre a toda a região e a Ria.»

Texto e foto do  Diário de Aveiro

Como é que chegámos aqui?

«Como é que, algures pelo caminho dos últimos anos, perdemos a independência?
Como é que permitimos, todos, povo e governantes, o que se está a passar?
E não me venham com a dívida. A dívida ajuda e muito, mas não é a questão central. A questão central é que ao abdicarmos de soberania, abdicamos também de democracia.
E estamos agora governados por uma burocracia anónima, sem legitimidade eleitoral, que responde aos seus donos e nós não somos donos de nada. Nem sequer de nós próprios.»

José Pacheco Pereira, 

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Teoria de Albert Einstein provocou euforia científica

100 anos depois da Albert Einstein 
ter formulado a Teoria da Relatividade Geral, 
foi possível detetar as ondas gravitacionais



«100 anos depois de Albert Einstein ter formulado a sua Teoria da Relatividade Geral, foi finalmente possível detectar as ondas gravitacionais cuja existência estava prevista nas suas fórmulas. E isso foi possível porque ouvimos o som de buracos negros a colidirem.»
(...)
«Mas se por aqui ficamos a saber o que se passou hoje, é importante começarmos por compreender o que são ondas gravitacionais e qual a sua importância, e, também, olharmos para trás, mais exactamente para 25 de Novembro de 1915, o dia em que, falando na Academia Prussiana de Ciências, em Berlim, Einstein apresentou pela primeira vez a sua Teoria da Relatividade Geral, introduzindo o misterioso conceito da curvatura espaço-tempo.»

Ler no Observador 

Márcio Walter à procura das suas raízes entre nós

Os Carolas podem dar uma ajuda 

´Márcio comigo na Costa Nova
Não é todos os dias que se conhece um jovem que vem de S. Salvador, Brasil, para descobrir as suas raízes portuguesas, aqui no Concelho de Ílhavo e lá para as bandas de Coimbra. Um dos seus apelidos, Carola, que presentemente não usa, que as leis e os usos vão variando conforme os tempos, está em muita gente da região de Ílhavo.
Márcio Walter não me contactou por acaso. Nas suas buscas pela Net, encalhou nos meus blogues, Pela Positiva e Galafanha, onde apreciou uma referência a um dos seus antepassados, Maestro da então Filarmónica Ilhavense (Música Velha), agora denominada de Filarmónica Gafanhense. 
Tanto bastou para estabelecermos conversa via e-mail, ampliadas posteriormente no Facebook. Com as simples e poucas dicas que eu possuía, o Márcio bateu a muitas portas dos arquivos existentes e lá foi construindo pouco a pouco a sua árvore genealógica, iniciada na sua terra natal e já bastante completa. Mas as pesquisas vão prosseguir, porque o Márcio não é pessoa para pôr de lado objetivos, por mais difíceis e complexos que eles sejam.
Andou numa roda-viva, cujos rolamentos emperravam de vez em quando. Porém, o seu entusiasmo nunca abrandou, porque o Márcio quer chegar o mais longe possível, no sentido inverso da vida. Gosto, realmente, de pessoas assim. 
Com o peso da minha idade não pude acompanhá-lo como desejaria. O seu ritmo é intenso e eu preciso de alguma serenidade e para viver e trabalhar. Mas não deixei de o levar a saborear as enguias fritas a um restaurante da Costa Nova, povoação que ele apreciou sobremaneira pela tipicidade das suas casas e pela amplitude das águas tranquilas da nossa laguna. Mas ainda pudemos visitar o célebre palheiro de José Estêvão, onde seu filho Luís de Magalhães teve a gentileza e o prazer de receber o grande escritor Eça de Queirós, tão apreciado entre os nossos irmãos brasileiros. 
Formulo votos dos maiores êxitos ao brasileiro amigo Márcio Walter, quer pessoais, profissionais e sociais, quer literários (é contista) e de investigação.
Até sempre.

Fernando Martins 

NOTAS: 

1. Se alguma pessoa de apelido Carola desejar contactar com ele, pode remeter-me o contacto. 
2. Curiosamente, diversos brasileiros me contactaram, graças a apelidos e nomes registados nos meus espaços do ciberespaço.

Não fechemos a porta à misericórdia

Da Mensagem do Bispo de Aveiro 
para a Quaresma de 2016


«Se quisermos descobrir algumas das características de como é o Deus de que Jesus nos fala, é fundamental meditarmos nas parábolas sobre a misericórdia (cf. Lc 15). Nos três casos, é Deus – o pastor, a mulher, o pai – quem toma a iniciativa de ir ao encontro. Uma diferença importante se manifesta: perante a falta de responsabilidade da ovelha e da moeda, no filho aparece o exercício da liberdade. O pai respeita as decisões do filho – o que supõe estar com o coração a sangrar à espera que ele regresse. O pai, que o espera, acolhe-o e abraça-o, mas a sua magnanimidade contrasta com o coração do filho mais velho, que, vivendo sempre dentro da mais estrita legalidade, não é capaz de se alegrar com o regresso do irmão, nem aceita o amor do pai que o acolheu. O pai, identificado com Jesus, supera as leis, move-se na compaixão, no amor – atitude que deveria ser a de todos nós.»

Ler mensagem aqui 

Faleceu o Josué Ribau Teixeira

A sua memória ficará sempre connosco 

Josué fala da sua coleção
Acabo de receber a triste notícia do falecimento no IPO de Coimbra do Josué Ribau, depois de tenaz e corajosa luta contra doença que não se deixa vencer. A notícia veio do filho Bruno e trazia a informação de que seu pai «sempre esteve lúcido até ao final e disponível para os seus instrumentos e familiares». 
Conheço o Josué desde sempre. Era ele o pequeno, filho mais novo de Madalena Ribau e Manuel Teixeira, que brincava na eira um pouco indiferente às músicas que os irmãos mais velhos (Manuel, Ângelo, Plínio e Diamantino) com os amigos executavam na casa do avô, Manuel Ribau Novo (principal responsável pela nossa primitiva igreja matriz), na altura já falecido. 
O Josué cresceu, estudou, valorizou-se, foi professor de Educação Física, casou com a Zinha, foi pai de um rapaz, o Bruno, e de uma menina, a Madalena, pautando a sua vida pelo trabalho, pela dedicação à família, enquanto criou amizades. Cultivou sempre o respeito por todos, mantendo continuamente um espírito sereno. Nunca lhe conheci conflitos e gostava de conversar com ele. 
Um dia soube que se tinha apaixonado pela música e pela coleção de instrumentos de cordas. É certo que estranhei estes novos gostos. Um pouco incrédulo, resolvi visitá-lo para ver com os meus próprios olhos como é que ele, o menino e rapaz, que nunca mostrara interesse pelo fascinante mundo da música, mudou tão rapidamente e com tanta vontade.
Na altura, confessou-me que foi fumador durante 40 anos, mas que resolvera cortar radicalmente com o tabaco, canalizando todo o dinheiro então poupado para a aquisição dos instrumentos que constituem a sua coleção. E garantiu-me que vai continuar a investir neste seu prazer, jamais admitindo a ideia de vender o que coleciona, restaura e constrói de raiz.
Durante a conversa, sem nunca mostrar cansaço, foi-me revelando conhecimentos musicais que eu estava longe de imaginar. Procurava literatura que o elucidasse, quer na arte de restauro e construção, quer na área da teoria musical. E sobre a sua coleção de instrumentos contava-me o historial de cada um: país de origem, materiais usados, técnicas utilizadas, diferenças relativas a épocas e a regiões, entre outros pormenores. 
A vida é assim. Nascimento, trabalhos, lutas, alegrias e algumas tristezas, paixões, vitórias, sonhos e a morte no final da caminhada terrena. Que Deus o receba no seu coração maternal. A sua memória, porém, ficará eternamente na sua família e nos seus amigos, até ao fim dos tempos.

Fernando Martins

Ler entrevista aqui 

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

E depois da folia vem a Quaresma



Depois da folia própria do carnaval, com festas e diversões para todas as idades e gostos, vem a Quaresma, como desafio à nossa reflexão. Tão importante ou muito mais que o Carnaval. A vida está cheia de contrastes e disso ninguém foge. Todos temos momentos e razões para a diversão e para a interiorização. Ambas importantes, direi mesmo, fundamentais ao nosso equilíbrio. 
Quando ouço alguém desdenhar da alegria dos outros, é certo e sabido que vejo logo essa atitude como própria de tristonhos, macambúzios, pessimistas, maldizentes, insociáveis, bichos do mato e nem sei que mais. As pessoas felizes têm de estar abertas ao mundo, alimentando essa atitude com sentido de humor. 
Cá para mim, a Quaresma tem de afinar, e afina, certamente, os nossos espíritos para comportamentos sadios, sociáveis, de partilha generosa e de confraternização universal, em torno de Quem é Caminho, Verdade e Vida — Jesus Cristo, o nosso Redentor. 
Boa Quaresma para todos, na certeza da ressurreição de Cristo, razão de ser da nossa fé.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Sorrir dá saúde e prolonga a vida

Bom Carnaval para todos



Apesar das curvas a que estamos sujeitos, livres umas e forçadas outras, a vida vale sempre a pena ser vivida. E como tristezas não pagam dívidas nem afugentam desgraças, precisamos realmente de folgar. Com ou sem máscaras, que eu prefiro andar de cara ao léu para olhar, olhos nos olhos, quem me cerca ou com quem me cruzo. Nada tenho a esconder, mas também compreendo e gosto de ver a capacidade criativa, a crítica sábia e oportuna, o gosto pela fantasia, o jeito para a brincadeira e o sentido de humor. Bom Carnaval para todos.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

A nossa gente — Delmar Conde

Delmar Conde no seu estaleiro
Neste mês de fevereiro, em que o Fórum Náutico do Município de Ílhavo promove o 2.º Congresso Náutico – Embarque para o conhecimento (no dia 27, no Museu Marítimo de Ílhavo), dedicamos a rubrica “a nossa gente” ao construtor naval Delmar Conde.
Nascido a 26 de outubro de 1955 na Gafanha do Carmo, Delmar Conde reside e exerce a sua atividade profissional há cerca de 30 anos na Gafanha da Encarnação, sempre norteado pela sua paixão pela água, pela Ria e pelo mar.
O gosto pela vela surgiu desde os seis anos, tendo-se iniciado numa bateira à vela, que já na altura aparelhava “à sua maneira”. 
Entre 1974 e 1986 foi emigrante na Alemanha, onde não se sentia realizado. Aos 26 anos decidiu regressar ao país, já com ideias de trabalhar naquela que é a sua paixão. 
Delmar Conde admite que, na altura, foi um grande risco começar a trabalhar na construção náutica recreativa à vela, visto que tratava-se de uma área dominada pelos barcos a motor.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Ainda a Nazaré, antes de me virar para outros lados

Santuário
Volto à Nazaré antes de me virar para outros lados. Lá em cima, no Sítio, não podemos ficar indiferentes à majestosa fachada principal do santuário dedicado a Nossa Senhora da Nazaré, padroeira dos nazarenos há tantos séculos. Ao lado, na humilde ermida, de que falei ontem, pode ser apreciada a primeira imagem, segundo a tradição. Está guardada a sete chaves por razões óbvias. 
No largo, com poucos turistas, há comerciantes, cafés, restaurantes e similares. Bugigangas também, que não falta quem goste de colecionar lembranças, por mais sem-graça que sejam. Olhar o mar, mansinho como nunca o imaginei, por pensar nas ondas gigantes, faz parte da vida turística. O mar é sempre o mar de largos horizontes e sonhos indizíveis E descemos para a baixa da cidade. O burburinho de quem se prepara para a festa do Carnaval estava no ar. 

Nazarena
Monumento aos Náufragos

No Centro Cultural, foi fácil divisar a festa que se avizinhava. À entrada, do lado de fora, dois motivos escultóricos. A Nazarena, de rosto virado ao vento, disposta a vender o peixe e a ralhar com o mar, se não fosse ele amigo e generoso com belas pescarias; e o Monumento aos Náufragos, que mexeu com a nossa sensibilidade, e de que maneira!





Sinais do Carnaval
Dentro, textos do neorrealista Alves Redol (e de outros), que tão bem soube descrever, com autenticidade e alguma poesia, que sem ela a literatura ficaria mais pobre, a canseira sofrida de tantos feridos da vida. Deu para ler e meditar, que a alegria, que o Carnaval proporciona, esconde porventura sofrimentos e desgostos, tão patentemente à vista nas viúvas carregadas de negro. Que essas, certamente, não vão em folguedos.
Numa pastelaria, onde descansámos da caminhada, dei de caras com uma recomendação pertinente, para ler e meditar. Realmente, o sorriso resolve muita coisa.



Barquinho em descanso
Barcos do mar no areal e peixe do mar da Nazaré, seco ao sol com vento, desafiavam a nossa imaginação. Peixe assim, cujo sabor desconheço, e barcos, quais cascas de nozes, enfrentando o oceano de águas paradas a refletirem o azul do céu, ou as tais ondas gigantes capazes de tudo engolirem num trago. Barcos e homens na praia da outra banda, que a do norte é perigosa,  com areal convidativo e mar tranquilo que vem saudar o povo que passeia num dia de sol de autêntico verão. 

Tirar o Evangelho da cadeia

Crónica de Frei Bento Domingues 

«Os Evangelhos não podem ser 
o arquivo morto das Igrejas

1. Com intenções diversas, dizem-se que já é tempo de me convencer de que faço parte de uma minoria religiosa em extinção. Alguns afirmam-no como um lamento: depois do desprezo laicista pelas raízes cristãs da cultura europeia, passando pelo esquecimento ecuménico do Vaticano II, podemos estar a caminhar, a passos largos, para uma Europa muçulmana de cariz revanchista. Portugal, depois de um longo interregno, estaria incluído numa explícita vingança.
Não sou nada bom em sociologia religiosa e já não tenho idade para chegar a ver o que será esse futuro. Espero que as novas gerações católicas consigam libertar a Igreja de certas formas religiosas e movimentos que a asfixiam, mas não para os trocar por algo que se pareça com a vida da maioria dos países dominados pela lei islâmica.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Um dia de chuva

O café tratado pelo MEC 
no Fugas
Miguel Esteves Cardoso


Este tempo, chuvoso e frio, propicia o prazer de estar em casa, olhando de soslaio a fogueira e sentindo o seu calor tranquilizante. E quanto mais olho o tempo escuro e molhado através da vidraça, mais reconfortante me sinto no aconchego da minha tebaida, com música hoje de Sibelius, alternando com silêncio absoluto, que só o crepitar da salamandra interrompe ligeiramente.
Leio as notícias do dia, manchadas aqui e ali por nuvens que deixam marcas indeléveis de futuros incertos e sombrios para alguns. Detenho-me na crónica de Miguel Esteves Cardoso do Fugas, sábado a sábado com recomendações gastronómicas ou culinárias. O conhecido escritor e cronista gosta mesmo desta arte de saber cozinhar e de saber comer, conseguindo transmitir aos seus habituais leitores pormenores de fazer crescer água na boca. 

Nazaré sem ondas

Nem sombras 
de garrettmacnamaras 
à vista


Nossa Senhora da Nazaré
Ontem, a famosa Nazaré da ondas gigantes, que Garrett-McNamara tornou mundialmente conhecida no universo do surf, estava sem ondas. Mar chão em dia de sol, sem grande frio, com alguns turistas a visitar a praia do norte. Foi ali, à vista de muitos, que McNamara bateu o record numa onda de uns trinta metros, quase metade da altura do nosso farol, o mais alto de Portugal.
Já não visitava a Nazaré há décadas. Ontem tive o privilégio de a revisitar, completamente diferente da que morava na minha memória. Igual, lá estava, porém, a ermida de Nossa Senhora da Nazaré, se calhar “mãe” da nossa padroeira. Marcas do tempo a manter viva  a lenda de D. Fuas Roupinho.

Com a minha Lita lá no cimo

Diz Ramalho Ortigão, no seu livro “As Praias de Portugal — Guia do Banhista e do Viajante”, que a capelinha foi edificada em 1370 pelo rei D. Fernando. A imagem, lembra o escritor, é «de madeira pintada, tem palmo e meio [o palmo corresponde a  22 centímetros] de altura e dizem que foi trazida de Nazaré para Mérida, onde esteve algum tempo, e de Mérida para o lugar em que actualmente se acha». Como é natural, eu não podia deixar de a visitar, até porque se diz que de alguma forma estamos ligados àquela imagem.

Nazarena em festa

A Nazaré estava a viver antecipadamente a festa do Carnaval, havendo sinais disso pelas zonas mais turísticas. Por aqui e por ali as nazarenas exibiam as sete saias. Questionei uma sobre o motivo de em dia de trabalho andar com um traje tão antigo. Veio como resposta que nas festas é uso obrigatório e da tradição apresentarem-se assim, começando nas antevésperas. E a jovem, quando lhe pedi autorização para a fotografar, de imediato procurou a pose ideal.
A visita à Nazaré foi apenas de algumas horas, mas deu para perceber que em dia de ondas gigantes, decerto anunciadas com antecedência, não faltarão visitantes curiosos para apreciar o Garrett-Mcnamara ou candidatos a heróis como ele. Nesse ponto, tivemos azar. Ficará para a próxima.

Fernando Martins

O grande enigma (2)

Crónica de Anselmo Borges 
no DN

«Teísmo e ateísmo são possíveis 
e podem ser construídos pela razão 
de forma legítima e honesta moralmente»

1- Ao longo da história, os homens, face ao enigma do universo, acreditaram numa Presença divina pessoal e transcendente, invocável, da qual esperaram a libertação para além da morte. Essa crença foi universal e impunha-se como quase evidente até do ponto de vista social. O número de ateus confessos era reduzido. Foi a partir da modernidade que a ideia de Deus se tornou problemática e o ateísmo, face ao teísmo dogmático, se afirmou a si próprio também dogmaticamente, num frente-a-frente de dogmatismos.

2- Aspecto essencial da obra já aqui citada no sábado, do jesuíta Javier Monserrat, O grande enigma. Ateus e crentes face à incerteza do Além, é afirmar uma "mudança crucial" na história do pensamento, concretamente nos últimos dois terços do século XX. Com o nascimento da nova ciência, da nova física, estamos colocados na consciência de enigma e de incerteza e, por isso, numa profunda inquietação quanto às perguntas e respostas pela ultimidade.

Confiar em Jesus, surpreende. Experimenta

Reflexão de Georgino Rocha


«A abundância foi caminho 
para o encontro com o Senhor. 
Que bela lição!»

Pedro acaba de chegar da faina da pesca. Amarra a embarcação, limpa e enrola as redes, olha mais um vez o mar tranquilo e, apreensivo e amargado, senta-se na proa, dando largas ao “ruminar” da experiência frustrante que está a viver. Com ele, certamente os companheiros da noite aziaga. Ele, que sabia da arte, não consegue nada. Ele, homem experiente na escolha das horas e das rotas, engana-se redondamente. Ele, chefe da companha, vê-se sem nada nem para si e nem para os trabalhadores contratados. E claro para as suas famílias e os cobradores de impostos. Dura e amarga decepção que se prolonga enquanto não surge outra oportunidade! Esta não tarda, mas tem um alcance especial, simbólico.
Chega Jesus rodeado da multidão. Senta-se na sua barca, pede-lhe que se afaste e começa o ensinamento desejado. Depois diz sem rodeios: “Avança para águas mais profundas e lança as redes para a pesca”. Grande desafio que, simultaneamente, é enorme provocação. Simão Pedro vence todas as resistências interiores, supera as dúvidas e os medos, esquece o cansaço, anima os companheiros e exclama: “Em atenção à Tua palavra, vou lançar as redes”. A confiança surge do abatimento consciente qual flor mimosa do charco pantanoso.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

O descanso do guerreiro

Crónica de Maria Donzília Almeida



«Educar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais...Entendo assim a tarefa primeira do educador: Dar aos alunos a razão para viver»

Rubem Alves

Fui aluna quando era bom ser professor! Fui professora quando é bom ser aluno. Nesses remotos tempos, do Magister dixit…o professor cheio de direitos, contrapunha-se ao aluno cheio de deveres. Mudaram-se os papéis e, agora, o aluno está no centro das atenções.
Hoje em dia, os professores trabalham até à exaustão, sendo pouco reconhecidos socialmente. É das profissões com maior índice de burnout. 
A nossa profissão é um iceberg: uma parte visível, na escola, a lecionar e a fazer serviço burocrático; o trabalho de bastidores, que não se vê, em casa, mergulhado numa parafernália de papéis.
No início do ano, multiplicam-se reuniões, somam-se planificações, avaliações diagnósticas, preparação de dossiers, elaboração de grelhas, etc, etc

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

A beleza antiga da nossa ria




Perdida nos meus arquivos, sem origem conhecida, encontrei há momentos esta imagem, autêntico retrato de uma época que se perde no tempo. Assim, de repente, não consigo identificar o local dos trabalhos, mas acredito na capacidade de alguns leitores do meu blogue para me ajudarem nesta tarefa. Fico a aguardar. 

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Postal Ilustrado — Salva-Vidas

O Instituto de Socorros a Náufragos 
precisa de ser mais conhecido 


Quem passa pelo Jardim Oudinot não pode deixar de apreciar, mesmo de fugida, uma embarcação que ficou na memória de muitos como o Salva-Vidas Almirante Afreixo. Não terá tido a eficiência que os novos meios de salvamento oferecem a quem, por razões variadíssimas, naufraga no mar ou na ria, mas cumpriu as suas obrigações como foi possível. As condições de há décadas evoluíram imenso e hoje as técnicas de salvamento estão devidamente modernizadas. Tudo na vida é assim.
Sou do tempo em que, perante qualquer naufrágio, uma embarcação como a da imagem teria muitas dificuldades em enfrentar o mar alteroso e socorrer quem se debatia numa tentativa desesperada de fugir à morte. Daí as críticas que na minha juventude tantas vezes ouvi, perante a incapacidade de salvar quem quer que fosse. Felizmente, nos dias de hoje é tudo muito diferente.
O Real Instituto de Socorros a Náufragos foi fundado, como instituição privada, por insistência da rainha Dona Amélia, em 21 de abril de 1892, ficando como presidente a sua fundadora, até à implantação da República. A partir de 5 de outubro passou a designar-se por Instituto de Socorros a Náufragos, com dependência e ligação à Marinha de Guerra. Era formado por voluntários, ao jeito de bombeiros.
Trata-se de um organismo com fins humanitários e exerce as suas funções em tempo de paz ou de guerra, assistindo igualmente qualquer indivíduo, independentemente da sua nacionalidade ou qualidade de amigo ou inimigo.
Presentemente, está equipado com os mais eficazes meios de salvamento, sendo notícia sempre que há desastres na ria ou no mar, como aconteceu, recentemente, quando se envolveu na busca de desaparecidos, eventualmente por afogamento. E, diga-se de passagem, tem outras e diversas competências, que uma busca no site da Capitania do Porto de Aveiro esclarece mais ao pormenor.

Fernando Martins

Fonte: Capitania do Porto de Aveiro

domingo, 31 de janeiro de 2016

Filinto Elysio com o povo das suas origens


"Filinto Elysio O Poeta Amargurado" 

Hoje, domingo, 31 de janeiro, no Centro Cultural de Ílhavo, Filinto Elysio encontrou-se com o povo das suas origens. Pelo que vi, o encontro foi de saudade, de justiça e de homenagem a uma personalidade grande da nossa literatura e do pensamento livre. Dele diz Almeida Garrett que «nenhum poeta, desde Camões, havia feito tantos serviços à Língua Portuguesa». Contudo, há muito que entre nós e no país havia caído no esquecimento.
Senos da Fonseca, inquietado com a situação de um filho da terra injustamente ignorado, pôs mãos à obra e trouxe até ao presente a vida de um poeta avançado para a época, em tempos da inquisição que não tolerava quem gostasse de pensar. E dessa inquietação, avançou para pesquisas a diversos níveis, leu decerto parte do muito que o poeta escreveu,  sentiu as amarguras que o abalaram em Paris, onde se exilou, e ofereceu-nos uma peça de teatro para deleite de quem gosta da Arte de Talma. 
Com encenação de José Júlio Fino, que muito bem trabalhou o Grupo de Teatro Ribalta da Vista Alegre, a peça foi à cena no Centro Cultural de Ílhavo, não faltando os aplausos dos povos de Ílhavo. E Filinto, de seu nome de batismo Francisco Manuel do Nascimento, filho de Manuel Simões, fragateiro, e da peixeira Maria Manuela, ambos de raízes ilhavenses, compreendeu, então, nesta tarde de um domingo aprazível, o porquê do seu amor à liberdade e da sua paixão pela poesia. 

Os meus aplausos vão, pois:

1. Para o Poeta Filinto que muitos havíamos esquecido e que, a partir de hoje, certamente, vai ser motivo de pesquisas e de leituras de muitos ilhavenses. 

2. Para Senos da Fonseca que levou a cabo uma tarefa porventura nunca sonhada por qualquer ilhavense. Tarefa que veio na sequência de outras, todas apoiadas nas suas e nossas raízes, que merecem sair do limbo do esquecimento.

3. Para o Grupo de Teatro Ribalta que teima em prosseguir, sem sinais de cansaço ou enfado, com a Arte de Talma, em nome da cultura de que todos bem precisamos. Aplaudo, igualmente, todos os artistas, técnicos e demais colaboradores, pelo empenho demonstrado no palco e fora dele. 

4. Para José Júlio Fino, um homem do teatro desde que o conheço, já lá vão bons anos, que soube levar à cena, com sensibilidade, arte e saber, o texto da lavra de Senos da Fonseca. 

5. Para os ílhavos que souberam apreciar e aplaudir um espetáculo feito por gente da terra, com carinho, justiça  e alegria. 

Fernando Martins

Visita de Estudo — Casa de Camilo

Crónica de Maria Donzília Almeida


 A vida foi verdadeiramente madrasta para Camilo

O sol acordou pálido e assim permaneceu ao longo do dia, tímido, escondido atrás de nuvens cinzentas.
Apesar das condições meteorológicas pouco risonhas, isso não demoveu o grupo da US de empreender a viagem rumo a terras minhotas.
No âmbito da disciplina de História e Jornalismo, o nosso formador organizou uma visita de estudo à Casa de Camilo, em S. Miguel de Seide. Situada em Vila nova de Famalicão, fez-me evocar o triénio que lá vivi, entre 1979 e 1982. Gratas recordações, dum período áureo da minha vida, ali, em pleno coração do Minho, que tanto me fascina, pelas características de uma paisagem ímpar. Com a exuberância da sua vegetação, onde os regatos serpenteiam pelos campos verdes, a vinha de enforcado se ergue altaneira em esteios de pedra granítica, qualquer forasteiro se sente aconchegado nesta moldura natural.

A memória afectuosa de Deus

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO

Frei Bento Domingues
«A verdadeira vida e a morte 
dependem dos afectos. 
Fora deles, há apenas estatística.»

1. A nós, os velhos, roubam-nos tudo: roubam-nos o passado e o futuro, a memória e a possibilidade de renovar o cartão de cidadão.
É breve e para poucos a sobrevivência na memória afectuosa dos familiares e amigos. Chegamos tarde em relação ao passado e demasiado cedo em relação às maravilhosas promessas da ciência e da técnica.
Por outro lado, a louca persistência das guerras e os absurdos que as provocam, impondo a lei de matar, ser morto ou fugir, geram cepticismo acerca da possibilidade global de humanização da história [1].
A verdadeira vida e a morte dependem dos afectos. Fora deles, há apenas estatística.
Os mais idosos vão sofrendo a desertificação das relações de familiares e amigos. Mário Brochado Coelho, a propósito da morte de Nuno Teotónio Pereira e do desaparecimento de outros companheiros, manifestou aos amigos, de modo comovente, que embora tudo seja natural, ficamos com o sentimento de uma grande orfandade.
Há outras pessoas que alimentam o desejo de um Deus de memória afectuosa, transfiguradora e universal, para si e para os outros, um coração que as acolha.

sábado, 30 de janeiro de 2016

Novas indústrias eólicas no Porto de Aveiro



«A Administração do Porto de Aveiro (APA) está a negociar a instalação de novas empresas do sector eólico. Depois da PT wind, existem outras propostas ´em cima da mesa´. A confirmarem-se estes novos investimentos, a atual zona ocupada pelo depósito de areia será disponibilizada para expansão industrial e de logística.»


Nota: Com a instalação de novas empresas do setor eólico na zona ocupada pelas areias, é natural admitir que uma grande dor de cabeça desapareça da vida dos gafanhões residentes junto ou mais ao largo do Porto de Aveiro. Ficamos a aguardar as negociações em curso, segundo informa a APA.

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O grande enigma (1)

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias


Todo o ser humano
deseja e quer viver


É possível que Deus exista, mas também pode não existir. Ninguém pode dizer que sabe que Deus existe, mas também ninguém pode dizer que sabe que Deus não existe. Ninguém sabe se na morte encontramos a vida na sua plenitude em Deus ou se, pelo contrário, para cada pessoa tudo acaba na morte. Este é o grande enigma da vida de cada homem, de cada mulher. É o enigma da verdade metafísica última do universo: Deus como fundamento último ou um puro mundo sem Deus? Questão decisiva, no sentido pleno da palavra: que decide, em última análise, a existência de cada um. Questão essencial, porque, com Deus, dá-se a esperança da vida plena para lá da morte; num puro mundo sem Deus, a existência desemboca na aniquilação total enquanto pessoa. O ser humano é sempre confrontado com a eternidade: a eternidade da plenitude em Deus ou a eternidade do nada.
É com esta incerteza metafísica, num mundo enigmático, que se confronta, numa obra notável, acabada de publicar - El Gran Enigma: Ateos y Creyentes ante la Incertidumbre del más Allá ("O grande enigma. Ateus e crentes perante a incerteza do Além) -, o jesuíta Javier Monserrat, neurocientista, filósofo e teólogo.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Efeméride: Evocando D. Júlio Tavares Rebimbas

1959 - 27 de janeiro 


«O Padre Júlio Tavares Rebimbas, então pároco de Ílhavo, foi nomeado, pela primeira vez, vigário-geral da Diocese de Aveiro; mais tarde viria a ser escolhido, sucessivamente, para bispo do Algarve, arcebispo de Mitilene e auxiliar do Cardeal-patriarca de Lisboa, arcebispo-bispo de Viana do Castelo e arcebispo-bispo do Porto (Correio do Vouga, 31-1-1959) – J.»

"Calendário Histórico de Aveiro"
de António Christo e João Gonçalves Gaspar


NOTA: Nas vésperas da sua nomeação para ser ordenado bispo, encontrei-o em Fátima, no café mais frequentado, o tal que fazia e faz  esquina com duas ruas. Era agosto de 1965 e eu andava por ali em lua de mel com minha esposa. Ele estava com o Padre João Paulo da Graça Ramos que viria a ser seu secretário, ao que julgo. 
O nosso conhecimento devia-se ao facto de eu ser da Ação Católica e gafanhão, e ele prior de Ílhavo. Nessa altura, Mons. Júlio Rebimbas era Vigário-geral da Diocese de Aveiro. 
Estávamos na conversa e nesse ínterim chega um indivíduo amigo do Padre João Paulo que fez as apresentações devidas, esclarecendo: 
— Mons. Júlio Rebimbas é o Vigário-geral da Diocese de Aveiro. 
De imediato, Mons. adianta: 
— Calma, sou o prior de Ílhavo.

Regressámos da lua de mel e dias depois, qual não foi o meu espanto, noticiava um diário que D. Júlio tinha sido nomeado Bispo do Algarve. É claro que antes da nomeação se refugiou, decerto para meditar, em Fátima, Não estaria ali para outra coisa, julgo eu.
Guardo dele o bom humor, a graça no falar, o jeito para criar  amizades e a proximidade que cultivava com todos, em especial com os mais simples.