sábado, 26 de março de 2016

FAZ TUA A PÁSCOA DE JESUS

Reflexão de Georgino Rocha


«Faz tua a Páscoa de Jesus. 
Experimenta a sua vida nova.»


Jesus ressuscitado deixa-se ver. Aparece a Maria Madalena que, de manhãzinha, vai ao sepulcro de José de Arimateia cedido para dar sepultura aos restos mortais do Nazareno cruxificado. Surpreende-a no caminho do regresso, quando, desolada, vem contar a Pedro que o sepulcro estava vazio e sem qualquer vedação de resguardo. Dá-se a conhecer, chamando-a pelo nome. Encarrega-a de anunciar este feliz encontro, testemunho da sua ressurreição, da sua Vida nova. E ela, entusiasmada e confiante, parte a correr e transmite a feliz notícia: “O Senhor ressuscitou verdadeiramente”.

Notícia que condensa o acontecimento fundante e central da mensagem cristã, celebrado ao domingo em cada semana e, de forma mais solene, anualmente, no domingo de Páscoa. Acontecimento que dá sentido pleno à vida humana, rasgando horizontes novos a tudo e a todos, ao quotidiano do tempo, à fugacidade da história, à precariedade da existência e das suas múltiplas realizações, à própria morte que é vencida em si mesma para sempre. Os critérios de vida, as prioridades de opções e a escala de valores, as atitudes de relacionamento assumidas por Jesus na sua missão apostólica são definitivamente confirmadas por Deus Pai. E constituem referência luminosa para todo o comportamento humano.

terça-feira, 22 de março de 2016

Uns dias ausente

VIDA NOVA

Vou estar uns dias ausente e sem horários, sem encontros e desencontros. Vou andar por aí ao sabor do sol e dos ares com a Lita… Vou rever caminhos já andados e descobrir harmonias e ambientes naturais, onde porventura possa encontrar as andorinhas que voltam sempre à casa-mãe emoldurada pelas cores primaveris. Quero ler poesia e fugir dos barulhos ensurdecedores das guerras e das politiquices enfadonhas. Ao menos uma semana, a Semana Santa que nos conduz à Páscoa da libertação, da caminhada solidária, da mudança necessária e da descoberta de novos horizontes. 
De quando em vez, não fugirei, se puder, ao espaço alargado da aldeia global para ver como param as modas. E regressarei mais confiante na certeza de que a Páscoa é, necessariamente, um ponto de partida para uma vida nova.

segunda-feira, 21 de março de 2016

Semana Santa — Semana de Reflexão


A Semana Santa é uma semana para reflexão. Todo o cristão tem esta semana para vivenciar, mais de dois mil anos depois, a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, base da nossa fé. As cerimónias, desde as grandes catedrais até às mais humildes capelinhas do mundo cristão, acolhem todos os que acreditam nestes mistérios redentores do nosso Salvador.
Nesta quadra, que se perpetua dia a dia, o espírito que nos envolve e a comunhão que experimentamos proporcionam-nos uma proximidade de contornos imensos, rumo a um mundo de paz. 
É indiscutível que a vida nos desvia do essencial da mensagem evangélica ou de valores inspirados por outras conceções espirituais ou éticas, mas temos de convir que a Semana Santa dá a cada um a oportunidade de pensar, de refletir e de construir com outros e para outros as bases de uma sociedade mais solidária e fraterna.

Chegada da primavera

Crónica de Maria Donzília Almeida


Hoje, chegou finalmente a estação tão desejada, por toda a gente. Um inverno impiedoso, com chuvas intensas e frequentes, já estava a cansar. Mas apesar de o calendário nos dizer que ocorreu o equinócio da primavera, o tempo fez muitas caretas e parecia não querer deixar o sol afagar-nos, a nós humanos sedentos de calor.
Por entre abertas e pequenas garroas, o sol lá ia espreitando por entre as nuvens e a certa altura, manifestou-se em todo o seu esplendor – um arco-íris a toda a extensão do horizonte. Fiquei verdadeiramente deslumbrada com um espetáculo de tanta beleza e lembrei-me do que estudei na Física, nos meus verdes anos.
O arco-íris é um fenómeno ótico causado pela refração da luz solar, nas gotas de água da chuva, presentes na atmosfera. A refração divide a luz solar branca, em espetros coloridos, que caracterizam o arco-íris.

domingo, 20 de março de 2016

PRIMAVERA

Vamos usufruir esta primavera 
que chega de mansinho


Hoje, quando acordei e abri as janelas de par em par, o sol até parece que me chegava com uma luminosidade especial. E sorri. O dia parece dar garantias de mudança. Nem sequer me veio à mente que era o primeiro dia da primavera.
O Google confirmou e eu rejubilei por tão farto estar do inverno. O frio incomoda-me demasiado apesar de andar agasalhado. É certo que a chuva, sem grandes ventos a tocá-la enfurecido, até pode ter o seu quê de romântico, como convite à meditação, à serenidade, à solidão desejada. Mas o melhor é mesmo a primavera, por várias razões: É o anúncio do verão tão apetecido que vem a seguir, é o colorido e o aroma das flores que desabrocham, é a ressurreição das árvores e arbustos para enfrentarem nova caminhada na natureza, é a garridice do vestir e do estar das pessoas, mais leves e arejados, é a alegria e a descontração de todos em espírito de mudança.
Excelente  primavera para toda a gente.

A Páscoa do escravo

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO

«Ao questionar a sua solenidade aos pés de gente, 
aparentemente, pouco recomendável, 
fez dele a bússola da Igreja.»

1. Graças a Deus, há sempre algum amigo que se julga encarregado de me chamar à “realidade”. Convidado para umas mini férias na Semana Santa, observei que, para mim, não era a melhor altura. O amigo não me largou sem uma viagem pela sua visão do mundo, em forma de sermão, que passo a resumir: isto já não vai com cerimónias, nem com as da Páscoa, nem com as outras. Estamos cercados de guerras por todos os lados e sem qualquer proposta para enfrentar a desordem mundial em que estamos mergulhados. A paixão pela dominação económica e financeira não recua diante de nada. O apelo aos direitos humanos tornou-se uma invocação de rotina.
A chamada UE já não sabe para que nasceu. A promovida divisão entre a Europa rica e a Europa pobre - divisão reproduzida também dentro de cada país – fabricou a burocracia que esvaziou o seu desígnio primeiro. Esquecida da responsabilidade solidária, parece que nenhuma refundação a poderá salvar. Continuaremos na dúvida se vale a pena discutir a dívida.

sábado, 19 de março de 2016

Vive com Jesus a sua paixão gloriosa

Reflexão de Georgino Rocha

«O amor de doação total
brilhará para sempre»

O domingo de Ramos constitui o pórtico da Semana Santa. Apresenta e celebra a Paixão gloriosa de Jesus. Faz ver as duas faces desta realidade histórica: a chegada à cidade de Jerusalém e o processo de condenação organizado por judeus e por romanos. Os rostos são muitos, embora os nomeados sejam apenas os que detém funções especiais: Lucas, o narrador do acontecido, recorre à sua fina sensibilidade e grande capacidade de observação e dá uma dignidade sóbria aos intervenientes e regista o alto sentido de cada passo daquele processo. Nele vão desfilando, um após outro, rostos em que o leitor se pode rever, por vezes, com grande precisão e clareza. Como num espelho. Nele se refletem os que, ao longo da história, sofrem o penoso calvário a que são são forçados: perseguidos, espoliados, indesejados, descartados.

A paixão e a política

Crónica de Anselmo Borges 

Anselmo Borges
Pascal observou agudamente nos Pensamentos: 
"Jesus estará em agonia até ao fim do mundo; 
é preciso não dormir durante este tempo." 
Todos sabemos do "calvário" do mundo, 
e as personagens são as mesmas.

1. Jesus sabia que, a continuar nas suas palavras, atitudes e comportamentos, o que o esperava era a morte, condenado pelos poderes religiosos e políticos. Assim, realizou uma ceia, a Última Ceia: "Isto é o meu corpo", "este é o cálice do meu sangue". Aquele pão e aquele vinho são a sua pessoa entregue, para dar testemunho da Verdade e do Amor.

2. Judas era discípulo, mas sentiu-se enganado, porque Jesus não tomava o poder. Assim, entregou-o, tendo recebido trinta moedas de prata. Depois, perdido, enforcou-se. De que valera aquilo? Mas o dinheiro, em conluio com o poder político, continua a ser o móbil da entrega de milhões de inocentes à ignomínia e à morte.

quinta-feira, 17 de março de 2016

Ílhavo Sea Festival 2016

5 a 8 de agosto 
no Terminal Norte do Porto de Aveiro


O Município de Ílhavo prepara-se para receber,  de 5 a 8 de agosto, no Terminal Norte do Porto de Aveiro, alguns dos mais belos e interessantes Veleiros do Mundo, participantes na Tall Ships Races 2016, que farão a Cruise-in-Company entre Cadiz e A Coruña (Espanha), assim como outros que pretendam juntar-se à edição deste ano, o Executivo Municipal deliberou aprovar o programa de parceiros/patrocínios do Ílhavo Sea Festival 2016.

Ler mas aqui

quarta-feira, 16 de março de 2016

Georgino Rocha homenageado na gala “Vaga d’Ouro”



Georgino Rocha, sacerdote da Diocese de Aveiro e pró-vigário geral da mesma diocese, foi recentemente homenageado na XII Gala “Vaga d’Ouro” com o Prémio Carreira. A gala decorreu no dia 12 de março na Escola Profissional de Vagos, numa iniciativa do jornal “O Ponto” e da “Rádio Voz de Vagos”, contando com o apoio do Crédito Agrícola.
Como seu admirador e grande apreciador do muito que escreve numa perspetiva eclesial, mas com forte ligação aos mais altos valores que enformam homens novos para uma sociedade mais justa e mais fraterna, geradora de paz e harmonia, há anos convidei Georgino Rocha para colaborar no meu blogue Pela Positiva, oferecendo-nos uma reflexão semanal, tarefa que aceitou de imediato.
Considero o seu contributo uma mais-valia para os meus leitores, já que, no dia a dia da nossa existência não prescindimos de textos que nos ajudem a refletir a vida sob o ponto de vista dos valores do cristianismo que nos foram legados pelos nossos maiores.

Gestos com sentido

Editorial de Querubim Silva,
Diretor do Correio do Vouga


Querubim Silva
«Saber gerar sorrisos com arte, com delicadeza 
e elevação, não é para todos. 
Ele sempre foi mestre, e nobre mestre, 
nesta tarefa de abrir os corações e os espíritos 
ao sol do otimismo e da esperança»

O País toldou-se de cinzenta tristeza: Nicolau partiu sem avisar! E o seu humor vai fazer falta a muita gente. Saber gerar sorrisos com arte, com delicadeza e elevação, não é para todos. Ele sempre foi mestre, e nobre mestre, nesta tarefa de abrir os corações e os espíritos ao sol do otimismo e da esperança. Com critérios e pautado por princípios de um respeito assinalável pela dignidade da pessoa humana. E fê-lo com pontaria cirúrgica, com o seu sarcasmo político e social, denunciando vícios, ridicularizando comportamentos…, sempre de uma forma divertida e alegre. 
Vários dos comentários à morte deste ator, produtor e realizador, a quem a cultura portuguesa tanto fica a dever, sublinharam a sua condição de católico praticante, seguramente inspiradora da sua constante alegria, da sua amabilidade e afabilidade sem fronteiras. Pressentiu-se em alguns desses comentários o efeito do testemunho de fé deste insigne português, com uma afirmação, mesmo que hesitante, da convicção de que ele continua connosco e, porventura, a beneficiar-nos com a sua arte, agora junto de Deus.

terça-feira, 15 de março de 2016

Aldeias históricas

Crónica de Maria Donzília Almeida

Contemplação
Arco
Casa restaurada


Cegonhas 
Sortelha

«Se você deseja viajar longe e rápido, viaje leve. 
Deixe para trás todas suas invejas,
 ciúmes, incapacidade de perdoar, 
egoísmo e medos.»

Glenn Clark

"Por Terras de Portugal” é o título de um livro arrumado na estante, há já longos anos. “À Descoberta de Portugal” foi sempre o meu desiderato, tantas vezes adiado, por motivos profissionais. A minha ânsia de conhecer os lugares recônditos deste nosso torrãozinho natal, que encerram tanta beleza, começa a concretizar-se agora, nesta nova etapa da vida. Quando temos amigos a ajudar à festa… o sonho aproxima-se mais da realidade.
O projeto de fim de semana encaminhou-nos para terras do interior, com passagem pela cidade dos cinco “F’s”, cuja designação sempre me intrigou. Fiquei finalmente a conhecer o seu significado:
FORTE: a torre do castelo, as muralhas e a posição geográfica demonstram a sua força;
FARTA: devido à riqueza do vale do Mondego;
FRIA: a proximidade à Serra da Estrela explica este F;
FIEL: porque Álvaro Gil Cabral – que foi Alcaide-Mor do Castelo da Guarda e trisavô de Pedro Álvares Cabral – recusou entregar as chaves da cidade ao Rei de Castela durante a crise de 1383-85. Teve ainda fôlego para combater na batalha de Aljubarrota e tomar assento nas Cortes de 1385 onde elegeu o Mestre de Avis (D. João I) como Rei;
FORMOSA: pela sua natural beleza;

domingo, 13 de março de 2016

O gosto perverso de acusar

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO

«Ainda persiste o gosto 
de novas formas de apedrejar 
"suspeitos" em praça pública


1. Bergoglio, desde que foi nomeado bispo de Buenos Aires, empenhou-se em transfigurar, a partir da sua prática, o imaginário religioso do confessionário. Viu que era preciso fazer dos lugares de tortura psicológica e moral espaços e tempos de festa, mediante a manifestação da misericórdia infinita de Deus no comportamento dos confessores.
O sacramento de reconciliação tem e teve muitos nomes, até o de "tribunal". Numa aula de teologia dos Sacramentos, um estudante, ao ouvir tal designação, exclamou: só podia ser um tribunal fascista! Para o Papa Francisco, o confessionário tornou-se um dos lugares da prática mais profunda da sua teologia da libertação e da sua actuação pastoral.
No passado dia 9 de Fevereiro, na celebração da Eucaristia, rodeado de franciscanos Capuchinhos, disse-lhes directamente: "a vossa tradição é a do perdão, oferecer o perdão". Só aquele que se sente pecador pode ser um grande perdoador no confessionário. Os que se julgam puros e mestres sabem apenas condenar.

sábado, 12 de março de 2016

Bem-aventurados os ricos!

Crónica de Anselmo Borges 

 "A raiz de todos os males 
é a paixão pelo Dinheiro"

1 Mais de mil milhões de pessoas têm de viver com menos de 1,14 euros por dia. A cada dia morrem de fome entre 30.000 e 40.000 pessoas (16.000, crianças). Em 2015, 6% apenas da população detinham metade da riqueza do mundo, mas neste ano de 2016 a situação agravar-se-ia, pois aquele número desceria para 1%, o que significa que a distribuição da riqueza seria a mais desigual de sempre, disse o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Nos últimos anos, tem-se assistido ao aumento da concentração da riqueza nos bolsos de uma elite cada vez mais restrita: entre 2010 e 2015, a fortuna dos mais ricos aumentou em cerca de 44%, mas o património dos mais pobres diminuiu. Os pobres, apesar de, em geral, estarem menos mal, são cada vez mais pobres. É o que acaba de confirmar o relatório da ONG Oxfam: o 1% dos mais ricos tem 50,1% da riqueza mundial. As 62 pessoas mais ricas do planeta possuem tanta riqueza como a metade mais pobre da população mundial: 3.600 milhões.
Os famosos "mercados", com a financeirização especulativa da economia, potenciados pelas novas tecnologias e pela falta de uma governança global, fazem, numa linguagem esotérica, inacessível ao leigo, jogos que causam crises em cadeia e que os mais pobres acabarão por ter de pagar. E também há trafulhice explícita, sendo um exemplo disso (só um exemplo) o construtor automóvel Volkswagen, que fez batota, ao falsear as emissões dos motores em caso de teste, derrubando assim, como lembrou A. Lacroix, a teoria de Max Weber, segundo a qual a Europa do Norte seria "mais séria e virtuosa" do que a do Sul.

Adúltera perdoada vai em paz

Reflexão de Georgino Rocha

«Todos possuidores 
de uma dignidade inalienável» 

Por que me trazeis apenas a mulher? Onde está o homem que a acompanhava quando foi apanhada em flagrante? Ninguém é adúltero sozinho. Sois cúmplices da sua fuga? Quereis sonegar a sua responsabilidade? Não sabeis ler o que Moisés prescreveu? “O homem que cometer adultério com a mulher do seu próximo tornar-se-á réu de morte, tanto ele com a sua cúmplice” (Lev 20, 10; cf Dt 22, 22).
Estas e outras questões decorrem do episódio protagonizado por escribas e fariseus que apresentam a Jesus uma mulher surpreendida em adultério e, em jeito de armadilha, querem saber o que fazer em tais situações. Cobrem-se com a autoridade de Moisés. Aguardam o parecer de Jesus que, parece, não tem alternativa. Ou diz pura e simplesmente: Cumpram a lei e negaria a misericórdia que tanto evidenciava na sua prática ou preferia esta e distanciava-se dos preceitos recebidos e religiosamente observados.

sexta-feira, 11 de março de 2016

Um poema para amenizar a imaginação

Entrei no café com um rio na algibeira 

Entrei no café com um rio na algibeira 
e pu-lo no chão, 
a vê-lo correr
da imaginação... 

 A seguir, tirei do bolso do colete 
nuvens e estrelas 
e estendi um tapete
de flores 
— a concebê-las.

Depois, encostado à mesa, 
tirei da boca um pássaro a cantar 
e enfeitei com ele a Natureza 
das árvores em torno 
a cheirarem ao luar 
que eu imagino. 

 E agora aqui estou a ouvir 
a melodia sem contorno 
deste acaso de existir 
— onde só procuro a Beleza 
para me iludir
dum destino. 

José Gomes Ferreira 

NOTA: Poema da série "Café"

Onda de Solidariedade à volta da Rádio Terra Nova



A Rádio Terra Nova, 105 FM, foi alvo da fúria dos ventos fortes que caíram sobre a nossa região na noite de 14 para 15 de fevereiro. A queda da antena, base de sustentação para as emissões chegarem mais longe, cortou a voz à única rádio local a operar no concelho de Ílhavo e arredores, onde não falta espaço para o povo e suas instituições terem vez e voz que se faça ouvir, muito para além das fronteiras terrestres das suas origens. Graças às novas tecnologias, a RTN é ouvida praticamente em todo o mundo.
Não foi por acaso que, logo que foi notícia a queda da antena, através dos mais diversos órgãos de comunicação social, de âmbito local, regional e nacional, se elevou no éter uma onda de solidariedade para restituir voz à nossa rádio, numa ânsia de reerguer a antena, que todos, agora, admitem como indispensável à nossa maneira de ser e de estar no mundo, como cidadãos livres, responsáveis e atuantes nos processos democráticos e de progresso, com necessidades formativas, informativas e recreativas, base essencial da construção da cidadania a todos os níveis.

Visita ao Jornal de Notícias

Crónica de Maria Donzília Almeida

Redação do JN


No âmbito da disciplina História e Jornalismo,
ministrada na US (Universidade Sénior),
participei numa visita de estudo ao Jornal de Notícias

Regressar à “Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto” é sempre gratificante para quem aí passou momentos gloriosos de enriquecimento, nas suas vertentes de MMP (Mulher, Mãe e Professora). Foi nesta cidade, que convivi com a nata da sociedade portuense, nos domínios da cultura, da pedagogia e da literatura infantojuvenil. Aqui estão sediadas grandes editoras, em que a Porto Editora, a Civilização Editora e a Edições Asa são apenas algumas referências. Era comum nas escolas, conviver-se lado a lado, com os autores de manuais escolares.
O matutino Jornal de Notícias foi fundado a 2 de junho de 1888, no Porto e tornou-se num dos jornais de maior expansão em Portugal, a seguir à Revolução do 25 de abril de 1974.
Quando saiu para a rua, o Jornal de Notícias, dirigido por José Diogo Arroio, tinha quatro páginas de grande formato, custava dez réis e era vendido no Porto e arredores, Lisboa e Braga. A nível de conteúdo apostava em noticiário nacional e internacional e dedicava a última página à publicidade.
A tiragem inicial do matutino portuense rondava os 7500 exemplares por edição, mas começou a subir a partir de 1890, quando fez campanha política em favor dos regenerados. Pouco depois, foi introduzida uma inovação nas páginas do jornal já que em 1891 surgiram as primeiras gravuras com retratos dos principais implicados na revolta do 31 de janeiro.
O jornal, que ficou conhecido por JN, assumiu claramente a defesa do Norte e do Porto em 1911, na época em que mudou de instalações, para a Rua Elias Garcia.

quinta-feira, 10 de março de 2016

Hoje ficámos ao pé da porta


Hoje resolvemos ficar ao pé da porta. Uma voltita para arejar, as compras necessárias da praxe e o almoço no restaurante “Traineira”. À entrada fomos surpreendidos pelo dístico em epígrafe, que nunca tinha lido nem ouvido, mas a que achei piada. A recomendação não foi seguida à risca nem sei se alguém a segue, mas não deixa de ser uma advertência a ter em conta. Bebemos o normal. De facto, há bebidas que estimulam outras e às vezes isso pode dar para o torto.
Há anos, em Trás-os-Montes, fomos visitar uma unidade industrial de engarrafamento de água. Conhecida como água de mesa, sem gás, era até a minha preferida. Na visita, o guia, solícito, foi respondendo às minhas questões, e a dado passo verifiquei que estava a sair, no tapete rolante, água com gás. Disse-me ele: 
— “Sabe, esta água com gás tem uma particularidade especial: quando bebemos uma garrafinha apetece-nos logo outra.» E explicou: — «O gás provoca a sensação de sede.»
No “Traineira” tivemos de aguardar que uma mesa ficasse disponível. Bom sinal, pensei eu. Comemos, por sugestão da casa, os pratos do dia. E saíram bem. Arroz de feijão com pataniscas de bacalhau, saborosas, fofas e bem temperadas, para mim; arroz de pato que agradou à Lita. A abrir uma sopa de legumes. Leite-creme queimado na hora e vinho da casa. Serviço rápido, simpático e preço acessível. 
A festa com a família será no domingo, se Deus quiser.

A Lita faz hoje 76 anos

Um beijo como flor 
especial para a Lita…

A Lita faz hoje 76 anos. Quando lho referi, disse-me incrédula que chegara aos 75. Depois rimo-nos. Às vezes sabe bem esquecer um ano que seja. Diga-se de passagem, contudo, que a vida não é só a que o calendário inexoravelmente regista e os documentos atestam. A vida não tem idade no dia a dia da nossa existência terrena. Cada minuto com sonho lindo apaga anos de sombras indefinidas. 
Vamos dar uma volta por aí, saboreando o ar fresco tocado pela brisa marinha. Acalentados pelo céu azul que nos dá horizontes de paz, saberemos reconhecer o que de bom nos ofereceu um matrimónio com mais de meio século.
Almoçar onde calhar, falar do passado sem amarguras por horas menos agradáveis, mas certos de que o presente continua a garantir-nos, a nós que somos otimistas, um futuro repleto das bênçãos de Deus. 
Com um incómodo de saúde aqui ou ali, agora ela depois eu, ambos em simultâneo as mais das vezes, o rolar da vida vai passando por invernos frios, logo seguidos de primaveras e verões reconfortantes… E o outono da existência não nos rouba a alegria dos filhos, netos e demais familiares, nem a simpatia de amigos sem conta.

Fernando Martins