segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Cortejo dos Reis na Gafanha da Nazaré — 6 de janeiro


Nova Luz da Humanidade 

Reis de 2012

O Cortejo dos Reis, mais que centenária festa popular da paróquia de Nossa Senhora da Nazaré, vai animar a nossa terra no próximo dia 6 de janeiro. Dissemos mais que centenária, pois a sua origem remonta a tempos anteriores à criação da freguesia, que ocorreu em 1910. Sabe-se que nos primórdios não se realizava o cortejo tal como hoje, já que as pessoas, pessoalmente ou em grupo, se encaminhavam no dia aprazado para junto da antiga capela, existente na Chave, que serviu de matriz até à abertura ao culto da nossa atual igreja, o que aconteceu a 14 de janeiro de 1912. Aí havia cerimónias próprias da época litúrgica, enquadrando-se nelas, segundo relatos orais dos nossos avós, algumas cenas de teatro religioso, posteriormente ampliadas e melhoradas. 
Os tempos e hábitos evoluíram e com eles foi-se alicerçando o Cortejo dos Reis, integrando-se no trajeto os autos natalícios bem conhecidos e muito apreciados pelo povo, ano após ano, sem cansaço nem desinteresse. Em cada cena de cada auto, não falta quem assista, e os mais velhos, de tanto verem e ouvirem o que dizem os atores, conseguem saber de cor algo do que se faz e se proclama.

José Maria Serafim (ver nota ao fundo)    
 
É certo e sabido que os habituais participantes continuarão a marcar presença, expressiva e significativa, não vá dar-se o caso de esmorecer o entusiasmo que os nossos antepassados nos deixaram! E com o seu exemplo, familiares, conhecidos, amigos e vizinhos hão de incorporar-se no cortejo, não apenas para participar pelo participar, mas sobretudo para ficarem a saber como é, o que se sente e vive, porque importa receber e interiorizar o espírito da festa, para o poder legar aos vindouros. 
Como manda a tradição, a estrela de Belém indicará o caminho a partir de Remelha até à nossa igreja. É certo que ela desaparece quase no fim do cortejo, mas todos acabarão por descobri-la pouco depois, ou não seja ela a Nova Luz da Humanidade, o próprio Deus-Menino.

Uma rainha no meio dos presentes

O povo, com os seus presentes, vai entrando na festa durante o percurso. Vive os autos natalícios, pede contributos para o Menino Jesus, canta e dança, e, no final, depois de registar e recusar as manhas do Rei Herodes, que queria, traiçoeiramente, liquidar o filho da Virgem Maria, tido por muitos como Rei dos Judeus, entra na igreja matriz para beijar a Nova Luz do Mundo, o Deus-Menino, entoando os cânticos mais belos, sempre enternecedores.

Fernando Martins

Nota: O José Maria Serafim Lourenço, amigo de sempre, tem sido um assíduo animador do nosso Cortejo dos Reis. No ano passado ainda participou, mas as pernas já não lhe permitiam grandes caminhadas, tal como me confessou. Participava sempre com seu irmão Manuel Serafim, também um amigo que muito estimo. O José Maria confessou-me há dias que este ano não poderá marcar presença com o seu banjo. As pernas não lhe poderão dar esse prazer. Por isso, pelo seu esforço e exemplo de tantos anos, aqui fica a minha homenagem. E se ele me desmentisse?

F. M.

Votos de Bom Ano do Google


Faço meus os votos do Google, na preparação para a chegado do novo ano, anunciado há muito como um ano para esquecer. Apetece-me dizer para longe vá o agoiro, porque a esperança não pode morrer. Importa, isso sim, lutar com garra para que tal não aconteça. Com garra, mas também com o sentido do discernimento e da ousadia, necessários na hora das dificuldades. E se for mesmo  mau, ao menos que se vislumbrem sinais de vitória à custa da nossa vontade de levantarmos Portugal do atoleiro em que o meteram. Que no mínimo saibamos aprender a lição de que não se pode gastar mais do que se tem.
Já agora, que ainda saibamos olhar e ajudar quem nada tem, neste século de tantos progressos científicos e tecnológicos. 

sábado, 29 de dezembro de 2012

Praia da Barra em dia sol...

Ontem estava um lindo dia de sol. Dir-se-ia que estávamos em plena primavera, tal era a luminosidade que nos envolvia e nos atraía para o mar. No inverno, quando assim acontece, sentimo-nos outros e até agradecemos o dom da vida que nos permite saborear momentos tão agradáveis, desprendidos de ganâncias e de problemas.
Pela praia andámos, eu e a minha Lita, como tantos outros, olhando o mar, fixando as marcas de gente que está e passa, contemplando as dunas, conversando sem tema, apreciando pescadores de cana, admirando o engenho do homem a querer domar as correntes marinhas. Foi assim. Deus queira que em 2013, de  inverno e inferno para muitos portugueses, possamos ao menos usufruir da beleza da natureza. Penso que ainda, neste âmbito,  não haverá impostos a pagar.
Bom ano para todos.

FM


À espera do verão?

Marco geodésico entre as dunas

Entrada da barra, com molhe norte a crescer

Molhe sul  bem frequentado


Felizes as famílias que se esforçam por ser sementes de novas famílias

BEM-AVENTURANÇAS DA FAMÍLIA
Georgino Rocha

Sagrada Família

A família de Jesus, Maria e José, inspira um modo de vida onde brilham valores altamente humanizantes para todos os tempos. Enuncio, apenas, alguns em jeito de bem-aventuranças e faço votos para que a família estruturada e feliz continue a atrair e a mobilizar as energias de quem se dispõe a promover o bem integral da humanidade.

Feliz a família que se preocupa mais em ser um lar do que em ter uma casa, em dialogar a sério do que em falar simplesmente de algo que ocorre, em partilhar o que possui e tem do que em dar uma esmola ou fazer um empréstimo beneficente, em viver a fé cristã do que em recorrer a orações devotas e a ritos religiosos, em cultivar o amor oblativo sobrepondo-o a tudo do que em ter gestos ocasionais de tolerância e desculpa, em confiar nos filhos e honrar os anciãos, em cuidar dos mais frágeis e incluir os marginalizados, em construir progressivamente uma sociedade melhor do que em apreciar os bens acima das pessoas, em alimentar receios e preconceitos, isolar-se no egoísmo do “salve-se quem puder” e temer o futuro enegrecido pela insegurança.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Escutar as crianças

"Quando os sábios chegam no limite da sua sabedoria, 
convém escutar as crianças"

George Bernanos (1888–1948)

Pessoa dizia, com todo o seu saber e poesia, que o melhor do mundo são as crianças. George Bernanos vai mais longe ao afirmar que, depois do saber dos sábios, resta-nos escutar as crianças. Um bom pensamento, este, para o fim de semana.




- Posted using BlogPress from my iPad

Crise?

Li na RR

Ainda faltam uns diazinhos para o ano 2013 começar. E pelo que tenho ouvido, um pouco por cada canto, já se fala em planos para passar o ano em festa. Li também que muitos portugueses vão passar o ano em casa. A crise a isso obriga. Mas há coisas que me deixam confuso e intrigado. 
Eu sei que a crise afetou já centenas de milhares de famílias, que não podem mesmo viver a quadra que atravessamos com festas, em casa ou fora dela. Sem empregos, não haverá hipótese de se poder sonhar com festanças. Mas a verdade é que, apesar de tudo isso, não falta quem teime em folgar, porque a alegria também é precisa. Folgar com mais modéstia, faz parte do esquema. 
Mas afinal o que é que me intriga? A RR informa que, apesar de tudo, não falta quem possa frequentar hotéis de luxo, em ambiente de férias festivas, com folguedos pagos decerto  a bom dinheiro. 
Li ainda que a doçaria esgota nas pastelarias finas, que acepipes não chegam para as encomendas e até ouvi jovens desempregados que programam saídas para entrar no Ano Novo em grande, e coisas assim. Sem dinheiro, mas alguém pagará. A crise não mete medo a certa gente, que avança para a festa a qualquer preço. Eu sei que a vida não pode fechar-se em casa. Mas também sei que é importante uma certa contenção nos gastos. Porque é no poupar que está o ganho. Cá para nós, que fomos educados na poupança, vamos ficar por casa, no ambiente familiar acolhedor e com os filhos e netos que quiserem  e puderem fazer-nos  companhia. 
Bom ano de 2013 para todos. 

FM

Lançamento de um Livro de João Gonçalves Gaspar


“A Princesa Santa Joana e a sua Época”: 
Um roteiro para famílias e jovens 

Presidente da CMA no uso da palavra

«Aveiro, cidade e diocese, deve a Monsenhor João Gaspar este gosto natural e este esforço empreendedor de incansável investigador sobre tudo quanto à sua história diz respeito e sobremaneira sobre tudo quanto à Princesa Santa Joana se refere. Muito do espontâneo e inicial afeto dos aveirenses por Santa Joana foi sendo progressivamente esclarecido e transformado em religiosa devoção, graças ao aprofundado conhecimento da sua vida e ação que, desde há muito, o autor nos seus diferentes livros nos tem facultado.» Estas afirmações de D. António Francisco, Bispo de Aveiro, lidas pelo Reitor do Seminário de Santa Joana Princesa, Padre João Alves, na impossibilidade da presença do nosso bispo, pelo falecimento de seu tio e padrinho, sintetizam bem quanto Aveiro, cidade e diocese, deve ao autor, João Gonçalves Gaspar, historiador e membro da Academia Portuguesa da História, pelos seus múltiplos trabalhos sobre a região aveirense. 
O lançamento da 3.ª edição da obra “A Princesa Santa Joana e a sua Época” teve lugar em Aveiro, na Biblioteca Municipal, no sábado, 22 de dezembro, pelas 16.30 horas, em sessão pública presidida por Élio Maia, Presidente da Câmara Municipal de Aveiro, ladeado pelo autor, por João Alves, Reitor do Seminário, e Carlos Santos, vice-presidente da autarquia. 
Élio Maia enalteceu o esforço de Mons. João Gaspar, um homem que «não se preocupa com o ter mas com o ser», sendo para todos «o paradigma do dar-se». Referiu que os escritos do autor «refrescam a alma de cada um de nós» e frisou que a sua vida tem sido «marcada por gestos discretos, que afinal são grandes gestos», dignos de registo.


quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O Papa e as injustiças no mundo




«Gostei muito das suas explicações biblicas que primam, como sempre, pelo rigor e pela serenidade. Mas gostava de lhe colocar uma questão: nos tempos que correm, quando tantos de nós sofrem as injustiças de um mundo em que a economia se sobrepôs às pessoas, não acha que seria muito mais importante ver o Chefe Supremo da Igreja Católica aproveitar para se referir, como fez Cristo, aos vendilhões do templo e ser a voz dos que a não têm? Eu lamento imenso que, de uma maneira formal, a Igreja não se manifeste com mais veemência como afinal o fez o seu criador. desejo que tenha passado um Natal em paz, junto dos seus.» 

Albertina Vaz 


^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^

Boa noite, minha cara amiga 

Muito obrigado pelo seu comentário, sinal de que gosta de partilhar opiniões e de manifestar inquietações, rumo a uma sociedade mais justa e mais fraterna. Nesse espírito, permita-me que também me pronuncie sobre o tema que é por demais pertinente. 
O assunto que põe à minha consideração não tem sido e penso que nunca será esquecido pelo Papa Bento XVI, na sequência do que outros Papas fizeram, e que é, afinal, obrigação deles, na qualidade de cristãos atentos e responsáveis. O mesmo, aliás, compete a todos os que foram batizados. Essa competência advém da missão profética que lhes (nos) cabe exercer: denunciar o erro e anunciar a Boa Nova, que mais não é do que a Mensagem Evangélica entregue aos homens e mulheres de boa vontade há dois mil anos. Não apenas denunciar nem só anunciar, mas ambas as coisas, conforme as circunstâncias, porém, com base no testemunho pessoal. 
É certo que, como humanos, muitas vezes nos esquecemos dessa missão profética. Papas e demais clérigos, mas também leigos, não estão suficientemente atentos às realidades quotidianas dos que mais sofrem, tanto no corpo como na alma. Ao longo da história, houve erros e lapsos imperdoáveis, como é sabido, a par de muita coisa ótima e digna de registo. Contudo, permita-me que não concorde consigo, quanto ao comportamento do Papa Bento XVI. 
Quem estiver atento ao que ele diz, denunciando os erros e anunciando os caminhos evangélicos, sabe, como eu sei, porque todos os dias procuro estar informado, que o Papa, com a serenidade e a competência que se lhe reconhece, nunca se cala perante o sofrimento que grassa na humanidade. Catástrofes, fomes, guerras, violências, xenofobias, perseguições, genocídios, tudo tem merecido de Bento XVI a palavra certa na hora exata, com condenações e apelos à paz e ao diálogo, com intervenções diplomáticas e encontros que proporcionem a justiça e o bem das pessoas mais sofredoras. Há imensos escritos dos Papas no site do Vaticano e dos Bispos nos sites das dioceses, bem como na Agência Ecclesia e noutras, que permitem leituras livres.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

A alegria completa nasce da fé


VIMO-LO CHEIO DE GRAÇA E DE VERDADE

Georgino Rocha


“Vimo-Lo cheio de graça e de verdade” é como João apresenta o Verbo de Deus que se faz carne e habita entre nós. “Vimo-lo” é certeza reconhecida e testemunho assertivo, afirmação testada e anúncio jubiloso. O Verbo de Deus faz-se carne humilde e a sua glória brilha na fragilidade de uma criança. A Palavra eterna ressoa nas vozes do tempo e assume as formas de comunicação humana. A tenda de Deus ergue-se na história e assume as “marcas” contingentes da humanidade, configurando-se não como templo de pedras, mas como consciência desperta para a dignidade da sua vocação a deixar-se encher de graça e de verdade. Grande maravilha! Felizes os que a sabem apreciar.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Um Conto de Natal: O meu amigo Xavier



No recreio da escola que frequentámos, já lá vão boas décadas, o Xavier dava nas vistas. Na formação das equipas, com a malta alinhada à espera da escolha, o Xavier orientava o processo e ditava as leis, sem ninguém resmungar, não fosse isso motivo para em próxima operação o resmungão ficar de lado. E os jogos, de futebol e outros, lá decorriam com o Xavier a tirar dúvidas ao jeito de árbitro sabido e experimentado. Era um líder natural e respeitado. 
Noutros momentos, sem jogos por não haver tempo para isso, as conversas em que participava mostravam um jovem atento e dialogante, amigo do seu amigo, parcimonioso com os colegas menos conhecidos, frontal na defesa das suas posições e ideias, mas respeitador, aceitando que cada um era livre de pensar e de dizer o que bem entendesse, sem ferir ninguém. A nossa amizade vem daí e assim tem continuado. 
A vida do Xavier deu muitas voltas. Profissional competente e esforçado foi saltando de emprego em emprego ao sabor da vida e das necessidades da família, que na idade própria constituiu por amor à Joana a quem se uniu para sempre. Filhos e netos encheram-lhe o regaço e disso me dava conta espontaneamente, em conversas fugazes ou mais prolongadas, em horas de confidências que nos eram comuns. 
Viajar, por razões profissionais ou familiares, passou a hábito apaixonado. E quando regressava das suas andanças gostava de me contar o que havia deparado de belo, desde paisagens e ambientes que lhe emolduravam o sorriso, desde pessoas e culturas exóticas que o levavam a garantir que haveria de conhecer melhor, desde regimes políticos e civilizações que o entusiasmavam e sonhava ver entre nós, desde catedrais esplendorosas que o deixavam extasiado e até capelinhas que indiciavam devoções fervorosas. 

domingo, 23 de dezembro de 2012

Chegou num dia de chuva miudinha...

A prenda! 
Maria Donzília Almeida



Chegou num dia de chuva miudinha, que enche de humidade o ar e cria uma saturação tal, que tudo parece escorrer à nossa volta. É a morrinha de uso tripeiro, que nos penetra até aos ossos. Assim estava o aposento, onde a prendinha foi depositada. 
Apesar de já ter passado a idade da inocência, quase acreditaria que foi prenda do Menino Jesus, que a colocou no meu sapatinho, quatro dias antes do Natal. Apareceu, assinaladamente, no dia em que aconteceu o solstício do inverno, 21 de dezembro. 
Evoco aqui, as palavras de ST Éxupery: “Mal nos conhecemos, inaugurámos a palavra amigo!” 



Poesia para este tempo


Carta de Natal a Murilo Mendes

 Querido Murilo: será mesmo possível
Que você este ano não chegue no verão
Que seu telefonema não soe na manhã de Julho
Que não venha partilhar o vinho e o pão

Como eu só o via nessa quadra do ano
Não vejo a sua ausência dia-a-dia
Mas em tempo mais fundo que o quotidiano

Descubro a sua ausência devagar
Sem mesmo a ter ainda compreendido
Seria bom Murilo conversar
Neste dia confuso e dividido

Hoje escrevo porém para a Saudade
— Nome que diz permanência do perdido
Para ligar o eterno ao tempo ido
E em Murilo pensar com claridade —

E o poema vai em vez desse postal
Em que eu nesta quadra respondia
— Escrito mesmo na margem do jornal
Na Baixa — entre as compras do Natal

Para ligar o eterno e este dia

Sophia de Mello Breyner Andresen 

Lisboa, 22 de Dezembro de 1975

Em  "O Nome das Coisas", 1977

sábado, 22 de dezembro de 2012

Jesus não é um simples conto ou um mito

Natal da dignidade humana
Anselmo Borges



Numa troca célebre de cartas entre o cardeal Carlo M. Martini e o agnóstico Umberto Eco, publicadas com o título "In cosa crede chi non crede?", U. Eco escreve: Mesmo que Cristo fosse apenas o tema de um grande conto, "o facto de esse conto ter podido ser imaginado e querido por bípedes implumes, que só sabem que não sabem, seria miraculoso (miraculosamente misterioso)". O Homem teve, a dada altura, "a força, religiosa, moral e poética, de conceber o modelo do Cristo, do amor universal, do perdão aos inimigos, da vida oferecida em holocausto pela salvação dos outros. Se fosse um viajante proveniente de galáxias longínquas e me encontrasse com uma espécie que soube propor-se este modelo, admiraria, subjugado, tanta energia teogónica, e julgaria esta espécie miserável e infame, que cometeu tantos horrores, redimida pelo simples facto de ter conseguido desejar e crer que tudo isto é a Verdade."

A Caminho do Natal - 21


E o Natal aconteceu…




Aquela pequena aldeia no sopé da montanha parecia uma pequena cidade. Ficava no fim da estrada que vinha de longe logo após a ponte que atravessava o pequeno rio, tendo como pano de fundo a alta montanha coberta de árvores com resquícios da neve acumulada durante a noite.
Inspirava uma certa quietude a quem se aproximava, começando por ver a torre da igreja num ponto mais alto e depois o fumo que saía de algumas chaminés nestes dias de fim de Outono.
Embora pequena, possuía muitas das comodidades de uma cidade, ainda que em ponto mais pequeno: a igrejinha era como uma pequena catedral, a escola primária, o salão de festas, o campo de jogos, a filarmónica, o grupo de teatro e o clube desportivo.
Era também muito orgulhosa das suas tradições que ia relembrando através do ano, mas o que empolgava deveras toda a população era o Auto de Natal levado à cena pelos alunos da escola, anualmente no início das férias desta quadra, que o representavam no salão de festas. Era rara a família que não tinha um pequeno actor envolvido e à medida que o Natal se ia aproximando começavam a conjecturar quem iria representar quem.

Este ano a ansiedade era maior. Estaria a jovem professora, chegada no início do ano lectivo, à altura de tal responsabilidade? Logo que chegou à aldeia foi posta ao corrente da sua esperada colaboração como ensaiadora do nobre espectáculo que encerraria o primeiro período de aulas. Não podia falhar!
Os dias foram correndo e quando se aproximava o início dos ensaios, Simão, um dos alunos, segredou à professora com quem ficava só, no final da aula, enquanto limpava o quadro preto:

A fé de Maria abre caminho a quem acolhe Deus


Maria visita Isabel



FELIZ ÉS TU PORQUE ACREDITASTE
Georgino Rocha

Isabel proclama feliz Maria, sua prima, porque acreditou na mensagem que o enviado de Deus lhe anunciara. Não se dirige a ela na linguagem de hoje, do tu relacional, mas na terceira pessoa, deixando “em aberto” que a saudação abrange todo aquele que acredita. A fé de Maria abre caminho a quem acolhe Deus na sua vida e com Ele colabora na realização do projecto de salvação. A felicidade de Maria – tão bem expressa no poema/cântico do Magnificat – brota da leitura da história, tempo e espaço onde Deus actua e quer envolver-nos. A nossa correspondência livre e generosa origina a experiência feliz de sermos amados e responsabilizados.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O INVERNO JÁ CHEGOU


O inverno também tem a sua beleza

À espera da primavera

Começa hoje o inverno. O solstício do inverno, que se assinala nesta data, diz-nos que temos hoje o dia mais pequeno e, consequentemente, a noite mais longa. Teremos assim possibilidades de ficar um pouquinho mais no quentinho da cama. Agora, acabaram-se as queixinhas de que há frio, vento e chuva. E ficaremos à espera da primavera que surgira em março. 
Tenho para mim que todas as estações do ano, cá pelas bandas do mundo onde fica Portugal e não só, têm o seu encanto e o inverno não foge à regra santíssima de nos convidar a ficar mais por casa, no aconchego da família e ao calor da fogueira, se a pudermos manter, que a lenha agora custa bom dinheiro. Já la vai o tempo de se ir à lenha à mata da Gafanha, contentando-se os gafanhões com os ramos secos que caíam ou arrancavam à socapa, sem o guarda-florestal ver, a que chamávamos frança, nem sei porquê. Nos tempos que correm, quem pode compra lenha cortada à medida, para não dar trabalho. 
O que esperamos, afinal, é que o inverno não seja rigoroso de matar, mas que frio e chuva venham só quanto baste, e que nos não falte o ânimo para esperar, pacientemente, pela primavera, sinal de renovação pessoal e de vida que brota pela natureza fora, com força para vencer crises e reiniciar projetos que amarfanhem derrotas nunca antes sonhadas.

Fernando Martins

Pedofilia: crime hediondo


Eu fico tão chocado e tão revoltado com as notícias de pedofilia que nem me apetece abordar o assunto. E quando se trata de pedófilos ligados à Igreja Católica e a outras religiões, então a revolta atinge dimensões que nem sei quantificar. As religiões, que são ou devem ser mensageiras da bondade, da justiça, da paz e do amor, não podem pactuar com estes crimes e com criminosos hediondos, sem alma, sem dignidade, sem respeito pelos outros, isto é, pela sociedade, em geral, e pelas crianças inocentes e indefesas, em especial. 
Todos sabemos que a pedofilia existe por cada canto e que os pedófilos estão em todo o lado. Sabemos que, infelizmente, também estão no seio de muitas famílias, mas os crimes, desta natureza e doutras, praticados por clérigos são indesculpáveis. 
Eu sei que o perdão é lei fundamental do cristianismo e que toda a pessoa tem de ser, em teoria, perdoada. Mas os pedófilos, que são portadores, ao que se sabe, de doença incurável, não podem ficar livres porque a qualquer momento a tara que albergam pode atacar seres inocentes e frágeis. Eles são perigo permanente e estão sempre prontos a matar, como feras esfaimadas capazes de tudo para saciar a sua fome assassina, covarde e traiçoeira. 
A sociedade tem de estar atenta e de olhos bem abertos; as Igrejas não podem pactuar com silêncios nem encobrir criminosos desta natureza, em nome da defesa da instituição marcada pela mensagem libertadora de Cristo; as vítimas dos pedófilos, crianças e suas famílias, devem estar acima de tudo. Doa a quem doer. 

Fernando Martins

A Caminho do Natal - 20

O meu presépio
O meu presépio 

O presépio foi, durante muito tempo, o ícone da cristandade. No meio rural, onde nasci e cresci, foi, em grande parte do século passado, uma grande manifestação de religiosidade popular e da imaginação, arte infantil. 
Quando chegava Dezembro, apareciam, à janela da sala do Senhor, em cascata são-joanina, as principais figuras evocativas do nascimento de Jesus, em Belém. Montado em palanques, para que pudesse ser avistado, do exterior, expressava a crença do povo, num Menino que nascera em palhinhas e seria o salvador da humanidade. 
Fiel às tradições que incorporei, na meninice e preservando a beleza que acompanha esta arte popular, também eu faço, todos os anos, o meu próprio presépio. 
Ali, mesmo à entrada da casa, no jardim, a sagrada família contempla o Menino, envolvido pelo bafo dos animais. Não está debaixo de telha, como reza a tradição, num estábulo, sobre terra batida. Passados vinte e um séculos sobre o acontecimento, houve necessidade de adaptar ao nosso tempo, as condições desse precário alojamento. Assim, a alcatifa de musgo, muito abundante nas Gafanhas e causadora de problemas para a saúde, como o desenvolvimento de fungos, (!?) foi substituída por um pavimento de cerâmica, mais higiénico, de fácil lavagem e refractário ao aparecimento de germens. Não teria aqui, ponta por onde pegar, a ASAE, se cá viesse meter o nariz! 

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Bispo de Aveiro na Ceia de Natal com pessoas sem-abrigo



«O bispo de Aveiro anunciou que vai partilhar a ceia de Natal com as pessoas sem-abrigo da cidade e encontrar-se na tarde desse dia, 24 de dezembro, com estudantes estrangeiros da universidade.
Na mensagem de Natal publicada pela página da diocese, D. António Francisco dos Santos dirige “uma palavra de carinho e de dedicação aos doentes, aos desempregados, aos pobres, aos idosos e aos que vivem sem liberdade, sem alegria ou sem esperança”.
“Espero que todos possam encontrar franqueadas as portas do nosso coração, reafirmada a atenção das nossas comunidades e disponíveis os serviços das nossas instituições sociais”, sublinha.»

Ler mais aqui

Caridade e Solidariedade


Li na VISÃO


quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Governo põe Portugal à venda, diz El País

"El Gobierno portugués, en pocos días, se deshará de la compañía aérea nacional, la TAP; de los aeropuertos portugueses; decidirá la suerte (privada) de su televisión pública, la RTP, y venderá de paso los astilleros de Viana do Castelo. Lo de se vende Portugal no es ninguna originalidad y ya ha salido en alguna publicación portuguesa con un fatalismo pesimista muy de estos días. Mientras, los ciudadanos, abrumados por recortes de servicios públicos y subidas de impuestos equivalentes a la cuantía de un mes de salario, asisten entre estupefactos y deprimidos a esta ceremonia del despojamiento que comenzó hace un año, cuando la parte estatal de la principal eléctrica del país, la EDP, pasó a manos del gigante chino Three Gorges (Tres gargantas) por 2.700 millones de euros. La empresa china se aseguraba una base para abordar desde allí el mercado latinoamericano y el Estado portugués ingresaba dinero que servía para limpiar las telarañas de la caja y enjugar la inmensa deuda que ahoga el país."

Ler aqui

- Posted using BlogPress from my iPad

A Caminho do Natal - 19


«Na pequenez do presépio
busquemos juntos a grandeza das coisas simples»


Os votos de Santo Natal e Próspero Ano Novo, que me foram enviados pelo Centro Social Paroquial da Vera Cruz, traduzidos numa frase tão simples quanto  a grandeza da verdade que encerra, merecem este destaque no meu blogue Pela Positiva, na esperança de que todos saibamos pôr de pé gestos de amor e de paz. Eu sei que Natal é quando o Homem quiser, mas também sei que muitas vezes nos esquecemos disso. Então, para os meus leitores e amigos, aqui fica o desafio de buscarmos nas coisas simples os grandes princípios e sonhos da fraternidade universal.

Fernando Martins

Casa do Povo da Gafanha da Nazaré


40 anos ao serviço da nossa comunidade

João Mendonça, Isabel Roque e Carlos Ramos
A Casa do Povo da Gafanha da Nazaré (CPGN) vai completar 40 anos ao serviço da comunidade, iniciando em 16 de dezembro as celebrações que se prolongam até 23 de setembro de 2013.
A fundação daquela instituição aconteceu naquele dia e mês de 1973, conforme reza o despacho da Junta Central das Casas do Povo, sendo justo frisar a importância das comemorações, que hão de realçar a ação desenvolvida ao longo de quatro décadas.
Como nota histórica, sublinhamos que o Timoneiro noticiou, no seu número de setembro daquele ano, a realização de uma assembleia de proprietários e agricultores, onde foi nomeada uma comissão que teria por tarefa lutar pela criação da Casa do, constituída por Humberto Rocha (presidente), Manuel dos Santos Medeiro (vice-presidente), Salviano Augusto da Silva Conde (secretário), Ângelo Ribau Teixeira (tesoureiro), José Maria Nunes e Gabriel Ribau Nunes (vogais).
A notícia diz ainda que «Os requerimentos da Junta de Freguesia e da Comissão Organizadora, bem como os estatutos da Casa do Povo da Gafanha da Nazaré seguiram já para Lisboa, donde se aguarda despacho favorável de sua Excelência o Senhor Ministro das Corporações e Previdência Social». E acrescenta: «Espera-se que a Casa do Povo venha a proporcionar a todos os agricultores os benefícios da previdência de que estavam tão carecidos. Além disso, a Casa do Povo terá uma missão cultural que muito contribuirá para a formação de novas mentalidades.»